domingo, 11 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10653: Contraponto (Alberto Branquinho) (47): Momento de poesia com Augusto Gil e a "Jovem Lília Abandonada"

 
 1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 9 de Novembro de 2012:

Caro Carlos Vinhal
Porque me parece oportuno e porque não é da minha autoria, aí vai um "Momento de poesia".

Um abraço.
Alberto Branquinho



CONTRAPONTO (47)
MOMENTO DE POESIA...

"JOVEM LÍLIA ABANDONADA...

Sempre que a vejo a contemplar os céus
com um ar de lírica neurastenia
dá-me a impressão de estar pedindo a Deus
ao menos um alferes de infantaria..."

AUGUSTO GIL (1873-1929)
«O canto da cigarra»


NOTA: O autor deveria ter esclarecido se poderia ser um alferes miliciano (de infantaria, claro!)
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10511: Contraponto (Alberto Branquinho) (46): Banho... de cobra

13 comentários:

Juvenal Amado disse...

Miliciano de infantaria pois claro.

Um abraço

Anónimo disse...

Maria da Graça é uma
Cachopa de olhos em brasa.
Vive sózinha e não fuma,
Mas tem cinzeiros em casa.

Augusto Gil no mesmo livro.

É um escritor pouco conhecido ou esquecido. Viveu pouco e mal e ainda morreu pior, como é hábito.
mas é um óptimo poeta, de uma sensibilidade impressionante.
Um Ab. do
António J. P. Costa

Bispo1419 disse...

Também gosto de Augusto Gil e tenho um bocadinho dele pegado aos meus tempos de guerra:

Musa da guerra que alegrias cantas?
Quem ergue e agita as triunfantes palmas,
Se um espasmo de dor prende as gargantas
E a treva ensombra os corações e as almas?

Um abraço do
Manuel Joaquim

Anónimo disse...

Pereira da Costa

Vê bem que a senhora não exigia a Deus um alferes de ARTILHARIA ou de CAVALARIA, mas, ao menos, um de infantaria. Esse sim, exigia.

Mas...

Fico de olhos em alvo:
- Se um oficial de artilharia
gosta de poesia,
o mundo está salvo!

Um abraço do
Alberto Branquinho

Anónimo disse...

Caro Branquinho

Os oficiais de artilharia gostam de poesia, até porque são os "intelectuais" da tropa..por isso o mundo salva-se..por enquanto.

Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

Ora toma, oh Branquinho!
Augusto Gil era pobre, advogado e, ao que parece, coxo.
Porém, lá no fundo, eu sei bem que ele o que queria ser era alferes de artilharia...
Um Ab.
António J. P. Costa

O Amor quando aparece
Dizem que faz maravilhas.
Eu nunca vi que fizesse
Mais do que filhos e filhas.

E a Balada da Neve?
Ainda há quem se lembre?
Era giro! Naquele tempo até poesia sabíamos de cor.

Anónimo disse...

É isso, Pereira da Costa!

Augusto Gil tanto tem a ternura e encantamento da "Balada da neve" e do "Passeio de Santo António", como, em prosa, nos surpreende com histórias pícaras e imprevistas de criançada em "Gente de palmo e meio", como faz DISPAROS DE ARTILHARIA (certeira!) contra a... Mulher. O que vai a seguir é menos conhecido.

«Um dia uma víbora mordeu num pé
da pérfida Cloé.
Perguntareis: que aconteceu
à pérfida Cloé? Morreu?!
Ah!... Isso morreu ela!...
Mal sentiu a mordidela
não teve dores,nem febre,nem nada!
A bicha é que morreu envenenada!...

---
Nota: No texto acima, "bicha" é sinónimo de "víbora"...

Alberto Branquinho

Anónimo disse...

É isso, Pereira da Costa!

Augusto Gil tanto tem a ternura e encantamento da "Balada da neve" e do "Passeio de Santo António", como, em prosa, nos surpreende com histórias pícaras e imprevistas de criançada em "Gente de palmo e meio", como faz DISPAROS DE ARTILHARIA (certeira!) contra a... Mulher. O que vai a seguir é menos conhecido.

«Um dia uma víbora mordeu num pé
da pérfida Cloé.
Perguntareis: que aconteceu
à pérfida Cloé? Morreu?!
Ah!... Isso morreu ela!...
Mal sentiu a mordidela
não teve dores,nem febre,nem nada!
A bicha é que morreu envenenada!...

---
Nota: No texto acima, "bicha" é sinónimo de "víbora"...

Alberto Branquinho

Anónimo disse...

É isso, Pereira da Costa!

Augusto Gil tanto tem a ternura e encantamento da "Balada da neve" e do "Passeio de Santo António", como, em prosa, nos surpreende com histórias pícaras e imprevistas de criançada em "Gente de palmo e meio", como faz DISPAROS DE ARTILHARIA (certeira!) contra a... Mulher. O que vai a seguir é menos conhecido.

«Um dia uma víbora mordeu num pé
da pérfida Cloé.
Perguntareis: que aconteceu
à pérfida Cloé? Morreu?!
Ah!... Isso morreu ela!...
Mal sentiu a mordidela
não teve dores,nem febre,nem nada!
A bicha é que morreu envenenada!...

---
Nota: No texto acima, "bicha" é sinónimo de "víbora"...

Alberto Branquinho

Anónimo disse...

Aqui fica a obra completa de Augusto Gil (1873 - 1929):

Musa Cérula (1894)
Luar de Janeiro (1909)
O Canto da Cigarra (1910)
Gente de Palmo e Meio (1913)
Alba Plena (1916)
Sombra de Fumo (1915)
Rosas desta Manhã (1930)
O Craveiro da Janela (1920)
Avena Rústica (1927)
Versos (1898)
Um Ab.
António J. P. Costa

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Parece-me ver (ler) por aqui alguma leitura 'enviesada'...
A jovem Lília queria de facto algo 'melhor', algo mais 'consistente' mas, na falta ou na impossibilidade, lá se teria que contentar "ao menos com um alferes de infantaria". É esse, só pode ser, o sentido do "ao menos..."

O Augusto Gil é o da "Balada da Neve", a do "batem leve, levemente, como quem chama por mim...". E, já agora, lembram-se do autor de "ninhos, ninhos, gosto tanto de os ver pelos beirais..."?

Abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

HELDER

(Falou o mais velho!)
Pois claro! A questão era saber se, caso o "alferes de infantaria" fosse miliciano, seria mais ou não mais "consistente".
Mas atravessaram-se dois artilheiros a fazer fogo de armas pesadas e não conseguimos esclarecer nada! Até o médico-artilheiro veio dizer que eles é que são os "intelectuais" da tropa, porque... têm que fazer contas à resistência do ar, à velocidade e à orientação do vento, à força da gravidez e etc.. Complicaram tudo!

É o que dá a gente começar a querer escrever coisas sobre poesia. Não dá de comer a ninguém...

Adeus. Boa noite!
Alberto Branquinho`

Anónimo disse...

Camaradas
Este texto está datado, pela situação que retrata. O alferes de infantaria era um 2bom partido" e as meninas casadoiras tinham de procurar assegurar o seu futuro. Eram meninas virtuosas e recatadas, porém pobres e com um futuro problemático, como era a situação do tempo. O alferes era um rapaz habilitado e provavelmente com boa posição social. Além disso, a farda era, então um motivo de "atracção". Era uma vaidade. E as unidades mais numerosas, na Guarda ou em Lisboa, eram de infantaria. Este é mais um indício e ter em conta na caracterização da sociedade daquele tempo.
Um Ab.
António J. P. Costa