sábado, 17 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10684: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (11): Tese de doutoramento em ciências militares, "O Comando Holístico da Guerra: Wellington, Spínola e Petraeus" (Nuno Lemos Pires, ten cor e prof da Academia Militar)




Página de rosto do sítio Linhas de Wellington, um filme português (2012, 135 '), um épico, com um cartaz de luxo, em exibição nos cinemas, e que o nosso blogue recomenda.... Produção de Paulo Branco; realização de Valeria Sarmiento; argumento de Carlos Saboga; atores/atrizes: Adriano Luz,  Carloto Cotta,  Chiara Mastroianni, John Malkovich, Marcello Urgeghe, Marisa Paredes, Mathieu Amalric,  Melvil Poupaud, Michel Piccoli, Nuno Lopes, Soraia Chaves, Victória Guerra, Vincent Perez (*)


1. Duas mensagem do nosso leitor (e oficial do exército) Nuno Lemos Pires, que de resto nos autoriza a publicar, "com todo o gosto, honra e prazer" [. foto à esquerda, reproduzida coma  devida vénia da Revista Militar, 2006]

(i) De: Nuno Lemos Pires:

Data: 30 de Agosto de 2012 15:05

Assunto: Diário da Guiné


Exmª Sr. Luís Graça

Perdoe-me mandar-lhe este mail para si mas penso que o poderá reencaminhar para o Dr. Beja Santos (de quem não tenho o contacto).

Apresento-me, sou Tenente-coronel de Infantaria e atualmente Professor na Academia Militar.

Estou a a escrever a minha tese de doutroramento intitulada: O Comando Holísitico da Guerra: Wellington, Spínola e Petraeus. Já escrevi os capítulos sobre Wellington e Spínola (quase terminado) encontrado-me agora a escrever sobre Petraeus (Iraque e Afeganistão).

No Capítulo sobre Spínola apenas abordo a Guiné (1968-1973) e o que procuro entender é a forma como civis e militares interagiam, como se estabeleciam estratégias "holísticas" entre as dimensões civis e militares da guerra, entre o desenvolvimento económico e os combates, etc.

Não lhe (vos) quero maçar com detalhes. Mas apenas dizer que, entre os inúmeros textos que utilizei recorri com frequência ao seu Blogue e li intensamente os livros de Beja Santos. Os livros não me são indeferentes, foi o meu pai [, gen Lemos Pires,] que os apresentou e estão sublinhados e comentados por ele. Faltava pouco tempo de vida ao meu pai quando apresentou o último livro de Beja Santos e recordo-me de falar longamente com o meu Pai sobre os livros, sobre a Guiné e... como as cerejas ... falarmos de vivências...

Há poucos dias reli os livros de novo e queria dizer a Beja Santos o quanto as suas reflexões me fazem pensar... embora não o possa refletir muito na escrita da tese, se porventura ler o meu livro "Cartas de Cabul" sobre a minha experiência no Afeganistão, poderá ver o quanto me identifico com o raciocínio, com a filosofia, com o pensar "diferente". Acima de tudo adoro as reflexões e comparações com os livros que lê, as cartas para o Almirante Teixeira da Mota... bom. Um verdadeiro "Concerto de Sabedoria".

Exmº Sr. Luís Graça, pedia-lhe por favor para reencaminhar este mail para Mário Beja Santos. Apenas para que ele saiba o quanto me tocaram as suas obras, o enorme prazer (e orgulho) que o meu pai teve em as apresentar e quão importante são estas "memórias maduras e refletidas" para quem quer entender o nosso passado mas, acima de tudo, o pensar de um homem quando colocado em situações tão difíceis como as que passou. (A título de curiosidade, estive com o meu pai na Guiné entre 1969 e 1971, onde fiz os meus cinco e seis anos de idade...)

Ao vosso blogue os meus parabéns, e por favor continuem porque a memória é um bem precioso!

Os melhores cumprimentos,

Nuno

Nuno Correia Barrento de Lemos Pires
Ten Cor Inf, Professor de Relações Internacionais e História Militar
Academia Militar/ Tel civil (central AM): +351 213186900/ Tel Militar: 412657


(ii) Mensagem de 8 de Novembro de 2012:

Sr. Professor Luís Graça

No próximo dia 5 de Dezembro irei proferir uma palestra intitulada "A participação da Engenharia Militar nas campanhas de África - o caso da Guiné" englobadas no seminário das comemorações dos 200 anos do Regimento de Engenharia 1.

O vosso blogue foi precioso para mim, especialmente na recolha de algumas imagens. Uma vez que consegui importantes informações na Direcção de Engenharia, os dados estatísticos aí levantados, mais as vossas imagens, darão "cor" ao Power point que irei, se me autorizar, apresentar.

Li as vossas instruções sobre o uso de imagens e desde já me comprometo, além de estar a pedir autorização, a divulgar a fonte.

Aguardo a autorização, os melhores cumprimentos,

Nuno Lemos Pires

2. Comentário de L.G.:

Nuno:

Esteja à vontade para utilizar as nossas imagens e demais materiais, dentro do respeito das nossas "regras bloguísticas"...Dou-lhe os parabéns pela próxima finalização da sua tese de doutoramento. É um período intenso da vida de um académico, também já passei por isso, sei dar o devido valor. Espero que corra tudo bem até ao fim e, uma vez obtido o desejado grau de doutor em ciências militares, fica com as portas abertas da nossa Tabanca Grande para nos honrar com a sua presença e publicar um ou mais textos sobre a Guiné que conheceu, bem como como sobre o nosso comandante António Spínola, cuja abordagem estratégica da guerra e da paz você está a estudar... Obrigado pelas suas palavras simpáticas em relação ao nosso esforço de preservação e divulgação das nossas memórias, individuais e de de grupo, como ex-combatentes na Guiné. As minhas melhores saudações. Luís Graça

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Notas do editor:

Último poste da série > 25 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10568: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (10): Hoje, no Porto Canal, às 22h00, o Programa Testemunho Directo vai ser dedicado aos ex-combatentes da guerra do Ultramar


( *) Vd. aqui um dos vídeos do filme: Marechal Masséna vs General Wellington


Sinopse

A História

Em 27 de Setembro de 1810, as tropas francesas comandadas pelo marechal Massena, são derrotadas na Serra do Buçaco pelo exército anglo-português do general Wellington.

Apesar da vitória, portugueses e ingleses retiram-se a marchas forçadas diante do inimigo, numericamente superior, com o objectivo de o atrair a Torres Vedras, onde Wellington fez construir linhas fortificadas dificilmente transponíveis.

Simultaneamente, o comando anglo-português organiza a evacuação de todo o território compreendido entre o campo de batalha e as linhas de Torres Vedras, numa gigantesca operação de terra queimada, que tolhe aos franceses toda a possibilidade de aprovisionamento local.

É este o pano de fundo das aventuras de uma plêiade de personagens de todas as condições sociais – soldados e civis; homens, mulheres e crianças; jovens e velhos -, arrancados à rotina quotidiana pela guerra e lançados por montes e vales, entre povoações em ruína, florestas calcinadas, culturas devastadas.

Perseguida encarniçadamente pelos franceses, atormentada por um clima inclemente, a massa dos foragidos continua a avançar cerrando os dentes, simplesmente para salvar a pele, ou com a vontade tenaz de resistir aos invasores e rechaçá-los do país, ou ainda na esperança de tirar partido da desordem reinante para satisfazer os mais baixos instintos.

Todos, quaisquer que sejam o seu carácter e as suas motivações – do jovem tenente idealista Pedro de Alencar, passando pela maliciosa inglesinha Clarissa Warren, ou pelo sombrio traficante Penabranca, até ao vindicativo sargento Francisco Xavier e à exuberante vivandeira Martírio -, convergem por diferentes caminhos para as linhas de Torres, onde o combate final deve decidir do destino de cada um. (...)

Fonte: Reproduzido com a devida vénia, do sítio oficial do filme, Linhas de Wellington

5 comentários:

Luís Graça disse...

Leia-se o interessante artigo do ten cor Nuno Lemos Pires, publicado em 15/10/2006, na "Revista Militar", sobre a reorganização do exército português em 1808... (O artigo já teve mais de 20 mil visualizações).

Trata-se de uma adaptação de uma comunicação proferida pelo autor em 20 de Maio de 2004, em Madrid, no âmbito de um seminário sobre as guerras napoleónicas na península ibérica, organizado pela Universidade Complutense de Madrid e pelo Instituto de Cultura e História Militar de Espanha.

Título: "Os Exércitos não se improvisam – Um estudo sobre o Exército Português e o novo Exército Anglo‑Português em 1808".

http://www.revistamilitar.pt/modules/articles/article.php?id=105

Luís Graça disse...

Acabo de receber do Nuno Lemos Pires mais uma prova de afeto e apreço pelo nosso bloguer:

"(...) Tomo a liberdade de lhe anexar um cv onde estão todas as publicações que produzi.

"Se tiver interesse em alguma terei muito prazer em lhe enviar. Como poderá notar a minha área da história é a guerra peninsular e a outra grande área de estudo são os "estudos de segurança", com uma grande incidência nos conflitos da atualidade (Afganistão, Iraque, etc.)., tendo entrado há pouco tempo na guerra colonial... onde estou a aprender muito: o meu orientador é o Professor Luís Nuno Rodrigues (que escreveu as biografias de Spínola e Costa Gomes e um profundo conhecedor desta época e temática) pelo que tenho desenvolvido a minha investigação com inputs muito interessantes e completos. Ele também acompanha o vosso blog e é um atento seguidor.

Muito Obrigado e permita-me também, Um abraço, Nuno"

2. Respondi-lhe de imediato:

"Nuno: Muito obrigado. Tem um excelente orientador. Vou ver o seu CV. Infelizmente, o tempo é curto, ainda estou "operacional" (em matéria de lides académicas)... Muito obrigado. Um Alfa Bravo. Luis".

José Marcelino Martins disse...

O trabalho "Os Exercitos não se improvisam" já faz parte dos meus arquivos há algum tempo.
Quando investigava sobre as Invasões Francesas encontrei o texto que, dado o interesse, que lhe atribuí, o imprimi e juntei à minha biblioteca.

Arménio Estorninho disse...

Caro Sr. Tenente-Coronel Nuno Lemos Pires, Saudações.

Cumpri a minha Comissão do Serviço Militar Obrigatório na Guiné de Maio de 1968 a Abril de 1970.

Ao escrever é com o intuito da possibilidade de ser-lhe útil na procura de mais dados sobre António de Spínola, nomeadamente referente à sua passagem pela Guiné, com entrevistas, deslocações diversas e também uma forma de apresentação da sua Biografia. Em que as fontes da Bibliografia a seguir são indicadas:

Revista do Ultramar de 1971, nº 45, pag. 201 a 203, com visitas a estacionamentos e outros, de 01/01/71 a 30/06/71;

Revista do Ultramar de 1972, nº1 nova série, pag.180 a 182, com visitas a estacionamentos e outros de 01/07/71 a 31/12/71;

Revista do Ultramar de 1972, nº2 nova série, pag. 262 a 266, com visitas a estacionamentos e outros de 01/01/72 a 30/06/72;

No Caminho do Futuro, Livro apresentado em 1972.
Agência-Geral do Ultramar
Com entrevistas, comentários e apontamentos;

Biografia de Spínola-Senhor da Guerra.
Autores: Manuel Catarino e Miriam Assor.

Com Um Abraço
Arménio Estorninho

Nuno Lemos Pires disse...

Muito Obrigado a todos pelas palavras e pelos preciosos conselhos! Um abraço

Nuno Lemos Pires