Meus amigos e camaradas tabanqueiros:
Boa noite para todos com o meu abraço solidário e bem assim os meus agradecimentos por aquilo que comentaram a meu respeito, os quais me deixaram muito sensibilizado.
Peço desculpa por ter cometido o lapso de não concretizar os locais por onde andei, no que respeita à minha estadia na Guiné. Infelizmente para mim, com muita tristeza e mágoa por não ter acompanhado a companhia na totalidade do tempo de serviço na Guiné, devido a uma doença terrível que contraí, uma tuberculose pulmonar, que me ia levando para o outro lado.
Para atestar o acima exposto, relato um poste do camarada Carlos Silva na sua página A Guerra da Guiné, elemento da minha companhia, a CCAÇ 2548, e que versa o seguinte:
O Ricardo, homem da bazuca do terceiro pelotão, teve o azar de contrar uma doença terrível, "tuberculose pulmonar", e por isso foi evacudado por doença, em 13/11/1969, de Farim para o Hopsital Militar de Bissau, em janeiro de 1970, e dali para a Metróplo, para o Hospital Militar de Doenças Infecto-Contagiosas da Boa Hora, em Lisboa, onde permaneceu algum tempo, sendo internado posteriormente no sanatório do Caramulo.
Durante este seu percurso da sua vida, o Ricardo, com dotes de poeta, quer na caserna quer nas suas saídas para o 'mato', ia escrevendo nos papeis que embrukhavam as rações de combnate e quando nºãio tinha papel escrevia no ponche da proteção das chuvas. Quando tinha vagar, em horas de descanso, passava os seus escritos a limpo, continuando posteriormente a escrever, não permitindo que a morte, que o espreitava a todo o momento, o agarrasse.
Travou uma luta tenaz entre a vida e a morte. Foi sempre escrevendo. Felizmente recuperou da sua doença e, embora com as sequelas que o marcam, está vivo, está entre nós para nos legar o seu testemunho.
Depois da sua recuperação, começou a trabalhar na CUF [, Companhia União Fabrilo,], no departamento de segurança, no controlo de entrada e saída de matérias e produtos.
É deficiente das forças armadas [, DFA,] e actualmente está na situação de refornado pelo regime da segurança social, sem deixar de escrever. Sempre na luta, até que a morte me leve (o leve).
Um alfa bravo, camarada Ricardo, e continua por muitos anos.
Sobre a morte do camarada Lajeosa [, o quarteleiro,] (*) foi evacuado também com a mesma doença que eu. E por condão meu, foi com muito afecto e também muita tristeza que o vi partir, como descrevo em outros locais.
Atesto que se encontra sepultado no cemitério de Lajeosa do Dão [, concelho de Tondela,] ao qual me desloquei um para lhe prestar a minha homenagem e gratidão, fazendo por ele o meu luto. Por todos os que por lá ficaram para sempre, [aqui ficam] estas lágrimas que derramo. Ainda o meu coração não descansa sem que lhe seja prestada homenagem, e também gratidão da República Portuguesa pelos sacrifícios que nós, miúdos com 20 anos, por lá passamos.
Com um abraço sentido de solidariedade para todos vós.
Ricardo Marques de Almeida
Nota do editor:
Último poste da série > 4 de novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10619: Prosas & versos de Ricardo Almeida, ex-1º cabo da CCAÇ 2548, Farim, Saliquinhedim, Cuntima e Jumbembem, 1969/71) (1): A morte do quarteleiro
1 comentário:
Raios te partam, Ricardo.
Toma lá um grande e prolongado abraço solidário pela tua luta, e outro de emoção, de comoção, por aquele teu último parágrafo.
armando pires
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