Caro Luís e Carlos Vinhal,
Junto envio algumas imagens no intuito de proceder a eventual decoração do ultimo texto enviado para publicação.
Um abraço amigo
Cherno Baldé
PS: - Tenho recebido, ultimamente, uma avalanche de pedidos de amizade via facebook, de antigos combatentes da Guiné, que muito me comoveram e aproveito para agradecer a toda a equipa de Editores e Colaboradores da Tabanca Grande, em especial ao Carlos Vinhal que, desconfio, deve estar a impulsionar esta euforia de manifestação de amizade que muito me honra.
Vestígios da caserna - abrigo do segundo pelotão no lado norte do quartel de Fajonquito. Na imagem, por baixo, ainda é visível o emblema da companhia.
CCAC 3549 - DEIXÓS-POISAR - 1972-74 (Foto de 2011)
Fajonquito > Aqui era um posto de vigilância, equipado com uma metralhadora no ângulo sudoeste do quartel, entre a pista dos aviões e o paiol de munições. As mangueiras são vestígios de antigas habitações da população mandinga que fugiu da aldeia no início da guerra.
Na foto: Cherno, filhos e uma sobrinha (filha de Algassimo, um amigo de infância).
Fajonquito > Antiga casa do gerador, onde trabalhava o Morais, situada no centro do aquartelamento.
Na foto: Domingos, Cadijatu e Yussuf.
Fajonquito > Aqui era o campo de futebol cinco, ao fundo vê-se a antiga casa comercial Ultramarina onde residia o Capitão da companhia e funcionava a messe dos oficiais.
Na foto: Cadijatu (sobrinha), Domingos, Yussuf e Abduramane (meus filhos).
Fajonquito > Em 1969, a CCAC 2435 de Capitão Carvalho reorganizou e construiu o sistema defensivo do aquartelamento de Fajonquito. Nessa altura, deslocaram a parte da população que vivia no lado Oeste para o lado Este, libertando espaço de tiro e de manobra táctica as tropas estacionadas no quartel.
Fajonquito > Antigo paiol de munições, situado no ângulo oeste do aquartelamento, construído pela CCAC 2435 em 1969 (as mangueiras testemunham vestígios de antigas habitações da população deslocada (fulas) ou fugida para o mato (mandingas).
Fajonquito > Poilão que, entretanto, cresceu majestoso no centro do antigo quartel entre a antiga casa do gerador (onde se vêem as barracas) e o campo de futebol de onze.
Bissau, Janeiro de 2012 > Domingos (Mohamed Ali) e Luís (Bubacar) no jardim da Praça dos Heróis Nacionais/ Império. Ao fundo estão os escritórios da CAON-FED, meu local de serviço, actualmente.
Bissau > A caminho do Carnaval 2012. A minha esposa, seus dois filhos mais novos (Ali e Buba) e Fatinha (sobrinha).
Bissau, 2011 > Cherno Baldé repousando em casa.
____________Notas do editor:
- Estas fotos faziam parte de um trabalho que o nosso amigo Chico nos mandou em formato Power Point. Conforme acordado com ele, depois de transformadas em JPEG, aproveitaram-se para ilustrar a série Memória dos Lugares.
Vd. último poste da série de 27 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11013: Memória dos lugares (208): Buruntuma, memorial da CART 1742 (1968/69) (Eduardo Campos)
4 comentários:
Meu caro Cherno:
Só para te dizer como me tem agradado a tua colaboração aqui no blogue: muito!
Agora, ao apreciar todas estas fotos, apetece-me dar-te um grande abraço e desejar-te muitas felicidades, a ti e aos teus belos entes queridos. É o que estou agora a fazer.
E que, por aí, o "ambiente" se desanuvie e a luz da paz e da esperança ilumine toda essa terra e seu povo.
Muito feliz por te "conhecer",
Manuel Joaquim
Cherno, antes de mais deixa-me felicitar-te, por 3 razões:
(i) o regresso a Fajonquito, à tua infãncia, à tua vida de "djubi", rafeiro, curioso, temerário, intrépido "inflitrado" nas "tropas colonialistas" de Fajonquito;
(ii) a recriação, fabulosa, do capitão Carvalho, da sua ascensão e queda, e a tua imprecação contra os "irãs de Bandim";
(iii) as fotos da teu "doce lar" e da sua família, a tua esposa nalu (linda, parabéns!) e os teus "meninos"...
... Depois continuo!
Quanto ao caso do tal capitão que foi vítima da ira de Spínola... A ser verídico o caso que tu, Cherno, contas (... tinhas 10/11 anos, e um parte do teu relato pode ser no mínimo "enviiesado"...), pergunto-me:
É verdade que o nosso Com-chefe perdia, por vezes, as estribeiras e agredia, à chapada, os seus subordinados, e não apenas os soldados ? A tua "história" vem confirmar outros casos (por ex., o do desertor português, prisioneiro em Conacri, que foi libertado na sequência da Op Mar Verde) ...
Quanto a "excessos" (e eventualmente "crimes") cometidos por militares portugueses (contra a população e elementos do IN), tenho na memória um caso, que registei no meu diário... Não sei qual foi o desfecho do caso (em termos de "justiça militar"), pelo que tenho que presumir a inocência desse camarada em questão, um tal capitão P...
Escrevia a esse respeito:
(...) "De facto, aqui [, em Bissau,] desaguam todos os rios humanos da Guiné: a carne que já foi do canhão e agora é do bisturi (ou dos vermes, em caixões de chumbo, discretamente empilhados, à espera que o Niassa ou o Uíge ou o Alfredo da Silva os levem nos seus porões nauseabundos); os desenfiados, como eu, todos os que procuram safar-se do inferno verde, quanto mais não seja por uns dias ou até umas breves horas, que o tempo aqui conta-se, de cronómetro na mão, até à fracção de segundo; os prisioneiros de guerra, esfarrapados, andrajosos, a caminho da Ilha das Galinhas; as populações do interior desalojadas pela guerra; os jovens recrutados para a nova força africana; enfim, os criminosos de guerra como o capitão P. que está aqui detido no Depósito Geral de Adidos à espera de julgamento em tribunal militar – suponho eu -, juntamente com um furriel miliciano da sua companhia. Ambos estão implicados em vários casos, muito falados, violação e assassínio a sangue frio de bajudas, além da tortura e liquidação de suspeitos…
"A propósito, como os tempos mudam, meu caro!.. Em conversa com um sargento de cavalaria que teve o Velho como comandante de batalhão no Norte de Angola – conversa a que ocasionalmente assisti -, o Capitão P. (que eu não sei, nem me interessa saber, se é miliciano, ou se é do quadro, ça c'est m´égale!), mostrava-se vexado (o termo é dele) pelo facto do então tenente coronel ameaçar executar, in loco, sumariamente os guias nativos que mostrassem a mais pequena hesitação na escolha dos trilhos ou os carregadores que deliberadamente deitassem fora a água dos jericãs...
"- E agora, como Com-Chefe na Guiné, não permitir sequer que se toque no cabelo de um preto!" (...).
http://blogueforanada.blogspot.pt/2005/12/guin-6374-cccxlviii-cartas-que-nunca.html
Quanto ao caso do tal capitão que terá sido "vítima da ira de Spínola"... A ser verídico o caso que tu, Cherno, contas (... tinhas 10/11 anos, e uma parte do teu relato pode ser no mínimo "enviiesada"...), pergunto-me:
É verdade que o nosso Com-chefe perdia, por vezes, as estribeiras e agredia, à chapada, os seus subordinados, e não apenas os soldados ?
A tua "história" vem confirmar outros casos (por ex., o do desertor português, prisioneiro em Conacri, que foi libertado na sequência da Op Mar Verde)... Houve alguns, não sei eram frequentes, tenho ideia que não...Eu próprio assisti a um, em Mansambo, em que o capitão dei uma valente sova a um dos seus soldados, no final de uma operação... À minha frente e de outros graduados da CCAÇ 12... Nos páras, também se davam uns "tabefes"... E na própria CCAÇ 12...
Quanto a "excessos" (e eventualmente "crimes") cometidos por militares portugueses (contra a população e elementos do IN), tenho na memória um caso, que registei no meu diário... Não sei qual foi o desfecho do caso (em termos de "justiça militar"), pelo que tenho que presumir a inocência desse camarada em questão, um tal capitão P...
Escrevia a esse respeito:
(...) "De facto, aqui [, em Bissau,] desaguam todos os rios humanos da Guiné: a carne que já foi do canhão e agora é do bisturi (ou dos vermes, em caixões de chumbo, discretamente empilhados, à espera que o Niassa ou o Uíge ou o Alfredo da Silva os levem nos seus porões nauseabundos); os desenfiados, como eu, todos os que procuram safar-se do inferno verde, quanto mais não seja por uns dias ou até umas breves horas, que o tempo aqui conta-se, de cronómetro na mão, até à fracção de segundo; os prisioneiros de guerra, esfarrapados, andrajosos, a caminho da Ilha das Galinhas; as populações do interior desalojadas pela guerra; os jovens recrutados para a nova força africana; enfim, os criminosos de guerra como o capitão P. que está aqui detido no Depósito Geral de Adidos à espera de julgamento em tribunal militar – suponho eu -, juntamente com um furriel miliciano da sua companhia. Ambos estão implicados em vários casos, muito falados, violação e assassínio a sangue frio de bajudas, além da tortura e liquidação de suspeitos…
"A propósito, como os tempos mudam, meu caro!.. Em conversa com um sargento de cavalaria que teve o Velho como comandante de batalhão no Norte de Angola – conversa a que ocasionalmente assisti -, o Capitão P. (que eu não sei, nem me interessa saber, se é miliciano, ou se é do quadro, ça c'est m´égale!), mostrava-se vexado (o termo é dele) pelo facto do então tenente coronel ameaçar executar, in loco, sumariamente os guias nativos que mostrassem a mais pequena hesitação na escolha dos trilhos ou os carregadores que deliberadamente deitassem fora a água dos jericãs...
"- E agora, como Com-Chefe na Guiné, não permitir sequer que se toque no cabelo de um preto!" (...).
http://blogueforanada.blogspot.pt/2005/12/guin-6374-cccxlviii-cartas-que-nunca.html
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