terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11062: Contraponto (Alberto Branquinho) (48): Cuando sali de Cuba...

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 9 de Novembro de 2012:

Olá, Carlos
Há tanto tempo!
Passou o Natal, passou o Ano Novo e, até, passou o Orçamento... quer dizer, está aí e só dentro de dias é que a gente o vai conhecer melhor (sem prazer em conhecê-lo!).

Lembrei-me de falar nesta que vai junta, sobre acção psicológica sobre o IN...
É sobre uma canção (que não é de protesto).

Um abraço
Alberto Branquinho


CONTRAPONTO (47)

Cuando Sali de Cuba (1965), na voz de Luis Aguile

"CUANDO SALI DE CUBA…"

Falávamos, há alguns dias, num grupo de amigos, da canção “Lily Marleen”, das várias versões que a letra teve (para além do original alemão) em inglês - inglês/inglês e inglês/americano (porque não havia entre eles nem há acordo ortográfico…) - e que era, languidamente, ouvida dos dois lados do campo de batalha.

Falou-se, então, também das emissões radiofónicas, que, já no fim da Segunda Grande Guerra, os americanos faziam para desmoralizar as tropas alemãs, onde incluíam essa canção (acção psicológica sobre o IN…), cantada por outra Marleen – Marlen Dietrich, actriz alemã… ao serviço por Hollywood.

Lembrei-me, então, que, no meu tempo de Guiné, se falava de um capitão que, quando o quartel era atacado, colocava no prato do gira-discos (dentro do abrigo?) uma canção cubana que os amplificadores de som, colocados junto ao arame farpado, difundiam para o exterior:

(…)
“Cuando salí de Cuba 
Dejé mi vida dejé mi amor 
Cuando salí de Cuba 
Dejé enterrado mi corazón.”
(…)

Alguém se recorda e pode confirmar?
Dão-se alvíssaras a quem encontrar onde e quem, porque convinha que fosse verdade para, também, termos a nossa história para a História.

Alberto Branquinho
____________

Nota do editor:

Vd. último poste da série de 11 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10653: Contraponto (Alberto Branquinho) (47): Momento de poesia com Augusto Gil e a "Jovem Lília Abandonada"

10 comentários:

Hélder Valério disse...

Caro Branquinho

Seria de facto interessante a confirmação da história.

A propaganda e a contra-propaganda bem assim como a informação e a contra-informação são áreas onde a criatividade é necessária e muitas vezes, mesmo que imperceptivelmente, jogam um papel quase decisivo.

Abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

imagino o efeito psicológico, desmoralizante, entre os "internacionalistas" cubanos que vinham dar uma mãozinha aos camaradas do PAIGC... Se bem que a letra e a música dessa canção sejam da autoria de um argentino (e depois nacionalizado espanhol), o Luís Aguilé (1936, Buenos Aires-2009, Madrid), ela foi sobretudo conhecida na interpretação da raínha da salsa, a Célia Cruz (1925-2003), que saiu de Cuba justamente em 1959, quando o Fidel Castro e os seus barbudos tomaram o poder em Havana...

Aqui vai o resto da letra (com a musiquinha...) (recolhida aqui:

http://letras.mus.br/celia-cruz/254192/


Cuando Salí de Cuba
Celia Cruz

Nunca podré morirme,
mi corazón no lo tengo aquí.
Alguién me está esperando,
me está aguardando que vuelva aquí.

Cuando salí de Cuba,
dejé mi vida dejé mi amor.
Cuando salí de Cuba,
dejé enterrado mi corazón.

Late y sigue latiendo
porque la tierra vida le da,
pero llegará un día
en que mi mano te alcanzará.

Cuando salí de Cuba,
dejé mi vida dejé mi amor.
Cuando salí de Cuba,
dejé enterrado mi corazón.

Una triste tormenta
te está azotando sin descansar
pero el sol de tus hijos
pronto la calma te hará alcanzar.

Cuando salí de Cuba,
dejé mi vida dejé mi amor.
Cuando salí de Cuba,
dejé enterrado mi corazón.

Consultar a Wikipedia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Luis_Aguil%C3%A9

http://en.wikipedia.org/wiki/Celia_Cruz

Luís Graça disse...

.. Mas no nosso bar de Bambadinca também se cantava a famosa Guantanamera, que afinal é também um hino de contestação social... A letra é do grande poeta José Marti, 1891, "Versos Sencillos"

(....) A música data de 1963 e uma das gravações mais conhecidas é do grupo The Sandpipers. No Brasil, foi regravada por vários grupos, como Tarancón e Raíces de América.

Versos Sencillos, 1891

José Martí
Poesía I

Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma,
Y antes de morirme quiero
Echar mis versos del alma.

Yo vengo de todas partes,
Y hacia todas partes voy:
Arte soy entre las artes,
En los montes, monte soy.

Yo sé los nombres extraños
De las yerbas y las flores,
Y de mortales engaños,
Y de sublimes dolores.

Yo he visto en la noche oscura
Llover sobre mi cabeza
Los rayos de lumbre pura
De la divina belleza.

Alas nacer ví en los hombros
De las mujeres hermosas:
Y salir de los escombros,
Volando las mariposas.

He visto vivir a un hombre
Con el puñal al costado,
Sin decir jamás el nombre
De aquella que lo ha matado.

Rápida, como un reflejo,
Dos veces ví el alma, dos:
Cuando murió el pobre viejo,
Cuando ella me dijo adiós.

Temblé una vez - en la reja,
A la entrada de la viña,-
Cuando la bárbara abeja
Picó en la frente a mi niña.

Gocé una vez, de tal suerte
Que gocé cual nunca: - cuando
La sentencia de mi muerte
Leyó el alcaide llorando.

Oigo un suspiro, a través
De las tierras y la mar,
Y no es un suspiro, - es
Que mi hijo va a despertar.

Si dicen que del joyero
Tome la joya mejor,
Tomo a un amigo sincero
Y pongo a un lado el amor.

Yo he visto al águila herida
Volar al azul sereno,
Y morir en su guarida
La víbora del veneno.

Yo sé bien que cuando el mundo
Cede, lívido, al descanso,
Sobre el silencio profundo
Murmura el arroyo manso.

Yo he puesto la mano osada,
De horror y júbilo yerta,
Sobre la estrella apagada
Que cayó frente a mi puerta.

Oculto en mi pecho bravo
La pena que me lo hiere:
El hijo de un pueblo esclavo
Vive por él, calla y muere.

Todo es hermoso y constante,
Todo es música y razón,
Y todo, como el diamante,
Antes que luz es carbón.

Yo sé que el necio se entierra
Con gran lujo y con gran llanto.-
Y que no hay fruta en la tierra
Como la del camposanto.

Callo, y entiendo, y me quito
La pompa del rimador:
Cuelgo de un árbol marchito
Mi muceta de doctor.

http://www.youtube.com/watch?v=CfhMSgvsTCY

Quarta-feira, Fevereiro

Manuel Carvalho disse...

Caros camaradas

A propósito deste poste do Branquinho lembro-me que em Jolmete cantávamos uma outra versão cujo refrão era mais ou menos assim.

Cubano, quando sali di Cuba
para a pachanga para ó canhão
olha que na Guiné.......
fica enterrado teu coração

Só me lembro do refrão mas nós cantávamos mais versos tudo adaptado a situação que estavamos a viver e com a música desta canção.Naquele tempo o pessoal do mato não gostava muito de Cubanos.

Um abraço para todos

Manuel Carvalho

Luís Graça disse...

Manuel Carvalho, vês se descobres o resto da letra!... Temos que arranjar material para um dia publicar o "Cancioneiro da Guiné"...

Quanto a amigos e inimigos... Como tudo muda!... Há uns anos atrás quem tinha dólares em Angola era logo suspeito de ser contrarrevolucionário... Hoje, ter muitos dólares é símbolo de sucesso.... Na rua, o dólar é melhor aceite do que o euro...

Anónimo disse...

As Áfricas míticas.A nossa tão longa História militar.E,as "Lendas e Narrativas".(Ainda bem!Sempre vai servindo quando usadas para adormecer...netos).

Zé Teixeira disse...

"Quando saí de Buba
Eu fui para a estrada"
( A memória atraiçoa-me e impede-me de continuar)
O meu querido amigo Frankelim - já falecido - camarada telegrafista da C.Caç 2381 criou uma letra para uma canção que contava um pouco a nossa aventura em Buba na construção da estrada para Aldeia Formosa.

Antº Rosinha disse...

Este "cantante" Aguillé era patrício de Ché Guevara.

Cuba foi para a nossa geração um nome muito apelativo e políticamente curiosíssimo para quem se deixasse se entusiasmar, com aquela guerra fria que Cuba aqueceu.

Tive (tenho) um amigo, dos trópicos, que o único disco de música que comprou foi o "tango dos barbudos".

Como diz o Joseph Belo a África mítica...mas pode-se dizer que aquele tempo também foi muitíssimo mítico!




Anónimo disse...



Estou frustrado, deprimido.
Ninguém ajudou, apesar das prometidas alvíssaras, a identificar o capitão, a companhia, o quartel na Guiné, que transmitia "Cuando sali de Cuba" durante os ataques que sofria. (Tenho uma suspeita quanto ao homem... mas não escrevo).
Todos fizeram variações sobre o tema e, até, o José Belo veio escrever sobre "adormecer... netos", o que me deixou ainda mais deprimido. Essa foi demais!
Só o Helder ajudou a "fazer figas", mas não deu nada.
O Carlos Vinhal acrescentou aquele video com a canção. Agradecido, embora prefira interpretações femininas, mais vivas, mais latinas, mesmo que não seja da Célia Cruz.
Prontos! Nunca mais falo de canções, porque pode parecer o festival da Eurovisão.
Alberto Branquinho

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo. Mais importante que o "adormecer netos" é a referência ás "lendas".Creio que essa história,como muitas outras faz parte de certas "lendas- com- muito- diz-se". Um grande abraço.