segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11055: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (2): Gadamael, junho/julho de 1973 (Parte II)



Guiné > Região de Tombali > Buba; Junho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74)  > O Jorge Canhão, "na LDG [, Lancha de Desembarque Grande,] a caminho do inferno [, Gadamael]", em reforço temporário ao COP 5, de 18 de junho a 13 de julho de 1973.



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) >  O 2º pelotão, o do Jorge Canhão (ex.fur mil at inf).

(i) 2ª fila,  de pé: da esquerda para a direita, Cabeçadas (falecido),  Florêncio (Florêncio Alexandre Correia, residente em Faro), o Canhão (Jorge Canhão, Oeiras),  Viegas (Francisco Manuel Magro Viegas, sem informação sobre o local de residência atual),  Saraiva (João José Saraiva Costa, Covilhã),  J. Fernandes (João Fernandes Salvador, Alagoinha, Altura), Raimundo (José Manuel Dias Raimundo, São Mamede de Infesta, Matosinhos),  São José (Diamantino Mig Santos São José, Faro);

(ii) na primeira fila,  Araújo (falecido) e Ribeiro (José Joaquim Silva Ribeiro, Charneca da Caparica, Almada).



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) > O edifício das transmissões.


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) > O pontão [cais]



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho/julho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) >  Aspeto geral do quartel



Guiné > Região de Tombali > Gadamael > Junho de 1973 > 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) >   Mais duas casas destruídas na sequência do ataque do PAIGC em princípios de junho.


1.  Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74). Estas  fotos chegaram-nos  às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois.

Recorde-se que a 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612 (1972/74) esteve em reforço do COP 5, em Gadamael, de 18 de junho a 13 de julho de 1973. Em 31 de maio,  agravava-se a situação em Gadamael-Porto, com o PAIGC a concentrar a sua artilharia sobre o  aquartelamento e a tabanca (reordenada), depois da  retirada da guarnição de Guileje (, em 22).

2. Sobre a ida (temporária) da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, para Gadamael, leia-se o que o nosso AGA escreveu no seu Diário da Guiné, e já reproduzido no poste P9859:


(...) Mansoa, 19 de Junho de 1973

Chegou anteontem a Mansoa uma companhia nova de pessoal destinado a Angola. Só dentro do avião souberam que vinham para a Guiné. Aconteceu o mesmo a três outras companhias de 180 homens cada, com outros destinos, que também foram desviadas para a Guiné. Estes vêm substituir uma companhia do Batalhão 4612, aqui estacionado em Mansoa,  e que, com oito meses de comissão, parte amanhã para reforçar Gadamael, ao lado de Guileje já evacuado há um mês pelas nossas tropas. Ontem os rapazes desta companhia estavam desesperados face ao futuro incerto que os espera, mais incerto do que o meu. Eu vou para pior, não propriamente para um matadouro. Esta companhia, ai, que Deus os proteja!...

A grande maioria dos mortos em combate na primeira quinzena de Junho, vinte e quatro no total, registou-se no sul, na região de Gadamael-Cameconde onde os guerrilheiros tentam conseguir o mesmo que em Guileje, obrigar os portugueses a abandonar mais um aquartelamento. Contam-se histórias tenebrosas sobre Gadamael. (...)

Hoje, às oito da noite estávamos os oficiais a jantar quando, diante da messe, surgiu quase toda a companhia velha em marcha fúnebre, com arcos e velas acesas sobre umas tábuas que pareciam caixões. Formaram e queriam oferecer uma garrafa de whisky ao capitão, o comandante da companhia, um homem do QP, competente, respeitado e determinado. Saiu da messe, perfilou-se, fez continência aos seus homens e mandou-os dispersar. Obedeceram logo. Depois houve grandes bebedeiras. Estive no bar de oficiais até cerca da meia-noite. Alguns alferes da companhia que segue para Gadamael, cheios de álcool, partiram garrafas e cadeiras. Não se tratou de insubordinação, apenas o extravasar de recalcamentos e medos. (...)

Fotos: © Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11046: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (1): Gadamael, junho/julho de 1973 (Parte I)

4 comentários:

Luís Graça disse...

Jorge (, já mandei também email):

O que é feito de ti ?...Estás em boa forma ?

Tenho estado a publicar estas fotos tuas que me chegaram através do Agostinho... São uma preciosidade.

Agora preciso que as comentes, ou melhores as legendas. E já agora, que comentes também o apontamento do AGA, no seu "Diário da Guiné" (Mansoa, 19/5/1973)...

Diz-me se vocês (3ª companhia) sofreram algum ataque ou flagelação em Gadamael, entre 18 de junho e 13 de julho de 1973... Tens ideia de quando é que foi o último ataque ou flagelação ? A tua companhia só levava um alferes, o Rocha ? Tu comandavas o 2º pelotão ? E O Gonçalves, furriel, outro ? Em que consistiu o vosso reforço ? Saíam para o mato ?... De que altura são os principais estragos ? Qual foi a extensão dos estragos, na tabanca e no quartel ?...

Outra coisa: tens aqui fuas fotos,. com a legenda: "o pelotão do ronco"...Era da companhia de "Os Marados" ? ...

Um alfa bravo. Tens os meus contactos telefónicos... LG

Manuel Peredo disse...

Eu recordo-me bem de um ataque a Gadamael depois do 18 de Junho.Andávamos dois ou três na cozinha que tinha sido destruida à procura de qualquer coisa que se pudesse comer,quando o quartel foi flagelado.Saímos logo para fora da cozinha e só tivémos tempo de nos deitarmos ao chão,cindo de imediato uma granada lá dentro.Na altura desse ataque,estava um pára a fazer as suas necessidades fisiológicas perto da valas,quando uma granada de foguetão caiu perto dele sem que fosse ferido.

Arménio Estorninho disse...

Caros Camarigos Luís Graça e Jorge Canhão, Saudações.

Com todo o respeito e amizade pessoal para com Jorge Canhão, mas penso que existe lapso no que se refere ao local da 1ª foto "Buba a caminho de Gadembel" e parecendo de todo que não se trata do cais de Buba, senão vejamos:
Em 1969, havia uma ponte cais, a qual actualmente ainda é apresentada em fotos e filmes. Nesta foto não apresenta.
Em fundo da foto não havia condições para a edificação de moradias e zonas de circulação viária.
Relativamente ao itinerário Rio Buba para Gadembel, qual é a justificação plausível e tomando-se em conta que teriam que passar por Aldeia Formosa/Mampatá, Gandembel e Corredor de Guileje.

Com Abraços
Arménio Estorninho

Anónimo disse...

Comentário na página do Facebook da Tabanca Grande:

(i) Agostinho Gaspar:

O verão quente de 73 de Gadamael foi duro , ainda vi numa das paredes que ficou de pé a palavra escrita com tinta preta (Marados Gadamael)...............


(ii) Bernardo Godinho:

Pura invenção!!! Não se passou (passados estamos) nada...

(iii) Bernardo Godinho
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2008/04/guin-6374-p2720-estrias-de-guileje-10.html

Luís Graça & Camaradas da Guiné: Guiné 63/74 - P2729: Estórias de Guileje (10): os trânsfugas de Gui
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Blogue colectivo, criado e editado por Luís Graça, com o objectivo de ajudar os ...Ver mais


(iv) Manuel Augusto Reis:

A minha permanência em Gadamael foi um pouco mais longa (22 de Maio a 18 de Julho) e falar em Gadamael é recordar traumas, que ainda hoje persistem em muitos camaradas e de que não me excluo.

O Poste 2729 recorda todo o sofrimento humano de um grupo de homens que teve a pouca sorte de se encontrar no momento errado no sítio errado. Já conhecia a tua actuação, em prol da dignidade desses homens, nossos camaradas, nossos amigos e nossos conterrâneos. O meu muito obrigado, Victor.