1. Em mensagem do dia 18 de Maio de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos mais este pensamento voador... "T-shirt das pretas".
Seguindo o ditado que diz:
- Vale mais uma boa foto, do que mil palavras!
O Cifra, hoje vai dirigir-se, não só aos amigos antigos
combatentes, mas também às pessoas que não acreditam no que lhe
dizem, aquelas que andam sempre desconfiadas, que só o que vêm é
que é verdade, como se explicou no princípio, vale mais uma boa
foto do que mil palavras, portanto vamos primeiro “falar a tal
mentira”, que é todo aquele blá, blá, blá que diz que, para os
que vivem no mundo onde se fala inglês, vão dizer, com toda a
certeza:
- The history of sweatshirts, or “T shirts” of Lola has to be
true!
No mundo onde se fala francês, dizem:
- L’histoire des pulls molletonnés, des chemises ou “T” de
Lola doit être vrai!
Onde se fala germânico, friamente dizem:
- Die Geschichte des Sweatshirts oder “T-Shirts” von Lola muss
wahr sein!
No mundo que se fala espanhol, entre dois ou três “zzz”,
dizem:
- La historia de las camisetas, o “camisetas” de Lola tiene
que ser verdad!
Os chineses, põem os pauzinhos de parte, se estiverem a
comer, e depois dizem:
Perceberam? Não? Deixem lá, pois o Cifra, também não
percebeu, pois tem alguma dificuldade em pronunciar, os pontos e
as vírgulas!
E nós portugueses, dizemos:
- A história das camisolas, ou “T shirts” da Lola, tem que
ser verdadeira!
Sim é verdade, o senhor Aniceto quando era novo, percorreu
todas aquelas savanas e bolanhas da Guiné, sempre de G3 em
posição de tiro, carregado de granadas, às vezes sem comer, e
com o camuflado roto e todo molhado, claro, na altura não lhe
fazia grande diferença, mas hoje o reumatismo e não só, não lhe
dão descanso e tem que visitar o doutor mais vezes do que o
normal. Numa dessas visitas, a Lola, a empregada do doutor que
está a atender as pessoas, depois de lhe dar os bons dias, com
todas aquelas perguntas de “chacha”, que é normal as empregadas
de doutor fazerem sempre que se vai a uma consulta, diz-lhe,
assim com um ar “malandrote”, pois era verão e o senhor Aniceto
ia vestido com o seu inseparável casaco comprido, gravata e
chapéu na cabeça:
- Senhor Aniceto, estão a vender camisolas, daquelas “T
shirts”, na loja das miudezas, vendem 6 por 1 euro!
Ele logo respondeu, depois de tossir, pois andava com um
certo piarro na garganta:
- Isso é mentira!
Claro, a Lola que também trabalhava umas horas ao sábado, na
loja de miudezas, que era uma espécie de armazém, daqueles
antigos, que ainda vendia pano riscado e flanela à peça, assim
como botões, rendas e “ritrós”, que as senhoras com menos posses
ainda compravam para colocarem nas suas roupas interiores,
sabia que os patrões tinham recebido uma grande encomenda dos
“chineses”, de camisolas, ou seja as ditas “T shirts”, em todas
as cores e que agora vendiam em saldo. Algumas pessoas até lá
iam e compravam em quantidades industriais, para depois
colocarem nas ditas “T shirts”, desenhos e legendas, como por
exemplo, “Sou boa, mas não voo”, ou colocavam a fotografia de
alguns políticos e depois a legenda, “não preciso de sexo, pois
este gajo, fo.... todos os dias, com a subida de impostos”, ou
mesmo até legendas como esta, “são lindas e grandes, mas ainda
não estão maduras, portanto não as podes comer”, enfim toda a
espécie de legendas que às vezes até provocavam as pessoas.
Vai daí, pensou e zás, ao outro dia, que era domingo, quando
o senhor Aniceto estava com o genro a fazer horas para o
almoço, sentado no banco do jardim a ler as últimas que vinham
no jornal desportivo que tinha trazido do café da esquina, ela a
Lola, passa por lá abre o casaco fino, pois era verão e mostralhe
a “T shirt”, que por sinal era das pretas.
O senhor Aniceto ficou aí a saber que era verdade.
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Nota do editor
Último poste da série de 18 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11588: Humor de caserna (34): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (7): Era bom que fôssemos todos vivos passados que são 50 anos
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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