segunda-feira, 21 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13016: Homenagem póstuma, na sua terra natal, Areia Branca, Lourinhã, 11 de maio próximo, ao sold at cav José Henriques Mateus, da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67), desaparecido em 10/9/1966, no Rio Tompar, no decurso da op Pirilampo. Parte II: Esclarecimentos sobre as circunstâncias da tragéda: excerto do relatório de operações e testemunhos presenciais (Jaime Bonifácio Marques da Silva)



Guiné A> região de Tombali > Mapa de Bedanda (1956) > Escala 1/50 mil > Pormenores: Op Pirilampo, com saída de Catió, [. vd. mapa de Catíó,] passando, a sul,  pela mata de Cabolol e com cambança do Rio Tompar, afluente do Rio Cimbijã, e chegada a Cufar... O sold at cav Mateus ficaria pelo meio, desaparecido nas as águas do Rio Tompar. Foi a 10 de setembro de 1966.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Mensagem, com data de 18 do corrente, do nosso camarada e amigo Jaime Bonifácio Marques da Silva [, natural de Seixal, Lourinhã,  e residente em Fafe, onde foi professor de educação física e autarca (com o pelouro da cultura, e onde é mais conhecido como Jaime Silva), ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72), membro da nossa Tabanca Grande]

Estou a tentar coordenar a cerimónia do Mateus na Areia Branca  [, no próximo dia 11 de maio,] e, por isso , envio-te um conjunto de elementos importantes e precisava da tua colaboração e da do pessoal que esteve na Guiné com ele, [em Catió]. Tenho alguma urgência por causa da tipografia e porque preciso de sair daqui.

 (....) Por favor, diz se chegou tudo em ordem

Desculpa o trabalho. É pela causa.

Boa Páscoa para ti, Alice e teus filhos cá do pessoal do Norte.

Abraço, Jaime


2. Ficha biográfica militar do José Henriques Mateus (continuação) (*)

2.ª Parte (em construção) [Elementos recolhidos por Jaime Bonifácio Marques da Silva]

 Luís Graça, esta segunda parte é para fazerem o favor de rever e para complementar com novos dados, caso seja oportuno.


José Henriques Mateus (1944-1966)
AS CIRCUNSTÂNCIAS DO SEU DESAPARECIMENTO E MORTE

1.1 - OPERAÇÃO “PIRILAMPO” - RELATÓRIO DE OPERAÇÕES

No dia 10 de setembro de 1966 o José Henriques Mateus é destacado para participar na Operação de Combate, denominada “Operação Pirilampo”.

NOTAS:

No final de cada Operação de Combate o oficial comandante do grupo de combate tinha, obrigatoriamente, que entregar ao seu Comandante de Companhia um relatório circunstanciado do desenrolar da mesma. Nesse relatório, para além da identificação dos elementos das NT participantes na ação, teria que descrever com pormenor todos os acontecimentos ocorridos durante a sua execução, nomeadamente: horários, itinerários de progressão, locais das ações, contacto com inimigo ou população, resultados das ações com IN (armas capturadas, mortos ou feridos do IN ou das NT), ou, inda, outros incidentes como foi o caso concreto do Soldado Mateus.

Transcrevo (i) o Relatório de Operações, de acordo com a versão já publicada da autoria de Benito Neves; (ii) um documento com a parte do relatório referente ao acidente com o Mateus, (iii) as declarações do Alf Mil Fernando Miguel e (iv) as declarações de um camarada de pelotão que o viu desaparecer

3.1. Transcrição do texto de Benito Neves (#)

“Relatório da operação OPERAÇÃO PIRILAMPO - 10 de Setembro de 1966

Com a finalidade de bater a mata de CABOLOL [vd. carta de Bedanda], de modo a detectar e a destruir o acampamento IN localizado em (1510.1120.A2) - Esta operação foi realizada pelas CCAV 1484, reforçada com 1 Gr Comb Mil 13 e CCAÇ 763 (-), reforçada com 2 Sec Mil 13.
Foi efectuada uma minuciosa batida à mata de CABOLOL no sentido E-W.

Pelas 14H30, não obstante as dificuldades que surgiram pela densidade da vegetação, foi detectado o acampamento IN em (1510.1120A3.15), composto por 16 casas, que foi destruído com fraca resistência do IN. Foram capturados documentos diversos e munições para espingarda Mauser.

O IN, que deveria ter detectado as NT, havia evacuado grande parte do seu material para fora do acampamento.

Em continuação da acção, as NT seguiram em direcção a CABOLOL BALANTA.

Quando queimavam o seu primeiro núcleo de casas mais a sul, o IN, instalado na orla da mata, reagiu em força com fogo de morteiro, lança granadas-foguete, metralhadora pesada, pistolas metralhadora e espingardas, causando 6 feridos ligeiros às NT. Após reacção destas, o IN furtou-se ao contacto, sendo ainda queimados mais 3 núcleos de casas.

Pelas 17H00 as NT iniciaram o regresso, tendo sido flageladas com fogo de morteiro.

Quando as NT atravessavam o rio TOMPAR [, afluente do Rio Cumbijã, a sudoeste de Bedanda], afogou-se o soldado nº 711/65, José Henriques Mateus, da CCAV 1484, não tendo sido possível recuperar o seu corpo, apesar de todas as buscas efetuadas.

Pelas 22h30 as NT chegaram ao aquartelamento de Cufar, depois de uma marcha fatigante em terreno pantanoso.


O que acima se transcreve é o que consta do relatório da operação, extraído da história da Companhia, de que fui encarregado de escrever.

(#)  In: Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, quinta-feira, 19 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1676: Vivo ou morto, procura-se o Soldado Mateus, da CCAV 1484, natural da Lourinhã (Benito Neves)


O José Henriques Mateus em Catió (c. 1966).
Álbum da família. Cortesia de Abel Matteus
3.2 TRANSCRIÇÃO DO DOCUMENTO OFICIAL

Transcrição integral de documento incerto no processo individual do José Henriques Mateus consultado por mim no Arquivo Geral do Exército em agosto de 2013.

“COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DA GUINÉ

BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 1858

COMPANHIA DE CAVALARIA N.º 1484

CÓPIA DA PARTE QUE INTERESSA AO RELATÓRIO DA OPERAÇÃO “PIRILAMPO”

REALIZADA POR ESTA COMPANHIA EM 10 E 11 SET66
……………………………………………………………………………………………………………………………

AO CENTRO:COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DA GUINÉ – BATALHÃO DE CAÇADORES N.º 1858. – COMPANHIA DE CAVALARIA N.º 1884. – RELATÓRIO DA OPERAÇÃO “PIRILAMPO”.

DO ÂNGULO SUPERIOR DIREITO: Exemplar n.º 1. – Ccav.1484. – Catió – 131000Set66---
…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………

“5. – DESENROLAR DA ACÇÃO. - ……………………………………………………………………….

“Cerca das 10.17.00 evacuámos os feridos e iniciámos o regresso (conforme croquis). Na passagem do RIO Tompar a qual se efetuava nadando agarrados a uma corda,  afogou-se o soldado n.º 711/65, José Henriques Mateus, por bruscamente ter largado as mãos da corda a que se agarrava. Foi imediatamente socorrido por equipas de nadadores que se encontravam despidos e a postos para tais casos mas não foi possível recuperar o militar vivo ou morto. São testemunhas: alferes Mil. Fernando Pereira da Silva Miguel e 1.º Cabo Radiotelegrafista n.º 1055/65 Osvaldo Freitas de Sousa. O regresso com travessia de 3 rios, com lodo e água, sendo frequente ter se arrancar do tarrafo pessoal enterrado e exausto, e ainda com 4 homens transportados a dorso, foi uma epopeia de sofrimento. ………………………………………………………….
…………………………………………ESTÁ CONFORME ……………………………………………………..

Quartel em Catió, 19 de Setembro de 1966

O Comandante de Companhia

(assinatura elegível)

Virgílio Fernando Pinto

Capitão de Inf.ª “

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Guiné > Região de Timbali > Catíó > c. 1966 > CCAV 1484 > Foto de grupo tirada frente às instalações do comando do batalhão de Catió. Esta parece ser a secção a que pertencia o sold at cav Mateus. A que pelotão pertencia? Quem era o furriel, comandante da secção,  e os demais elementos? Pede-se ao Benito Neves para completar a legenda e identificar, se possível, todos estes militares. Sabemos, pelo Benito Neves, ex-fur mil, que vive em Abrantes, que o comandante de secção era o ex-fur mil, madeirense, Teles.


Foto do álbum de família, gentilmente cedida por Abel Mateus ao Jaime Silva.


3.3 - EXTRATOS DO PROCESSO INSTAURADO NA COMPANHIA

Do processo sumário organizado na Companhia pelo Alf Mil José Rosa de Oliveira Calvário em 22.9.66, extraio as declarações (síntese) das três testemunhas ouvidas:

3.3.1 – Alf Mil Fernando Pereira da Silva:

“Quando o acidente se deu eram cerca de 17.45 minutos (…) não dava passagem a vau por se encontrar em maré cheia. (…) Quando o Soldado José Henriques Mateus se encontrava a atravessar o rio agarrado a uma corda, que fora colocada, para apoiar a travessia de uma à outra margem, quando esta se partiu. Em consequência disto o sinistrado desapareceu imediatamente não dando mais sinais de si. Mais disse que ouviu o Primeiro Cabo Osvaldo gritar: “Está um homem debaixo de água. (…)
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3.3.2 – Primeiro Cabo [Radiotelegrafista] Osvaldo Freitas de Sousa

O Primeiro Cabo Osvaldo Freitas de Sousa (natural de Fafe) declarou:

“Que se encontrava, quando do acidente, na extremidade da corda que travessava o rio para apoio da sua passagem, a ajudar seus camaradas a saltarem para a margem. E que quando o sinistrado se encontrava ameio da travessia, agarrado à corda, esta se rebentou. (…) Atirou-se à água para tentar agarrá-lo (…) agarrou-o ainda por um ombro, embora ele já se encontrasse submerso. Mais disse que começou a gritar pelo que foi ouvido pelos seus camaradas, os quais se lançaram à água. (…). Que um deles (talvez um milícia) o segurou quando ele já se encontrava prestes a ser arrastado para o fundo, devido ao peso do corpo do sinistrado. E que em virtude de se encontrar agarrado não consegui mais sustê-lo por mais tempo. (…) o corpo nunca mais foi visto. (…)”

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3.3.3 - Alf Mil José Martinho Soares Franco Avillez

A terceira e última testemunha foi o Alf Mil José Martinho Soares Franco Avillez que declarou:

“Após ter sido dado o alarme sobre o desaparecimento do sinistrado, correu até junto da margem e lançou-se à água, para participar nas buscas do corpo do desaparecido. Mais declarou que houve impossibilidade nas buscas feitas na zona onde desapareceu o sinistrado em virtude da escuridão que se acentuava, da forte corrente das águas do rio e além disso por estas se encontrarem bastante turvas. (…) levou cerca de quarenta e cinco minutos dentro de água (…) e dado que a coluna estava a ser flagelada na cauda e que havia possibilidades de sofrer emboscadas no regresso e dado também o adiantado da hora, foi dado ordem para regressar a quartéis. (…)”



Após a conclusão do processo sumário organizado na Companhia em 22.9.66 e da responsabilidade do Alf. Mil. José Rosa de Oliveira Calvário, o Comando Territorial Independente da Guiné manda encerrar o processo com a seguinte informação:

“ Sou de parecer que deve ser considerado em serviço” o desastre de que teria resultado a morte do Sold. 711/65, José Henriques Mateus, da CCAV 1484 a que se refere o presente processo.”

Quartel General em Bissau, 2 de novembro de 1966

O Comandante Militar

António N.M. Reymão Nogueira, Brigadeiro”



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3.4. - Depoimento de José Francisco Couto em 3 de fevereiro de 2014

O José Francisco Couto, natural do concelho do Bombarral, foi camarada de pelotão e participou na “Operação Pirilampo”, assistindo ao desaparecimento do Mateus quando ambos atravessavam o Rio Tompar.

Consultei o espólio do Mateus, por deferência do irmão Abel, e encontrei na sua correspondência dois Aerogramas enviados à mãe do Mateus pelo José Francisco Couto nos quais lamentava o desaparecimento do filho. (irei transcrevê-los).

Entretanto consegui, através de um amigo, saber a morada do José Francisco. Emigrou para o Canadá, onde vive atualmente e na troca de correspondência que trocou comigo escreveu sobre o momento do acidente:

“ (…). O Batalhão ia fazer uma emboscada na qual o José Henriques estava incluído. Éramos bastante amigos. O Alferes ia com uma corda atada à cintura para atar a uma árvore para nós podermos passar um a um. A corda atravessa o rio de um lado a outro. Ele agarrou-se à corda a seguir ao Alferes. Quando o Alferes já tinha passado para o outro lado, ele agarrou-se e a seguir ia eu e eu ouvi ele gritar e não o vi. Eu recuei para trás. Começaram as emboscadas por terra e por rio e nunca ninguém o viu mais. Ao fim de 15 dias passámos ao rio e vimos a camisa dele pendurada numa árvore toda rota . Ele umas semanas antes tinha-me desafiado para nós fugirmos para os turras. Por isso, nunca pensei que ele tivesse morrido no rio e que ele se tivesse passado para algum lado porque ele sabia muito bem nadar e pronto é tudo o que sei para contar. De resto não sei mais nada. Não sei se foi comido por algum bicho do rio ou o que se passou mais. (…)
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Final do texto em construção,
Jaime Silva
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9 comentários:

Luís Graça disse...

Benito:

Como vais ? Tens lido o blogue ? Preciso da tua ajuda para identificar a malta que aparece na foto em grupo, em Catió... Seria a secção do Mateus ? Se sim, o furriel que aparece é o Teles, madeirense... Ainda vive no Funchal ?

Tens mais contactos da tua malta ? Vou-te dar o mail do meu amigo Jaime Silva, que está a a coordenar esta iniciativa... Um abraço fraterno. Luis

OS - Tu és o único representante, na Tabanca Grande, da CCAV 1484. Dou conhecimento desta mensagem, também ao bedandense Hugo Moura Ferreira, que também se interessou pelo caso (e a quem mando um abraço: Hugo, telefona ao Pinto de Carvalho, está a precisar da nossa ajuda...).

Benito Neves disse...

Meu caro Luís
Li o que por aqui e ali foi escrito e posso dizer-te com certeza de que a corda não partiu. O Mateus largou--a pressionado pela força da corrente e pelo peso do armamento. Quanto ao comandante do pelotão a que pertencia o Mateus, era o ex-alferes Fernando Pereira da Silva Miguel e o comandante de secção era o ex-furriel Egidio Ornelas Teles.

Benito Neves disse...

Já reenviei o teu mail para ambos e já hoje os contactei telefonicamente. Quanto aos testemunhos sobre o acidente, Não tenho contacto nem do Osvaldo Sousa, nem do José Francisco Couto. O ex-alferes José Avillez faleceu em 25 de Janeiro último. Sobre a identificação dos elementos da foto, o Teles (que está em pé, ao centro) identificou o 1º. da esq, como sendo o soldado Peixoto e o 1º de cócoras o cabo Pinto. Já enviei mails aos dois.

Luís Graça disse...

Quando se olha para aquele pedaço de mapa de Bedanda, à esquerda e á direita do Rio Cumbijã, está-se perante o inferno na terra!... Aquilo é só bolanhas, lalas, lianas, tarrafo, lodo, água, rios, riachos, floresta-galeria... Conheci o Cantanhez em 2008... Na época seca... Aquilo ainda mete respeito, e hoje um pedaço da natureza que tem de ser preservado e protegido...

Fez-me recordar a margem direita do Corubal, nos setores do Xime e do Xitole... de 1969/71.

Mas digam-me lá como é possível sair-se de manhã, de Catió, e chegar à noite, às 10 e tal, na Cufar ? Depois daquela operação, e daquela tragédia ?...

Curvo a cabeça em memória do Mateus e do meu primo Canoa Nogueira, os dois primeiros lourinhanenses a morrer na guerra da Guiné, com um intervalo de ano e meio... E não longe um do outro, na mesma região, Tombali, no mesmo setor, Catió...

O Canoa morreu em 23 de janeiro de 1965, em Ganjola, num ataque ao destacamento... Pertencia a um pelotão de morteiros... Era meu primo... E fui ao seu funeral, quatro meses depois... Veio numa caixão de chumbo... A sua morte marcou-me muito. Seis dias depois dele morrer, fiz eu 18 anos, a idade de dar o nome para as sortes...

O Mateus não o conhecia, pessoalmente, embora vivesse a menos de 3 km da Lourinhã...

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Jos%C3%A9%20Ant%C3%B3nio%20Canoa%20Nogueira

Anónimo disse...

Benito Neves disse...
[reprodução de comentário das 16h de hoje]

Luís

Quando se olha aquele pedaço de mapa... nada se vê. Quem por lá passou sabe bem o que sofreu. O sair de Catió de madrugada e chegar à noite a Cufar não é novidade se considerarmos que entre a partida e a chegada houve o desenrolar da operação e todo o tempo utilizado na tentativa do salvamento do Mateus.

Luís Graça disse...

Ando há 15 dias de canadianas, e já me desembraço relativamente bem... Com 3 sessões de fisoterapia... Mas parece-me uma eternidade. À noite sonho que volto à Ponta do Inglês, de muletas, saltando por cima de minas e armadilhas...

Não sei o que é melhor, quando se tem insónias, se é contar carneiros, ou voltar aos nossos pesadelos dos verdes anos...

Gostava de ter usado um conta quilómetros na Guiné, nesse tempo. Porra, tínhamos 22, 23, 24 anos, e o corpinho aguentava que nem uma besta! Usaram e abusaram de nós, como se fosssemos putas da Pátria!...

Para quê ? Valeu a pena, ó tu, camarada Mateus, ó tu, Canoa Nogueira, dois lourinhanenses que a morte cefou cedo, em plena juventude, lá no cu de Judas da região de Tombali ?... Nem obrigado vos disseram, mandaram-vos para o lixo... da História. E Mateus, nem o teu corpo encontro... Mas tens um talhão na Liga dos Combatentes... Uma campa vazia...

PS - Peço desculpa se o meu desabafo pode ferir a suscetibilidade de um algum camarada.

Joaquim Luís Fernandes disse...

Caros Camarigos

São as reflexões sobre a dimensão dos sacifícios exigidos a uma geração de jovens generosos, que me motivam a participar nesta tertúlia de ex-combatentes.
É necessário não deixar esquecer o que aconteceu, lembrar os milhares de vítimas, muitos ainda a arrastar as consequências dessas arguras, no seu sofrimento de cada dia.
Para quando o apuramento das responsabilidades?- Que as houve!
Para quando a justiça mínima? Já que a verdadeira Justiça já não será possível!
Se ficarmos calados, nada acontecerá e daqui a vinte anos, estaremos consumidos e a injustiça reinante, finalmente consumada.

Para o Luís Graça o meu abraço solidário com votos de muita força para vencer a convalescença."Hora a hora Deus melhora" e tudo ficará bem.

JLFernandes

Anónimo disse...



Morrer nesse mistério do fim do camarada Mateus, descobrir a morte quando ainda temos coragem para a enfrentar, quando ainda não há julgamentos de uma vida longa de tantos pecados que nos condenam, sem ter que aturar governantes fascistas ou filhos de fascistas, chefes fascistas ou chefes filhos de fascistas, sem passar por sress, por depressões e outras doenças modernas.
Ser chorado pelo Luís Graça, esse poeta com uma sensibilidade tão ampla que tem sempre uma palavra para todos, conservadores, revolucionários, anarquistas, que é ele com uma grande personalidade e grande saber mas que é igual a todos os outros por muito diferentes que os outros sejam
Ser chorado pelo J.L. Fernandes o maior humanista cristão que eu encontro desde há decadas que me consegue comover com as suas palavras tal como as orações convictas, vividas, da minha mãe Há mortes piores camaradas.
Como cristão batizado direi que Deus acolha o Camarada Mateus no seu Reino Eterno.
Como agnóstico actual direi que todos nós camaradas o lembramos, que está nos nossos corações.

Um grande abraço a todos
Francisco Baptista

Joaquim Luís Fernandes disse...

Errata

No meu comentário anterior, onde escrevi a palavra "arguras", deveria ter escrito agruras.

Peço desculpa pela gralha.

Abraços
JLFernandes