Lisboa > Av Berna > Muro da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH / NOVA)> Destaque para a figura do cap cav Salgueiro Maia (comandante da CCAV 3420, Bula, 1971/73), nosso camarada da Guiné e que eu conheci pessoalmente no ano letivo de 1975/76 no então ISCPS - Instituto Superior de Ciências Políticas e Sociais, na Rua da Junqueira, onde fomos colegas, por um ano, no curso de licenciatura em Ciências Sociais e Políticas, embora sem qualquer relacionamento pessoal [, tendo eu seguido depois, em 1976/77 para o ISEG e, no ano seguinte, para o ISCTE, onde terminei o cruso de Sociologia, em 1980; o Salgueiro Maia tinha duas licenciaturas pelo ISCSP, Ciências Políticas e Sociais (1979) e Ciências Antropológicas e Etnológicas (1980)]. Tamto quanto me recordo dele, as vezes que nos cruzámos, era um típico militar, distante, reservado, e equidistante dos diferentes grupos estudantis de esquerda e extrema-esquerda que imperavam no ISCSP.
"Cinco artistas mostram a sua visão sobre o passado, o presente e o futuro da Revolução de 74 através da pintura do muro da FCSH. A iniciativa enquadra-se no 40.º aniversário do 25 de Abril. Vhils, co-fundador da plataforma Underdogs, respondeu ao desafio lançado pelo Instituto de História Contemporânea (IHC), unidade de investigação da FCSH/NOVA, e convidou Miguel Januário, Frederico Draw, Diogo Machado e Gonçalo Ribeiro para, em conjunto, pintarem o muro da Faculdade. O objectivo é “mostrar como esta nova geração de artistas interpreta o 25 de Abril e como esta data influenciou as suas vidas”, afirma Vhils, também conhecido por Alexandre Farto. "
(Fonte: FCSH/UNL Vd. mais fotos na página do Facebook).
Fotos: © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]
Fotos: © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]
1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) António A Quintela cm data de hoje:
Assunto: Uma estória do 25 de Abril na Guiné
Caro Amigo
Ainda não me associei à Tabanca Grande mas em breve irei formalizar essa situação.
Fui alferes de infantaria da CCAÇ 4544 em Cafal Balanta desde outubro 73.
Lá passei o 25 de Abril e lembrei-me de contar uma estória talvez curiosa mas que relata o sentimento então já vivido sobre a queda iminente do regime de então.
Esta estória antecede o relato já feito pelo António Agreira sobre a maneira como soube do que se passava em Lisboa.
Um abraço para ti e para todos os camaradas da Tabanca Grande.
António Quintela
2. Uma pequena estória do 25 de Abril de 74 em terras da Guiné
por António Quintela
Antes de mais ressalvo desde já alguns lapsos de memória que a 40 anos de distância se entenderão.
Estava então em Cafal Balanta na CCAÇ 4544 desde Outubro de 1973.
Poucos dias antes do 25 de Abril e após termos ouvido, como era hábito, o noticiário em português da BBC, o comandante da companhia, Cap Salgado Martins e os alferes ficamos a conversar sobre a situação que, pelo menos desde o 16 de março. estava instável, situação de instabilidade essa que a BBC retratara.
A conversa desenvolveu-se e de repente estávamos a planear uma tomada do poder em Lisboa com as tropas estacionadas na Guiné.
Definiram-se objectivos estratégicos e foi necessário mandar manter o gerador em funcionamento mais horas para que o "planeamento" fosse concluído.
No dia 25 logo de manhã soubemos o que se passava em Lisboa, graças ao [fur mil António] Agreira das transmissões (**) que tinha apanhado a informação via rádio, nomeadamente, da "Maria Turra", que a partir desse momento passou a transmitir música portuguesa do Zeca e de outros oposicionistas ao regime até então vigente, pese embora referir a necessidade de se confirmar a orientação política da acção revolucionária. Temia-se de facto que pudesse ser a facção Kaulza [de Arriaga] a actuar.
O Capitão Salgado Martins que se tinha deslocado à sede do batalhão em Cadique, não acreditou de imediato na informação que lhe foi transmitida, referindo depois que pensara ser gozo na sequência da noite do "planeamento" da acção. Só regressado ao aquartelamento pôde confirmar a verdade e o sentido político do golpe de Lisboa.
Nessa noite contudo e ao contrário de todas as anteriores, não se ouviu um único disparo de armamento pesado do PAIGC.
Antes de mais ressalvo desde já alguns lapsos de memória que a 40 anos de distância se entenderão.
Estava então em Cafal Balanta na CCAÇ 4544 desde Outubro de 1973.
Poucos dias antes do 25 de Abril e após termos ouvido, como era hábito, o noticiário em português da BBC, o comandante da companhia, Cap Salgado Martins e os alferes ficamos a conversar sobre a situação que, pelo menos desde o 16 de março. estava instável, situação de instabilidade essa que a BBC retratara.
A conversa desenvolveu-se e de repente estávamos a planear uma tomada do poder em Lisboa com as tropas estacionadas na Guiné.
Definiram-se objectivos estratégicos e foi necessário mandar manter o gerador em funcionamento mais horas para que o "planeamento" fosse concluído.
No dia 25 logo de manhã soubemos o que se passava em Lisboa, graças ao [fur mil António] Agreira das transmissões (**) que tinha apanhado a informação via rádio, nomeadamente, da "Maria Turra", que a partir desse momento passou a transmitir música portuguesa do Zeca e de outros oposicionistas ao regime até então vigente, pese embora referir a necessidade de se confirmar a orientação política da acção revolucionária. Temia-se de facto que pudesse ser a facção Kaulza [de Arriaga] a actuar.
O Capitão Salgado Martins que se tinha deslocado à sede do batalhão em Cadique, não acreditou de imediato na informação que lhe foi transmitida, referindo depois que pensara ser gozo na sequência da noite do "planeamento" da acção. Só regressado ao aquartelamento pôde confirmar a verdade e o sentido político do golpe de Lisboa.
Nessa noite contudo e ao contrário de todas as anteriores, não se ouviu um único disparo de armamento pesado do PAIGC.
António A Quintela
3. Comentário de L.G.:
__________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 16 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12993: No 25 de abril eu estava em... (21): Nhala... e nessa noite já ninguém dormiu (José Carlos Gabriel, ex-1º cabo cripto, 2ª C/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74)
(**) Vd. poste de 23 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8699: Tabanca Grande (299): António Agreira, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 4544/73 (Cafal, 1973/74)
(**) Vd. poste de 23 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8699: Tabanca Grande (299): António Agreira, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 4544/73 (Cafal, 1973/74)
1 comentário:
António Quintela
26 abril 2014 21:57
Caro Luis Graça
Já tinha visto no blogue o texto que escrevi, pelo que agradeço a publicação.
Perguntas se vivo nos Açores mas não. De facto vivo junto à Praia de Santa Cruz em Torres Vedras.
Um abraço e até breve.
António Alfredo Quintela
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