Foto nº 1 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > O palácio do Governador (Gabinete de Urbanização Colonial / Arquitetos João António Aguiar e José Manuel Galardo Zilhão, 1945)
Foto nº 2 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > O monumento ao "esforço da raça"
Foto nº 3 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Praça do Império
Foto nº 4 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Av da República, ao fundo a Praça do Império
Foto nº 5 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Estátua de Diogo Gomes
Foto nº 6 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Estátua de Honório Barreto
Foto nº 7 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Estátua de Teixeira Pinto
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Foto nº 8 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Rua de Bissau
Foto nº 9 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Zona ribeirinha de Bissau
Foto nº 10 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Forte da Amura
Foto nº 11 > Guiné, Bissau, julho de 1971 > Aeroporto de Bisslanca... O avião da TAP
Guiné > Bissau > julho de 1971 > Fotos de Bissau, tiradas por Benjamim Durães (fur mil op esp, Pel Rec Info, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72), aquando da sua ida de férias à metrópole.
1. Manuscrito(s), por Luís Graça
Nota de leitura > Ana Vaz Milheiro – Guiné-Bissau: 2011. Lisboa, Circo de ideias, 2012, 52 pp. (Viagens, 5)
Parte III
Recorde-se o que já dissemos em dois postes anteriores sobre esta brochura da investigadora e professora do ISCTE -IUL, Ana Vaz Milheiro. Este livrinho, profusamente ilustrado com fotografias da autora, a cores, resulta de uma singular viagem à Guiné-Bissau, de 2 arquitetos (entre as quais a autora) e de 1 sociólogo (Eduardo Costa Dias, nosso grã-tabanqueiro), durante 10 dias, de 2 a 10 de outubro de 2011.
Continuação das notas de leitura:
Recorde-se o que já dissemos em dois postes anteriores sobre esta brochura da investigadora e professora do ISCTE -IUL, Ana Vaz Milheiro. Este livrinho, profusamente ilustrado com fotografias da autora, a cores, resulta de uma singular viagem à Guiné-Bissau, de 2 arquitetos (entre as quais a autora) e de 1 sociólogo (Eduardo Costa Dias, nosso grã-tabanqueiro), durante 10 dias, de 2 a 10 de outubro de 2011.
Em 1919, em nome da I República, o engenheiro de minas João Guedes Quinhones já tinha imaginado e planeado o sítio onde mais tarde se ergueria o Palácio do Governador da Colónia da Guiné (hoje Palácio da Presidência da República da Guiné-Bissua). Éo memso sítio, num ligeiro promontório, onde a partir do qual se irá rasgar a Praça do Império (hoje, Praça dos Heróis Nacionais).
Segundo a cicerone que nos guia pelas ruas (esburacadas) de Bisssau, em outuro de 2011, à procura das marcas da arquitetura portuguesa, colonial, estado-novista, Ana Vaz Milheiro, o edifício (e o seu espaço envolvente) é “uma arquitetura de representação política”, ligada à nova cartografia do Portugal imperial que vai “do Minho a Timor”, desenvolvida pelo Estado Novo e que terá o seu apogue nos anos 40/50.
O edifício, que remonta aos anos 30, conheceu muitas vicissitudes e contrariedades. O projeto definitivo foi (re)desenhado em 1945 (, já que havia uma pré-existência), pelo Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), pelos arquitetios João António Aguiar e e João Manuel Galhardo Zilhão. Recorde.se que o GUC tinha sido criado em finais de 1944, em Lisboa, dependente do Ministério das Colónias, cuja titular era então Marcelo Caetano.
O palácio vai ficar pronto em 1946, por ocasião do 5º centenário do desembarque de Nuno Tristão no território, graças a um nova intervenção da brigada de Paulo Cunha. E faz parte de um vasto conjunto de obras públicas, indelevelmente associado ao mandato do governador Sarmento Rodrigues (1945-1948)
14 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12980: Manuscrito(s) (Luís Graça (25): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte II): o Pavilhão de Tisiologia, mais tarde HM 241
29 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12911: Manuscrito(s) (Luís Graça (24): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial
(**) Vd. Milheiro, Ana Vaz, e Dias, Eduardo Costa - A Arquitectura em Bissau e os Gabinetes de Urbanização colonial (1944-1974). usjt - arq urb , nº 2, 2009 (2º semestre), pp.80-114 [Disponível aqui em pdf ]
Segundo a cicerone que nos guia pelas ruas (esburacadas) de Bisssau, em outuro de 2011, à procura das marcas da arquitetura portuguesa, colonial, estado-novista, Ana Vaz Milheiro, o edifício (e o seu espaço envolvente) é “uma arquitetura de representação política”, ligada à nova cartografia do Portugal imperial que vai “do Minho a Timor”, desenvolvida pelo Estado Novo e que terá o seu apogue nos anos 40/50.
O edifício, que remonta aos anos 30, conheceu muitas vicissitudes e contrariedades. O projeto definitivo foi (re)desenhado em 1945 (, já que havia uma pré-existência), pelo Gabinete de Urbanização Colonial (GUC), pelos arquitetios João António Aguiar e e João Manuel Galhardo Zilhão. Recorde.se que o GUC tinha sido criado em finais de 1944, em Lisboa, dependente do Ministério das Colónias, cuja titular era então Marcelo Caetano.
O palácio vai ficar pronto em 1946, por ocasião do 5º centenário do desembarque de Nuno Tristão no território, graças a um nova intervenção da brigada de Paulo Cunha. E faz parte de um vasto conjunto de obras públicas, indelevelmente associado ao mandato do governador Sarmento Rodrigues (1945-1948)
(…) “Manuel Maria Sarmento Rodrigues, oficial da Marinha portuguesa, é destacado por Marcelo Caetano para governador da Guiné, antes ainda do final da Segunda Guerra, num tempo muito próximo à formação do GUC. Durante o seu governo, a província conhece uma época de desenvolvimento, servindo de “campo de ensaio” aos “novos rumos da política colonial portuguesa.” (…). Este período progressista tem a sua expressão mais emblemática na revogação do “Diploma dos Assimilados” que valerá a Sarmento Rodrigues ser visto como tendo responsabilidades na formação de uma “nova escola de política ultramarina” (…).
“O perfil empreendedor de Sarmento Rodrigues, revelado enquanto governador da Guiné e confirmado mais tarde aquando da sua passagem como ministro pelo MU [, Ministério do Ultramar,], reflecte-se também na promoção de obras públicas. Coincidindo o seu governo com o arranque do Gabinete, a sua actuação permite analisar como se exercem as relações, nesta primeira fase, entre o poder colonial – que está no terreno – e os técnicos que permanecem em Lisboa. Entre os seus “discursos e afirmações”, que reúne em livro um ano depois de deixar o cargo, há menções a edifícios públicos projectados no âmbito do GUC. Estas referências surgem, p.e., no discurso à primeira sessão do Conselho de Governo, logo a 3 de Julho de 1945, onde apresenta a estratégia que pretende implementar para a região e não apenas na capital Bissau. Nela afirma figurar “no primeiro plano das realizações, como mais visível, o trabalho de obras públicas”, adiantando possuir “uma vasta lista de obras projectadas para um período… bastante curto” (…). Desta lista fazem parte construções em andamento, como o “Palácio, Sé, capelas de Catió, Bafatá, Canchungo, Mansoa e Gabu, moradias projectadas para os funcionários em Bissau, o monumento ao Esforço da Raça, edifício da Praça do Império… e outras tentativas dispersas pela Colónia” (…). Para lá da reorganização dos serviços que a possibilidade de novos edifícios proporciona, as suas preocupações principais são as infra-estruturas de transportes (…), a assistência sanitária (…) e o saneamento básico (…). (Milheiro e Dias, 2009, pp. 89/90) (**).
A fachado do edifício é arte deco. Foi bombardeadoem 7/6/1998, na sequência da guerra civil. Resistiu, graças a sua cnstrução sólida e aos materiais de baixo custo de manutenção usados na época nas obras do Estado Novo.. Esteve estes anos todos em ruínas. Foi reconstruído recentemente pelos chineses.
Ainda sobre o palácio do Governador, escrevem Milheiro e Dias (2009):
(...) "Em 1947, Sarmento Rodrigues refere-se à situação da obra do “Palácio de Bissau”, peça emblemática da presença portuguesa no plano da representatividade, que “continuará ainda com maior intensidade, de modo que a sua conclusão já não leve anos, mas apenas meses” (…). O palácio do governador, localizado no topo superior da antiga Avenida da República, hoje Avenida Amílcar Cabral, posiciona-se como centro simbólico do poder. A sua implantação faz sobressair a estrutura urbana assente em quadrícula e hierarquizada através de um sistema de ruas rectilíneas que tem nesta avenida semi-arborizada o seu eixo monumental e onde se irão situar os principais serviços públicos (…). É adaptado por João Aguiar, ainda em 1945, seguindo um esquema “clássico” de composição tripartida e simétrica e recorrendo a elementos decorativos historicistas que reforçam a sua filiação numa arquitectura nacional, figurativamente próxima do que Marcelo Caetano apelida de “português suave”. Não considerada no desenho original é a galeria térrea que protege a entrada e providencia uma estadia superior sobre a avenida. “ (Milheiro e Dias, 2009, p. 94) (**).
Ainda sobre Sarmento Rodrigues (o melhor governador da Guiné em tempo de paz, sendo o Spínola o melhor em tempo de guerra)… Com ele, o Estado Novo vai aproveitar os 500 anos da chegada de Nuno Tristão para dar início a um plano de embelezamento do espaços públicos em Bissau e noutras localidades (Bafatá, Catió, Cacheu…). No essencial, esse programa que se porolonga pelos anos 50, consistiu na colocação de estátuas aos “heróis da colonização”, de Nuno Tristão a Teixeira Pinto, de Honório Barreto a Diogo Gomes, sem esquecer Oliveira Muzanty (Bafatá)…
Os pedestais são obra dos homens do Gabinete de Urbanização do Ultramar (que sucedeu ao GUC, em 1951). As estátuas serão desmanteladas depois da independência e o que resta delas encontra-se no forte do Cacheu, para um futuro museu da colonização. Símbolos de regime, muitas das estatátuas não sobrevivem à queda desses regimes. Veja-se o que se passou com Salazar, Portugal no pós 25 de abril, com Estaline, em muitos países do leste europeu, depois da queda do muro de Berlim, em 1989.
É a roda da história. De qualquer modo, portugueses e guineenses têm interesse (e obrigação) em conhecer, divulgar e proteger este património ligado à sua história comum…
“O perfil empreendedor de Sarmento Rodrigues, revelado enquanto governador da Guiné e confirmado mais tarde aquando da sua passagem como ministro pelo MU [, Ministério do Ultramar,], reflecte-se também na promoção de obras públicas. Coincidindo o seu governo com o arranque do Gabinete, a sua actuação permite analisar como se exercem as relações, nesta primeira fase, entre o poder colonial – que está no terreno – e os técnicos que permanecem em Lisboa. Entre os seus “discursos e afirmações”, que reúne em livro um ano depois de deixar o cargo, há menções a edifícios públicos projectados no âmbito do GUC. Estas referências surgem, p.e., no discurso à primeira sessão do Conselho de Governo, logo a 3 de Julho de 1945, onde apresenta a estratégia que pretende implementar para a região e não apenas na capital Bissau. Nela afirma figurar “no primeiro plano das realizações, como mais visível, o trabalho de obras públicas”, adiantando possuir “uma vasta lista de obras projectadas para um período… bastante curto” (…). Desta lista fazem parte construções em andamento, como o “Palácio, Sé, capelas de Catió, Bafatá, Canchungo, Mansoa e Gabu, moradias projectadas para os funcionários em Bissau, o monumento ao Esforço da Raça, edifício da Praça do Império… e outras tentativas dispersas pela Colónia” (…). Para lá da reorganização dos serviços que a possibilidade de novos edifícios proporciona, as suas preocupações principais são as infra-estruturas de transportes (…), a assistência sanitária (…) e o saneamento básico (…). (Milheiro e Dias, 2009, pp. 89/90) (**).
A fachado do edifício é arte deco. Foi bombardeadoem 7/6/1998, na sequência da guerra civil. Resistiu, graças a sua cnstrução sólida e aos materiais de baixo custo de manutenção usados na época nas obras do Estado Novo.. Esteve estes anos todos em ruínas. Foi reconstruído recentemente pelos chineses.
Ainda sobre o palácio do Governador, escrevem Milheiro e Dias (2009):
(...) "Em 1947, Sarmento Rodrigues refere-se à situação da obra do “Palácio de Bissau”, peça emblemática da presença portuguesa no plano da representatividade, que “continuará ainda com maior intensidade, de modo que a sua conclusão já não leve anos, mas apenas meses” (…). O palácio do governador, localizado no topo superior da antiga Avenida da República, hoje Avenida Amílcar Cabral, posiciona-se como centro simbólico do poder. A sua implantação faz sobressair a estrutura urbana assente em quadrícula e hierarquizada através de um sistema de ruas rectilíneas que tem nesta avenida semi-arborizada o seu eixo monumental e onde se irão situar os principais serviços públicos (…). É adaptado por João Aguiar, ainda em 1945, seguindo um esquema “clássico” de composição tripartida e simétrica e recorrendo a elementos decorativos historicistas que reforçam a sua filiação numa arquitectura nacional, figurativamente próxima do que Marcelo Caetano apelida de “português suave”. Não considerada no desenho original é a galeria térrea que protege a entrada e providencia uma estadia superior sobre a avenida. “ (Milheiro e Dias, 2009, p. 94) (**).
Ainda sobre Sarmento Rodrigues (o melhor governador da Guiné em tempo de paz, sendo o Spínola o melhor em tempo de guerra)… Com ele, o Estado Novo vai aproveitar os 500 anos da chegada de Nuno Tristão para dar início a um plano de embelezamento do espaços públicos em Bissau e noutras localidades (Bafatá, Catió, Cacheu…). No essencial, esse programa que se porolonga pelos anos 50, consistiu na colocação de estátuas aos “heróis da colonização”, de Nuno Tristão a Teixeira Pinto, de Honório Barreto a Diogo Gomes, sem esquecer Oliveira Muzanty (Bafatá)…
Os pedestais são obra dos homens do Gabinete de Urbanização do Ultramar (que sucedeu ao GUC, em 1951). As estátuas serão desmanteladas depois da independência e o que resta delas encontra-se no forte do Cacheu, para um futuro museu da colonização. Símbolos de regime, muitas das estatátuas não sobrevivem à queda desses regimes. Veja-se o que se passou com Salazar, Portugal no pós 25 de abril, com Estaline, em muitos países do leste europeu, depois da queda do muro de Berlim, em 1989.
É a roda da história. De qualquer modo, portugueses e guineenses têm interesse (e obrigação) em conhecer, divulgar e proteger este património ligado à sua história comum…
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Notas do editor:
(*) Vd. postes anteriores:
14 de abril de 2014 > Guiné 63/74 - P12980: Manuscrito(s) (Luís Graça (25): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial (Parte II): o Pavilhão de Tisiologia, mais tarde HM 241
29 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12911: Manuscrito(s) (Luís Graça (24): Revisitar Bissau, cidade da I República, pela mão de Ana Vaz Milheiro, especialista em arquitetura e urbanismo da época colonial
5 comentários:
Falei hoje, de novo, ao telefone com o Benjamim Durães. Ele confirmou-me o nome da neta, a Bruna, uma encantadora miúda que nós conhecemos em Monte Real há dois anos... A minha Joana, em particular, interagiu muito com os cinco netos do Benjamim. E há uma foto da Joana com a Marta e a Bruna...
- Como vai a Bruna?, perguntei-lhe
- Olha, Luís, é como o médico diz: vamos vivendo um dia de cada vez...
Reforcei, neste dia, que é de festa e de esperança para a generalidade dos portugueses, os votos solidários e fraternos da Tabanca Grande para um de nós, e sua família, que está em grande sofrimento.
Benjamim, dá um xicoração apertado, por todos nós, à tua neta Bruna e aos seus pais...
É uma grande mulher, portuguesa dos quatro costados, e uma investigadora incansável a quem tiro o chapéu, esta Ana Vaz Milheiro!
Veja-se aqui esta página e este texto seu (em castelhano!) sobre a arquitetura colonial portuguesa em Angola, que era uma arquitetura de grande modernidade, desconhecida de muitos de nós...
Veja-se este sítio e esta página:
http://cargocollective.com/arquitecturamodernaluanda/filter/textos/Texto-1
El proyecto interuniversitario 'Estudio, catalogación y definición de estrategias de recuperación del patrimonio moderno de Luanda', que incluye a esta Web, nace de una mirada de África que, superando tópicos asentados, intenta comprender un mundo mal conocido y peor enseñado.
En concreto, surge de una inquietud compartida entre arquitectos e historiadores angoleños, portugueses y españoles: estudiar y divulgar lo que fue, es y puede ser la arquitectura moderna subsahariana.
O projecto universitário 'Estudo, documentação e definição de estratégias de recuperação do património moderno de Luanda', onde se inclui este livro, nasce de um olhar sobre África que, superando ideias feitas, procura compreender um mundo mal conhecido e pior ensinado.
Em concreto, surge de uma inquietude partilhada entre arquitectos e historiadores angolanos, portugueses e espanhóis: estudar e divulgar o que foi, é e pode ser a arquitectura moderna subsaariana.
... Vamos hoje a Bissau, a Luanda, a Maputo, e muitas vezes somos incapazes de olhar para o passado com olhos de futuro, sem preconceitos, sem ressentimentos, com mente aberto, com olhar crítcio mas inteligente e culturalmente orientado...
Ana Vaz Milheiro foi a Bissau em outubro de 2011, e foi capaz de (re)descobrir e (re)ler a cidade, o essencial da cidade, a sua matriz, a sua história, sem se perder no discurso miserabilista do lixo e dos buracos do pós-independência... Cometi a mesma asneira (imperdoável a um sociólogo!) quando, em março de 2008, revisitei a baixa de Bissau, e fui incapaz de distanciar-me emocionalmente da cidadezinha colonial do Sarmento Rodrigues que eu conhecera em 1969/71...
Não me perdoo esta leviandade!!!
Obrigado, Ana Vaz Milheiro!
Peçlo desculpa à Ana!
O sítio é em espanhol mas o texto é em português!!!
FAZER ESCOLA: A ARQUITECTURA PÚBLICA DO GABINETE DE URBANIZAÇÃO COLONIAL PARA LUANDA
Ana Vaz Milheiro
1. Apresentação
O projecto apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia PTDC/AURAQI/104964/2008, intitulado “Os Gabinetes Coloniais de Urbanização – Cultura e Prática Arquitectónica”, do qual sou investigadora responsável, tem como objectivo inventariar e identificar a produção urbanística e arquitectónica do Gabinete de Urbanização Colonial criado por Marcelo Caetano no âmbito do Ministério das Colónias em 1944. Sediado em Lisboa, este organismo governamental esteve em actividade até à revolução de 25 de Abril de 1974, que acabou por acelerar os processos de independência, já em curso, dos novos países africanos que se mantinham sob administração portuguesa. A sua estrutura orgânica e administrativa acompanhou as alterações legislativas que durante o Estado Novo definiram as relações politicas, económicas e sociais entre o governo de António Salazar e os diferentes territórios coloniais portugueses. O trabalho do Gabinete começou por se destinar a África, abordando essencialmente programas urbanos, residenciais e hospitalares; para posteriormente se alargar a todo o império português, acrescentando-se uma maior diversidade de equipamentos públicos e religiosos. Respondendo a solicitações que os governadores das diferentes províncias endereçavam ao Ministério das Colónias (a partir de 1951, Ministério do Ultramar), os projectos do Gabinete completavam as redes locais, isto é, produziam em paralelo com as repartições de obras públicas instaladas nos diferentes territórios. A partir dos anos de 1960, profissionais liberais fixados em África, especialmente nas principais cidades de Angola e Moçambique, começaram a competir pela encomenda pública, impondo inclusive uma maior modernidade na linguagem arquitectónica corrente, tanto em obras oficiais como privadas. A presença crescente de arquitectos em África acabou por reflectir-se numa diminuição do trabalho de projecto promovido pelos técnicos do Gabinete, que assumiram preferencialmente um papel de consultores, continuando todavia a serem requisitados em regiões com menor capacidade de atracção de profissionais especializados.
Ler aqui mais:
http://cargocollective.com/arquitecturamodernaluanda/filter/textos#2090834/Texto-1
Foto nº2 Monumento « Esforço das Raças» inaugurado em Bissau em 1941.Penso que é uma réplica mais "pobre" do mesmo monumento inaugurado no Porto em 16 de Junho de 1934 quando foi inaugurada a feira colonial das raças no Palácio de Cristal no Porto. Esse monumento esteve largos anos desmontado em várias secções num local escondido nos jardins do Palácio de crista. Mais recentemente instalaram este monumento precisamente na Praça do Império na Foz do Douro e muito próximo da minha casa.
O monumento pela sua representação a mim nada me diz ou afeta. Quanto á sua traça arquitetónica já diz algo pelo seu belo trabalho de cantaria no granito, pedra muito típica da região Norte. Acho fica muito bem este monumento no local mais digno que aquele em que esteve durante muitos anos nos jardins do Palácio de Cristal(mais propriamente nas traseiras da famosa Concha acústica). É mais um dos monumentos do antigo regime que lhe tirando a sua conotação colonialista tem grande beleza artística.
Henrique Cerqueira
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