Sexagésimo terceiro episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.
Eram os caminhos dos imigrantes, a “California Trail”, a
“Mormon Trail” ou a “Oregon Trail”, iam todas no nosso
pensamento, centenas de anos atrás, caravanas de
carros, puxados por animais, por aqui viajavam, rumo ao
oeste, atravessavam planícies, montanhas rochosas ou
rios, suportavam
calor, frio, neve ou
chuva, muitos eram
europeus,
desembarcados nos
portos de Boston,
New York ou
Philadelphia. Havia
famílias que
começavam a
viagem, rumo ao
oeste, com um filho e chegavam ao destino com três e
quatro, foram esses “heróis”, os que iniciaram estas
longas estradas no meio de nada.
Quando saímos da cidade de Spearfish, ainda no estado
de Dakota do Sul, que fica perto da fronteira com o estado
de Wyoming, continuámos na estrada 90, atravessando
de seguida a fronteira, o cenário era igual ao que já
descrevemos em dias anteriores, embora o terreno tivesse
alguma precipitação, continuavam a existir grandes
planícies com longas zonas desertas, algumas quintas
abandonadas, algumas plantações de trigo, algumas
manadas de vacas, também se viam alguns búfalos,
poucos, mas de vez em quando apareciam áreas
transformadas em zonas de caça, poços de petróleo
trabalhando, moinhos de energia movidos a vento.
Assim,
passando
pelas
cidades de
Gillette,
Buffalo e
Sheridan,
passámos
a parte
norte leste
do estado
de
Wyoming,
mas hoje
não vamos
falar mais deste estado, que é um dos que nos oferece os
cenários, pelo menos no nosso entender, mais agradáveis
e originais, pois falaremos dele na viagem de regresso.
O nosso destino era o norte, com o Jeep e a Caravana a
rodar a uma média de sessenta milhas por hora, embora
na estrada existissem placas de sinalização a convidar a
rodar a setenta e
cinco milhas,
entrámos no estado
de Montana, que é o
quarto maior em
área, pois apenas
Alaska, Texas e
Califórnia são
maiores, mas apesar
disso, Montana é um
dos estados menos
povoados do país, geograficamente o leste do estado é
dominado pelas grandes planícies, enquanto que o oeste
é dominado pelas montanhas rochosas. O nome do
estado provém da palavra espanhola montaña, que como
sabem significa montanha em português, tudo isto por
causa da presença das Montanhas Rochosas na região.
Ironicamente, as vastas planícies abertas de Montanha
renderam-lhe o cognome de The Big Sky Country (Os
campos dos grandes céus). Os primeiros exploradores de
ascendência europeia a explorarem a região de Montana
foram já norte americanos, que exploraram
a região no início do século XIX, mas verdadeiramente a
região seria somente povoada por eles a
partir da década de 1860, com a descoberta de grandes
reservas de ouro no actual estado de Montana, que a
partir de 1862, atraiu milhares de pessoas à região. Este
estado também se destaca por ser o palco das últimas
batalhas entre tribos nativas, que
lutaram pelo controle de suas terras em confronto com
colonos também norte-americanos. Em 1889, tornou-se
no 41.º estado.
Do nosso roteiro fazia parte uma visita ao local onde, em
1876, se
realizou uma
das últimas
batalhas
entre uma
força conjunta
“cheyenne” e
“sioux”,
unidos sobre
a influência
dos também
famosos
líderes
indígena
“Touro Sentado”, (Sitting Bull) e “Cavalo Louco” (Crazy
Horse), que massacraram uma famosa força militar norte-americana,
que era o Sétimo Regimento de Cavalaria do
Exército, comandada pelo não menos famoso
General George A. Custer. Todos os membros da força
comandada por este general foram mortos nesta batalha, que
se chamou a “Batalha de Little Horn” e, teve um profundo
impacto entre a população norte-americana de
ascendência europeia na região. Visitámos o local, com
profundo sentimento e muito respeito, tal como muitos
visitantes que lá se encontravam. Dizem que foi a maior
derrota do exército dos USA, durante as chamadas
“guerras indígenas”.
Como o nosso destino era o norte, encurtando caminho,
viajámos por
algumas
horas na
estrada
secundária
número 3 do
estado de
Montana,
chegando ao
pôr-do-sol,
com alguns
chuviscos, à
cidade de
Great Falls. Prosseguindo viagem, viemos a dormir já perto da
fronteira com o Canadá, na cidade de Conrad.
Neste dia percorremos 628 milhas, com o preço da
gasolina variando entre $3.28 e $3.70 o galão, que são
aproximadamente 4 litros.
Tony Borie, Agosto de 2014.
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13527: Bom ou mau tempo na bolanha (62): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (3) (Tony Borié)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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