1. Mensagem da nossa leitora Vera Mariz, doutoranda em História da Arte (Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa)
Data: 13 de janeiro de 2015 às 12:49
Assunto: Fotos e memórias da fortaleza da Amura
Caríssimo Luís,
Muito obrigada pelo seu gesto, de outra forma não teria qualquer imagem da referida entrada virada à cidade. (*) [Foto acima, de Durval Faria, c. 1962/64].
O vosso trabalho é notável mas mais impressionante ainda é, sem dúvida, a capacidade que o blogue tem de cruzar tantos (e tão interessantes) testemunhos acerca dos mais variados temas.
Quanto ao que me pergunta sobre o arquitecto Luís Benavente... É uma figura interessantíssima mas muito maltratado devido à sua associação com o Estado Novo. Mas a verdade é que, independentemente das motivações do regime, o arquitecto Benavente teve um papel extraordinário no âmbito da salvaguarda do património português ultramarino, tendo passado por São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Índia e Guiné.
No ano de 1958, através do Decreto 41.787, a Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar viu alargadas as suas incumbências, extrapolando a arquitectura e urbanismo, para abranger, igualmente, os monumentos de interesse nacional. Assim, a partir deste momento, caberia àquela Direcção-Geral o inventário, classificação, conservação e restauro dos monumentos portugueses erguidos no Ultramar ao longo dos séculos da presença nacional.
Foi, precisamente, na sequência deste diploma legislativo que o arquitecto Luís Benavente, Director do Serviço de Monumentos Nacionais na Metrópole desde o ano de 1952 e funcionário em comissão de serviço no Ministério do Ultramar desde 23 de Setembro de 1958, deu início a um programa centralizador de salvaguarda do património arquitectónico português do além-mar.
Além do arquitecto Benavente há a referir (entre outros) os casos de Fernando Batalha e Pedro Quirino da Fonseca, arquitectos que trabalharam também durante o Estado Novo nas comissões de monumentos de Angola e Moçambique, respectivamente. Quirino da Fonseca desempenhou, ainda, missões em Macau, Malaca e Ormuz.
Uma vez mais agradeço a sua simpatia e disponibilidade, bem como de todos os camaradas que tão prontamente acederam ao meu pedido.
2. Apelo dos editores
Data: 13 de janeiro de 2015 às 12:49
Assunto: Fotos e memórias da fortaleza da Amura
Caríssimo Luís,
Muito obrigada pelo seu gesto, de outra forma não teria qualquer imagem da referida entrada virada à cidade. (*) [Foto acima, de Durval Faria, c. 1962/64].
O vosso trabalho é notável mas mais impressionante ainda é, sem dúvida, a capacidade que o blogue tem de cruzar tantos (e tão interessantes) testemunhos acerca dos mais variados temas.
Quanto ao que me pergunta sobre o arquitecto Luís Benavente... É uma figura interessantíssima mas muito maltratado devido à sua associação com o Estado Novo. Mas a verdade é que, independentemente das motivações do regime, o arquitecto Benavente teve um papel extraordinário no âmbito da salvaguarda do património português ultramarino, tendo passado por São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Índia e Guiné.
Capa do catálogo da exposição
“Luís Benavente – Arquitecto” ~
ANTT [Arquivo Nacional da Torre do Tombo],
Lisboa, 1997, pp. 163.
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No ano de 1958, através do Decreto 41.787, a Direcção-Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar viu alargadas as suas incumbências, extrapolando a arquitectura e urbanismo, para abranger, igualmente, os monumentos de interesse nacional. Assim, a partir deste momento, caberia àquela Direcção-Geral o inventário, classificação, conservação e restauro dos monumentos portugueses erguidos no Ultramar ao longo dos séculos da presença nacional.
Foi, precisamente, na sequência deste diploma legislativo que o arquitecto Luís Benavente, Director do Serviço de Monumentos Nacionais na Metrópole desde o ano de 1952 e funcionário em comissão de serviço no Ministério do Ultramar desde 23 de Setembro de 1958, deu início a um programa centralizador de salvaguarda do património arquitectónico português do além-mar.
Além do arquitecto Benavente há a referir (entre outros) os casos de Fernando Batalha e Pedro Quirino da Fonseca, arquitectos que trabalharam também durante o Estado Novo nas comissões de monumentos de Angola e Moçambique, respectivamente. Quirino da Fonseca desempenhou, ainda, missões em Macau, Malaca e Ormuz.
Uma vez mais agradeço a sua simpatia e disponibilidade, bem como de todos os camaradas que tão prontamente acederam ao meu pedido.
2. Apelo dos editores
Infografia: Miguel Pessoa (2014) |
aos membros a Tabanca Grande
Data: 13 de janeiro de 2015 às 11:43
Assunto: Fotos e memórias da fortaleza da Amura
Amigo/as, camaradas:
O património arquitetónico que os portugueses deixaram pela mundo, desde o início da abertura da "primeira" autoestrada da globalização, é mal conhecido
pelos próprios portugueses de hoje.
Mas temos a obrigação de o estudar e divulgar...
Acabámos de colocar, no nosso blogue, dois postes sobre a Fortaleza da Amura (*)... A sua história e o próprio edifício são mal conhecidos. Daí o nosso apelo, mais uma vez, à boa vontade dos membros da Tabanca Grande:
(i) quem tem fotos ou outros documentos sobre a Amura ?
(ii) quem conheceu e eventualmente cumpriu servlço na Amura ?
(iii) quem tem histórias ou memórias relacionadas com a Amura ?
Como sabem, procuramos publicar, de preferência, no blogue, coisas nossas, inéditas, em primeira mão, na primeira pessoa...É também, como a gente costuma diizer com algum humor negro, a nossa forma de recusa, enquanto geração de ex-combatentes, de irmos parar à vala comum da ignomínia e do esquecimento,,,
Um alfabravo valente para todos/as
PS - A entrada principal da Amura, mais fotograda no nosso tempo era a entrada sul, virada para o rio e o porto... Já a outra, do lado norte, virada para a cidade, é menos conhecida... (Vd. acima foto do Durval Faria, que deve ter sido tirada entre 1962 e 1964. Ainda a cidade não estrangulava o forte).
Acabámos de colocar, no nosso blogue, dois postes sobre a Fortaleza da Amura (*)... A sua história e o próprio edifício são mal conhecidos. Daí o nosso apelo, mais uma vez, à boa vontade dos membros da Tabanca Grande:
(i) quem tem fotos ou outros documentos sobre a Amura ?
(ii) quem conheceu e eventualmente cumpriu servlço na Amura ?
(iii) quem tem histórias ou memórias relacionadas com a Amura ?
Como sabem, procuramos publicar, de preferência, no blogue, coisas nossas, inéditas, em primeira mão, na primeira pessoa...É também, como a gente costuma diizer com algum humor negro, a nossa forma de recusa, enquanto geração de ex-combatentes, de irmos parar à vala comum da ignomínia e do esquecimento,,,
Um alfabravo valente para todos/as
PS - A entrada principal da Amura, mais fotograda no nosso tempo era a entrada sul, virada para o rio e o porto... Já a outra, do lado norte, virada para a cidade, é menos conhecida... (Vd. acima foto do Durval Faria, que deve ter sido tirada entre 1962 e 1964. Ainda a cidade não estrangulava o forte).
Está a haver mais um movimento, em Bissau, de transformar a Fortaleza da Amura em Museu, pode ser que seja desta, assim como das tentativas de transformar o Bairro de Bissau Velho, numa continuação da Amura... Enfim, tem havido tentativas…
Bissau pouco tem para se visitar, excepto a actual “Casa dos Direitos”, na antiga 1ª Esquadra, junto à porta principal da Fortaleza da Amura. É um projecto da ONG ACP Portuguesa, em que a nossa amiga Fátima Proença o vai desenvolvendo desde o início.
Esperamos que a Amura seja mais visitada que a Fortaleza de Cacheu que mesmo assim é visita dos passeios de domingo das pessoas que saem de Bissau.
Vamos ter o novo Museu dos Escravos em Cacheu (, em que as obras foram pensadas, projectadas, assim comos os primeiros trabalhos do arranque, foram feitos pelo nosso saudoso Pepito). Sabemos que as obras continuam a decorrer e que este ano já vai ter o novo piso e telhado.
Cacheu vai ter dois lugares culturais para visitar. Para não falar dos outros Museus a céu aberto e a que ainda são… as cidades de Bolama (**) e Farim.
Guiné-Bissau > Região de Bolama / Bijagós > Bolama > Agosto de 2010 > Ruína do antigo Palácio de Bolama, que foi sede da administração colonial
___________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 13 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14145: Memória dos lugares (280): Bissau e a Fortaleza de São José da Amura (Séc. XVIII), remodelada em 1968/69 pelo arquiteto Luís Benavente para passar a receber o Comando-Chefe, a Companhia de Polícia Militar e o Comando-Chefe do Agrupamento de Bissau (Vera Mariz,doutoranda em História da Arte, IHA/FL/UL)
(**) Vd. poste de 6 de setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6942: Memória dos lugares (97): Bolama, a antiga capital colonial, um património em ruínas (Patrício Ribeiro)
Vd. também 14 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9745: Memória dos lugares (179): A saudosa Bolama (António Estácio / Patrício Ribeiro)
2 comentários:
"Está a haver mais um movimento, em Bissau, de transformar a Fortaleza da Amura em Museu, pode ser que seja desta, assim como das tentativas de transformar o Bairro de Bissau Velho, numa continuação da Amura... Enfim, tem havido tentativas…" (Patrício Ribeiro)
Patrício, são bons sinais, esses!... A Amura está ligada à nossa memória e à nossa história comum, o velho forte bem poderia acabar, em paz, como museu...Ou melhor: como museu, ganharia outra dignidade...
Desde já tens o meu apoio pessoal, e seguramente o de muitos mais camaradas nossos...
Por outro lado, a Guiné-Bissau, com as suas potencuialidades turíticas ao nível da biodiversidade, só tem a ganhar se souver também valorizar a fileira do patrimómio edificado pelos portugueses...
Falaste na Amura, na baixa de Bissau, em Bolama, em Farim, no Cacheu... E porque não a "velha Bafatá", a "princesa do Geba"...
O nosso saudoso amigo comum Pepito, que morreu tão prematuramemnte vai fazer um ano daqui a um mês, foi o primeiro de nós a ter a genial intuição da necessária articulação entre história, memória, cultura, identidade e desenvolvimento...
Um abraço grande, do tamanho do Atlântico que nos separa e aproxima... Boa saúde, bom trabalho. Luis
Caros camaradas
Ao ver estas fotos da Amura lembro-me de, em junho ou julho de 69 fazer serviço de guarda numa fortaleza semelhante e onde existiam vários paiois com granadas de vários tipos.Haveria outra fortaleza em Bissau ou estes paiois eram mesmo na Amura? Ou tudo isto é imaginação minha?Se alguém souber alguma coisa sobre isto agradeço desde já o esclarecimento.
Manuel Carvalho
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