O Paço da Ribeiro (finais do séc. XV / princípios do séc. XVI) com a Casa da Indía, perpendicular ao Rio Tejo, tendo à sua esquerda a Ribeira das Naus e à direita o Terreiro do Paço. Este conjunto monumental, sede do império, foi completamente destruído pelo terramoto de 1755. Reprodução de azulejo da Fábrica Santana, Rua do Alecrim, 95, Lisboa,
I’m sorry!
Não tenho boas recordações
do império,
nem da sua praça,
nem do seu paço,
nem do seu terreiro.
Só sei que não consegui defendê-lo,
ao império,
e às joias da coroa,
até à última gota do meu sangue,
como deveria ser o meu desidério...
Pergunto, desolado:
em que repartição da pátria
é que eu poderia apresentar
os restos da minha farda de soldado,
com as minhas desculpas,
o meu pedido de perdão ?
Ou até apresentar-me,
de baraço ao pescoço,
qual Egas Moniz dos anos 70
do século vinte ?
Peço desculpa,
se houve aqui um erro de casting,
ou se alguém, na tropa, entrou e saiu,
e me trocou os papéis,
as botas
ou as voltas,
ou se o império,
pura e simplesmente,
nunca existiu.
Lisboa, terreiro do paço, fevereiro de 1977
Luís Graça
v6 25 abr 2015
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é que eu poderia apresentar
os restos da minha farda de soldado,
com as minhas desculpas,
o meu pedido de perdão ?
Ou até apresentar-me,
de baraço ao pescoço,
qual Egas Moniz dos anos 70
do século vinte ?
Peço desculpa,
se houve aqui um erro de casting,
ou se alguém, na tropa, entrou e saiu,
e me trocou os papéis,
as botas
ou as voltas,
ou se o império,
pura e simplesmente,
nunca existiu.
Lisboa, terreiro do paço, fevereiro de 1977
Luís Graça
v6 25 abr 2015
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Nota do editor:
Último poste da série > 18 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14487: Manuscrito(s) (Luís Graça) (54): Dias de ira, aqueles, os da guerra... (Poema dedicado a todos os meus camaradas que me honram como grã-tabanqueiros, quer me acompanhem ou não, hoje, em Monte Real, no X Encontro Nacional da Tabanca Grande)
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