Nuno Nazareth Fernandes (n. 1944) Cortesia de www.snipview.com |
Assunto: O Vento Mudou
Boa tarde ,
Fui alertado, por um ex-combatente e amigo, para uma referência no vosso blogue em que se afirma, a propósito de "O Vento Mudou" ter sido o Eduardo Nascimento o escolhido para representar Portugal na Eurovisão em 1967 por imposição de Salazar! (*)...
Ora isto é rigorosamente falso!
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O Eduardo foi escolhido pelos autores da canção, eu, na música, e o João Magalhães Pereira, na letra, únicos responsáveis por isso. E ganhou... porque era a melhor canção, que rompia com o chamado "nacional cançonetismo" e com um cantor moderno e cheio de ritmo! Nem o Doutor Salazar nem as suas botas tiveram algo a ver com o assunto, antes pelo contrário!
Mas, já agora, posso contar algo que já narrei públicamanet na Televisão e que mostra como o "diz-se diz-se" deste país em nada mudou... Acontece que essa estória me foi afirmada, pessoalmente, quinze dias depois de termos ganho o Festival:
Eu comecei a usar barba quando concorremos, eu e o João estavamos então no IST [Instituto Superior Técnico.] , e eu sempre gostei de manter um certo "low profile". Finda a euforia festivaleira, cortei a barba e duas semanas depois fui a um barbeiro...
Mas, já agora, posso contar algo que já narrei públicamanet na Televisão e que mostra como o "diz-se diz-se" deste país em nada mudou... Acontece que essa estória me foi afirmada, pessoalmente, quinze dias depois de termos ganho o Festival:
Eu comecei a usar barba quando concorremos, eu e o João estavamos então no IST [Instituto Superior Técnico.] , e eu sempre gostei de manter um certo "low profile". Finda a euforia festivaleira, cortei a barba e duas semanas depois fui a um barbeiro...
Barbeiros e taxistas eram na época a "vox populi" oficiais. Hoje também, embora os barbeiros tenham sido substituidos pelos "cabeleireiros" e pelos jornais "cõr de rosa" ficando assim tudo muito mais alegre ou seja "mais gay"... Acontece que o barbeiro em questão logo me informou, e eu incógnito, que tinha sido o Salazar que tinha orquestrado tudo e que os dois "energúmenos autores", sabia-o de" fonte segura", eram da...Mocidade Portuguesa!...
Mas, como sou curioso e na altura tinha muito cabelo, fui a outro "Figaro" alfacinha e puxei a conversa:
- Pois fique sabendo, meu caro senhor, que aqueles dois rapazes são comunistas e que foi o PCP que lhes deu ordem para escolher um negro só para provocar um incidente internacional quando o Regime o recusasse!
Fiquei pois perfeitamente esclarecido sobre a nossa escolha!
Fiquei pois perfeitamente esclarecido sobre a nossa escolha!
Na dúvida, e como prémio, o dito Regime ofereceu-me 24 meses de Guiné (72/74) como alferes de Engenharia, o que achei perfeitamente normal ...e pelo caminho vinguei-me e conspirei forte e feio e lá chegou o 25 de Abril. Depois deve ter sido o PCP que não gostou e tive que "acontecer" outra vez e foi o 25 de Novembro! Enfim sou a chamada "vítima colateral " ... do Vento Mudou!
Qualquer dia acho que vou compôr uma coisa chamada "Furacão, procura-se", que é mais adequado aos dias de hoje, e peço ao Eduardo [Nascimento] para a lançar, pois continua a ter as qualidades que, na altura, justificaram a sua escolha: Cantar e muito bem!
Talvez alguma coisa mude...
E que se lixem as "Botas do Salazar" e as " teias de aranha do Lenine"!
Adeus e... até ao meu regresso, camaradas!
Nuno Nazareth Fernandes
2. Diz a Wikipédia sobre o Nuno Nazareth Fernandes (Excerto reproduzido com a devida vénia):
(...) Nuno Nazareth Fernandes (Lisboa, 24 de Junho de 1942) é um compositor, letrista, cartoonista, fotógrafo, poeta e guionista português.
Nasceu em Lisboa, filho de Alice da Nazareth Fernandes e Luis Cerqueira Teixeira, e neto de Agostinho Fernandes, industrial de conservas e mecenas do século XX.
Compositor, letrista, cartoonista, fotógrafo, poeta e guionista, é sobretudo conhecido pelas suas participações nos Festivais RTP da Canção (que venceu por três vezes, com as canções O Vento Mudou, Desfolhada Portuguesa e Menina), pelos sketches dos programas televisisvos Eu Show Nico e EuroNico e como autor de texto e música de inúmeras Revistas, num percurso de mais de quatro décadas entre os mundos do Disco, da Rádio, da Televisão e do Teatro.
Em todos esses campos trabalhou com os mais variados autores e poetas, com destaque para José Carlos Ary dos Santos com o qual escreveu, entre muitas, aquela que é considerada uma das mais belas canções da música portuguesa: Canção de Madrugar.
Qualquer dia acho que vou compôr uma coisa chamada "Furacão, procura-se", que é mais adequado aos dias de hoje, e peço ao Eduardo [Nascimento] para a lançar, pois continua a ter as qualidades que, na altura, justificaram a sua escolha: Cantar e muito bem!
Talvez alguma coisa mude...
E que se lixem as "Botas do Salazar" e as " teias de aranha do Lenine"!
Adeus e... até ao meu regresso, camaradas!
Nuno Nazareth Fernandes
2. Diz a Wikipédia sobre o Nuno Nazareth Fernandes (Excerto reproduzido com a devida vénia):
(...) Nuno Nazareth Fernandes (Lisboa, 24 de Junho de 1942) é um compositor, letrista, cartoonista, fotógrafo, poeta e guionista português.
Nasceu em Lisboa, filho de Alice da Nazareth Fernandes e Luis Cerqueira Teixeira, e neto de Agostinho Fernandes, industrial de conservas e mecenas do século XX.
Compositor, letrista, cartoonista, fotógrafo, poeta e guionista, é sobretudo conhecido pelas suas participações nos Festivais RTP da Canção (que venceu por três vezes, com as canções O Vento Mudou, Desfolhada Portuguesa e Menina), pelos sketches dos programas televisisvos Eu Show Nico e EuroNico e como autor de texto e música de inúmeras Revistas, num percurso de mais de quatro décadas entre os mundos do Disco, da Rádio, da Televisão e do Teatro.
Em todos esses campos trabalhou com os mais variados autores e poetas, com destaque para José Carlos Ary dos Santos com o qual escreveu, entre muitas, aquela que é considerada uma das mais belas canções da música portuguesa: Canção de Madrugar.
Cumpriu serviço militar, como oficial do Serviço de Material, primeiro na Fábrica Militar de Braço de Prata, e, depois, no Comando Territorial [Independente] da Guiné, hoje República da Guiné-Bissau, no Batalhão de Engenharia (BENG-447), que se localizava em Bissau, entre os Comandos e os Adidos. Nessa ocasião existia no Batalhão de Engenharia um agrupamento musical designado por BENG-447 que actuou em diversos palcos, tanto militares como civis.
Fez parte da Direcção e Administração da Sociedade Portuguesa de Autores ao longo de sete anos. Considera-se um "estudioso compulsivo" de História, principalmente no que diz respeito à de Portugal e da Ordem do Templo. Enviuvou por duas vezes, tem três filhos e um neto. Vive em Lisboa.
"Chamam ao Telefone o Senhor Doutor Afonso Henriques" (ed. Zéfiro, 2008), não sendo o seu primeiro livro, é, contudo, o seu primeiro romance.
Fez parte da Direcção e Administração da Sociedade Portuguesa de Autores ao longo de sete anos. Considera-se um "estudioso compulsivo" de História, principalmente no que diz respeito à de Portugal e da Ordem do Templo. Enviuvou por duas vezes, tem três filhos e um neto. Vive em Lisboa.
"Chamam ao Telefone o Senhor Doutor Afonso Henriques" (ed. Zéfiro, 2008), não sendo o seu primeiro livro, é, contudo, o seu primeiro romance.
(...) É licenciado em Engenharia Mecânica (Aeronáutica) pelo Instituto Superior Técnico. É adepto do Sporting Clube de Portugal.
Ligações Externas (...)
Ligações Externas (...)
3. Comentário do editor L.G.:
Nuno, obrigado pelo esclarecimento que nos mandou sobre a canção "O vendo mudou"...
Vamos publicar, obviamente... Por respeito à verdade e à boa imagem a que os camaradas da Guiné da Guiné têm direito... Como de resto qualquer outro português...
Nuno, obrigado pelo esclarecimento que nos mandou sobre a canção "O vendo mudou"...
Vamos publicar, obviamente... Por respeito à verdade e à boa imagem a que os camaradas da Guiné da Guiné têm direito... Como de resto qualquer outro português...
Em boa verdade, nem tudo o que luz é ouro, e nem tudo o que se lê na Net (e na Wikipédia, em particular) é verdade... De resto, tivemos o cuidado de manter essa ressalva... O que vem na entrada da Wikipédia, sobre o Eduardo Nascimento, é no mínimo uma insinuação torpe... No entanto, caímos na ratoeira de a reproduzir, embora com algumas cautelas;
(...) "Já o Eduardo Nascimento, um pouco mais velho (, nascido em Angola, em 1944) era um pacato rapaz lusitano, tal como o Eusébio... Tem hoje direito a entrada na Wikipédia, onde se diz que terá ido ao Festival Europeia da Canção por vontade expressa de Salazar, quando um "pretinho" dava jeito à máquina de propaganda do Estado Novo." (...) (*)
Fica, pois, definitivamente esclarecido, em primeira mão, que a canção "O Vento Mudou" ganhou o concurso do Festival RTP da Canção, em 1967, pelo triplo mérito da letra, da música e da interpretação...
Fica, pois, definitivamente esclarecido, em primeira mão, que a canção "O Vento Mudou" ganhou o concurso do Festival RTP da Canção, em 1967, pelo triplo mérito da letra, da música e da interpretação...
Camarada, este blogue também é seu... Costumamos dizer que o Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande... Nesta "caserna" tratamo-nos por tu, como bons camaradas que fomos e somos... Falamos da Guiné e da guerra, claro, falamos da nossa geração, também das canções que nos marcaram, dos nossos (des)amores, dos nossos sonhos e dos nossos pesadelos...
Somos sportinguistas, portistas, benfiquistas, crentes e ateus, de esquerda e de direita... Falamos de quase tudo, menos de religião, política e futebol... Camarada, a nossa Tabanca Grande não tem portas nem janelas... Isto é um convite para o camarada do BENG 447 entrar, se lhe der na real gana...
Somos sportinguistas, portistas, benfiquistas, crentes e ateus, de esquerda e de direita... Falamos de quase tudo, menos de religião, política e futebol... Camarada, a nossa Tabanca Grande não tem portas nem janelas... Isto é um convite para o camarada do BENG 447 entrar, se lhe der na real gana...
Somos quase 700 (, os formalmente registados, incluindo os 40 que da leia da morte já se libertaram,.,,). E blogamos há 11 anos. E encontramo-nos, fisicamente, todos os anos... Nos últimos anos em Monte Real, mas temos tabancas por todo o lado, fora e dentro do país (de Cascais a Monte real, de Matosinhos a Gondomar, e até à Lapónia sueca)... Infantes, artilheiros, engenheiros, médicos, comandos, rangers, paraquedistas, enfermeiras paraquedistas, pilotos, soldados, marinheiros, pretos e brancos... Só não temos refractários nem desertores, por uma razão simples: somos um blogue de combatentes... E o nosso único propósito é partilhar memórias (e afetos), contar histórias, as nossas histórias... O resto é para os senhores doutores historiadores que escrevem a História de Portugal... Só não queremos é que sejam os outros a contar a nossa história por nós, como o Nuno também não gosta... Até breve! (**)
Um alfabravo (ABraço), camarada.
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 27 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14534: Memória dos lugares (288): Gentes do Geba, parte II (A. Marques Lopes, coronel inf, DFA, na situação de reforma, ex-alf mil da CART 1690, Geba, 1967; e da CCAÇ 3, Barro, 1968)
(*) Vd. poste de 27 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14534: Memória dos lugares (288): Gentes do Geba, parte II (A. Marques Lopes, coronel inf, DFA, na situação de reforma, ex-alf mil da CART 1690, Geba, 1967; e da CCAÇ 3, Barro, 1968)
(**) Último poste da série > 24 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14519: (Ex)citações (272): Os bailaricos de Jolmete com instrumentos oferecidos pelo MNF (Manuel Carvalho)
6 comentários:
Nuno,
Não custou nada e as coisas esclarecidas pelo próprio ficam sempre melhor, aliás a história em si até tem graça... Mas espera-se mais, eu sei que o tempo nem sempre o permite, mas sobre a passagem pela Guiné? e depois do 25 de Abril, sobre a rádio?
Um abraço,
BS
Belarmino, vejo que se conhecem, seguramente da Sociedade Portuguesa de Autores... Diz ao teu amigo e nosso camarada que tem aqui um lugar à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande... Bom resto de dia, bom fim de semana aí pelo Cadaval. Luis
Caro camarada Nuno Nazareth Fernandes
Gostei!
Gostei muito do esclarecimento.
Tanto no conteúdo, por amor à verdade, como na forma escorreita e sem rancores perante o que por aqui saiu, sabendo, até por experiência própria que isso era uma "verdade antiga e aceite".
Achei um "mimo" as versões dos 'profissionais dos cabelos', que representam bem como ainda hoje se movimenta o "diz-que-diz", principalmente aquele do "fonte segura".
Cada vez me convenço mais que "as boas almas" passaram pela Guiné!
Tenho também a ideia formada que o Nuno era (é) tudo isso que a wikipédia refere, assente numa clara e honesta forma de o ser.
Perante isto, vou secundar os apelos do meu amigo Belarmino (das Transmissões do STM, como eu) e do Luís Graça para que, nos intervalos dos muitos afazeres, haja um bocado para passar memórias a este espaço que é tudo o que o Graça referiu e que se rege por uma espécie de "estatutos", as regras de conduta, que são muito interessantes, digo eu!
Há ainda um outro aspecto que me despertou curiosidade. Na wikipédia há uma caracterização como "estudioso da História", principalmente de Portugal e da Ordem do Templo, coisas pelas quais também tenho curiosidade.
Abraços
Hélder Sousa
nnDnn
Olá Luis,
É a terceira vez que vou tentar enviar o comentário, espero que desta seja de vez.
Várias vezes abordei já com o Nuno a sua entrada na Tabanca Grande, depende apenas dele, mas experimenta tu a convidá-lo, é sempre diferente. Ele é uma pessoa com muito espírito e piada na forma de contar as suas histórias e certamente terá algumas sobre a Guiné e até sobre a rádio da Guiné, onde esteve também.
Quanto ao Cadaval vai tudo andando...Aliás como o resto do País.
Um abraço,
BS
Ainda voltando ao péssimo hábito neste país de dar ouvidos ao "diz que disse"... É uma pecha nacional. Tal como a inveja.
São duas coisas que me entristecem neste "povo de brandos costumes"... Dar crédito ao boato é meio camimnho andado para o assassínio de caracter... Eu uso uma expressão mais forte, de resto de uso popular: "emprenhar pelos ouvidos"...
Temos tido cuidado no nosso blogue nesse capítulo, mas há coisas que escapam... Quando assim for, contamos com a pronta intervenção dos visados ou dos nossos leitores... A maledicência, a insinuaçao torpe, a delação, a intriga, a "sacanagem" (como dizem os brasileiros)... naõ são armas pelos camaradas da Guiné...
Interessante e útil para a 'memória futura' este blog, e mais interessante a história de "O Vento Mudou", com o Nuno N. Fernandes sem papas nalíngua, como é seu apanágio. E tudo se resume a um "Portugal dos pequeninos"!
Felicidades para todos.
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