António Gabriel Rodrigues Vaz (1939-2015),
ex-cap mil art, CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69)
ex-cap mil art, CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69)
(i) Com respeito ao fazer a prova de vida, há poucos dias ao falar pelo telefoe com um colega da CART 1746, de seu nome Pereira, ele me disse que o Cap Vaz faleceu há poucos dias.
Hoje, liguei ao Torcato Mendonça, que era seu amigo, veio com ele duas vezes de férias á metrópole, e com ele fez várias operações nos subsetores do Xime, Mansambo e Xitole... Aquilo que eu suspeitava aconteceu, infelizmente: o António Vaz morreu na véspera de Natal, julgo que de 23 para 24, não posso garantir a data... Foi um antigo alferes da companhia que informou o Torcato, talvez o João Mata, se bem percebi, ou foi o Torcato que apanhou uma mensagem por aí na Net...
Estou chocado!... Vou fazer um poste In Memoriam do nosso capitão...
Paz à sua alma. só me resta dizer que era um bom amigo.
Ex fur mil Luis Fagundes, CART 1746 [Bissorã e Xime, 1967/69]
(ii) Camaradas, tive um estranhíssimo pressentimento de que algo estava a acontecer, de muito mau, ao nosso amigo e camarada António Vaz, o cap mil da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69)... Telefonei-lhe, sem querer, na hora da sua morte, na véspera de Natal!... Que macabra coincidência, que trágica premonição!...
Insisti, mas do outro lado ninguém me respondeu... Telefonei mais e outra vez, em vão!...
Sabia que ele estava doente, tinha tido um AVC, e a seguir, se não erro, uma neoplasia, há dois anos e tal ... Ìamo-nos falando ao telefone, e ele pedia-me que lhe ligasse, sempre que pudesse... Queria agarrar-se à vida e às memórias da Guiné... Tinha um especial carinho e admriração pelo blogue dos camaradas da Guiné...
Hoje, liguei ao Torcato Mendonça, que era seu amigo, veio com ele duas vezes de férias á metrópole, e com ele fez várias operações nos subsetores do Xime, Mansambo e Xitole... Aquilo que eu suspeitava aconteceu, infelizmente: o António Vaz morreu na véspera de Natal, julgo que de 23 para 24, não posso garantir a data... Foi um antigo alferes da companhia que informou o Torcato, talvez o João Mata, se bem percebi, ou foi o Torcato que apanhou uma mensagem por aí na Net...
Estou chocado!... Vou fazer um poste In Memoriam do nosso capitão...
Paz à sua alma! Saibamos honrar a sua memória... Era nosso grã-tabanqueiro nº 544, salvo erro... Um homem afável, que comandou uma valente companhia!...
Luís Graça, editor [ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2590/CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71]
2. O António Vaz nasceu em Lisboa, em 29 de maio de 1936... Teria hoje portanto 79 anos.
No seu último aniversário, 29/5/2015, escrevi o seguinte comentário:
"Não tenho telefonado ao António Vaz. Espero que ele ande mais animado e que a saúde vá melhor. Em dia de aniversário, faço votos para que assim seja. Força!, António". O Torcato Mendonça telefonei-lhe e comentou: "Foi bom ouvir a voz do Capitão Vaz do Xime, O meu abração de Parabéns.Abraço, Capitão, do Torcato"....
No ano anterior tinha-lhe dedicado um poste de aniversário, na minha série Manuscrito(s)
"Hoje é dia de festa, de aniversário... Eu e o resto da malta estamos contigo para te cantar os 'parabéns a você' debaixo do poilão da Tabanca Grande!... Lembras-te dos poilões do Xime, a última tabanca de que foste o 'régulo'! ? Levaram morteirada e canhoada em cima, mas ainda lá estão, dizem... Pois é isso que a gente te deseja: aguenta, capitão, força, António!(...)
E o Torcato escreveu em comentário, nesse dia 29/5/2014:
3. Os problemas de saúde do António Vaz remontavam já a 2013, como ele aqui recordava em poste de 12/4/2013:
(...) "Antóno Vaz, valoroso capitão de Bissorã e do Xime, comandante da CART 1746... Hoje fazes anos, de acordo com o nosso poste da série "Parabéns a você"... Mas eu tenho estranhado o teu silêncio... Os médicos dizem que o silêncio dos órgãos é sinal de saúde... Na realidade, é mau sinal quando eles começam a "falar"... Mas eu refiro-me ao silêncio... das nossas comunicações bloguísticas. Há mais de um ano que não mandas um ALFBRAVO à gente... Pergunto; o que é que se passa contigo, comandante ? A última vez que te vi, na Praça do Comércio, tinhas ido à faca...Mas senti-te em boa forma!
(...)" Estive hoje a falar com o meu amigo Cap Mil do Xime. Está um pouco adoentado, recupera de uma intervenção cirúrgica e de pequenas maleitas, coisas próprias de um rapaz com mais dez anos do que eu, mas sempre igual e quero tanto continuar a senti-lo assim. O melhor para ele é o que desejo.Vai dar certo meu 'velho' amigo, Cap Vaz.
"Foi com ele e com a CART 1746 que aprendemos a estar naquela 'provincia ultramarina', depois, algum tempo depois veio o Poindon, Belel e Sinchã Camisa...muito mais, muito mais pelos anos 68 adiante" (...)
(...) Meus caros Camaradas da Guiné: estive afastado da vida normal dois meses e meio e, sem grandes e escusados pormenores, direi que, tendo saído de casa às 04.00 do dia 17 de Janeiro, INEM passei pelos Hospitais de S. José, Santa Marta e Clínica S. João de Ávila (para recuperação) e só voltei a casa no dia 4 deste mês (faz hoje 6 dias). Tive AVC (cerebelo), enfarte e aguardo cirurgia cardíaca nos próximos meses. Durante estes dois meses e meio não gozei a sombra do Grande Poilão, não tive acesso ao computador e, do Blogue, "nicles". (...)
Foto (e legenda): © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
4. Tinha entrado para a nossa Tabanca Grande um ano antes, em 31/3/2012 (***), mas já acompanhava o nosso blogue desde 2011 (****):
VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> O ex-alf mil João Mata (à esquerda) e o ex-cap mil António Vaz, à direita, ambos da CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69).
O João Guerra da Mata foi o último comandante do destacamento da Ponta do Inglês, um dos míticos topónimos da guerra da Guiné...(**)
4. Tinha entrado para a nossa Tabanca Grande um ano antes, em 31/3/2012 (***), mas já acompanhava o nosso blogue desde 2011 (****):
(...) "A Tabanca Grande é um fenómeno que eu , que não sou bloguista, me deixa abismado e de certo modo surpreendido, porque que eu saiba não tem paralelo com outras formas de depoimento escrito sobre outros teatros de operações nem outras actividades. Para todos que erigiram e alimentaram com contribuições várias este blog presto aqui as minhas merecidas homenagens. (...)
Tem um série, com três postes, assinada por si, "Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)"... Em 2012, esteve presente, com o João Mata, no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande, em Monte Real.
É um perda pesada para a nossa Tabanca Grande onde relativamente poucos comandantes operacionais (capitães milicianos ou do quadro) dão a cara... Ele honrou-nos com a sua presença, amizade e camaradagem. Façamos um minuto de silêncio em sua homenagem antes das 12 babaladas para a meia noite do fim de ano. (*****)
Lembremo-nos também dos outros dois camaradas da Tabanca Grande que nos deixarem este ano, e de cuja morte tivemos conhecimento: Amadu Bailo Jaló (1940-2015) e Manuel Moreira de Castro (1946-2015).
Lembremo-nos também dos outros dois camaradas da Tabanca Grande que nos deixarem este ano, e de cuja morte tivemos conhecimento: Amadu Bailo Jaló (1940-2015) e Manuel Moreira de Castro (1946-2015).
As nossas sentidas condolências para a família, esposa, filha e netos (Sabemos que tinha, pelo menos, uma filha e netos). Bem como para a "família alargada" da CART 1746, e para todos os amigos e camaradas que tiveram o privilégio de o conhecer.
______________
Notas do editor:
(**) Vd. poste de 7 de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10009: Memória dos lugares (185): Saiba V. Excia que está na Ponta do Inglês!, disse o Alf Mil João Mata para o Brig Spínola (António Vaz, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)
(***) Vd. poste de 28 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9673: O Nosso Livro de Visitas (131) ): Antonio Vaz, 75 anos, lisboeta, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69: A Tabanca Grande é um fenómeno sem paralelo, que me deixa abismado e surpreendido
(...) O meu nome é Antonio Gabriel Rodrigues Vaz, lisboeta, de 75 anos e andei pela Guiné de Julho de 1967 a Julho de 1969 como comandante (cap mil) da Cart 1746. Até Janeiro de 1968 em Bissorã e no Xime até ao fim da comissão ou seja até 14 horas antes de embarcar no Niassa de regresso a Lisboa onde cheguei na véspera do Santo António de 1969.
A Cart 1746 cruzou-se com com algumas unidades de que fazem parte camaradas que frequentam a Tabanca Grande e que estiveram num e noutro sector embora o L1 [, Bambadinca,] seja mais "concorrido" o que se compreende.
Confissão: As minhas recordações da Guiné não têm uma intensidade uniforme. Dizendo melhor, vêm e vão por marés durante estes 45 anos embora nestes últimos tempos tenham vindo como um macaréu que não baixa. Ficam sempre em maré cheia, talvez por culpa da Tabanca Grande. A idade é também um facto importante e parece que, ao chegar ao fim do caminho (e isto sem dramatismos) aqueles anos tomaram uma relevância que aqui há 20 ou 30 anos não tinham. Andei entretanto por outras "guerras" mas é aquela que vem sempre à tona talvez por ser uma coisa que nada ter tido a ver com a vida profissional, social e civil em que me movimentava.
As circunstâncias excepcionais em que decorreu (nem toda a gente esteve envolvida num conflito armado sem ser militar de carreira) é hoje o motivo que escrevo estas palavras e porque presentemente percorro com frequência a Tabanca Grande da primeira à ultima morança.
A Tabanca Grande é um fenómeno que eu , que não sou bloguista, me deixa abismado e de certo modo surpreendido, porque que eu saiba não tem paralelo com outras formas de depoimento escrito sobre outros teatros de operações nem outras actividades. Para todos que erigiram e alimentaram com contribuições várias este blog presto aqui as minhas merecidas homenagens.
Eu e a malta da Cart 1746 partilhámos convosco, na Guiné, toda a sorte de provações, vivendo em más e precárias instalações, com faltas de toda a ordem, atascámo-nos nas mesmas bolanhas, cortámo-nos no mesmo capim verde e fugimos do seco, das abelhas, tivemos a mesma sede, sofremos emboscadas e gramámos ataques ao estacionamento, encharcámo-nos com as mesmas chuvas e tivemos insolações, isto tudo para além dos inevitáveis mortos e feridos que lamentamos e lamentaremos sempre profundamente e que não esquecemos.
É por tudo isto que nos irmanamos no blog Tabanca Grande
Um abraço para todos do António Vaz. (...)
(****) Vd. postes de:
20 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11429: Memórias de um capitão miliciano (António Vaz, cmdt da CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69) (1): os meus picadores e guias, Seco Camará e Mancaman Biai
7 comentários:
É uma sensação estranha ter o nº telemóvel de um amigo que não responde mais, bem como um email que não deixou de dar notícias. Mandei um mensagem para o teleovel, pode ser que alguém da família vaio ver as últimas mensagens recebidas... Gostaría que nos contactassem, muitas a fam+ília dos nossos camaradas nem sequer da existência do nosso blogue...
Já mandei um mail també o José Ferraz de Carvalho, que vive nos EUA, é nosso grã-tabanqueiro e foi fur mil da CART 1746. Infelizmente o outro camarada desta companhia, membro do nosso blogue, o Manuel Vieira Moreira, natural de Águeda, também já morreu, o ano passado-
LG
Bolas!, fui que na altura deu a notícia, ao António Vaz, da morte do Manuel Moreira... Eswcreveu na altura o seguinte:
(... )" O Manuel Moreira foi 1.º cabo mec auto, CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69), companhia comandada pelo nosso grã-tabanqueiro António Vaz, com quem acabei de falar por volta das 20h00, estava ele em Canhas de Senhorim, a passar uns dias em casa de um amigo de infância.
"Embora fragilizado, física e psicologicamente, o António Vaz recebeu da minha boca a triste notícia de que a família da CART 1746 estava mais pobre, com o desaparecimento do Manuel Moreira. Confidenciou-me que tinha falado com ele há 15 dias.
"É, também ele, António Vaz, um camarada que está a passar por um momento difícil, mas que tem revelado grande dignidade, coragem e lucidez... "Luís, não estou nem pior nem melhor... O mais importante é que estou vivo"!... Enfim, é mais um, de entre muitos outros camaradas nossos, quie precisa do nosso carinho e alento. De vez em quando telefono-lhe e prometi-lhe reencontrarmo-nos em Lisboa, em setembro, depois das férias." (...)
14 DE AGOSTO DE 2014
Guiné 63/74 - P13496: In Memoriam (193): Manuel Vieira Moreira (1945-2014), ex-1º cabo mec auto, CART 1746 (Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69), natural de Águeda, poeta eamante do fado
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2014/08/guine-6374-p13496-in-memoriam-193.html
Malditas gralhas!
Queroa dizer: "É uma sensação estranha ter o nº telemóvel de um amigo que não responde mais, bem como um email QUE DEIXOU de dar notícias.
Peço desculpa. LG
Olá Luís Graça,
Falei hoje com o João Mata. Ele depois dar-me-á a data certa do Cap.Antº Vaz. Morreu há mais de um mês mas, a data certa, o João Mata não tinha a certeza.Queria dizer-me só que o numero do meu telemóvel foi-se.Esteve na despedida deste grande amigo,o nosso Cap. do Xime.Não perdemos um amigo...ele foi para uma viagem e um dia podemos encontrar-nos.
Depois dou-te a data certa para ficar no P. 15553 do dia 30 deste ano da treta.
Bom Ano Novo para ti, tua Familia e,se me permites, para todos os nossos Camaradas e Familias desta Grande Tertulia de amizade e afectos que tu criaste.
Ab,T
Obrigado, Torcato, fico então a aguardar essa informação... a data da morte do nosso amigo e camarada... Por uma questão de rigor factual e de respeito pela sua memória. Fiquei com a ideia, ao falar contigo ao telefone, e ao ler o comentário do Luís Fagundes, ex-fur mil da CART 1746, que o António tinha morrido na véspera de Natal.. Ou seja, há dias, justamente quando lhe tentei telefonar... Tenho o nº dele, foste tu que mo mandaste por email. Reencaminhar-te-ei esse email.
Força também para ti, e as melhoras da Ana, que é uma "mãe coragem"... 2016 há de ser melhor para todos nós. LG
Vamos partindo, vamos partindo, todos, a pouco e pouco, para o reino de Deus, para o reino do absoluto, para o reino do nada.
A lei da vida, a lei da morte. Nenhuma estranheza.
Mas nós, combatentes na Guiné, somos quase os melhores de todos.
Por isso dói.
É difícil aguardar serenamente o ocaso dos dias e o fim da sublime viagem.
Abraço,
António Graça de Abreu
Nós, que estivemos na Guiné, vamos todos, depois, pró Céu e quem esteve no Xime já lá tem o lugar reservado pra descansar.
Um lugar reservado no Céu é mínimo que desejamos pelos melhores anos, da nossa juventude, passados na Guiné.
Sentidos pesamos.
Valdemar Queiroz
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