Guiné > Região de Quínara > Buba > s/d > Espaldão de morteiro 81... na margem direita do Rio Grande de Buba.
Foto: cortesia de Casa Comum > Fundação Mário Soares > Arquivo Amílcar Cabral > Pasta: 05360.000.325 (*)
1. Comentário (*) do Manuel Fernando Dias Oliveira ("Brasinha"), ex-Soldado Apontador de Morteiro do Pel Mort 2138, (Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Mampatá e Empada, 1969/71), membro da nossa Tabanca Grande desfde 17/9/2016 (**):
Boa noite a todos os membros desta Tabanca Grande e outros ex-combatentes que se interessam pelas histórias reais, passadas naquele tempo e que alguns desejam que as mesmas sejam apagadas.
Muito bem, vamos esclarecer o que aqui está sendo comentado. Essa foto é REAL, está (va) mesmo junto ao arame farpado que cercava o aquartelamento [de Buba], para dar cobertura aos desembarques das Lanchas da Marinha que nos reabasteciam periodicamente.
Dado não haver estradas para Aldeia Formosa (hoje Quebo) a partir de Bissau, Buba era o ponto fulcral para desembarque e abastecimento daquela zona que abrangia, Buba, Nhala, Mampatá e Aldeia Formosa. De Buba partiam as Colunas Auto que transportavam os géneros, armas e munições.
O citado abrigo (espaldão) era habitado por quatro elementos que dormiam sobre as granadas dos morteiros:
lº Cabo António Silva Guerra (falecido recentemente);
Jorge Augusto dos Santos Franco (falecido pouco tempo após o término da comissão);
António Mendes de Freitas;
e Manuel Fernando Dias Oliveira ("Brasinha"), que sou eu.
Como bem disse um camarada no seu comentário, essa foto certamente foi tirada no pós-guerra. O ataque ao qual se refere o Capitão Nery, foi comandado pelo [cubano] Peralta e pelo Nino Vieira, ataque esse que foi lançado pela parte superior da pista de aterragem de aeronaves, tendo as tropas inimigas estado muito próximo do arame farpado. Teve especial desempenho o Esquadrão de Morteiros, junto à Pista. foi o nosso baptismo de fogo e a despedida da Companhia comandada pelo Cap Mil Nery [, CCAÇ 2382].
Precisamente um ano depois, tivemos novo ataque, de igual poderio de fogo, desta feita pelo lado do Rio onde foi a vez do Esquadrão junto ao mesmo (que está na foto). Dessa vez, saiu-nos o primeiro prémio da Lotaria. Levamos com um obus no espaldão que, por uma unha negra, não caiu dentro do espaldão, que mandaria tudo pelos ares. Vou tentar anexar fotos do acontecimento aqui relatado, bem como, uma tirada após a nossa comissão, pelo furriel miliciano António Cruz.
2. Comentário (*) do nosso camarada Manuel Traquina (ex-Fur Mil Mec Auto, da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70), que vive em Abrantes [, foto atual, à direita]
2. Comentário (*) do nosso camarada Manuel Traquina (ex-Fur Mil Mec Auto, da CCAÇ 2382, Buba, 1968/70), que vive em Abrantes [, foto atual, à direita]
Este abrigo de morteiro é em Buba, situava-se na parte de trás das instalações dos sargentos, estive várias vezes neste local e, não há dúvida de que a foto deve ter sido tirada depois da saída dos portugueses, porque antes estava limpo, não havia capim. Vou ver se tenho uma foto! (***)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18223: Pelotão de Morteiros 2138 (Buba, Nhala, Mampatá, Aldeia Formosa e Empada, 1969/71): espaldão com história (Jorge Araújo)
(*) Vd. poste de 18 de janeiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18223: Pelotão de Morteiros 2138 (Buba, Nhala, Mampatá, Aldeia Formosa e Empada, 1969/71): espaldão com história (Jorge Araújo)
(**) Vd. poste de 17 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16498: Tabanca Grande (494): Manuel Fernando Dias Oliveira, ex-Soldado Apontador de Morteiro do Pel Mort 2138 (Buba, Aldeia Formosa, Nhala, Mampatá e Empada, 1969/71), 727.º Grã-Tabanqueiro da nossa tertúlia
3 comentários:
Jorge Araújo:
Por certo que querias dizer "espaldão" e não "espaldar"... com história... (É deformação profissional, devias estar a pensar nas tuas aulas; e a mim escapou-me, quando editei o teu poste P18223).
Vê se queres emendar o título do postem ainda vamos a tempo... Eu fui de armas pesadas de infantaria, embora rapidamente tenha esquecido tudo o que aprendi em Tavira, no CISMI, porque, chegado ao CTIG, deram-me uma G3, em vez do morteiro 81, da browning 12.7 ou do canhão s/r 75... Mas ainda sei o que é um "espaldão", embora a língua portuguesa seja muito "traçoeira"...
Aquele abraço, LG.
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espaldão | s. m.
es·pal·dão
substantivo masculino
1. Anteparo de fortificação.
2. Anteparo de protecção nas carreiras de tiro.
"espaldão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/espald%C3%A3o [consultado em 19-01-2018].
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espaldar | s. m.
es·pal·dar
(espalda + -ar)
substantivo masculino
1. Costas da cadeira.
2. Peça de armadura que protege as costas. = ESPALDEIRA
3. Guarnição superior ao dossel.
4. [Ginástica] Aparelho de ginástica, geralmente de madeira, fixo à parede, constituído por diversas traves horizontais paralelas fixas a duas barras verticais, usado em exercícios de suspensão.Ver imagem
"espaldar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/espaldar [consultado em 19-01-2018].
Luís, tens toda a razão... na academia a este teu reparo chama-se «ter olho clínico». Claro que podes rectificar.
Agora vou ao funeral de mais um amigo e camarada, Alexandre Castanheira (1928/2018), de seu nome.
Cidadão ilustre de Almada, onde nasceu, Alexandre Castanheira, para além de docente universitário (jubilado), foi também romancista, ensaísta, poeta, dramaturgo, dirigente associativo e militante activo na difusão da cultura portuguesa, com relevância para a sua intervenção nas múltiplas actividades educativas e culturais desenvolvidas no seu município.
Como consequência do seu nobre exemplo de trabalho militante, a Câmara Municipal de Almada aprovou no passado dia 20 de Dezembro, por unanimidade, a atribuição do seu nome à Escola Básica nº 2 do Laranjeiro. Esta decisão teve a aprovação prévia por parte do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas Professor Ruy Luís Gomes.
Já antes, em 1994, lhe tinha sido atribuída, pela CMA, a Medalha de Ouro de Mérito Cultural.
Em Abril de 2004, o Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, conferiu-lhe o Grau de Comendador da Ordem da Liberdade.
O funeral sairá da Igreja do Laranjeiro, pelas 10h30, para o cemitério de Vale Flores, Feijó, onde será cremado.
Que descanse em paz.
Quando regressar, voltarei ao fórum.
Até lá.
Jorge Araújo.
Também me rectifico para 'espaldão'.
Valdemar Queiroz
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