Foto nº 2 > 1968
Foto nº 3 > Janeiro de 1968
Foto nº 4 > 26 de dezembro de 1967
Foto nº 5 > Janeiro de 1968
Foto nº 6 > Janeiro de 1968
Foto nº 7 > 21 de janeiro de 1968
Foto nº 7A > 21 de janeiro de 1968
Foto nº 8 > 21 de janeiro de 1968
Foto nº 9 > 21 de janeiro dwe 1968
Foto nº 10 > Janeiro de 1968
Foto nº 11 > Janeiro de 1968
Foto nº 12 > Fevereiro de 1968
Foto nº 13 > Dezembro de 1967.
Foto nº 1 > Setembro de 1967
Guiné > Região de Gabu > Nova Lmago > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).
Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado [, foto atual à direita]. (*)
Guiné 1967/69 - Álbum de Temas > T033 – A Tabanca do Morteiros
I - Anotações e Introdução ao tema:
A – História do Sector L3 – Nova Lamego – Parte I:
INTRODUÇÃO:
Vou dar início à história do meu batalhão no sector L3 de Nova Lamego.
Para isso vou servir-me, porque já não preciso de escrever mais nada, dumas páginas do meu livro – não editado – onde já desde 2010 contava esta fase da minha história.
O teor e a forma de escrever e exprimir-me pode parecer estranho, mas isto passa-se em vários meses e até anos – 2010 a 2015 -, e em cada momento a nossa vida muda e também o humor e a forma de encarar tudo isto.
Vou mandar as fotos que já recolhi da minha vivência em Nova Lamego com o comandante do Pelotão de Morteiros 1191, que esteve em Nova Lamego entre abril de 1967 e março de 1969, às ordens do BCAÇ 1933 e depois do BCAV 1915].
O alf mil Azevedo tinha uma casa e uma vida independente de todos os outros. Fiz uma boa amizade, com este alentejano, vindo de Évora, no centro do Alentejo. Fui-me deliciando com os seus petiscos que ele próprio fazia na sua casa, a que passei a chamar sempre de a Tabanca do Morteiros’ e era para lá que ia quando me era possível, pois não faltava nada lá na sua Tabanca. Ele era independente e acho que nunca saiu de Nova Lamego, pelo menos nos 5 meses que lá passei.
B - Fotos do tema T033 – Imagens da Tabanca do Morteiros no Gabu:
Legendas e numeradas de f1 a f13
F01 – Este era o edifício em pedra e cimento, sede de comando do Pelotão de Morteiros 1200, comandado pelo Alferes Miliciano Azevedo. Ele aparece na foto, na porta de entrada e comigo nas cavalitas, eu era uma pena nas mãos daquele homem. Esta primeira foto data do mês de Setembro, quer dizer que ao fim de menos de uma semana eu já tinha ali um amigo. Ele também precisava de mim, dada a minha função, ele já estava lá quando chegamos e sabia do antecedente que dependia muito de eu lhe facilitar a vida, ou não.
F02 – As fotos não estão por ordem cronológica, por isso esta já é de data bastante posterior. Por ali se vê que não falta nada em termos de condição de vida, cozinha, cama , mesa e roupa lavada, um rapaz negro como criado, ar condicionado – entenda-se ventoinhas – frigorifico, arca, estereofonia, só faltava mesmo era a TV e um Telemóvel última geração. Na foto está o Azevedo, eu ao lado, e também o Furriel Rocha, o tal algarvio que já falei que foi ali cair de paraquedas, e não queria outra vida, pois não fazia nada. A foto data já dos inícios de 1968.
F03 – Uma foto a descansar sobre uma rede que também ele lá tinha, para dormir a sesta. Era uma forma de passar os tempos livres. Datada também de Janeiro de 1968.
F04 – Numa sala com todas as comodidades, os roncos pendurados nas paredes, cartazes de férias, não falta nada. Eu estou mais uma vez de Oficial de Dia, e pelos vistos devo ter escorregado pois tenho um penso no braço, de certeza nem me lembro de que foi aquilo. Só sei que estamos no dia 26 de Dezembro de 1967, um dia depois do Natal de 67. A cabeça já está toda rapada, pois foi por indicação dele, que andava sempre careca, e fiz isso depois de uma praga de piolhos que apanhei e assim acabei com tudo de uma só vez.
F05 – Uma brincadeira à entrada da Tabanca do Morteiros. Não sei se ele não me deixava entrar? Janeiro de 68.
F06 – Fumando o meu cigarro, à entrada da Tabanca do Morteiros. Eu fumava não por vício, mas por prazer da boca, nunca travei o fumo, por isso mais tarde optei pelos puros – os charutos Cubanos, foram mais de 15 anos, mas nunca me viciei e assim hoje não fumo. Data de Janeiro 68.
F07 – Fui dar uma volta pelas ruas na Bicicleta do Azevedo, junto à sua residência oficial, ele tinha boas instalações naquela terra que havia alguma coisa que se aproveitava, pelo menos o clima era mais quente mas mais seco. Data 21Jan68.
F08 – Na comezaina na Tabanca do Morteiros, em camisola interior o nosso ten SGE Albertino Godinho, Chefe da Secretaria, e o homem do confiança do nosso comandante. Veja-se os olhos do miúdo empregado, a olhar para os pratos. Será fome ou apetite? 21 de janeiro de 68.
F09 – Nós os dois num repasto na hora do almoço, ainda fardado, acho que me lembro que eram uns ovos escalfados com chouriça, acompanhado de cerveja. Aquilo era um restaurante 5 estrelas e uma Michelin. Nova Lamego, 21 jan 68
F10 – Na mesma Tabanca, o nosso médico ten Carlos Parreira Pinto Cortez, e sua esposa, sempre presente em toda a nossa estadia em Nova Lamego. Havia condições para isso. Também eram convidados para a Tabanca. Eles estão a arregalar os olhos por me verem a beber, não sei, mas pelos risos deve ser isso. Nova Lamego, jan 68.
F11 – Na mesma Tabanca, agora também com o Furriel Rocha – cuidado com o enorme membro dele, nunca o vi nem tive curiosidade, mas ele nunca andou de calção curto, teria medo de a ‘coisa’ sair fora do calção? Lá estava eu deitado a dormir a sesta, com música de fundo, mas sempre de olho alerta. Nova Lamego, jan 68.
F12 – O Alferes Azevedo com o seu boné, à porta da sua Tabanca, e eu a conduzir o seu Jeep, pois ele tinha direito a essa Mordomia – Era ‘El Comandante’! -. Também tive umas lições de condição neste jipe. Nova Lamego, fev 68
F13– No jipe do Morteiros, na porta da sua Tabanca, ainda no ano de 1967. Andava a dar as primeiras lições no seu jipe. Nova Lamego, dez 67.
Em, 05-03-2018
Virgílio Teixeira
«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
___________
Nota do editor:
Último poste da série > 20 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18438: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXV: Roncos e batuques em São Domingos, janeiro de 1969 (ii): festejos da tomada de posse do novo administrador, guineense, da circunscrição local
14 comentários:
1. Virgílio, permite-me reproduzir aqui o teu comentário de hoje ao poste P18483:
(...) "Faltou-me acrescentar que realmente os filhos dos ricos nunca iam parar à Guiné, nunca lá vi nenhum, também não conheço todos.
Mas um dia, estávamos nós em São Domingos, há pouco tempo e chega lá num 'jacto' privado, isto em 1968 - está a fazer agora 50 anos - um Alferes alentejano, podre de rico, foi lá parar de castigo vindo directamente da Metrópole.
Ele como vinha em rendição individual, nem sei o que fazia por lá, sei que se deu muito bem com o nosso Comandante Saraiva, e que jogavam até às tantas, aquela malta toda com a qual nunca alinhei, andava noutras andanças. Até o dia em que o nosso Comandante foi evacuado por causa também da tal mina, a 1000 metros do aquartelamento, e andou décadas a tratar das pernas, com sofrimentos terríveis.
Quanto ao tal alentejano ricaço, pouco falei com ele, acho que era de Infantaria, não sei se ele se chamava 'Almodôvar' de nome, ou se era apelido, pois ele era mesmo de Almodôvar, a terra alentejana. Perdi-lhe o rasto, deve ter sido transferido para outro local, ou arranjou forma de ser evacuado para o Alentejo antes do tempo. A Guiné não era mesmo para os ricos, ou filhos de ricos!
Um Ab,
Virgílio Teixeira
4 de abril de 2018 às 13:37" (...)
2. Esse tal camarada, alf mil, Almodôvar, que esteve contigo em São Domingos, será o mesmo da foto constante do poste P1278. Vê se o reconheces.
14 DE NOVEMBRO DE 2006
Guiné 63/74 - P1278: Estórias de Bissau (3): éramos todos bons rapazes (A.Marques Lopes / Torcato Mendonça)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2006/11/guin-6374-p1278-estrias-de-bissau-3.html
Lisboa-Guiné > A bordo do T/T Niassa. Maio de 1968. Grupo de oficiais que viajaram com o
A. Marques Lopes (hoje cor DFA, reformado).
A foto é do nosso camarada A. Marques Lopes (o segundo a contar da direita, de óculos escuros e papéis debaixo do braço). No grupo está o Almodôvar (o quarto a partir da direita), amigo do Torcato Mendonça e do Paulo Raposo. O Marques Lopes regressava do Hospital Militar Principal, em Lisboa. Depois de ter estado, em Geba, em 1967, na CART 1690, onde foi ferido, acabou o resto da sua comissão em Barro, na CCAÇ 3.
Bom dia Luís, podes reproduzir o que achares pois tenho enorme confiança nas tuas grandes qualidades sociológicas e sabes, ou deves saber, separar o que está bem do que está menos bem, para mim em particular, para não me expor abertamente, como bem me recomendaste, e agradeço mais uma vez, porque eu sou um desvairado a escrever, e não me lembro que pode ser lido por pessoas que não devem, escrevo e não ligo a mais nada, também ninguém me manda prender por isso.
Eu já vi e li tudo ontem à noite, depois estava com sono e não escrevi nada, ia fazer isso hoje, porque há muita coisa que tem muito a ver comigo - tirando as operações militares, os mortos, os feridos e tudo isso - como eu disse vou começar a escrever as minhas memórias das minhas férias na guerra da guiné.
Eu vou voltar ao assunto, porque essas aventuras por Bissau, dos Bons Rapazes, e o Pilão, - nunca nenhum Fuzo foi bater nas tabancas onde eu dormia, porque deixava a minha motorizada à porta, logo estava lá alguém e não era o marido da dita -.
O Clube de oficiais, tantas vezes por lá passei bons momentos, O Ten Coronel que era o responsável por aquele espaço belíssimo, e as minhas longas conversas com a sua filha Suzy, de que já reproduzi as fotos com ela, mas era uma miúda de uns 14-15 anos, nunca me passou pela cabeça nada além do convívio, eu estive na Guiné com 24-25 e 26 anos de idade, hoje já era apelidado de 'predador' ! Deus me livre. Mas vou comentar depois sobre esse tema de Bissau, porque conheço bem tudo, andei por lá muitas vezes, tinha o meu transporte próprio, e o meu batalhão esteve lá de passagem vindo de NL no mês de Março de 68, há 50 anos, e daí para SD no final do mês. Ainda sobre essas aventuras do Marques Lopes / Torcato Mendonça, que me revejo naquilo tudo, lembrei-me que afinal eu poderia ter ido até Mansoa como eles foram. Sei que era de Jeep e eu com motorizada e sozinho, seria talvez uma das minhas muitas loucuras, lamento que não tenha seguido em frente.
Vamos ao Almodôvar, logo que vi a fotografia identifiquei-o logo, e toda a sua caracterização sobre a sua forma de riso aberto, bom rapaz etc, está tudo certo, era essa a minha ideia, bem como filho de um latifundiário do Alentejo. E como diz o artigo era bom no jogo, no póquer, eu não alinhava nisso porque não sabia jogar às cartas e a dinheiro em particular. Eu disse que lhe perdi o rasto, e pelo que li ele foi mesmo para o QG de Bissau, o dinheiro vale tudo, ou quase tudo. Ele era mesmo ganancioso, contou-me há uns anos, o impedido do 2º comandante e o meu Presidente do CA, com o qual tive uma excelente relação, homem militarista, nunca o vi à civil, sempre fardado e de boné a maioria das vezes. O impedido, posso dizer que era o soldado condutor Bourbon que tem casa aqui em Vila do Conde e falamos todos os anos no Verão, e veio à baila o Almodôvar. Diz ele sintetizando que o Major Américo Correia, já falecido e que Deus o guarde, jogava forte, e uma noite perdeu todo o dinheiro que tinha, então apostou a sua Pasta de pele onde guardava toda a sua documentação, perdeu e o Almodôvar ficou com ela, não a devolveu mais. O Major ficou fulo, nunca lhe perdoou, e sei que depois ele apanhou uma porrada, mas não sei se tem alguma ligação. Espero que ninguém nos ouça!
Não sei mais o que é feito dele.
O Marques Lopes se foi para Barro, que pertencia ao Meu Batalhão, deve ter passado por São Domingos e talvez nos encontrássemos, gostaria de saber ao certo a data em que ele foi para Barro, eu nunca lá fui, em SD por estrada não se ia a lado nenhum.
Esta Tabanca é mesmo Grande, tanta coisa se aprende e se conhece agora e que desconhecia por completo.
As minhas fotos, narrativas e historias, comparadas com o que tenho lido, são mesmo ridículas, como este ultimo poste da Tabanca do Morteiros, que vou falar a seguir.
Um Ab,
Virgilio Teixeira
Sobre a TABANCA DO MORTEIROS:
Então o Morteiros como eu amigavelmente lhe chamava, chamava-se Feliciano? Nós só eramos conhecidos pelo apelido, ele era o Azevedo, e eu o Teixeira. Bons tempos que passamos, NL era relativamente grande comparado com aquilo a que chamei 'Campo de concentração de S. Domingos' uma terra pequenina que se fazia a pé sem problemas, meia dúzia de km2, sem lojas, sem brancos, apenas a serração. Mão andei de Jeep em SD, nem de bicicleta, nem de mota, era tudo feito a pé. Ia para a pista conduzir aqueles Mamutes das GMC para aprender a conduzir, era uma bestialidade, pois eram tão velhas e desgastadas, que nem os travões funcionavam, os condutores faziam isso com a caixa de velocidades e depois um peão e elas paravam...
O PM1191 que chegou a NL vejo agora em Abril 67, esteve nesse período sob o comando do BCAV 1915, que nós fomos render em Outubro de 67. Portanto foi sob o comando do BCAÇ 1933 que ele esteve até finais de Fevereiro de 68. Depois passou a estar com o BCAÇ 2835 que nos foi render a nós, não sei até quando!
Nunca mais o vi nem soube dele, se alguém souber do seu paradeiro ou alguma informação seria bem vinda.
Voltarei mais tarde para comentar aquela boa vida de Bissau e dos bons rapazes.
Um abraço,
Virgilio Teixeira
Afinal o Alf. Almodôver chegou à Guiné num jacto privado ou no T/T Niassa?
Um jacto privado em 1968 era coisa de um multimilionário. E excêntrico, digo eu,
que até dava para uma boa história 'No dia em que cheguei à guerra', como a do Raúl Sonado, mas, neste caso, de gente muito rica.
Ab.
Valdemar Queiroz
Virgílio, sou tramado para trocar nomes e apelidos... Desculpa lá... Não sei onde fui buscar o Feliciano... O teu (e nosso) camarada chama(va)-se Azevedo, pois claro... Esper que ele ainda esteja vivo, nos possa ler e mandar uma "morteirada" por esta "calinada"... A madrugada não é boa conselheira...
Aquele abraço, Luís
Virgílio:
O que será desse tenente médico Carlos Parreira Pinto Cortez ? Era miliciano, com toda a certeza...Terá seguido psiquiatria, como especialidade, mais tarde. Ou já seria psiquiatra ? Em geral os médicos eram um bom par de anos mais velhos do que nós, entre os 28 e os 30 e mais...
No blogue andamos sempre à caça dos "nossos médicos", mas não é fácil trazê-los até aqui... Temos, mesmo assim, quase 180 referências a "os nossos médicos"...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Os%20nossos%20m%C3%A9dicos
Mesmo assim temos muito mais referências aos médicos do que aos capelães (13) e aos enfermeiros (78), e enfermeiras paraquedistas (112)...
Piscólogos não havia e muito menos... assistentes sociais... Em contrpartida, não faltava o o "bioxene", como dizia o nosso camarada Valdemar Queirós...
Quanto às alcunhas... De facto, era mais fácil a gente lembrar-se do "Morteiros" do que do "Azevedo"... Muitos de nós tínhamos alcunhas, desde o tempo de tropa, algumas bem cruéis e estúpidas como o "Meia Foda", o "Meia Lecas", o "Colhão Grande"... Outras associados ao posto ou à especialidade: o "Escritas", o "Transmissões", o "Ferrugem"... Ou à terra de origem: o "Peniche", o "Campanhã", o "Mouraria", o "Almodôvar"...
Temos já 13 referências ao descritor "alcunhas"...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/alcunhas
Virgílio, ninguém vai ficar com ciúmes de nunca ter sido convidado pelo Azevedo, de Évora, para o seu restaurante de muitas estrelas... Acho que, mesmo no buraco mais desgraçado da Guiné, a malta procurava "ajeitar" um cantinho que permitisse comer um petisco, beber um copo, conviver e gritar que estava vivo... "Gozar as delícias do sistema" não era no mato, quando muito em Bissau, em Bubaque ou até em Bafatá... Era uma expressão que eu usava, com ironia, "gozar as delícias do sistema"... Por isso, a guerra não crou a figura do "desenfiado": à vez,lá dávamos uma "escapadela" até Bissau, para fugir da claustrofobia do arame farpado e do mato à volta...
Mas não se estava mal, não, senhor, na "Tabanca do Morteiros"... Será que ainda vive em Évora ? E era "filho de latifundiário" (A. Marques Lopes "dixit...) como o Almodôvar" ?... Espero que os dois estejam vivos e ainda possam bater-nos aqui à porta da "Tabanca Grande"...
Para o Valdemar Silva:
Boa pergunta?
Eu quando vi e li ontem a vinda do Almodôvar, no Niassa, fiquei perplexo e a minha cabeça anda à procura de uma explicação. Que não encontrei ainda, mas vou ler na História da Unidade, pois está lá tudo, ou quase!
Eu reconheci logo o Almodôvar, mas esqueci ontem de dizer, que ele quando apareceu em São Domingos, vinha careca, ou de castigo, ou rapou como eu fiz em NL por causa de uma praga de piolhos que não me passava.
Mas comecei a pensar e até comentei com a minha mulher - ela não gosta que eu ande sempre a falar nisto - como poderia ele chegar a SD de jacto se não havia pista pata isso, tínhamos apenas 1000 metros!
Eu não vi a chegada dele, só o conheci a primeira vez na Messe de Oficiais, talvez eu estava numa das minhas escapadelas por Bissau ou andava perdido no Sintex entre Susana e SD. Não sei. Agora que isso era falado não tenho duvidas, não inventei, até ontem fiquei sempre com essa ideia. Será que a malta que me contou não se terá confundido que ele teria chegado, não a SD, mas a Bissau num Boeing 727(A jacto ) mas não privado? No próximo almoço - dia 12 de Maio do meu Batalhão vou esclarecer isso e a do médico, Ten Cortez. Resumindo, e estou de acordo, não havia Ronaldos e outros afins nessa altura de 68. Acho que devo ter metido uma calinada sem tomar as devidas precauções, mas tenho na minha história isso tudo escrito, é quase uma verdade.
Para o Luís Graça:
O Tenente Carlos Parreira Pinto Cortez, foi o nosso médico desde sempre, o Lema Santos - que nunca mais soube do que se passou com ele - apenas esteve a substituir o Cortez nas férias que ele fez uma vez, pois ele sempre teve a mulher com ele, quer em NL quer em SD, e veio embora no UIGE comigo, como consta da lista de passageiros que tenho e um dia vou mandar para poste.
Como era casado, não alinhava muito com a malta, era sensivelmente mais velho do que eu, que já tinha entre 24 e 26 anos, aliás vê-se pelas fotos. Não sei se era do Quadro, mas presumo que foi daqueles repescados depois de cumprirem o SM normal, por isso devia ter mais uns 5 a 6 anos do que eu, por isso na vinda já teria uns 35.
Mas nunca mais soube dele, nunca se falou nas nossas reuniões anuais, vou saber disso. Eu consultava algumas vezes, ele é que me assinava as Guias para ir ao HM241 a Bissau, tenho cópias disso tudo, era para a Estomatologia, para Oftalmologia, para a Medicina e para a Psiquiatria, foi ele que me passou a Guia para ser internado na Psiquiatria, a razão principal, era uma cura de sono. Mas como falaste em psiquiatra, foi ele que começou a receitar-me muito cedo o VALIUM que ainda hoje me persegue, talvez por mera coincidência. Quanto às restantes mazelas e muitas e de várias origens - DST etc, eu tratava com o seu ajudante o Furriel Enfermeiro que depois se formou em médico, e já faleceu - dizem que passou o rio Caronte?
Quanto ao Almodôvar não sei mais nada além do que já disse, mas vou tentar saber, o que é difícil, uma vez que ele não pertencia ao nosso Batalhão.
Em relação ao Morteiros - o Azevedo - era aquilo que se chama um bom rapaz, e tinha de ser mesmo, para se dar bem comigo, só sendo bom rapaz. Aquilo era um escape naquele ambiente agreste, não tanto como SD, eu não falhava a uma boa petiscada. Não sei as suas origens, naturalmente não falávamos disso, mas tinha aspecto de bom vivant,lá isso tinha. Também não sei dele, mas gostaria de ouvir também umas morteiradas mandadas por ele via email...
Quanto a alcunhas não faltavam. O tenente bigodes, o papaias (O coronel Renato Xavier), o ferrugem (o alferes Carvalheira das viaturas), o Transmissões ( Alferes Mesquita), O Minas e armadilhas ( O Alferes Machadão - tinha aí 2 metros e pesava mais de 100 kg, era do Porto e morreu cedo), o Ermesinde ( o condutor Arlindo, ainda hoje vai a todas ) o piça grande (O alferes Figueiredo e o furriel Rocha), e tantas outras, o Pinto Rebolo e Bola - o Furriel Pinto com 100 kg de peso, etc. Não sei qual era a minha, eles devem saber, mas era 'O gajo porreiro' que alinhava com a malta de hierarquia mais baixa, e que lhes dava muito apoio e cobertura em tudo. Pelo menos é o que eu penso.
Em relação aos bons rapazes de Bissau - A Marques Lopes, vou fazer a minha replica a tudo isso, pois parece que andamos juntos. Mas não, eu já estava aqui.
Continuo, antes que acabe com os caracteres máximos.
Um abraço,
Virgilio Teixeira
E acabou mesmo, tive se cortar uma parte e passar para outro comentário.
Esta malta que se der ao trabalho de ler o que escrevo, deve dizer com toda a certeza: 'Porra que este gajo nunca acaba de escrever....'
Mais outro Ab,
Virgilio Teixeira
Caro Virgílio Teixeira essa do Alf. Almodôvar deixou-me perplexo. Afinal nem se quer
havia pista para jactos em S. Domingos. Lembrei-me disso mas não quis forçar a 'imagem'.
Lembro-me que na '5ª. REP', o Café Bento em Bissau, quando por lá passei, em Julho de 1967, ouvir um comentário de um tropa que tinha visto/presenciado a morte de um camarada com um tiro no meio da testa feito, numa emboscada, pelo Nino Vieira que tinha estado no CSM em Tavira e era um exímio atirador com uma arma de mira telescópica.
Um abraço e á espera de mais fotos de Nova Lmaego.
Valdemar Queiroz
Rectifico foi em Julho de 1969
Valdemar Queiroz
Carissimo Valdemar.
Obrigado pela chamada de atenção sobre o Almodôvar. Quando li o primeiro comentário, lembrei-me logo que não tínhamos pista para jactos, nem em NL nem em SD. Já dei as explicações, há qualquer coisa que me escapa, vou tentar saber junto da malta do meu batalhão. Contudo quero desde já falar, porque me lembrei ontem, que o Almodôvar, viesse ele de que meio fosse, ele era Atirador, logo ele não fez parte da Historia do meu Batalhão. Eu andei a ler tudo e não encontrei a chegada dele como 'Aumentos' de pessoal. Então era simples a resposta, ele foi acoitar-se na CART1744, que era a operacional em SD, do Cap Serrão, Alf Gatinho, Sargento Clemente, e outros. Logo não aparece nos livros. Como já foi dito ele 'pirou-se' para o QG, porque era filho de latifundiário do Alentejo. E por isso nunca mais o vi desde então. Eles comiam na sua messe própria, e só aparecia à noite para a jogatina com os outros oficiais do meu batalhão.
Agora vou pedir a todos que, não deixem de comentar sobre aquilo que eu escrevo, porque não sou dono da verdade, e já lá vão 50 anos, muita coisa me escapa. Gostava mesmo que 'criticassem' sem problemas os meus comentários, não sou, nem nunca fui ' um miúdo mimado' e não levo a mal, desde que não me agridam.
Em relação às fotos de Nova Lamego, terás de falar com o nosso patrão o Luís Graça, ele tem lá um relatório de NL, com histórias e mais de 80 fotos, falta é publicar, acho que são demais, mas ele pode por algumas aos poucos.
Para o Luís:
Sobre o Ten Médico Carlos Parreira Pinto Cortez, ele foi no Timor com o BC1933, e regressou no Uige comigo, em 4AGO69, já com a patente de Capitão. Vi isto no Menu de bordo, que gostaria de o publicar.
O NIM do médico Tem Cortez, acaba em 55, logo e como todos sabem, foi à inspecção em 54, e nasceu 20 anos antes, isto é em 34, eu nasci em 43, logo ele era mais velho do que eu 9 anos, mais ou menos o que eu previa, terá então, se for vivo hoje, 84 anos. Oxalá nos estivesse a ler.
A esposa, D. Maria Eduarda Silva Pinto Cortez, que só agora vi o nome dela no livro de bordo, nunca soube o nome dela, falávamos muito pouco, ela era uma senhora de garra, lembro-me de logo em Outubro de 67, acompanhou o Comandante Saraiva, numa coluna no sector L3 até Pirada, colada à fronteira de Conacri, de camuflado vestida, não sei se levava uma G3...
Um AB,
Virgilio Teixeira
Bom dia, sou a Alexandra Azevedo, filha do Alferes Armando Azevedo.O meu Pai faleceu em 10 de Agosto de 2017 subitamente. Teria adorado ver este bloque, muitas vezes andou á procura de amigos e companheiros da Guiné e a tentar saber mais coisas na internet. Adorava contar histórias vividas nessa altura, tem um álbum enorme de fotografias da guiné e várias cartas que lhe enviaram. Chegou a ir a alguns almoços, mas teve sempre pena de não encontrar muitos amigos e companheiros. O meu Pai era uma pessoa muito especial, amigo do seu amigo e sempre bem disposto e fazia óptimos petiscos! Gostava muito de saber mais historias dele!
Obrigada
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