Foto nº 9/10
Foto nº 9A/10
Foto nº 9 B/10
Foto nº 9 C/10
Foto nº 9 D/10
Foto nº 9 E/10
Foto nº 9 F/10
Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 52 > c. julho de 1974 > São 10 fotos para a história, são documentos históricos, estes... As NT "deixam-se fotografar" com uma delegação do PAIGC, que vem (sempre) armada, em "visita de paz" ao destacamento e tabanca de Missirá, na sequência do processo de cessar-fogo e negociação da paz...
Na foto nº 9/10, do Pel Caç Nat 52 só parecem estar 3 militares metropolitanos: o alf mil at inf Luís Mourato Oliveira e dois cabos... Em duas outras, aparece um furriel miliciano, cujo nome desconhecemos e que era de elevada estatura. Deve ter sido ele que tirou as fotos nº 9/10 e 8/10.
Foto nº 8/10
Foto nº 8A /10
Foto nº 8 B / 10
Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 52 > c. julho de 1974 > Da direita para a esquerda, (i) o Luís Mourato Oliveira, comandante do Pel Caç Nat 52; (ii) o comandante do PAIGC (ou, mais provavelmente, comissário político: aparece noutra foto a falar à população local e aos militares do destacamento; traz pistola à cintura e usa botas); e (iii) o porta-estandarte do PAIGC (que usa sapatilhas, vem desarmado e que aparenta um ar jovem e tímido, nunca olhando para o fotógrafo). O momento é de alguma formalidade, o que não impede o comandante português de pôr a mão no ombro do guerrilheiro do PAIGC, num gesto amistoso. Este, por sua, tem uma pose cerimonial, com a mão direita no cano da arma, com a bandoleira no ombro, e a mão esquerda na ilharga, junto ao coldre da pistola. Enfim, detalhes... (LG)
Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)
Lisboeta, tem raízes na Lourinhã (Marteleira e Miragaia), pelo lado materno. Durante a sua comissão no CTIG foi sempre um apaixonado pela fotografia... Fotografou quase tudo... e neste caso algumas das últimas cenas da presença portuguesa no TO da Guiné.
1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)
Lisboeta, tem raízes na Lourinhã (Marteleira e Miragaia), pelo lado materno. Durante a sua comissão no CTIG foi sempre um apaixonado pela fotografia... Fotografou quase tudo... e neste caso algumas das últimas cenas da presença portuguesa no TO da Guiné.
São 10 fotos ("slides" digitalizados) da visita, a Missirá, de um grupo do PAIGC, menos que um bigrupo. Missirá era o destacamento mais a norte, no regulado do Cuor, do setor L1 (Bambadinca). Provavelmente estes homens do PAIGC pertenciam à base de Sara-Sarauol, no Morés, a noroeste de Madina / Belel (aonde fui, com o Beja Santos, na sequência da Op Tigre Vadio, iniciada em 30 março de e terminada em 1 de abril 1970).
As fotos vieram, sem legendas, mas "falam por si". Em conversa, ao telefone, com o Luís Mourato Oliveira, fiquei a saber o seguinte:
(i) as fotos foram tiradas em Missirá, destacamento de que ele foi o último comandante [para a história, registe-se que o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52, tendo estado também em Missirá, foi o alf mil Henriques Matos (Bolama e Enxalé, 1966/68), nosso grã-tabanqueiro da primeira hora];
(ii) foi na altura do cessar-fogo e das primeiras visitas do PAIGC aos aquartelamentos e destacamentos das NT, mais provavelmente em julho de 1974;
(iii) em agosto, o Pel Caç Nat 52, tal como todas as outras subunidades baseadas em em militares do recrutamento local (tal como a CCAÇ 12, por exemplo) foram dissolvidas;
(iv) o Luís Mourato Oliveira não fez formalmente a entrega do destacamento de Missirá: foi pessoalmente, de viatura, com um 1º cabo condutor auto, até à base mais próxima do PAIGC, a norte (talvez Madina /Belel ou Sara-Sarauol...) assistir à cerimónia (simbólica) da "transferência de soberania" com o hastear da bandeira da nova república;
(v) os tipos do PAIGC ficaram "chateados" de ele não vir acompanhado do pessoal do seu Pel Caç Nat 52 (que entretanto já tinha sido dissolvido).
Recorde-se com a Lei 7/74 de 26 de Julho, Portugal encetava formalmente o processo de descolonização (**) e a 26 de Agosto, após mais uma longa ronda negocial, Portugal e o PAIGC chegavam finalmente a um acordo de paz em Argel, na presença do presidente argelino Houari Boumedienne: o Estado português comprometia-se a retirar as suas tropas do novo território até, no máximo, a 31 de outubro desse ano, reconhecia a independência da República da Guiné-Bissau (a partir de 10 de setembro de 1974) e confirmava o direito à independência de Cabo Verde, em termos a definir em negociações à parte (mas que ficava marcada para 12 de julho de 1975)..
Antes disso, e logo na sequência do 25 de Abril de 1974, o PAIGC reuniu primeiro em Dacar (16 de maio) e depois em Londres (25 de maio) com as novas autoridades portuguesas, representadas por Mário Soares (Ministro dos Negócios Estrangeiros) e o ten-cor Almeida Bruno, delegado de Spínola. As conversações, com o Aristides Pereira, e sob mediação senegalesa, não foram conclusivas, permitiram no entanto chegar a um acordo de cessar-fogo (não "de jure" mas "de facto"), em 16 de maio. As negociações iriam prosseguir, mas agora em Argel.
2. Voltando à fotos nº 9/10 e 8/10:As fotos vieram, sem legendas, mas "falam por si". Em conversa, ao telefone, com o Luís Mourato Oliveira, fiquei a saber o seguinte:
(i) as fotos foram tiradas em Missirá, destacamento de que ele foi o último comandante [para a história, registe-se que o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52, tendo estado também em Missirá, foi o alf mil Henriques Matos (Bolama e Enxalé, 1966/68), nosso grã-tabanqueiro da primeira hora];
(ii) foi na altura do cessar-fogo e das primeiras visitas do PAIGC aos aquartelamentos e destacamentos das NT, mais provavelmente em julho de 1974;
(iii) em agosto, o Pel Caç Nat 52, tal como todas as outras subunidades baseadas em em militares do recrutamento local (tal como a CCAÇ 12, por exemplo) foram dissolvidas;
(iv) o Luís Mourato Oliveira não fez formalmente a entrega do destacamento de Missirá: foi pessoalmente, de viatura, com um 1º cabo condutor auto, até à base mais próxima do PAIGC, a norte (talvez Madina /Belel ou Sara-Sarauol...) assistir à cerimónia (simbólica) da "transferência de soberania" com o hastear da bandeira da nova república;
(v) os tipos do PAIGC ficaram "chateados" de ele não vir acompanhado do pessoal do seu Pel Caç Nat 52 (que entretanto já tinha sido dissolvido).
Recorde-se com a Lei 7/74 de 26 de Julho, Portugal encetava formalmente o processo de descolonização (**) e a 26 de Agosto, após mais uma longa ronda negocial, Portugal e o PAIGC chegavam finalmente a um acordo de paz em Argel, na presença do presidente argelino Houari Boumedienne: o Estado português comprometia-se a retirar as suas tropas do novo território até, no máximo, a 31 de outubro desse ano, reconhecia a independência da República da Guiné-Bissau (a partir de 10 de setembro de 1974) e confirmava o direito à independência de Cabo Verde, em termos a definir em negociações à parte (mas que ficava marcada para 12 de julho de 1975)..
Antes disso, e logo na sequência do 25 de Abril de 1974, o PAIGC reuniu primeiro em Dacar (16 de maio) e depois em Londres (25 de maio) com as novas autoridades portuguesas, representadas por Mário Soares (Ministro dos Negócios Estrangeiros) e o ten-cor Almeida Bruno, delegado de Spínola. As conversações, com o Aristides Pereira, e sob mediação senegalesa, não foram conclusivas, permitiram no entanto chegar a um acordo de cessar-fogo (não "de jure" mas "de facto"), em 16 de maio. As negociações iriam prosseguir, mas agora em Argel.
O homem de branco deve ser o imã local, o "padre" lá da terra, Mané, como lhe chamava o Beja Santos (que comandou o Pel Caç Nat 52, entre 1968 e 1970)...
Parece haver ainda um alferes de 2ª linha (foto nº 9F /10), talvez o comandante de milícia de Finete, na segunda fila, de pé, na ponta direita (foto nº 9/10)...
Os soldados guineenses do Pel Caç Nat 52, maioritariamente fulas, não se terão querido misturar... com este "grupo do PAIGC", cujo chefe, vestido de cáqui castanho, deve ser o que está à esquerda do nosso camarada Luís Mourato. Inclino-me mais para a hipótese de ser o comissário político (foto nº 8/10).
À esquerda do tipo do PAIGC há um militar, de camuflado, guineense, que deve ser do Pel Caç Nat 52 (Foto nº 9 D/10). E há um outro, em mangas de camisa, na primeira fila, na ponta direita (Foto nº 9 C/10). Além do "padre Mané" (o imã da mesquita de Missirá), há civis que tanto podem ser da tabanca de Missirá como "acompanhantes" do grupo do PAIGC, talvez "simpatizantes" ou "militantes". Ou simplesmente soldados do Pel Caç Nat 52, naquele dia de folga... Ou eventualmente até algum jornalista: por exemplo, quem será o tipo, de T-shirt azul, à direita do cmdt do Pel Caç Nat 52 ? (Foto nº 9 C / 10). (***)
(Continua)
_________________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 12 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18407: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (26): Os "animais, nossos amigos"...
(**) Portugal, Lei n.º 7/74 de 27 de Julho
Tendo o Movimento das Forças Armadas, através da Junta de Salvação Nacional e dos seus representantes no Conselho de Estado, considerado conveniente esclarecer o alcance do n.º 8 do capítulo B do Programa do Movimento das Forças Armadas Portuguesas, cujo texto faz parte integrante da Lei n.º 3/74, de 14 de Maio;
Visto o disposto no n.º 1, 1.º, do artigo 13.º da Lei n.º 3/74, de 14 de Maio, o Conselho de Estado decreta e eu promulgo, para valer como lei constitucional, o seguinte:
ARTIGO 1.º
O princípio de que a solução das guerras no ultramar é política e não militar, consagrado no n.º 8, alínea a), do capítulo B do Programa do Movimento das Forças Armadas, implica, de acordo com a Carta das Nações Unidas, o reconhecimento por Portugal do direito dos povos à autodeterminação.
ARTIGO 2.º
O reconhecimento do direito à autodeterminação, com todas as suas consequências, inclui a aceitação da independência dos territórios ultramarinos e a derrogação da parte correspondente do artigo 1.º da Constituição Política de 1933.
ARTIGO 3.º
Compete ao Presidente da República, ouvidos a Junta de Salvação Nacional, o Conselho de Estado e o Governo Provisório, concluir os acordos relativos ao exercício do direito reconhecido nos artigos antecedentes.
Visto e aprovado em Conselho de Estado. Promulgado em 26 de Julho de 1974. Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO DE SPÍNOLA.
(***) Vd. postes anteriores com fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, respeitantaes ao setor L1, tiradas em lugares como Bambadinca, Mato Cão, Fá Mandinga e Missirá:
9 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17227: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (14); Uma horta em Missirá, no regulado do Cuor
11 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17126: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (13): Visita de cortesia a Fá Mandinga, onde ainda pairava o fantasma do famoso "alfero Cabral"...
22 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17073: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (12): Bambadinca (a "cova do lagarto", em mandinga) e algumas das suas gentes
21 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17068: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (11): Bambadinca, o porto fluvial, onde atracavam os heróicos e lendários "barcos turras"
23 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16981: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (10): 28 de outubro de 1973, dia de festa ecuménica, a festa do fim do Ramadão (Eid-ul-Fitr) no... Mato Cão
14 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16954: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (9): cenas do quotidiano do destacamento de Mato Cão
9 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16936: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (8): o comandante do destacamento de Mato Cão "travestido" de... mandinga
23 de dezenmbro de 2016 > Guiné 63/74 - P16873: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (7): o destacamento de Mato Cão - Parte III: a construção da tabanca
12 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16828: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (6): o destacamento de Mato Cão - Parte II
7 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16808: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (5): o destacamento de Mato Cão - Parte I
4 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16797: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-al mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (4): A nosso Natal de 1973, onde não faltou nada, a não ser o cartão de boas festas dos nossos vizinhos de Madina / Belel
26 comentários:
Amigos e camaradas que passaram por Missirá e/ou estiveram no Pel Caç Nat 52, entre 1966 a 1974:
Estas fotos devem-vos dizer alguma coisa... Gostaria que vocês as pudessem comentar... São do último comandante do Pel Caç Nat 52... Ainda tenho mais 8 para publicar... Missirá continua no nosso imaginário, na nossa memória, por muitas, boas e más razões...
Com um xicoração... Gostaria de voltar a abraçá-los no próximo dia 5 de maio, por ocasião do nosso XIII Encontro Nacional, em Monte Real, pois claro...
Mantenhas. Luís Graça
Estas cenas repetiram-se por toda a Guiné, no pós-25 de abril... Não foram as NT que foram ao encontro do PAIGC, nas suas "barracas" (bases), foi o PAIGC que veio ao encontro das NT, nos nossos aquartelamentos e destacamentos... E vinham sempre armados...
Assim se fez a guerra e a paz...
Caro amigo Luis Graça,
O Guerrilheiro ao lado do Alferes Luis Mourato é mesmo o Comandante do grupo ou, o mais verossimil, tendo em conta o momento incerto em que se vivia, o seu representante (Adjunto). Os Comissarios Politicos, normalmente, eram civis e as suas funcoes, bem como o seu "modus operandi" eram muito parecidas com as da Pide DGS, trabalhando mais na sombra. Na logica do partido, os militares estavam subordinadas ao poder politico e os Comissarios eram os seus representantes junto das populaçoes e das estruturas militares.
Um abraço;
Cherno AB
PS:
Este principio de subordinacao dos militares ao poder politico, quer dizer, do partido e sua cupula, era uma forma de controlar as forcas militares, que viria a ser posto em causa com o golpe de 14 de Novembro de 1980.
Cherno AB
Pelas fotos que temos, a "delegação" que veio a Missirá não era um brigrupo (c. 30/40 homens), era menos (menos, nem sequer um grupo).... É possível que se tenham repartido e visitado, no mesmo dia, outros destacamentos, nos regulados do Enxalé e do Cuor, a norte do rio Geba...Enxalé, Mato Cão, Finete, Missirá, Fá Mandinga...
A ideia que eu tenho é que cada bigrupo tinha um comissário político, distinto do comandante do bigrupo e dos chefes de grupo...No processo de cessar-fogo e nos primeiros contactos entre o PAIGC e as NT, os comissários políticos tiveram protagonismo...
Obrigado, Cherno, pelas tuas achegas...É uma boa ocasião para conhecermos melhor esta figura, o comissário político, da estrutura político-militar do PAIGC....
Vd. poste de 1 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3262: No 25 de Abril eu estava em... (3): Gadamael e depois Cufar (José Gonçalves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4152)
(...) Maio de 1974: Apresenta-se o senhor comissário político
(...) "Era em principio de Maio de 1974 pouco depois do 25 de Abril . Estava na messe de oficiais a beber o meu whisky quando o barman me diz que estava um preto a querer falar com o comandante. Eu fui ver o que era e deparo com um indivíduo, desconhecido, bem vestido e com muita cortesia me pediu para falar com o comandante. Perguntei-lhe quem era e o que queria do comandante. Para minha surpresa disse-me que era o comissário político do PAIGC para a zona de Gadamael e que queria falar com o comandante sobre o 25 de Abril. Fiquei de boca aberta, como é de calcular, e mandei-o entrar e pedi para chamarem o comandante." (...)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2008/10/guin-6374-p3262-no-25-de-abril-eu.html
Revejo o que escrevi, há uns anos atrás, sobre a "minha" CCAÇ 12 e o dispostivo IN no setor L1:
20 DE MARÇO DE 2012
Guiné 63/74 - P9630: A minha CCAÇ 12 (23): Julho de 1970: "pessoal não ataca população, guerra é com tropa", diz o comissário político... (Luís Graça)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/03/guine-6374-p9630-minha-ccac-12-23-julho.html
(...) Vejo, por outro lado, que o PAIGC, em meados de 1970, já tinha também adoptado a política de sedução do Spínola: afinal, a guerra, no setor L1, era só com a tropa (leia-se: os tugas e os seus aliados, fulas), não com a polução civil, fula ou de outra etnia, muito menos com os negociantes de gado, mesmo que o gado sirva para alimentar as bocas esfomeadas da tropa colonialista...
Era para isso que serviam os comissários políticos do PAIGC, subordinando o poder militar ao poder político... A frase só pode ser de um comissário político: "pessoal não ataca população, guerra é só com tropa"... E esse comissário político poderia ser, na época, um tal Pedro Landim...
Recorde-se o que já se disse, noutro poste, sobre o dispositivo IN na região (apenas no que diz repeito aos subsetores do Xime e do Xitole, excluindo portanto, a região a norte do Rio Geba):
(...) "Nas zonas que o IN efectivamente controla no Setor L1, implantou uma organização e hierarquias paralelas Administrativa e Militar cuja estrutura em pormenor é ainda mal conhecida.
Na primeira, definida pelo Rio Coruibal, entre a foz do Rio Buruntoni e Rio Pulon, por uma linha imaginária que une a foz deste último à nascente do Rio Buruntoni e por este rio até à sua foz, está referenciada a existência do Comissário Político Pedro Landimn que com as FARL controla toda a população civil, sendo Jorge João Bico aparentemente o Comandante Militar da mesma Zona, esta está, dentro da organização IN, incluída na Frente Bafatá-Xitole, Setor 02, e dispõe dos seguintes efectivos: (i) um Grupo, Comandado por Mamadu Turé na área de Tubacutá; (ii) um Grupo, comandado por Incude na área de Gã Júlio; (iii) um Grupo, comandado por Mário Mendes, na área de Satecuta...
"Estes quatros Grupos permutam entre sí com frequência as áreas em que actuam. Dispõe o IN ainda na zona, em permanência, de um Grupo Especial de Bazucas comandado por Vitorino Coluna Costa, normalmente estacionado na área de Gã João e de um Grupo de Sapadores comandado por Mário Nancassa.
"Frequentemente o IN balanceia os meios da Frente Bafatá-Xitole com os da Frente do Quínara pelo que na situação de esforço sobre a Frente Bafatá-Xitole (incluí toda a zona do Sector L-1 a sul do Rio Geba) os efectivos indicados podem ser substancialmente reforçados". (...)
Recorde-s eum comentário, sempre precioso, do Cherno Baldé de há 6 anos atrás, reproduzido no poste P9630, acima citado:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/03/guine-6374-p9630-minha-ccac-12-23-julho.html
Caro Luis,
E verdade que o PAIGC nao atacava a populacao civil como diz o Comissario, mas em 1963/64 quando fomos obrigados a abandonar as nossas aldeias em toda a extensao do corredor norte/nordeste, que a seguir foram incendiadas, duvido que houvesse ai tropa para atacar.
Na altura, houve mesmo pessoas que foram mortas a paulada no caminho da fuga, talvez para economizar as municoes que seriam escassas.
Da mesma forma que, também, durante as ditas "negociacoes" mentiram descaradamente ao afirmarem nao ter intencoes de fazer mal aos ex-militares que serviram os portugueses durante a guerra.
Por razoes diversas, muito boa gente acreditou e os que nao acreditaram foram obrigados a calar-se e conformar-se quando nao eram mesmo eliminados. O caso de Guidage é um exemplo que merece ser esclarecido a fim de dissipar suspeitas de crime organizado.
Cherno Baldé
21 de março de 2012 às 13:22
Agradeço do coração ao Luís Mourato ter-me proporcionado estes momentos de aprazimento pela chegada da paz ao Cuor, deixei lá vínculos inquebrantáveis, a caminho dos 73 anos dou voltas à imaginação e quero ganhar coragem para lá regressar. Como é óbvio, reconheço o Quebá Soncó, de sabadora alva, de cofió, de pose altiva, era nosso guia, um dos irmãos do régulo, partilhávamos dores comuns, numa flagelação em junho de 1969 uma das suas mulheres, a Nhamõ, devido a uma roquetada que despedaçou o teto da morança, perdeu um braço, foi uma noite horrível, o maqueiro Adão fez os possíveis e impossíveis para a garrotar bem, foi bem-sucedido, visitei anos depois, em 1991, a Nhamõ vivia no bairro Benfica em Bissau, um encontro memorável. Há, aliás, aí no blogue uma fotografia minha de braço dado com ela, a pobre nem imaginava que nesse dia ia de Unimog até ao Enxalé, acabou por cumprimentar amigos e familiares Mandingas. Aproveitei a fotografia para o meu livro "Adeus, até ao meu regresso". Mais uma vez muito obrigado por tudo, eram momentos que prenunciavam uma reconciliação que não veio, o Quebá acabou muito maltratado por ter servido os portugueses. Um abraço do Mário
VAMOS HOMENAGEAR OS 100 ANOS DA BATALHA DE LA LYS.
JÁ VI A CERIMONIA NA TV, E FIQUEI EMOCIONADO. ESPERO QUE TAMBÉM FAÇAM UMA CERIMÓNIA DOS 100 ANOS DA LUTA ARMADA, E EM HOMENAGEM AOS PRIMEIROS SOLDADOS MORTOS NESTA GUERRA POR AQUELES A QUEM CHAMAVAMOS 'TERRORISTAS' E NÃO GUERRILHEIROS E DEPOIS ASSASSINOS DO SEU PRÓPRIO POVO. E OS NOSSOS 'MILITARES' COM AS MÃOS PELAS COSTAS DOS NOVOS AMIGOS!!! VALHA-ME DEUS, PARA MIM NÃO SERVE, E COM AR DE IMPORTANTES PENSANDO QUE GANHARAM A GUERRA, QUANDO AFINAL QUEM A GANHOU FOI 0 25 DE ABRIL.
VOU ESQUECER QUE VI E LI ISTO.
COISAS QUE TAMBÉM ME EMOCIONAM NESTAS FOTOS, MAS EM SENTIDO NEGATIVO.
COMO SE DIZ NO FACEBOOK - QUE NÃO TENHO - A MINHA RESPOSTA É 'NÃO GOSTO'.
COM A DEVIDA VÉNIA E RESPEITO PELOS AUTORES DAS FOTOS, POR QUEM AS PUBLICA, POR QUEM NOS TRAS À LEMBRANÇA ACONTECIMENTOS TÃO TRISTES E DESONROSOS PARA AS NT.
LOUVEMOS PELO MENOS HOJE, OS BRAVOS DE 9 DE ABRIL DE 1918, EM FRANÇA.
DESCULPEM-ME MAS NÃO ALINHO NISTO, E POR ISSO POSSO SER POLITICAMENTE INCORRECTO, O QUE NÃO ME INCOMODA.
VIRGILIO TEIXEIRA
José António Viegas
9 abril 2018 15:14
Luís:
Não consigo reconhecer Missirá, passei com o meu Pel Caç Nat 54 o ataque de Dezembro 1966.
Abraço, JAViegas
Virgílio, respeito inteiramente a tua opinião, os teus sentimentos... Conheci Missirá, em 1969/71, fui lá várias vezes, tal como ao Mato Cão, etc...
Já não estava, no 25 de abril de 1974, na Guiné, mas pergunto-me: como reagiria na nova situação criada (cessar-fogo, negociações de paz, fim da guerra, retração do dispositivo, extinção das subunidades africanas, transferência de soberania, futuro incerto dos meus camaradas guineenses, regresso a casa...).
Honestamente, não sei responder: em história não há "ses"... Também por isso não faço qualquer reparo (moral, disciplinar, militar, humano...) aos nossos camaradas que lá estiveram, de 25 de abril de 1974 a 10 de outubro de 1974...
Não sou juiz da História... E essa é uma das regras básicas do nosso blogue: não fazemos juízos de valor sobre o comportamento dos nossos camaradas, membros da Tabanca Grande, durante a sua comissão de serviço na Guiné...
Tal como os bravos de La Lys, foam também bravos os nossos camaradas que lutaram (e c. 3 mil morreram) no TO da Guiné, de 1961 a 1974...
Pelos rostos fechados dos elementos do PAIGC, nota-se uma tensão que não se poderia agoirar qualquer tipo de boas intenções.
Cheguei a ver esses rostos fechados e esquivos em Angola, quando no fim do ano apareceram alguns militares da UNITA, da FNLA e MPLA, nas cidades.
Eles sabiam que a "luta continua"... e continuará , digo eu.
Na Guiné não foi tão mau, foram uns assassinatos sem guerra, em Angola foi a doer durante vários anos de guerra.
Fala quem sabe: "...rostos fechados e esquivos", nem mais.
Eles sabiam o que se tramava, efectivamente " eles sabiam que a luta continua..." Foi tal e qual. Talvez tenha sido melhor assim, podia ser pior. Concordo.
Um proverbio fula diz: Quem sabe, fala como um profeta.
Um abraco,
Cherno AB
Era para escrever umas linhas sobre as abominações daqueles "acontecimentos tristes e desonrosos para as NT", mas não vale a pena. Continuará a haver sempre quem faça julgamentos de situações ignorando as circunstâncias em que ocorreram, e esquecendo que naquela época ninguém imaginava os crimes e as pulhices que viriam a seguir. Além de que, o espírito da maioria de nós que lá esteve em 1973-74, não era o mesmo dos que estiveram em 1967-69 e antes disso. E os crimes e pulhices ocorridas antes do 25 de Abril, foram-no de parte a parte. Agora é fácil fazer estes julgamentos.
E também não concordo nada com a concordância do Cherno AB: aqueles "rostos fechados e esquivos" foram os que eu vi sempre nos contactos com eles logo a seguir ao 25 de Abril por todo o lado em que os encontrei. Mas não foram estes - soldados, cmdts de grupo, comissários políticos, etc. - que cometeram os crimes e as pulhices que viriam a seguir. E sobre isso saberiam tanto como eu...
António Murta.
A riqueza do nosso blogue e desta vasta comunidade de combatentes, que vão da 1ª à última hora, de 1961 a 1974, está na diversidade, no pluralismo, na extensão e profundidade das vivências e experiências de cada um no TO da Guiné...
Ao fim destes anos todos, aprendemos a ler e a ver (e a ouvir) histórias que são fragmentos de um "puzzle"... Já há muito que arrumámos as botas, o camuflado e a G3...Agora andamos a reconstruir as nossas memórias, fragmentadas... O nosso blogue é um caleidoscópio, não é um monóculo... O mundo e a história são a cores, miríades de cores e detalhes, pelo que ver, de só ângulo e a preto e branco, é perder o mais importante da vida...
Eu estou grato aos camaradas que "fecharam a guerra", como o Luís Mourato Oliveira e o António Murta, por nos abrirem os seus seus álbuns e os seus livros de memórias... No blogue não há pensamento único, visão única, cada um faz as leituras que entender dos materiais (fotos, textos, vídeos...) que aqui se publicam...
Partilhar não é impor nada a ninguém... E ainda bem que há muitas "grelhas de leitura" entre os nossos leitores...
Caro amigo A. Murta,
Se, como dizes "não foram estes - soldados, cmdts de grupo, comissários políticos, etc. - que cometeram os crimes e as pulhices que viriam a seguir. E sobre isso saberiam tanto como eu...", entao gostaria de saber quem os cometeu e porqué?
Posso concordar com o facto de que nao foram todos eles, mas nao ha duvidas que foram actos premeditados e bem planeados com ordens vindas dos seus superiors e com as quais tacitamente todos concordavam, dentro do partido. Se estou errado que o A. Murta me corrija.
Com um abraco amigo,
Cherno AB
Cherno Baldé e António Murta:
A comunicação não-verbal entre os seres humanos é das coisas mais apaixonantes de se estudar... E também das mais difíceis... E das mais descuradas nos nossos contactos, aproximações, negociações, reuniões... Muitas vezes negamos com a gestualidade corporal aquilo que estamos a afirmar com palavras...
Eu penso que ninguém, nesta altura, no pós-25 de abril de 1974, tanto do lado das NT como do PAIGC, estava preparado para lidar (bem) com esta situação de cessar-fogo e aproximação dos dois antagonistas... Ontem era inimigos, hoje reencontram-se para explorar os caminhos da paz... Calro que cumprem ordens, que vêm de cima, da cúpula político-militar...
Alguns comandantes do PAIGC, como o Bobo Keita, antiga glória do futebol, não queriam que os seus homens "confraternizassem" com os "tugas", porque depois de um homem olhar para outro homem "olhos nos olhos" dificilmente voltará a ter coragem de o matar...
Ora isto é sabedoria africana!...
O Luís Oliveira podem dar-nos, se assim o entender, mais informação sobre o que se passou em Missirá, o contexto, o processo, as interações, as trocas de "galhardetes"... Mas, pelas fotos que tenho, verifico que houve trocas de boinas e barretes, oferta de bebidas, "fotos para mais tarde recordar"... Isso é "normal" em toda a parte do mundo, em situações de cessar-fogo e de fim de guerra...
Cherno, se eu for rever as nossas fotos de grupo com os nossos camaradas guineenses, dificilmente encontro gente a sorrir...Uma coisa são fotos de grupo, em contexto militar ou de guerra, outras são fotos de lazer... De qualquer modo, era mais fácil arrancar um sorriso às crinças e às bajudas do que aos homens e às mulheres grandes...
Mantenhas, Luís Graça
Caro camarada A. Murta:
Estou pronto para ler o que entenderes escrever sobre os meus comentários, e não retiro uma linha, é o meu pensamento e nele só manda o meu cérebro que eu não controlo.
Eu não quero ofender ninguém, sei bem como foi a 'entrega' daqueles lugares sagrados por onde andamos, e não gosto, nada mesmo, daquele abraço de um nosso oficial ao nosso INIMIGO, que ainda era. Mas não admira, pois já se pode ver o cenário de anarquia pura, com as barbas e cabelos ao vento, fruto da balda que se passava também aqui nos meses do Verão quente de 74 e outros.
Eu sei porque tinha lá o meu pai, oficial de carreira, saiu no último voo de Bissau para Portugal, e como já disse em particular, digo aqui também. Esses chamados agora de 'guerrilheiros' cuspiram na cara do meu pai, ele nunca lhes perdoou, e parece que por ironia do destino, eles andaram a matar-se uns aos outros durante todos estes anos. Pena é que tenham assassinado os nossos militares, as milícias e comandos africanos. É a guerra e as vinganças, eu sei, mas isso fica cá no nosso 'disco duro' e não sai!
Pela minha parte acabou este pequeno desentendimento, fruto da pluralidade de ideias como diz o nosso Luís Graça e muito bem.
Um Ab,
Virgilio Teixeira
Virgílio, "desabafar" faz bem, e em grupo ainda melhor... Nós há 14 anos que fazemos "blogoterapia"... Não vamos nem pretendemos "reparar" os erros da História...
Todos nós, portugueses e guineenses, sabendo o que sabemos hoje, gostaríamos todos que tivesse sido escrita de outra maneira... Acho que posso escrever "todos"... Infelizmente, não foi a História que gostaríamos de ter escrito e de ler hoje...
Mas deixemos o Luís Mourato Oliveira explicar o texto e o contexto... Uma imagem não vale por mil palavras... Quase sempre é preciso escrever mil palavras para se poder "ler" uma imagem... Por favor, camaradas, não façam juizos apressados, o mesmo é dizer, "sumários"... LG
O raciocínio de Cherno Baldé é o mesmo de uma enorme maioria silenciosa dos anos 70 e 80, no tempo de Luís Cabral e depois Nino Vieira.
Só que o que possa restar dessa maioria, ou já morreu, ou não teve oportunidade de estudar como bolseiro, para ter acesso e cabeça para usar um computador.
Caso contrário, seriam imensos guineenses a entrar nesta tertúlia.
Mas uma coisa é certa, todos nós "debandámos" espero que este termo não ofenda ninguém, mas a incorporação de 1973/4, apenas assistiu ao fim, porque os capitães de Abril, não tiveram oportunidade de fazer a revolução enquanto Alferes, 4 anos antes.
Eu que sou de 1961, preparei o "cavanço" "fiz as malas" em 1974 de Angola, como civil, não como retornado nem em ponte aérea, logo a seguir ao 25 de Abril.
No entanto eu sabia, e umas dezenas de pretos que trabalhavam comigo e com outros colegas, também sabiam, que logo que virássemos costas, começava a mortandade.
A culpa foi minha? Os comandos guineenses assassinados, a guerra de 28 anos angolana, o 27 de Maio, o Biafra, os Utus/Tutsis, o Boko-haram, a República Centro Africana (ontem com Marcelo rebelo de Souza), o "corno de África" Moçambique não se conhece o fim da guerra...etc., a culpa foi de toda a Europa meio inválida.
Tanto dos países colonialistas como de todos os outros, incluindo os Papas e a ONU.
Nós fomos os penúltimos a desistir de África e dos africanos, só ficaram os Boeres e Mandela.
Honra lhes seja feita!
Sabemos que há angolanos, guineenses e Moçambicanos que não têm muito orgulho no país que lhes deixámos "à força", mas que tenham paciência, foi o que se pôde arranjar.
Um juízo sumário pode levar a uma execução sumária...
Os pobres dos nossos camaradas guineenses (fulas, futa-fulas, manjacos.., mas também mandingas, balantas, felupes...) a quem o PAIGC de Amílcar Cabarl e 'Nino' Vieira e Luís Cabral e Aristides Pereira... chamavam "cães dos colonialistas", experimentaram na corpo e na alma o terrível efeito dos "juízoz sumários"...
Camaradas, nunca façamos juízos sumários... LG
Felizmente já não estava lá...Não vejo o Corça Só, que conheci acidentalmente em Mero...Abraço!
Caro Jorge Cabral,
O Corca Só (Cmdt) morreu em combate em Out'1972.
Há por aí alguma pequena história para juntar à minha sobre o episódio da sua morte?
Ab. Jorge Araújo.
Obrigado pela informação. Como acabei a comissão em Julho de 1971, não fui eu que o matei... Em Abril de 1971, o meu único Soldado Balanta, Albino pediu-me para ir a um Choro em Mero. Fui com ele e desarmado...A certa altura ele veio avisar-me que o Corca Só, estava lá.. Claro que sorrateiramente saí...Abraço J.Cabral
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