segunda-feira, 9 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18506: Convívios (848): XXVIII Encontro do pessoal da CCAÇ 2381 - "Os Maiorais", dia 5 de Maio de 2018, em Abrantes (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro)

1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2381, Buba, QueboMampatá e Empada, 1968/70), com data de 7 de Abril de 2018, com a notícia do XXVIII convívio dos Maiorais, coincidente com os 50 anos da partida da Companhia para a Guiné.

Carlos, boa noite, 

A Companhia de Caçadores 2381 - Os Maiorais, embarcou no Niassa no dia 1 de Maio de 1968 com destino à Guiné, ou seja, vai fazer cinquenta anos de embarque. 
No dia anterior, os militares da Companhia receberam a farda de camuflado, assistiram à Missa, ouviram um sermão carregado de patriotismo e desfilaram pela cidade de Abrantes ao som da fanfarra, tendo como companheiros o pessoal da C.Caç 2382 e C.Caç 2383. Tiveram direito a almoço melhorado e partiram ao principio da noite para a estação do Comboio com destino a Lisboa, onde chegaram no outro dia de manhã. O comboio foi parando pelo caminho para receber mais carne para canhão. 
O Niassa estava à nossa espera e depois de mais um desfilo e um discurso inflamado de um militar de gordos amarelos nos ombros, o barco, pelas 10 da manhã, arrotou violentamente. Levantou ferro, carregado como um burro e só parou às portas de Bissau. 
Felizmente, cerca de dois anos depois não se esqueceu de voltar a Bissau para trazer o pessoal que restava. Agora somos poucos. Três ficaram lá a regar aquela terra inóspita, trinta e cinco foram feridos e muitos deles anteciparam o regresso. Os que restam e tem saúde e condições físicas e monetárias encontram-se todos os anos desde 1990 para comemorar. Muitos já ficaram pelo caminho, outros não conseguimos localizá-los, outros nem querem ouvir falar da Guiné e ainda há os que por razões monetárias, falta de apoio familiar ou por razões profissionais perderam o rasto e não aparecem. 
Seria um prazer imenso para os Maiorais encontrarem-se todos este ano em Abrantes no quartel. Aqui deixamos o apelo. 
Venham daí.
José Teixeira

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CCAÇ 2381 "OS MAIORAIS"


Chegou à Guiné a 6 de Maio de 1968, proveniente de Abrantes.
Seguiu directamente para Ingoré, no norte, onde se instalou até meados de Julho, tendo efectuado aí o treino operacional.
Foi deslocada para Aldeia Formosa no sul da Guiné, onde teve, como missão, fazer escoltas de segurança às colunas-auto com mantimentos entre Aldeia Formosa, Buba e Aldeia Formosa, Gandembel, ao mesmo tempo que garantia a auto defesa de Aldeia formosa, Mampatá e Chamarra.

Em Janeiro de 1969 seguiu para Buba. 
A sua missão desdobrou-se na protecção ao pelotão de Engenharia que procedia aos trabalhos de abertura da nova estrada entre Buba e Aldeia Formosa e os trabalhos de combate à penetração do inimigo na área de defesa local.

Completou a sua missão na Guiné, a partir de Maio de 1969 até ao regresso em Maio de 1970, no Sub-sector de Empada, por cujo comando foi responsabilizada, tendo mantido dois grupos de combate em Buba até Dezembro do mesmo ano.

Os principais objectivos globais da actividade desenvolvida em teatro de guerra foram:
- Evitar o alastramento da subversão e atrair as populações à defesa comum dos objectivos por que se lutava em nome da Pátria.
- Garantir a protecção necessária às populações. Verificar e ajudar na sua auto defesa.
- Escorraçar o inimigo, criando-lhe um clima de insegurança e enfraquecê-lo nas suas capacidades, quer morais, quer operacionais e anímicas.
- Garantir o reabastecimento com segurança e eficiência a Aldeia Formosa, Gandembel, Mampatá e Chamarra, através de colunas auto e ou protecção às mesmas.
- Garantir a segurança aos homens e máquinas que dinamizavam o projecto de abertura da nova estrada de Buba para Aldeia Formosa, não permitindo nesta sua acção, que o Inimigo contrariasse o espírito de incrementar melhoramentos no modo de vida das populações, que o governo da Colónia estava a desenvolver.

Aplicou-se com garra e dinamismo para atingir as missões que lhe foram atribuídas, com o cuidado necessário para regressar completa, como era o seu sonho e compromisso de partida.

Recebeu várias referências honrosas dos comandos a cujas ordens serviu, das quais se salienta o seguinte louvor:

"Louvo a CCAÇ 2381 pela sua actuação no sub-sector de Empada, o qual mantém devidamente controlado pela persistente tenacidade do seu Comandante. E não é de estranhar o valioso contributo que deu à luta por uma GUINÉ MELHOR, no período em que esteve dependente do BCAÇ 2892, uma vez que antes disso, sempre demonstrou nas inúmeras acções em que esteve empenhada, desde o início da sua Comissão na Província, em 6 de Maio de 1968, possuir em alto grau espírito de missão. Tendo actuado no Norte da Guiné e depois na Zona Sul, na maioria dos sub-sectores do “S- 2” e em Gandembel, evidenciou através dos seus valiosos combatente, sacrifício, coragem e muita abnegação em todas as missões em que foi incumbida.
Por tudo isto e na hora da sua partida para a Metróple, bem merecem Oficiais, Sargentos e Praças da CCAÇ 2381, serem lembrados como exemplo, aos camaradas que depois deles continuam a luta pela causa comum".

O.S. nº 37 de 11de Fev./70 do BCAÇ 2892

Infelizmente não foi possível cumprir o objectivo principal que se propunham atingir – o de voltarem todos à mãe Pátria. 
Lamenta-se a morte de dois combatentes em missão e um por acidente, para além de 35 feridos, alguns dos quais tiveram de ser evacuados para Lisboa.

Do seu historial de combate, regista-se:
- Montou 405 emboscadas
- Fez 93 escoltas a colunas auto com mantimentos ou de construção da estrada de Buba.
- Participou em 479 Patrulhas e em 15 Operações de Guerra.
- Capturou cerca de meia tonelada de diverso material de guerra.

O Inimigo também não deu tréguas:
- Sofreu 50 ataques a aquartelamentos e 16 emboscadas, dos quais resultaram os mortos e feridos acima mencionados.

“OS MAIORAIS”,  totem com que se identificavam os seus homens, durante a Missão na Guiné, tinham como lema “Pela Lei e pela Grei”, o qual reflectia o espírito que os animava – Fazer cumprir a Lei, sem esquecer nunca que os autóctones com quem se cruzavam e que procuravam viver em paz com Portugal, eram pessoas, independentemente da raça ou cor e como tal teriam de ser respeitadas.

Regressou a Lisboa em Maio de 1970 consciente de ter cumprido a missão que lhe tinha sido atribuída.

(Extraído da História da Companhia)


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Nota do editor

Último poste da série de 2 DE ABRIL DE 2018 > Guiné 61/74 - P18479: Convívios (847): XXXV Encontro do pessoal da CCAÇ 2317, dia 9 de Junho de 2018, no Restaurante Santa Luzia - Fátima (Joaquim Gomes Soares, ex-1.º Cabo At Inf)

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé, bom convívio para os "Maiorais", já vi que este ano não te apanho em Monte Real... Força!... Luís

José Texeira disse...

Obrigado Luís.
Voltar à casa de onde partimos, de orelha murcha e coração atribulado, cinquenta anos depois, vai saber bem. É pena sermos tão poucos (Cerca de 25).
Prometem-nos uma recepção em festa, com charanga e tudo! Só vai faltar o desfile pelas ruas a cidade.
Obrigado Luís. As motivações são as mesmas - Festejar a vida.
Um bom dia para todos os tertulianos.
Zé Teixeira

ze manel cancela disse...

Contra a minha vontade,tambem não estarei em Monte Real
pelo mesmo motivo que o Zé Teixeira.Na verdade é uma data
especial.Cinquenta anos do regresso.Com pena minha uma
parte dos nossos camaradas, já nao estão entre nós.
Um abraço a todos ao camaradas da tabanca grande.Divirtam-se...

(amigo Zé.Chegamos em abril,nao em Maio....)