domingo, 8 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18502: Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias (António Graça de Abreu) - Parte XXXIII: Colombo, capital do Sri Lanka ou Ceilão ou "Taprobana", 15-16 de novembro de 2016


Foto nº 1 > Colombo >  O emblemático edifício da Cargills  Ceylon Limited, fundada em 1844.



Foto nº 2 > Colombo, mesquita muçulmana


Foto nº 3 > O CR7, Cristiano Ronaldo

Foto nº 4 > Na. Sra. Fátima e os Três Pastorinhos



Sri Lanka ou Ceilão > Colombo > 15 e 16 de novembro de 2016


Fotos (e legendas): © António Graça de Abreu (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação das crónicas da "viagem à volta ao mundo em 100 dias", do nosso camarada António Graça de Abreu, 
Escritor, poeta, sinólogo, ex-alf mil SGE, CAOP 1 [Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74], membro sénior da nossa Tabanca Grande, e ativo colaborador do nosso blogue com mais de 200 referências, é casado com a médica chinesa Hai Yuan, natural de Xangai, e tem dois filhos, João e Pedro. Vive no concelho de Cascais.

2. Sinopse da série "Notícias (extravagantes) de uma Volta ao Mundo em 100 dias"

(i) neste cruzeiro à volta do mundo, o nosso camarada e a sua esposa partiram do porto de Barcelona em 1 de setembro de 2016; [não sabemos quanto despenderam, mas o "barco do amor" deve-lhes cobrado uma nota preta: c. 40 mil euros, estimanos nós];

(ii) três semanas depois de o navio italiano "Costa Luminosa", com quase três centenas de metros de comprimento, sair do Mediterrâneo e atravessar o Atlântico, estava no Pacífico, e mais concretamente no Oceano Pacífico, na Costa Rica (21/9/2016) e na Guatemala (24/9/2017), e depois no México (26/9/2017);

(iii) na II etapa da "viagem de volta ao mundo em 100 dias", com um mês de cruzeiro (a primeira parte terá sido "a menos interessante", diz-nos o escritor), o "Costa Luminosa" chega aos EUA, à costa da Califórnia: San Diego e San Pedro (30/9/2016), Long Beach (1/10/2016), Los Angeles (30/9/2016) e São Francisco (3/4/10/2017); no dia 9, está em Honolulu, Hawai, território norte-americano; navega agora em pleno Oceano Pacífico, a caminho da Polinésia, onde há algumas das mais belas ilhas do mundo;

(iv) um mês e meio do início do cruzeiro, em Barcelona, o "Costa Luminosa" atraca no porto de Pago Pago, capital da Samoa Americana, ilha de Tutuila, Polinésia, em 15/10/2016;

(v) seguem-se depois as ilhas Tonga; 
(vi) visita a Auckland, Nova Zelândia, em 20/10/2016;
(vii) volta pela Austrália: Sidney, a capital, e as Montanhas Azuis (24-26 de outubro de 2016);

(viii) o navio "Costa Luminosa" chega, pela manhã de 29710/2016, à cidade de Melbourne, Austrália;
(ix) visita à Austrália Ocidental, enquanto o navio segue depois para Singapura; o Graça de Abreu e esposa alugam um carro e percorrem grande parte da costa seguindo depois em 8 de novembro, de avião para Singapura, e voltando a "apanhar" o seu barco do amor...

(x) de 8 a 10 de novembro. o casal está de visita a Singapura, seguindo depois o cruzeiro para Kuala Lumpur, Malásia (11 de novembro); 
(xi) Phuket, Tailândia (12-13 de novembro);

(xii) Colombo, capitão do Sri Lanka ou Ceilão ou Trapobana (segundo os "Lusíadas", de Luís de Camões. I, 1), em 15-16 de novembro. de 2016;

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;



3. Viagem de volta ao mundo em 100 dias > Sri Lanka ou Ceilão, Colombo,  15-16  de novembro de 2016 (pp. 53-53-56, da Parte II)


Junk ceylon sete vezes referida na Peregrinação [, de Fernão Mendes Pinto]


Colombo, Sri Lanka ou Ceilão

Uma abordagem acelerada a Colombo, capital do Sri Lanka, não dá para tirar quaisquer tipo de conclusões sobre este país que, oficialmente, tem um nome curioso, República Democrática Socialista do Sri Lanka. Para o nosso Camões, há cinco séculos atrás, logo no Canto I, na estrofe inicial de “Os Lusíadas”, esta terra era a ilha da Taprobana.

Hoje, República Democrática, não sei, e será Socialista em quê?

Caminhei pelos mercados de rua na zona de Pettah [, Foto nº 1,]  com imensa gente pobre e milhares e milhares de lojas por tudo quanto é sítio, vendedores de toda a espécie de quinquilharia, comida, roupa, tapetes, electrodomésticos, entrei em dois hotéis de cinco estrelas, o Kingsbury e o Hilton. Neste último, à noite, havia um espectáculo com o Engelbert Humperdinck, um cantor canastrão e fora de moda, exactamente como eu que não canto, mas escrevo. Os hotéis correspondem ao mundo dos poucos muito ricos.

Atravessei avenidas com grandes bancos nacionais e internacionais, deambulei entre comandos militares alojados em edifícios com vedações altas de arame farpado e soldados de Kalashnikov à porta, tive a sensação plena de estar num país do terceiro mundo cheio de problemas, onde ainda haverá tanto por fazer.

Colombo mexe, serão 600 mil habitantes industriosos e activos, há arranha-céus a crescer, a linha junto ao mar está sendo reconstruída, mas a desorganização na cidade é imensa. Um trânsito poluindo, conspurcando, atravancando tudo, mas que lentamente funciona, com autocarros meio decrépitos, táxis, motoretas adaptadas a tuk-tuks espalhando-se por tudo quanto é beco, travessa, praça, rua ou avenida.

Faço quilómetros e quilómetros a pé por dentro de Colombo. Na rua principal do bairro de Pettah, encaixada entre os edifícios do pequeno comércio, levanta-se uma original mesquita muçulmana revestida a tijolos e ladrilhos pintados de vermelhão e branco, em curiosa geometria colorida.[Foto nº 2].

Mais adiante, numa rua transversal, aparece um templo hindu com as figuras do costume, bonecos encavalitados uns sobre os outros, guerreiros de enormes bigodaças, damas de seios capitosos, uma misturada de gentes e animais subindo barrocamente pelas paredes externas do templo. À entrada, três cidadãos, de pernas cruzadas sentados no chão diante de uns cestos, pedem-me um dólar. São encantadores de serpentes. Recebida a nota norte-americana, destapam os cestos, tocam uns pífaros e umas bem mandadas cobras-capelo erguem-se no ar.

No enfiamento da rua, chama-me a atenção um painel da Khazana Sports (que empresa é esta?) com uma grande fotografia de um jogador de futebol com a bola nos pés, equipado de branco. Pois, tinha de ser, Cristiano Ronaldo, vestidinho à Real Madrid [Foto nº 3].  É o quarto português que encontro na passeata breve aqui por Colombo, capital do Sri Lanka. Os outros foram Jacinta, Lúcia e Francisco, os três pastorinhos de Fátima rezando diante de Nossa Senhora, com estátuas em tamanho natural, voltados para a rua na entrada da igreja católica de St.Mary’s, não longe do centro da cidade. [Foto nº 4].

No caminhar por Colombo, descubro também umas tantas tabuletas em lojas ou empresas propriedade de pessoas de apelido, Borges, Pereyra, Soyza, nossos primos afastados descendentes de lusitanos que há quinhentos anos aqui se fixaram e mesclaram as vidas com as gentes destas paragens do Ceilão, criando famílias e infindáveis histórias, muitas delas ainda por contar.

Sei que espalhados pelo Sri Lanka, esta “lágrima da Índia”, existem centenas e centenas de prodigiosos templos, sobretudo budistas, a visitar em demorada estadia. Convertido à excelente doutrina de Buda, regressarei um dia, de bigodes ao vento, montado num cavalo branco.

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Nota do editor:

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Colombo é a antiga capital da antiga Ceilão... Sri Lanka é o novo topónimo adotado em 1972. Desde a Antiguidade até à Idade Média, a ilha era conhecida por Taprobana. A capital atual é Sri Jayawardenapura Kotte (ou simplesmente Kotte), subúrbio da antiga capital Colombo, desde 1982. O antigo Ceilão tornou-se independente do Império Britânico em 1948.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sri_Lanka

Antonio Rosinha disse...

Por um triz não fomos lá malhar na Guerra do Ultramar.

Foram os holandeses que nos herdaram aquilo.

Foram a tempo de nos livraram desta.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Com os Filipes, e a famosa "monarquia dual", a partir de 1580, ficámos em guerra com todo o mundo...

Devemos agradecer isso a Dom Manuel I, o Venturoso... que tinha a ambição de ser imperador da Península Ibérica... O seu neto, Filipe II de Espanha (e Filipe I de Portugal) é que passou a ser a dono do mundo todo... Era filho de Isabel de Portugal... A "raridade" do sangue azul tem estas coisas, estes "efeitos não previstos"...