sábado, 17 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19203: Efemérides (296): No 1º centenário da Grande Guerra: fomos revisitar o Diário de Lisboa, de 5 de abril de 1924: a mediatização do herói. o Soldado Milhões













Diário de Lisboa, 5 de abril de 1924, p. 1












Diário de Lisboa, 5 de abril de 1924, p. 5

Excertos editados pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Fonte: Fundação Mário Soares > Casa Comum >  Pasta: 05741.005.01198 > Título: Diário de Lisboa > Número: 918 > Ano: 3 > Data: Sábado, 5 de Abril de 1924 > Directores: Director: Joaquim Manso > Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos


Citação:
(1924), "Diário de Lisboa", nº 918, Ano 3, Sábado, 5 de Abril de 1924, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_31651 (2018-11-16)


1. Já esquecido, depois do regresso à terra, em Trás-os-Mintes,  a história de heroísmo do soldado Milhões, condecorado com a Torre e Espada, coisa rara para um soldado raso, por ter salvo dezenas e dezenas de camaradas na batalha de La Lyz, é resgatada pelo jornal "Diário de Lisboa", em 1924. 

A partir daí, com a sua mediatização, transforma-se num símbolo nacional, usado e abusado pela propaganda tanto da I República, como do Estado Novo. Achámos que valia a pena reproduzir este nº histórico do "Diário de Lisboa"  (pp. 1 e 5), até como exemplo do estilo jornalístico que se praticava há mais de 90 anos. É uma delicía o diálogo entre o jornalista e o soldado Milhões... (LG)

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10 comentários:

Anónimo disse...

"Milhões", o herói inventado por Ferreira do Amaral. A necessidade de heróis... sempre presente

Antº Rosinha disse...

Milhões não foi inventado, foi descoberto por um oficial escocês, caso contrário lá apareceria algum general a ser louvado com as condecorações e louvores que foram para ele.

Em La Lys foi este nome que sobressai, noutras batalhas só se conhece o nome do comandante e que ficou com as condecorações e com os nomes de ruas.

Até parece que nem havia soldados, havia, mas não passaram do "soldado desconhecido".

São os casos das batalhas dessa guerra em África contra os alemães, o General Pereira D'Eça, General Roçadas, em Angola, e em Moçambique como morreu quase toda a gente, nem ficou ninguem para ser condecorado.

Também lá andou e ficou o pacificador dos Papeis de Bissau, Teixeira Pinto, que deu o nome a Canchungo.

O Milhões foi um heroi real e ao natural, à transmontana.

As condecorações foi graças ao relatório do escocês a que não se podia fugir, nem ninguem lhe podia usurpar.

Luís Graça disse...

Boa questão: a quantos soldados rasos foi dada a Torres e Espada ?... Pode ser que alguém tenha a lista...

Luís Graça disse...

Alguém escreveu, com toda a propriedade:

“o soldado desconhecido de África é bem mais desconhecido que o da Flandres”.

http://www.portugalgrandeguerra.defesa.pt/Documents/PORTUGAL%20NA%20GRANDE%20GUERRA%20DE%201914-1918%20-%20ANGOLA.pdf

Valdemar Silva disse...

Rosinha, parece que foi isso.
O Ferreira do Amaral gostava de arranjar figuras cá pra casa, o 'Milhões', ainda
assim, foi bem e merecidamente arranjado.
Já quanto Agostinho Lourenço prá PVIDE foi o arranjo dum diabo pró convento.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Áh!!, deverá ler-se PV(i)DE e não PVIDE, e como sempre tem acontecido ao longo dos tempos, as palavras em português perdem letras, consoante o modo da pronúncia, neste caso, lá foi o V, passou a PIDE, que queria dizer/fazer a mesma coisa.

Anónimo disse...

Amigos e camaradas-de-armas,
Se me permitem, lamento que o primeiro comentário, sem a devida assinatura, em vez de se debruçar sobre a notícia do Diário de Lisboa, a história do tempo, tente denegrir a memória do militar Milhões. Há certos acessórios que em nada contribuiem para a história militar de Portugal. O Rosinha, sempre atento, esteve bem.
O Luís Graça questiona "a quantos soldados rasos foi dada a Torre Espada?". Eu diria que anenhum. Admito estar errado, mas julgo que a mais alta condecoração militar para praças era (é) a Medalha de Cobre de Valor Militar, com Palma.
Nos Açores houve um praça, o soldado Manuel Lima da Rocha, natutal da Agualva, da Ilha Terceira, mobilizado pela CCaç 2422/BII17, com comissão em Moçambique, que foi condecorado com aquela Medalha, tendo sido promovido por distinção ao posto de Furriel Miliciano. Para quem se interessa com pormenores, o Manuel Lima emigrou para o Canadá.
Abraço transatlântico.
José Câmara

Nelson Rocha disse...

Jose Camara - Manuel Lima Da Rocha was my father. He passed away on October 31, 2020. There are many stories my father shared about his time in the army. The one's that haunted him were the ones he didn't tell. He was proud to serve his country.


Manuel Lima Da Rocha era meu pai. Ele faleceu em 31 de outubro de 2020. Há muitas histórias que meu pai compartilhou sobre seu tempo no exército. Os que o assombravam eram os que ele não contou. Ele tinha orgulho de servir ao seu país

http://ultramar.terraweb.biz/rmm/RMM_ManuelLimadaRocha.htm

José disse...

Caro Nelson Rocha,

Como sabe, na página dos Antigos Combatentes Açorianos foram feitas duas homenagens ao Sr. Seu pai, Manel Lima da Rocha. A primeira, em 11 Novembro de 2016, da autoria do Paulo Santos e publicação do Dr. Cordeiro Carlos Cordeiro focando o seu acto heroico, que lhe valeu a condecoração com a Medalha de Cobre de Valor Militar com Palma e prémio Governador de Moçambique. A segunda homenagem aconteceu no dia 4 de Novembro de 2020 aquando do seu pai Manuel no dia 31 de Outubro desse ano.

Sem pretender abusar dos princípios deste blogue, transcrevo o comentário que então escrevi sobre o artigo do Paulo Santos:
“O mundo pode ser, é, muito pequeno perante a grandeza dos corações humanos.
Mais uma vez, no espaço de dias, camaradas de diferentes quadrantes dão as mãos com um único objectivo, proporcionar um abraço de amizade.

O Manuel Rocha, um soldado da Terceira, foi condecorado pelos seus pares, a Nação Portuguesa, com a mais alta condecoração (julgo) que era atribuída aos soldados do nosso Exército. Mais que um herói o Manuel da Rocha foi um exemplo para os seus companheiros de luta, a certeza de que estes podiam contar com a sua abnegação e coragem.

Com todo o direito que lhe assiste, o Manuel Rocha certamente que sente orgulho da sua Condecoração. Dignificou a ilha que o viu nascer, a farda que vestiu e, acima de tudo, as mais nobres qualidades do soldado açoriano, de Portugal.

Dito isso, sinto que no abraço entre o Paulo Santos e o Manuel Rocha há uma outra medalha que não se prega no casaco nem se escreve numa Ordem de Serviço, mas bem visível nos seus corações, a do apreço, consideração, respeito e amizade. Não é para menos.

Bem hajam.”

José Câmara

Hélder Valério disse...

Sim, por norma, os poderes, as sociedades, necessitam de heróis.
Mas porque é que eles não podem existir?
Como pelos comentários anteriores se pode verificar e confirmar, o "Milhões" é um justo herói.

Entretanto também não posso deixar de elogiar o que o José Câmara escreveu sobre o terceirense Manuel Rocha. Uma bela homenagem.

Hélder Sousa