domingo, 11 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19184: Blogpoesia (594): "Vasos de barro", "As notas da guitarra" e "Com granizo e trovoadas...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Vasos de barro

Vasos vazios de barro sem cor.
Exibindo flores. Secas de sede.
Desejos calados de fome,
Penúria da sorte,
Bem faz a quem quer.
Sementes perdidas que o vento espalha.
Germinam na terra banhada de sol.
Ardentes de sede, secam sem flor.
Aves cansadas vindas de longe,
Procurando ciosas seu ninho,
Onde foram felizes.
Lágrimas sofridas que secaram de dor.
Mesas bem postas, fartas de tudo,
Os filhos não vêm.
Arrecadas de oiro, luzindo no busto.
Estrelas caladas chamando a luz.
Árvores ao ar, batidas do vento,
Perderam as folhas,
Nuas para sempre.

Ouvindo Carlos Paredes - Verdes anos
Berlim, 7 de Novembro de 2018
7h31m
Jlmg

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As notas da guitarra

São vibrantes e luminosas as notas frescas da guitarra de Paredes.
Purificam o meu espírito no começo da manhã.
Vibrações telúricas doiradas pelo rio Tejo.
Um incenso religioso se desprende das suas cordas que me perfuma o coração.
Pairam sobre Alfama e a Mouraria as vozes do fado de Lisboa.
Terraços sobranceiros na encosta das colinas espreitando as sereias do Tejo em marcha.
Que suavidade benfazeja vem daqueles infinitos do Alentejo!...

ouvindo Carlos Paredes
Berlim, 10 de Novembro de 2018
7h18m
Jlmg

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Com granizo e trovoadas...

Com granizo e trovoada se alisam as calçadas de Lisboa.
Seus pátios amplos expostos onde vegeta ao sol a fraternidade.
Ruelas e ruinhas onde se bebe água-ardente e canta o fado.
Telhados vermelhos escorrendo paz pelos lares das gentes sãs de Lisboa.
Torres e zimbórios altos das igrejas e da Basílica sagrada da Estrela
onde o Deus criador é adorado. Castelo vetusto e altaneiro guardado a pedras pelas muralhas robustas que o defendem.
Rio Tejo que vem de Espanha abençoando as terras e lezírias ribeirinhas.
Ó mar ignoto que nossos magnos antepassados desvendaram assombrosamente, dando a conhecer o mundo a todo o mundo.
Vos bendizem e cantam estas cordas tensas com a toada do fado a toda a hora...

ouvindo a guitarra de Carlos Paredes
Berlim, 9 de Novembro de 2018
7h3m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19165: Blogpoesia (593): "Bateria", "Poesia da Poesia" e "Tempo dos ardinas", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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