sábado, 17 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19202: Os nossos seres, saberes e lazeres (293): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (12): O esplêndido Museu Arqueológico Saint-Raymond, em Toulouse (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Setembro de 2018:

Queridos amigos,
Agora, estou na fase terminal desta viagem inesquecível, resolvi descer às catacumbas, antes de tomar o avião de regresso, aqui se fala da visita ao Museu Arqueológico, uma instituição vibrante, como pude testemunhar.
A série fica definitivamente arrumada com as últimas imagens de Toulouse e um retorno a Toulouse-Lautrec, era doloroso não partilhar convosco a beleza que nos legou este génio albigense.

Um abraço do
Mário


Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (12): 
O esplêndido Museu Arqueológico Saint-Raymond, em Toulouse

Beja Santos

Não há hoje museu que não procure incentivar a diversidade de públicos mediante propostas de eventos, concertos, conferências, atos culturais extraordinários. Antes do viandante entrar propriamente na exposição do faustoso acervo, onde prima a Roma das Gálias, procurou inteirar-se do que se oferecia naquele preciso instante. Logo chamou a atenção a proposta de distinguir o objeto genuíno da cópia, réplica ou imitação, o museu expunha mensalmente um objeto falso no meio de obras da coleção permanente, convidando o visitante a despistar o verdadeiro do falso. Chamou igualmente a atenção as jornadas nacionais de arqueologia, as visitas guiadas, a noite europeia dos museus, o acervo de conferências. Inclusivamente a inter-relação entre o museu e os sítios arqueológicos de Toulouse.






Aqui só se confronta o mundo antigo, o que se expõe é sobretudo a época galo-romana, já não cabe nestas coleções a arte visigótica, atingida pelo período medieval. Tolosa teve circo, e há monumentos posteriores que têm nos seus fundamentos os tempos da presença romana. O Museu Arqueológico Saint-Raymond incita o visitante a procurar a Igreja Saint-Pierre-des-Cuisines, ali bem perto, onde há uma necrópole romana. Nesta igreja eram sepultadas crianças nas ânforas e os adultos em urnas de tijolo cobertas por telhas ou madeira, aqui se implantou o cemitério da primeira basílica funerária.






Qualquer uma destas imagens fala por mil palavras, quem se interessa pelo estudo da escultura romana, tem aqui exemplares de primeiríssima água, não se ignora que os romanos, em termos da escultura, procuraram evoluir face aos gregos, mas faltou-lhes a delicadeza, aquele golpe de asa que separa, por exemplo, aquilo que aqui vemos da escultura da Vitória de Samotrácia, hoje no Louvre, ou a Vénus de Milo. Mas não deixa de emocionar a vitalidade das formas e perceber-se com meridiana clareza que se caminha para uma nova etapa, a Idade Média, na sua dimensão singela, um tanto tosca.



São impressionantes estas imagens, o viandante olha para o relógio, ainda tem que atravessar um parque e ir buscar a bagagem para partir para o aeroporto. Na noite anterior, andou a espiolhar as imagens que tirou, já eliminou o que tinha a eliminar, para sua surpresa guardou um número elevado de imagens das obras de Toulouse-Lautrec, seria uma dor de alma não as partilhar com quem nos acompanha neste andarilho. É o que acontecerá na narrativa do derradeiro episódio desta viagem que teve o seu epicentro na cidade de Toulouse, viagem inesquecível.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19182: Os nossos seres, saberes e lazeres (292): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (11): A grandiosidade dos Augustins, um convento gótico, um soberbo museu (Mário Beja Santos)

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