1. A propósito da visita-relâmpago que o gen Bettencourt Rodrigues fez a Madina do Boé, em 16 de novembro de 1973, com dois jornalistas alemães (*), fomos reler o livro de memórias do nosso amigo e camarada António Martins de Matos, na altura ten pilav (BA 12, Bissalanca, 1972/74), hoje ten gen pilav ref, "Voando sobre um ninho de Strelas" (1ª edição, Lisboa: BooksFactory, 2018, 375.pp.; teve, em 2020, em 2ª edição revista e aumentada, ver capa acima).(**)
O autor [, foto à esquerda] fala deste episódio, em breves linhas, no capitulo 35 (pp. 231-239, 1ª ed.), que tem por título "Dois Generais".
Tomamos a liberdade de reproduzir alguns excertos, para informação e conhecimentos dos nossos leitores, e com a devida vénia ao autor, que teve sob os céus da Guiné uma brilhante e corajosa atuação como piloto do Fiat G-91.
(…) Em 25AGO73 e em Lisboa, o General José Manuel Bettencourt Conceição Rodrigues tomou posse do cargo de Governador Geral e Comandante-Chefe da Guiné.
Militar brilhante, vinha habituado a grandes operações lá pelas vastidões do Leste de Angola. A sua chegada à Guiné só veio a ocorrer em 21SET73, praticamente um mês depois da sua tomada de posse.
(…) Aquele hiato entre a tomada de posse e a chegada a Bissau talvez tivesse sido aproveitada para alguns estudos, mais precisamente em como replicar as estratégias e tácticas de Angola naquele pequeno território. E bem precisávamos de estratégias, já que, tendo chegado de férias ainda não há uma semana, [eu] já levava 14 missões de alertas e bombardeamentos em Fiat G-91.
(…) Fiquei impressionado com o senhor, militar de grande prestígio, antigo Ministro do Exército e pacificador do Leste de Angola (…). Só não conseguia compreender como se tinha prestado a tal sacrifício, vir ser crucificado em terras da Guiné (…).
(...) Coitado do General, a coisa começou-lhe logo mal, 3 dias depois de chegar a Bissau, o PAIGC declarou a “independência nas áreas libertadas do Boé”. Até parecia que era de propósito…
Estrebuchou, perguntou-nos como tal era possível, por que tazão não tínhamos previsto tal desiderato, lá lhe respondemos que tínhamos estado sempre em alerta, a cerimónia teria sido feita em todo e qualquer lugar menos onde eles afirmavam e garantíamos que naquele último mês e na Guiné nada de diferente se tinha passado.
Naquele tempo não havia GPS, era fácil enganar um qualquer jornalista, certamente não se podiam arriscar a sofrer um bombardeamento em plena cerimónia.
Apenas meio convencido, vestiu o camuflado e foi a Madina do Boé acompanhado por uma série de outros jornalistas [, na realidade, dois, alemães] (*)
Verificação no local (tipo S. Tomé, ver para crer), tudo no Boé continuava igual ao momento em que as nossas tropas a tinham deixado, nada ali tinha ocorrido.
Nunca viemos a saber onde teria decorrido a cerimómia de independência, desde logo suspeitámos que tivesse ocorrido em território da Guiné Conacri. Ainda hoje o tema é confuso, aos poucos a Guiné Bissau tem puxado o acontecimento para dentro do território já que não seria politicamente correcto confessarem terem feito a cerimónia no “estrangeiro”.
Tendo desistido [de Madina] do Boé, há actualmente vários locais candidatos, Vendu Leidi, Lugajole, One Fello… acho que o verdadeiro local do evento será identificado lá para o século XXIII.
(...) Em 26 ABR74 o General Bettencoitr Rodrigues, herói de Angola, foi devidamente enxovalhado preso no Forte da Amura pelos seus próprios subordinados. (...)
(...) Já o General Spínola era um grande Cabo de Guerra mas não percebia nada de política (...).
(…) Tenho saudades do meu “Caco Baldé” (pp. 231-239)
(…) Tenho saudades do meu “Caco Baldé” (pp. 231-239)
António Martins de Matos
Guiné >Região do Gabu > Boé > Madina do Boé > 16 de novembro de 1973 > O jornalista alemão, da Reuters, Joachim Raffelberg, e o gen Bettencourt Rodrigues, governador-geral e com-chefe que substituiu o carismático gen António Spínola. (Tomou posse do cargo, em Lisboa, em 25/8/1973., mas só chegou ao CTIG em 21/9/1973, três dias antes da proclamação unilateral da independência da Guiné-Bissau; em 16 de novembro de 1973, fez uam visita-relâmpago à antiga Madina do Boé, no âmbito da Op Leopardo, 15-17 nov 1973 )
Fonte: Página do Facebook de J. Raffelber,Raffelnews, Álbum Madina do Boe, 29 de janeiro de 2018 (cm a devida vénia)
______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 28 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21956: Facebook...ando (60): o gen Bettencourt Rodrigues, em 16 de novembro de 1973, em Madina do Boé, com dois jornalistas alemães, para verem "in loco" o sítio onde o PAIGC teria alegadamente proclamado a independência unilatera
23 comentários:
Caros amigos,
Ainda sobre o local da proclamação da independência, confesso que sempre acreditei na versão do Paigc de que teria sido na região do Boé embora fosse dificil indicar o local certo onde isto teria acontecido. Madina de Boé foi a primeira possibilidade apontada no inicio, depois talvez por força do malabarismo dos elementos deste partido, tentando escamotear a verdade aos mais curiosos aparece a localidade de Lugajol situada mais a Sudeste e não satisfeito com tanto malabarismo entra em cena a localidade de Vendu-Leidi junto a linha da fronteira, num sitio que não lembrava o diabo de tão recôndito e, ainda assim as dúvidas subsistem. Mas, uma coisa parece certa, quem desvendar este enigma também poderá ajudar-nos a conhecer o verdadeiro ano da fundação deste enigmático partido, campião das acrobacias político-diplomáticas.
Quanto a mim, uma descoberta inesperada dentro da minha própria familia veio perturbar fortemente a magra confiança que ainda tinha sobre as possíveis alocubrações desse partido tão querido no campo da esquerda portuguesa.
A minha esposa é filha de um antigo combatente, já falecido, que estava estacionado nessa região onde ela teria nascido em Fevereiro de 1973, portanto no mesmo ano da proclamação, pelo menos é o que consta dos seus dados pessoais. Há poucos dias, por pura curiosidade perguntei-lhe como seria possível ela nascer em Boé numa altura em que, praticamente, não havia nada, nenhuma infraestrutura. Como resposta ela disse-me que na realidade tinha nascido na cidade de Boké facto que só eles sabiam, pois como nacionalistas, este facto era incoveniente e não devia constar dos registos. É certo que uma coisa não tem nada a ver com outra, mas que suscita interrogações não há dúvidas, tratando-se dos mesmos homens, a mesma lógica e na mesma região.
Aproveito informar que, efectivamente, existe um troço de estrada que liga Beli ao Lugajol onde estive no mês de Outubro do ano transacto na inauguração do Centro de Saúde local depois da sua reabilitação após vários anos de paragem.
Com um abraço amigo
Cherno Baldé
Cherno, é muito interessante essa tua informação sobre a "duplicidade" do local de nascimento da tua esposa que, segundo me disseste, era de origem nalu (, pelo lado do materno, pelo menos). Oficialmente teria nascido no Boé, na realidade nasceu em Boké, ou seja, no país vizinho, a Guiné-Conacri...
Em 2012 recordo-me de teres escrito sobre os casamentos interétnicos o seguinte sobre o vosso caso:
(...) "A titulo de curiosidade, digo que somos, assim, um casal misto que representa o cruzamento de um Nordestino, região colaboracionista e aversa ao PAIGC, e duma mulher originária do Sudeste (Cacine), filha de antigos combatentes do PAIGC e nascida em Boé (Fevereiro de 1973), que foram os maiores bastiões deste movimento durante a luta." (...)
Não queremos arranjar-te nenhum problema conjugal, sei que és feliz com a mãe dos teus 4 rapazes, a senhora Geralda Santos Rocha, de resto uma mulher muito bonita (e bem mais jovem do que tu).. Mas essa questão merecia ser aprofundada... Em Portugal, também aconteciam essas disparidades no registo dos nascimentos, sobretudo até meados do séc. XX, quando os partos não eram, na maior parte dos casos, medicamente assistidos... Ou seja, nascia-se em casa. É o caso da minha geração, e das gerações anteriores...
As jovens mães, sobretudo no caso do primeiro filho, gostavam de ir "dar à luz", ter a criança, na casa da mamã, se a distância não fosse muito grande em relação ao local de residência do casal...
E, muitas vezes, havia atrasos no registo da criança, na Conservatória do Registo Civil... Como havia multas ou coimas (penalizações monetárias) para essa infração, dava-se uma data e um local de conveniência... Daí poder haver portugueses que têm duas terras diferentes como locais de nascimento e celebram o aniversário natalício duas vezes por ano...
Dou-te o meu caso: só a data está correta, 29 de janeiro de 1947... Já quanto ao local de nascimento, o meu pai fez batota: pôs-me a nascer na terra dele, e não na terra da minha mãe, onde de facto nasci...
Enfim, é "petite histoire", nada disto altera a minha biografia... nem a minha maneira de ser... Ou talvez não: quando eu era puto, na escola, nunca dizia que tinha nascido numa "aldeia", mas sim na vila, sede de concelho... Os da vila olhavam sempre por cima os da aldeia...
No caso da tua Geralda, faz sentido: a base de Boké tinha um hospital... Mas Boké não podia ser considerada "áerea libertada"... Daía a pequena "batota"...As ideologias levam a um fenóneno que se chama, em sociologia, "sentido de coerência"... Tem vantagens, mas também desvantagens... Pode levar, por exemplo, à "denegação" da realidade... Mas também é "salutogénico", protector e promotor da saúde... Há pessoas saudáveis e felizes em viver em plena ficção... Se calhar aconteceu a alguns combatentes da liberdade da Pátria...Os "revolucionáriso" têm de ter uma "elevado sentido de coerência"...
Boa noite, dorme bem... Mantenhas para ti e toda a família. Luis
O Leste de Angola, sozinho, era tão vasto como duas "Metrópoles" e meia, ou mesmo mais! Mas só tinha um vigésimo da população da Metrópole! Por aqui se pode ver que nada disto tinha qualquer semelhança com a Guiné, exceto num aspeto, que era a planura do terreno e a existência de vastas superfícies alagadiças, que no Leste de Angola eram chamadas chanas ou anharas.
O general Bettencourt Rodrigues teve os êxitos que teve no Leste de Angola porque soube jogar com a rivalidade existente entre os dois movimentos ativos no território sob a sua jurisdição, que eram o MPLA e a UNITA. O MPLA era apoiado pela União Soviética e a UNITA era apoiada pela China maoista. Propositadamente ou por acaso, Bettencourt Rodrigues conseguiu atrair para o seu lado a UNITA, de modo a melhor combater o inimigo comum, o MPLA. Chegou, inclusivamente, a encontrar-se pessoalmente com Jonas Savimbi na mata. A estratégia resultou e o MPLA ficou praticamente neutralizado (apenas no Leste, note-se). Então, só ficaram no terreno do Leste de Angola a UNITA e as Forças Armadas Portuguesas. Iria começar uma nova fase da guerra, a de um conflito que iria opor a UNITA às Forças Armadas, mas entretanto Bettencourt Rodrigues seguiu para Bissau e o seu sucessor na Zona Militar Leste (general Hipólito) é que teve que se haver com os aguerridos e bem treinados (na China e em Marrocos) guerrilheiros da UNITA.
Ainda sobre o local da Independência...
Assunto vivido na primeira pessoa, mais tarde recordado, lido e relido, alguns comentários assertivos, outros com uma boa dose de imaginação...
Depois de todos estes anos, com um sem número de factos e opiniões, ainda que me possam chamar de especulativo, tenho como certo que o local onde foi encenada a cerimónia da Independência foi em Léle, uma tabanca da Guiné Conacri, uns três quilómetros a sul da fronteira.
Tem tudo o que aparece no filme de Lennart Malmer e Ingela Romart, passado na televisão sueca, a floresta cerrada, uma picada digna desse nome, população variada, nada a ver com a região de Lugalodge.
Para além disso e muito importante, estava fora do raio de acção dos G-91.
Abraços.
AMM
O comentário do camarada AMM será o mais verosímil dos depoimentos conhecidos referidos à "área libertada" onde o PAIGC procedeu à formalidade da declaração unilateral da independência política da Guiné-Bissau, também porque essa sua perspectiva corresponde à descrição do embaixador da União Soviética, este disse que foi apresentar as suas credenciais ao seu primeiro Chefe de Estado, Luís Cabral, numa floresta cerrada, cujo "palácio" eram 4 paus a pique e uma cobertura de ramagem de árvores. Já vi na TV um ou dois portugueses (ou portuguesinhos...) vangloriar-se de convidados e presenciais a essa formalidade em Madina do Boé - ou não sabiam onde estavam ou "guardam de Conrado o prudente silêncio"...
Por idiossincrasia pessoal, não raro os chefes militares desfazem o que os que renderam haviam feito.
A retirada e o abandono pelo General António de Spínola das posições fronteiriças entre Buruntuma e Guileje e a sua omissão em não "segurar" ou em retomar esta tabanca e o seu aquartelamento terão sido um monumental erro estratégico.
Os mapas, que o Carlos Antunes roubou ao Exercito e entregou ao PAIGC, foram o mais valioso auxiliar para a certeza dos seus ataques com armas de tiro curvo aos 3 G´s, e o espólio da guarnição deixado e a retirada ou "abandono" de Guileje terão sido o maior contributo para credibilidade dessa declaração junto da OUA e da ONU.
A propósito e salvo erro ou omissão, o General Abel Hipólito, que terá feito reacender a guerra no Leste de Angola, era o comandante de Tite, contra o qual o Amílcar inaugurou a Guerra da Guiné.
Em abraço. Abaixo a guerra Covid 19.
Manuel Luís Lomba
Curioso o entendimento que ainda prevalece em muitas das gentes da Guiné-Bissau. É "irrevelante" uma mentirola histórica de todo o tamanho.
Abraço,
António Graça de Abreu
Ainda nem sequer passaram 50 anos da Guiné-Bissau como país independente, para poder ser escrita a sua história e por isso, como escreve José J. Macedo, ser um facto irrelevante a questão da localização, relevante foi a declaração da independência. Provavelmente daqui a outros 50 anos aparecerão divergências do local exato e nascerá a falta de consenso entre os historiadores
Por cá aconteceu e ainda acontece não haver consenso quanto à localização da célebre Batalha de Ourique, de 1139 entre D. Afonso Henriques e os muçulmanos, não havendo dúvidas como sendo relevante para a independência do Reino de Portugal
No nosso caso há registos de seis locais diferentes, desde Oreja (Toledo-Espanha), Ourique e Panoias-Ourique (Beja-Alentejo), Vila Chã de Ourique (Cartaxo-Ribatejo), Campo de Ourique (Leiria-Beira Litoral) até imaginário popular de Campo de Ourique na cidade Lisboa, e cada um chama-lhe seu com monumentos alusivos.
Abracelos, por enquanto.
Valdemar Queiroz
Mas perguntar ao José Belo se será possível revisualizar esse "histórico filme" dos suecos Lennart Malmer e Ingela Romart, que passou na televisão sueca, em 1973 ou 1974, e acima referido pelo António Martins de Matos...
Vamos perguntar ao José Belo se será possível localizar, em arquivo ou na Net (, de preferência...) esse "histórico filme" dos suecos Lennart Malmer e Ingela Romart, que passou na televisão sueca, em 1973 ou 1974, e acima referido pelo António Martins de Matos... A televisão sueca deve ter isso em arquivo.
Sem dúvida que a "declaração unilateral da independência",por parte do PAIGC, foi uma jogada de mestre, já por certo pensada por Amílcar Cabral em vida... O seu assassinato, e a escalada da guerra, deve ter "precipitado" os acontecimentos, a par da "conjuntura internacional favorável" (, depois da invasão de Conacri terá aumentada a presença dos russsos por aquelas paragens, violando o "trataddo de Tordesilhas"...).
Alguns militares portugueses terão sentido o mesmo desconforto que sentiu o nosso camarada e amigo,o Antónioo Graça de Abreu, quando escreveu no seu notável "Diário da Guiné":
(...) Cufar, 26 de Setembro de 1973
O PAIGC declarou ontem a independência. Por aqui nada mudou a não ser que agora, oficialmente, somos nós portugueses quem está a ocupar a pátria deles. (Negritos nossos)
... E segue um delicioso diálogo com o novo patrão do CAOP1, que veio substituir o cor Rafael Durão:
(...) Temos um novo tenente-coronel no CAOP 1, com apenas cinco dias de Guiné. Andou pelo Estado-Maior e fez comissões em Angola e Moçambique, sempre nas delícias do ar condicionado. Está a estranhar as realidades deste abençoado lugar. Ontem até chamou Cafur a Cufar! No dia em que chegou, Bedanda esteve aí a “embrulhar” durante uma hora, com foguetões 122, mais de trinta, sem consequências. Meio assustado, o tenente-coronel perguntou-me: “Isto é sempre assim?” Eu respondi-lhe: “Não, meu tenente-coronel, isto costuma ser muito pior!” (...)
Quanto ao local onde foi declarada a independência, não é um mero detalhe, algo de somenos importância... Todos os ex-combatentes, de um lado e do lado, têm direito a saber onde foi... A História não é um conjunto de "lendas e narrativs"... É uma ciência social e humana... E ajuda os povos a consolidarem a sua identidade e a reforçar a sua coesão social... Nenhum povo pode (ou deve) viver sob "mentiras" (grandes ou pequenas) em relação ao seu passado...E muito menos Portugal e a Guiné-Bissau, dos povos lusófonos que se devem respeitar mutuamente...na base da igualdade e da verdade.
Aquela história do 'Nino' Vieira e do seu grupo que vieram do sul, Tombali, para montar segurança na cerimónia da independência também está muito mal contada... E não abona nada as apregoadas qualidades militares do "comandante"...
Ele terá vindo com um grupo de artilharia, responsável pelos Strela... Chegaram ao "Boé", sem mísseis, só com os tubos de lançamento... Ora fora do território da Guiné-Bissau, os Strelas eram desnecessários, Portugal não podia dar-se ao luxo de sofrer mais condenações nas Nações Unidas...
Nova sugestão de (re)leitura:
17 DE NOVEMBRO DE 2020
Guiné 61/74 - P21554: Casos: a verdade sobre... (17): o mistério do "berço da nacionalidade": Madina do Boé? Lugajole? Vendu Leidi? Lela ou Malanta, já na Guiné-Conacri, na Estrada Nacional n.º 23, permitindo uma fácil (e segura) ligação à base de Boké?... (C. Martins / António Martins de Matos )
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/11/guine-6174-p21554-casos-verdade-sobre.html
Recorde-se o que escreveu aqui um dos nossos últimos pilotos aviadores do Império, o nosso amigo e camarada António Martins de Matos:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/11/guine-6174-p21554-casos-verdade-sobre.html
(...) Para mim, que, por causa do livro sobre os Strelas, andei a esgravatar este assunto, encontrei variadas soluções, a terceira mais falada… Vendu Leidi.
A minha opinião é outra:
Léla, a duzentos e vinte quilómetros de Bissalanca, fora do alcance dos Fiat-G 91 e apenas a três quilómetros da fronteira, já no território da Guiné-Conacri. Tem tudo o que aparece no filme: estrada, mata frondosa, segurança.
Quanto àquela historieta de terem levado as rampas dos Strelas mas se terem esquecido dos sistemas de pontaria…, a história do capuchinho vermelho é mais credível.
Que os Strelas nem tinham rampas de lançamento! (...)
O nome correto dos dois documentaristas suecos:
Lennart Malmer e Ingela Romare (e não Romart)
O filme passou no DocLisboa 2011, em 26 e em 29 de outubro de 2011... Não tive oportunidade de o ver... Deixámos aqui registo:
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/doclisboa2011
En Nations Födelse / The Birth of a Nation
Realizadores: Lennart Malmer, Ingela Romare
Ano: 1973
País: Suécia
Duração: 48’
Sinopse: O sueco L. Malmer [n. 1941] "não se limita a seguir a marcha do tempo, dá-lhe uma dinâmica precisa através da montagem e do registo humano enquadrado no discurso da paisagem. O balbuciar de Spínola e a canção de Adriano Correia de Oliveira sobre as imagens do ataque à tropa portuguesa contrastam com o congresso em que o PAIGC proclama a independência do país (1973)". (Fonte: Programa do doclisboa2011, p.50).
Exolorar a hipótese de obter uma cópia aqui:
https://www.arsenal-berlin.de/en/distribution/distribution-info.html
Explorar a hipótese de obter uma cópia aqui:
https://www.arsenal-berlin.de/en/distribution/distribution-info.html
Ou aqui , no Banco Sueco de Dados sobre Filmes:
En Nations födelse - Guiné-Bissau, en före detta portugisisk koloni (1974)
http://www.svenskfilmdatabas.se/en/item/?type=film&itemid=80583
... Talvez o Zé Belo possa chegar lá...
Ver aqui um descrição detalhada do filme:
Catarina Laranjeiro - How many nations are we able to imagine?
Comunicação e Sociedade, vol. 29, 2016, pp. 93 – 106doi: http://dx.doi.org/10.17231/comsoc.29(2016).2411
https://revistacomsoc.pt/article/view/1643/1623
Luís, o tenente coronel que falo no meu Diário chamava-se Bacelar Pires, era o número dois do CAOP 1 em Cufar, o comandante do CAOP 1 que veio substituir o coronel pára-quedista Rafael Ferreira Durão, com quem lidei sempre em Cufar era o coronel pára-quedista Joaquim José Curado Leitão. Este não tinha medo de nada.
Abraço,
António Graça de Abreu
Obrigado, António, pela correção. Bem me queria parecer. Abraço. Luis
Olá Camaradas
Seria "acto de patriota" saber exactamente onde tinha o PAIGC declarado a independência. Digo eu que até nem sou guineense. E com que cobertura "jornalística" ocorreu o acto. É uma declaração "unilateral" e prontamente reconhecida por dezenas de países. Um êxito diplomático a registar pelos principais interessados, especialmente os guineenses do PAIGC.
Naquela altura, os reconhecimentos de independência eram mais fáceis. Depois, fazia-se um filme que passava nas TV nórdicas, onde o telespectador não sabia bem o que era isso da Guiné, mas papava aquilo sem o menor sentido crítico. Outros tempos...
De qualquer modo parece que "os povos (da Guiné especialmente) têm má memória". Claro que é muito mais cómodo arranjar uma desculpa "diplomática" para o desconhecimento da algo que era para ter acontecido. Os tempos eram realmente outros, mas a informação já fluía com facilidade e "fidelidade" e o PAIGC queria que ela fluísse para junto de quem interessava.
Hoje, ukékisso intrela?
A guerra acabou e isso já ficou para trás. Talvez, se estivesse ainda a continuar, o PAIGC até difundisse as coordenadas google do local. Agora assim... Passou, passou. Tá passado!
A propósito: onde é que é a Guiné? É um país? Isso interessa para alguma coisa? A mim, ex-colonialista, ex-salazarista e ex-lacaio do imperialismo não interessa mesmo nada.
Por mim, já me esqueci de onde era e hoje varreu-se-me do espírito se é independente ou não. Isso já ficou para trás.
Desejo-lhes saúde, sorte e dinheiro para os gastos.
Um bom FdS
António J. P. Costa
... citando (de um comentário do veterano Manuel Luís de Araújo Lomba):
- «Os mapas, que o Carlos Antunes roubou ao Exercito e entregou ao PAIGC, foram o mais valioso auxiliar para a certeza dos seus ataques com armas de tiro curvo aos 3 G´s, e o espólio da guarnição deixado e a retirada ou "abandono" de Guileje terão sido o maior contributo para credibilidade dessa declaração junto da OUA e da ONU.»
1.- Os pouco mais de 200 mapas militares cartográficos de Angola, da Guiné e Moçambique, que, durante a madrugada de sábado 23Dez1972, foram "desviados" dos Serviços Cartográficos do Exército (citos nas imediações da Praça do Príncipe Real, em Lisboa), não foi o co-fundador das BR/FPLN Carlos Carneiro Quintas Antunes (14Jan1938-23Jan2021), quem os «roubou e entregou ao PAIGC»;
2.- De facto, Carlos Antunes e outros transportaram-nos clandestinamente até Argel, onde foram entregues a Manuel Alegre de Melo Duarte, que por sua vez incumbiu o militante-delegado local das BR/FPLN Orlando Lindim Ramos, de proceder à distribuição daqueles mapas pelos representantes locais do MPLA, do PAIGC e da FRELIMO;
3.- Quanto à afirmação (categórica?) de que tais mapas «foram o mais valioso auxiliar [etc]», não colhe, porquanto artilheiros IN na Guiné, ao longo de quase uma década, demonstraram não carecer de "mapas" para exercitar tiro curvo.
... tb a título de esclarecimento, citando (do mesmo comentário do veterano Manuel Luís Lomba):
- «A propósito e salvo erro ou omissão, o General Abel Hipólito, que terá feito reacender a guerra no Leste de Angola, era o comandante de Tite, contra o qual o Amílcar inaugurou a Guerra da Guiné.»
O comandante dos BCac237/BCac599 (Tite), não foi "Abel Hipólito", sim seu irmão Carlos Barroso Hipólito; e quem «terá feito reacender a guerra no Leste de Angola», foi a UNITA quando decidiu romper os acordos havidos com o anterior Cmd/ZML, saindo da sua "zona de conforto" no Lungué-Bungo e reiniciado acções contra populações e NT; e tudo isso se encontra, desde há muito, basto documentado.
Luís Lomba
Fotografias houve tiradas por nossos camaradas como simples recordação, e muitas publicadas aqui no blogue, com imagens das nossas instalações com muita mais utilidade para o IN que os mapas militares roubados BR Antunes.
Centenas de fotografias aéreas da localização exata do Posto de Trms., do Comando, dos Espaldões de Obus e Morteiros, Casernas, etc. tudo estava sinalizado, incl., com legendas, foram enviadas para os familiares na metrópole e sem sabermos se algumas foram parar às mãos do IN
É pena não haver imagens desses mapas que foram roubados, para se avaliar da provável utilização do IN para ataques as NT.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Enviar um comentário