Foto nº 1 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remedios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Nascimento da Virgem"
Foto nº 2 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Apresentação da Virgem no Templo"
Foto nº 3 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Nave: painel de azulejos na parede fundeira (do lado do Evangelho) (i)
Foto nº 4 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Nave: painel de azulejos na parede fundeira (do lado do Evangelho) (ii)
Foto nº 5 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Painel de azulejos no lado da Epístola > Pormenor: "Adoração dos Pastores"
Foto nº 6 > Peniche > Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > 13 de julho de 2021 > Painel de azulejos no lado da Epístola > Pormenor: "Adoração dos Pastores" e cartela com a inscrição, em latim, "C(h)ristum Canamus Principem Natum Maria Virginae": Cantemos a Cristo, nosso príncipe, nascido da Virgem Maria
Foto nº 7 > Peniche >Largo dos Remédios > Capela de Senhora dos Remédios > Painel de azulejos no lado do Evangelho > Pormenor: "Apresentação do Menino no Templo" ou será a "Adoração dos Reis Magos" ? Ficamos na dúvida... > Na cartela pode ler-se: "Vocatum est nomem eius Iesus" ("Então era esse o nome de Jesus").
Foto nº 8 > Peniche >Largo dos Remédios > Santuário da Senhora dos Remédios > Fachada lateral direita (muro do adro), lado Norte, com o mar em frente. Está situada junto à costa o num nível mais baixo em relação aos edifícios que o circundam.
Foto nº 9 > Peniche >Largo dos Remédios > Santuário da Senhora dos Remédios > Entrada, virada para nascente.
1. A capela da Senhora dos Remédios está classificada como imóvel de interesse público desde 1996. Confesso que já só tinha uma vaga ideia do seu interior, devo ter cá vindo na segunda metade da década de 1970. E lembrava-me, não tanto dos fabulosos azulejos que revestem toda a nave da capela, como sobretudo da sala dos ex-votos, alguns deles ofertados por antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial, e que me causaram alguma impressão por serem moldes em cera de certas partes do corpo, com destaque para pernas e braços. Mas desta vez a sala de oferenas e a tribuna não estavam acessíveis... (São revestidos, as paredes e o tecto, a azulejos polícromos seiscentistas, que não pude observar nem fotografar.)
Há sempre uma "lenda" por detrás destes locais de culto cristão, em geral mariano. No caso da Senhora dos Remédios, tudo remonta à ocupação da península ibérica pelos "inféis" (sic), vindos do Norte África, a partir de 711...
Segundo a lenda, os cristãos da região da Atouguia, atemorizados, teriam escondido uma imagem de Nossa Senhora, numa pequena gruta ou caverna junto ao mar, a norte do Cabo Carvoeiro, com as Berlengas ao fundo... "Milagrosamente", a imagem é encontrada no séc. XII, por um foragido...que calhou entrar na gruta... Nessa altura, Peniche era um ilha e a Atouguia da Baleia... um dos portos mais importantes do novo reino. (A "descoberta" da imagem da Virgem seria mais ou menos contemporânea da da Senhora da Nazaré, por volta de 1179, ou seja, 3 dezenas de anos depois da "reconquista" da região que é hoje o oeste estremenho. Diz a tradição a capela-mor terá sido construida na tal gruta onde terá "aparecido" a pequena imagem da Virgém com o Menino Jesus nos braços...e foi a partir deste local que se desenvolveu o santuário,)
O culto da Sra dos Remédios estará, pois, associado à "Reconquista Cristã"... Com o tempo tornou-se importante, à escala regional. E mantém-se até aos nossos dias, cm peregrinações anuais, os "círios", que vêm das redondezas (, desde Mafra à Nazaré, de Torres Vedras a Alcobaça, da Lourinhã a Óbidos), mas também até, imaginem!, da vizinha Espanha (Valladolid)...
2. A capela, que chegou aos nossos dias, é de pequenas dimensões, e de estilo maneirista e barroco, e tem planta retangular, sendo composta por: (i) capela-mor (onde se venera a imagem da Virgem com o Menino Jesus nos braços) e nave, abobadadas; (ii) com espaço de culto prolongado por um grande alpendre (que estabelece a comunicação com a zona exterior e sala de oferendas ); e (iii) adro e pátio envolventes. (O extenso pátio ou terreiro fronteiriço é orlada das casas destinadas ao ermitão, aos mordomos e aos romeiros, incluindo as indispensáveis cocheiras ou cavalariças; hoje é local de feira, em dias de romaria).
No adro, que é vedado, ergue-se, do lado poente, a fachada do santuário e a torre sineira,
A criação do atual santuário remonta ao séc. XVII (, embora a sua origem seja mais antiga). As paredes da nave são totalmente revestidas por azulejos azuis e brancos, setecentistas, que representam episódios da vida da Virgem, sobre um rodapé com cartelas de emblemas marianos. Esta exuberância de painéis cerâmicos significava que, na altura, o santuário era rico ou tinha benfeitores ricos.
Do lado do Evangelho, os painéis de azulejos representam cenas do Nascimento da Virgem (Foto nº 1), da Apresentação do Templo (Foto nº 2) e o Casamento.
Da parte da Epístola, a Anunciação foi interrompida pelo púlpito, sendo, por isso mesmo, posterior aos azulejos, e seguindo-se a "Adoração dos Pastores" (Foto nº 5).
Lê-se no sítio Património Cultural:
(...) Assinados, na nave, por António de Oliveira Bernardes, estes azulejos constituem um importante testemunho da fortuna que este género de decoração alcançou no nosso país, e em particular em Peniche, onde pela mesma época (década de 1720), encontramos mais duas igrejas totalmente revestidas por painéis cerâmicos - Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Uma diferença, no entanto, isola a ermida dos Remédios neste contexto, e que é a ausência de talha dourada, aqui substituída por talha a imitar mármore, no retábulo-mor, denotando um certo afastamento dos modelos nacionais e reflectindo um gosto mais erudito e "joanino". (Rosário Carvalho) (..:)
Fico com vontade de, um dia destes, visitar as duas referidas igrejas, Nossa Senhora da Ajuda e Nossa Senhor da Conceição. Confesso que sou fã da nossa azulejaria, uma arte única que nos veio dos árabes, e tem 500 anos de produção. "O azulejo português é uma das marcas que representa a cultura de Portugal", diz o National Geographic. E devemos ter orgulho nisso!
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15 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22373: Tabanca do Atira-te Ao Mar (7): "Círio" à Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche, 13/7/2021 - Parte I: "Pagadores de promessas"
Vd. também poste de 13 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22368: Tabanca do Atira-te ao Mar (6): Já os romeiros partem, às 7h30, da Praia da Areia Branca a caminho da Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche. Almoço (sardinhada), na "Toca do Texugo", por volta das 13h00 (aberto a quem quiser lá aparecer, não há inscrições nem reservas)...
Nota do editor:
15 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22373: Tabanca do Atira-te Ao Mar (7): "Círio" à Senhora dos Remédios, Cabo Carvoeiro, Peniche, 13/7/2021 - Parte I: "Pagadores de promessas"
1 comentário:
Valdemar Silva (by email)
16 jul 2021 13:09
Olá Luís, obrigado pelo teu mail.
Isso é que é passear, tomara eu.
Conheço bem esse local: no início deste século costumava passear ao fim de semana e filmar igrejas.
Antes disso, nos anos de 1980 eu e o meu filho criança costumávamos acompanhar o padrinho dele, que era aferidor de balanças, à fábrica de congelados na Atouguia e ao mercado de Peniche.
Essa igreja da Senhora dos Remédios, não me recordo da figura dessa Senhora, a de Lamego está com um seio de fora a dar de mamar ao Menino, é muito interessante pelo aproveitamento duma capela antiga numa gruta estar a poucos metros da ravina para o mar.
O culto das imagens da N.Senhora encontradas depois de anos escondidas é normalmente em regiões junto ao mar, que depois nasce uma capela e transforma-se em Santuário com uma igreja.
A área do Santuário é muito grande e dá uma ideia das milhares de pessoas que aí se encontravam em dias de festa.
A igreja tem a particularidade, e não podia ser doutra forma, de estar virada a nascente e ser num piso inferior com uma torre sineira isolada e pouco "casada" com igreja/capela. Os azulejos julgo serem de origem portuguesa, mas os trajes da iconografia, pela sua exuberância, são de escola flamenga.
Quanto a sardinhadas estou como o outro que diz: ó pá dá-le.
Eu cá estou assim assim recolhido deste calor, mas hoje tenho que ir às compras pra barriga, quero ver se compro umas sardinhas para fritar ou fazer no forno, que assadas incomoda-me o fumo.
Um abraço e boa saúde
Valdemar
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