sábado, 17 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22378: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XII: Las Vegas, Nevada, Estados Unidos da América, 2005: What a wonderful world!

 




EUA, Nevada, Las Vegas > What a wonderful world!

[ Texto e fotos recevidos quinta, 1/07/2021 à(s) 20:33 ]



1. Continuação da série "Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo" (*), da autoria de António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74.


Escritor e docente universitário, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); "globetrotter", viajante compulsivo com duas voltas em mundo, em cruzeiros. É membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 280 referências no blogue.


Las Vegas, Nevada, Estados Unidos da América, 2005


Las Vegas, a cidade do jogo, da transitória felicidade, onde quase tudo vale.

Chego em 2005, ao volante do alugado Buick, le Sabre, depois de cavalgar meio farwest, desde o estado do Colorado, por estradas, auto-estradas e sinuosos caminhos, por canyons e desertos de pedra, por cidadezinhas perdidas entre o nada e areias douradas.

Alojo-me no Stardust, Las Vegas Boulevard, poiso de gente boa, Frank Sinatra e outros simpáticos mafiosos. O conforto do hotel, a piscina, o casino, ganhar, o inevitável perder, a defenestração do sentir por janelas semi-abertas para os encantamentos do dia. Adiante. O rasgar das avenidas, as águas coloridas dançam no Bellagio, ao sabor da música. A Strip, um enxame de hotéis e casas de jogo, Céline Dion, no Ceasers Palace -- "pour épater le bourgeois", ou seja, o endinheirado turista de passagem, -- canta, de permeio com outras canções, a odisseia de naufrágios titânicos em águas geladas do Atlântico Norte, lá, do outro lado da América.

Pelos boulevards, entre pastiches de Nova Iorque – uma estátua da Liberdade incluída –, recordações fingidas de Luxor, no Egipto, uma falsa torre Eiffel, imitações de Veneza, e tantas coisas mais. Há prostitutas bonitas e feias, gigolôs de passagem, sobretudo simples cidadãos americanos no despautério infernal da jogatana, desbaratando milhões de dólares. Celebram-se convenientes casamentos de ocasião, em capelas plasmadas em corações vazios.

Dez mil fantasias, um carrilhão de lágrimas, um breve carrão de alegrias para entreter o célere perambular das gentes no mundo. Até os deuses se distraem com os pecados dos homens.

 What a wonderful world!
 
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 2 de julho de 2021 > Guiné 61/74 - P22337: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XI: Japão, Hakone, março de 2014

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