Dois anúncios de empresas madeireiras da então província portuguesa da Guiné, talvez duas das maiores, existentes no território em meados de 1950, possuindo ambas "serrações mecânicas". Imagens reproduzidas, com a devida vénia, de Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).
1. Comentários a propósito da "bela e intermável praia de Varela" (**) e das mudanças climáticas que nos ameaçam a todos, Portugal, a Guiné-Bissau e o resto da nossa casa comum:
A "bela e interminável praia de Varela" corre um sério risco, tal como grande parte da Guiné-Bissau, a começar pelos Bijagós, de desaparecer, tal como muitas das nossas "belas e intermináveis" praias ...
Patrício, temos que pôr na nossa agenda (e, portanto, das nossoas preocupações, decisões e ações de cada dia) o problema (fundamental) das alterações climáticas... E temos que combater o "negacionismo" neste domínio... Há demasiada gente, nos nossos países, a "assobiar para o lado"...
Os antigos combatentes também têm um papel a desempenhar nesta matéria. Nrm negacionismo nem catrastofismo...
(..:) Más práticas ambientais que vieram do passado (colonial) e que se têm vindo a agravar desde a independência: desflorestação, destruição das florestas antigas e sagradas (Cantanhez), queimadas, agricultura extensiva, pastorícia, monocultura do caju, erosão dos solos, sobrecaça, sobrepesca, desertificação do interior, urbanização, etc. Todos temos que fazer a nossa parte. Fala- se cada vez mais de agricultura regenerativa...
Amigos, em outros tempos, quem cortava uma árvore era obrigado a plantar outra.
Conheci alguns viveiros de árvores florestais do Estado, que vinham desde a época colonial: como Gambiel e Nova…Imbonhe /Bissorã, onde tenho feito trabalhos. Mas que, com as privatizações, alguns deles já desapareceram.
O nosso Amigo Pepito / AD, criou viveiros em Coli/Quebo, Guiledje, Varela, grandes plantações de tarrafe no norte do Cacheu, etc.
Agora corta, nada planta, será que os Chineses não as sabem plantar ?...Mas quem as corta são os Senegaleses e Gambianos.
Os ambientalistas, biólogos e outros estudiosos sobre o assunto, tem a informação de quantos milhares de contentores já saíram carregados para a China e continuam a sair, embora seja proibido por lei, mas não pelas armas, que o diga a nossa amiga Pepas Silva…
Trocam matérias primas por serviços prestados, assim vai a coisa até ao esgotamento total.
Ecologia ? Qual ecologia ?!
Ecologia? C. Martins, foi a China, foi a Shell, a Total, etc, os pescadores russos e japoneses, estes são doidos por atum, e até mirones das Nações Unidas a assistir, etc. Foi tudo um regabofe a gozar com aquele continente.
Foi tudo a comprar uns tantos dirigentes e a espalhar uns míseros dólares e uns donativos para ajudar a calar o povo.
A Europa colonial, impotente, tenta esquecer África, mas os africanos não deixam.
(ii) António Rosinha;
Pode-se culpar de (alguma) escravatura na Guiné, o colon português, mas não se deve culpar o colon de exploração de madeiras, desflorestação, queimadas nem de outros crimes ambientais.
(iii) Tabanca Grande Luís Graça:
Rosinha, seria interessante comparar os metros cúbicos de madeira que foram exportados antes e depois da independência... É verdade que não havia serras mecânicas. Nem muito menos máquinas, capazes de só num dia arrazar muitos campos de futebol de floresta... Os nossos aquartelamentos no mato foram construídos a catana, serra, enxada, pá e pica, sangue, suor e lágrimas...
Só conheci um madeireiro, em Contuboel. Com a guerra fugiram todos, oa poucos que haviam... Com os reordenamentos houve grande abate de palmeiras (cibe). Mantenhas.
O colon até para fazer estradas era uma desmatação bem reduzida, ou nem fazia estrada nenhuma. Apenas nos anos de guerra alargava um pouco a limpeza junto às picadas.
Após a independência é que se aproveitou para abusar. Os madeireiros coloniais não recebiam subsídios para adquirir máquinas modernas, viviam à rasquinha.
Rosinha, seria interessante comparar os metros cúbicos de madeira que foram exportados antes e depois da independência... É verdade que não havia serras mecânicas. Nem muito menos máquinas, capazes de só num dia arrazar muitos campos de futebol de floresta... Os nossos aquartelamentos no mato foram construídos a catana, serra, enxada, pá e pica, sangue, suor e lágrimas...
Só conheci um madeireiro, em Contuboel. Com a guerra fugiram todos, oa poucos que haviam... Com os reordenamentos houve grande abate de palmeiras (cibe). Mantenhas.
(iv) Patrício Ribeiro:
Amigos, em outros tempos, quem cortava uma árvore era obrigado a plantar outra.
Conheci alguns viveiros de árvores florestais do Estado, que vinham desde a época colonial: como Gambiel e Nova…Imbonhe /Bissorã, onde tenho feito trabalhos. Mas que, com as privatizações, alguns deles já desapareceram.
O nosso Amigo Pepito / AD, criou viveiros em Coli/Quebo, Guiledje, Varela, grandes plantações de tarrafe no norte do Cacheu, etc.
Agora corta, nada planta, será que os Chineses não as sabem plantar ?...Mas quem as corta são os Senegaleses e Gambianos.
Os ambientalistas, biólogos e outros estudiosos sobre o assunto, tem a informação de quantos milhares de contentores já saíram carregados para a China e continuam a sair, embora seja proibido por lei, mas não pelas armas, que o diga a nossa amiga Pepas Silva…
(v) C. Martins:
Qual ecologia..???
Após a independência os russos raparam o fundo oceânico da Guiné com os arrastões. Agora foram os chineses que limparam todas as árvores de mogno existentes, grandes e pequenas ... todas ou quase.
As elites africanas estão a vender África a pataco aos chineses, em que qualquer comparação com os antigos colonos europeus é mera coincidência, Para estes não existem direitos humanos, direito internacional, princípios éticos.. Nada de nada, só lhes interessa explorar os recursos existentes de forma a obter o maior lucro possível.
Após a independência os russos raparam o fundo oceânico da Guiné com os arrastões. Agora foram os chineses que limparam todas as árvores de mogno existentes, grandes e pequenas ... todas ou quase.
As elites africanas estão a vender África a pataco aos chineses, em que qualquer comparação com os antigos colonos europeus é mera coincidência, Para estes não existem direitos humanos, direito internacional, princípios éticos.. Nada de nada, só lhes interessa explorar os recursos existentes de forma a obter o maior lucro possível.
Trocam matérias primas por serviços prestados, assim vai a coisa até ao esgotamento total.
Ecologia ? Qual ecologia ?!
(vi) António Rosinha:
Foi tudo a comprar uns tantos dirigentes e a espalhar uns míseros dólares e uns donativos para ajudar a calar o povo.
A Europa colonial, impotente, tenta esquecer África, mas os africanos não deixam.
2. Comentário do editor LG:
(Re)publicamos, acima, alguns anúncios dos madeireiros que existiam na Guiné em meados dos anos 50. A fonte são anúncios de casas comerciais, da então província portuguesa da Guiné, inseridos em Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).
A guerra deu cabo destes negócios, nomeadamente o da exploração e da exportação de madeira.
Sabemos que o aproveitamento da "fileira florestal" vai se intensificar durante a II Guerra Mundial, na sequência do aumento das cotações da madeira. As florestas do Cacheu, ricas em bissilião, vão ser duramente castigadas. A exportação de madeira, da província, passa dumas míseras 131 toneladas (32 contos), em 1931-35, para 24 vezes mais, em 1946-50: 3133 toneladas (2514 contos).
22 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14173: Historiografia da presença portuguesa em África (52): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte IV (Mário Vasconcelos): Há, pelo menos, 6 comerciantes libaneses em Bafatá: Jamil Heneni, Toufic Mohamed, Rachid Said, Fouad Faur, Salim Hassan ElAwar e irmão 9 de agosto de 2021 > Guiné 61/74 - P22443: Memória dos lugares (424): a bela e interminável praia de Varela, a 5 horas de Bissau... (Patrício Ribeiro)
(Re)publicamos, acima, alguns anúncios dos madeireiros que existiam na Guiné em meados dos anos 50. A fonte são anúncios de casas comerciais, da então província portuguesa da Guiné, inseridos em Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2. (*).
O Manuel Ribeiro de Carvalho seria em 1956, antes da guerra, "o maior exportador de madeiras da Guiné"; tendo serração mecânica em Binta, Farim. O Fausto da Silva Teixeira também seria outro madeireiro importante, com estabelecimento principal em Bafatá. Tem uma dezena de referências no nosso blogue.
Recorde-se que o Fausto Teixeira foi um dos primeiros militantes comunistas [segundo reivindicação do PCP], a ser deportado para a Guiné, logo em 1925, com 20/25 anos, ainda no tempo da I República; era dono, em novembro de 1938, de "a mais apetrechada de todas as Serrações existente nesta Colónia". segundo o anúncio que se reproduz à direita.
E o anúncio acrescenta:
"Em 'stock' sempre as mais raras madeiras. Preços especiais a revendedores. Agentes em Bolama, Bissau e nos principais centros comerciais da Guiné"...
(Fonte: Câmara Municipal de Lisboa > Hemeroteca Digital > Jornal programa, editado pelo Sport Lisboa e Bolama, novembro de 1938, p. 7, com a devida vénia. (***)
Na altura a sede ou o estabelecimento principal era no Xitole... Foi expandindo a sua rede de serrações pelo território: Fá Mandinga, Bafatá, Banjara... Era exportador de madeiras tropicais, colono próspero e figura respeitável na colónia em 1947, um dos primeiros a ter telefone em Bafatá, amigo de Amílcar Cabral, tendo inclusive ajudado o Luís Cabral a fugir para o Senegal, em 1960... Naturalmente, sempre vigiado pela PIDE...
Alguém se lembra destas duas empresas e dos seus donos ? Ainda conheci, em Contuboel, um madeireiro!....A serração do Albano ainda existia no meu tempo (junho/julho de 1969), quando Contuboel foi Centro de Instrução Militar, donde saíram, de entre outras, as futuras CCAÇ 11 e 12. A malta da CART 2479 / CART 11 deve-se lembrar bem do Albano.
Sabemos que o aproveitamento da "fileira florestal" vai se intensificar durante a II Guerra Mundial, na sequência do aumento das cotações da madeira. As florestas do Cacheu, ricas em bissilião, vão ser duramente castigadas. A exportação de madeira, da província, passa dumas míseras 131 toneladas (32 contos), em 1931-35, para 24 vezes mais, em 1946-50: 3133 toneladas (2514 contos).
A maior parte da madeira era exportada em toros. As serrações eram poucas e arcaicas. Com o início da guerra, em 1963, as exportações rapidamente entraram em declínio:
- 13551 t (6734 contos), em 1960;
- 18322 t (6630 contos), em 1961;
- 17117 t (8241 contos), em 1962;
- 17253 t (7919 contos), em 1963;
- 3618 t (1164 contos), em 1964;
- 3406 t (1848 contos), em 1965.
A quebra mais acenuada, nessa década, é a partir de 1963, onde o volume das exportações ainda ultrapassou as 17250 toneladas (e os 7900 contos).
A madeira em bruto representava 78% do total em 1963 (e apenas 47% em 1965). O "bissilão", seguido do "mandobe", era a madeira mais exportada. A então metrópole absorvia então cerca de 90% das exportações, cabendo a Cabo Verde uma pequena quantidade.
As práticas das populações locais e dos madeireiros eram já apontadas na época, em meados de 1960, como lesivas desta potencial riqueza económica da Guiné. Outro problema grave era a falta de comunicações e de transportes.
A peso da peso da madeira e seus derivados era residual no conjunto dos produtos de exportação da colónia: basta comparar as oleaginosas, o amendoim ou mancarra (40 mil toneladas e 126 mil contos, em 1961) e o coconote (c. de 16,7 toneladas e 47,7 mil contos, em 1961). Em 1965, a mancarra e o coconote representavam, em 1965, 61% e 28% do total das exportações, respetivamente.
(Fonte: Dragomir Knapic - Geografia económica de Portugal: Guiné. Lisboa: Instituto Comercial de Lisboa, 1966, pp. 32/34).
Da revista Turismo - Revista de Arte, Paisagem e Costumes Portugueses, jan/fev 1956, ano XVIII, 2ª série, nº 2, extraímos os seguintes recortes,que mostram que a madeira e seus derivados ainda não figuravam nas lista dos cinco produtos mais exportados, com referência ao período de 1941-1950 (Produção e exportação em toneladas e em contos, valores médios):
_________
Notas do editor:
(*) Vd. postes de
5 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14221: Historiografia da presença portuguesa em África (58): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte IX (Mário Vasconcelos): o madeireiro Manuel Ribeiro de Carvalho (Binta, Farim) e a carpintaria mecânica de Humberto Félix da Silva (Bissau)
(***) Vd. poste de 17 de setembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20152: Jorge Araújo: memórias de Bolama: a imprensa e o comércio locais há oito décadas atrás.
13 comentários:
Amigos e camaradas: tal como não gostamos que nos chamem "tugas", não não devemos usar termos injuriosos, racista ou xenófonos quando falamos de outros povos... Por exemplo, "chinocas"... Este blogue cultiva a elevação, e sabemos separar os povos, dos seus regimes políticos e sistemas económicos... LG
Alguns resultados da pesquisa no Google > "Desflorestação da Guiné-Bissau"...
Como salvar as florestas da Guiné-Bissau? - DWhttps://www.dw.com › como-salvar-as-florestas-da-guin...
16/11/2015 — Todos os anos, a Guiné-Bissau perde dezenas de milhares de hectares de zonas ... Sem proteção legal e ao ritmo de desflorestação atual, ...
Ativista preocupada com ″ameaça″ às florestas da Guiné ...https://www.dw.com › ativista-preocupada-com-ameaça...
14/10/2020 — O Governo da Guiné-Bissau quer autorizar o abate de árvores por cinco ... da desflorestação, das mudanças climáticas, da desertificação.
ONU preocupada com riscos de desflorestação na Guiné ...https://24.sapo.pt › Atualidade
06/04/2017 — O Gabinete Integrado das Nações Unidas para Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (Uniogbis) está preocupado com a persistência do corte da ...
A narrativa da degradação ambiental no Sul da Guiné-Bissau ...https://journals.openedition.org › etnografica › pdf
PDF
de MP Temudo · 2009 · Citado por 44 — The narrative of environmental degradation in Southern Guinea‑Bissau: an ethnographic deconstruction ... uma intensa desflorestação do continente.
Constituição da baseline para projectos de carbono no ... - RUNhttps://run.unl.pt › handle
de AP Amaro · 2011 — O Mecanismo REDD+ promove a não desflorestação nos países em ... facultando assim as bases para o desenvolvimento de projectos de REDD+ na Guiné-Bissau.
Abate florestal continua na Guiné-Bissau apesar de moratória ...https://www.rfi.fr › guine-bissau › 20170530-abate-flor...
30/05/2017 — Apesar da adopção em 2015 de uma moratória por um prazo de cinco anos sobre a exploração florestal na Guiné-Bissau, na sequência das ...
Guiné-Bissau Governo guineense permite a retoma do ... - RFIhttps://www.rfi.fr › guiné-bissau › 20201014-governo-...
14/10/2020 — Governo guinenese autoriza a retoma, em regime especial, de abate de rvores no país.A palavra cabe ao Presidente Sissoco Embaló que tem em ...
CARBOVEG-GBhttps://prais.unccd.int › sites › default › files › Do...
PDF
Parametrização do Modelo CASA para a Guiné-Bissau . ... Taxa de desflorestação entre 1990-1994, 1994-2002, 2002-2007 e. 1900-2007 .
31 páginas
República da Guiné-Bissauhttps://info.undp.org › pdc › Documents › GNB
PDF
A Guiné-Bissau assinou e ratificou a Convenção das Nações Unidas de para a ... nesta actividade, entre as quais, desflorestação e queimadas incontroladas ...
70 páginas
Nô Matu, floresta ameaçada - Expresso das Ilhashttps://expressodasilhas.cv › no-matu-floresta-ameacada
17/09/2016 — Mudanças climáticas, desflorestação, desertificação: expressões que ... Com um ecossistema frágil, a Guiné-Bissau precisa de encontrar uma ...
Miguel de Barros, sociólogo e investigador, da Guiné-Bissau, disse no Twitter:
https://twitter.com/debarros_miguel/
9 de out de 2020
Guiné-Bissau é último tampão florestal na costa ocidental junto ao Atlântico e inserida numa região cada vez mais devastada pelos eventos climáticos severos. Entre 2012-14 as regiões de Bafatá (Leste) e de Oio (Norte) foram as mais devastadas fincando Oio sem florestas primárias
8 de out de 2020
Com memória recente da falta de transparência e corrupção que devastou florestas primárias e na ausência de um inventário, ao instituir “regime excecional para exploração de espécies (...) drenagem de #madeira a partir das matas” o Estado guineense abre caminho para nova sangria
Como nível de desflorestação que atingiu o território, o PAIGC hoje não teria "matas" para construir as suas "barracas"... O Oio, o Cantanhez... são imagens do passado...
Já em 2008 quando percorri alguns troços da margem direita do Rio Corubal, no antigo sector L1 (triângulo Xime-Bambadinca-Xitole), levei um murro no estômago; as temíveis matas de outrora, a floresta-galeria, onde só íamos uma vez por ano, no tempo seco, e onde o PAIGC tinha os seus "santuários", já não existiam...
Quod Vadis, Guiné-Bissau ?
Colonialismo foi (e é) colonialismo... Não vamos branquear as coisas... Mas a verdade é que os madeireiros do passado são uns "meninos de coro"comparados com as máfias que exploram e exportam ilegalmente a madeira da Guiné-Bissau, em especial para os mercados asiáticos, com a China à cabeça... O pau-preto e o pau-sangue são das espécies mais apetecidas... Tal como os chifres dos rinocerontes e o marfim dos elefantes...
Quem seria este Manuel Ribeiro de Carvalho ?
Quando o deserto do Saara chegar à Guiné-Bissau (, se é que não chegou já...) e ao sul de Portugal (onde está a começar a chegar), então é tarde para chorarmos... Chorarão os nossos netos, por eles, não por nós, que não fizemos porque éramos demasiado egoístas e estúpidos...
(...) A madeira em bruto representava 78% do total em 1963 (e apenas 47% em 1965). O "bissilão", seguido do "mandobe", era a madeira mais exportada. (...)
Nem um (bissilão) nem outro vocábulo (mandobe) vêm grafados no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa...
"Mandobe" nem sequer apanho na pesquisa do Google... Devem ser vocábulos do crioulo... Alguém pode ajudar ? Qual o nome científico destas duas espécies ?
bissilão
bis.si.lão
substantivo masculino
1.Guiné-Bissau BOTÂNICA árvore tropical (Khaya senegalensis) de grande porte, da família das Meliáceas, cuja madeira é muito apreciada na construção civil, mas sobretudo na marcenaria; mogno da Guiné
2.Guiné-Bissau madeira desta árvore
https://www.meudicionario.org/bissil%C3%A3o
Caros amigos,
A Serraçao do Portugués Albano Neves, com sede em Contuboel continuou a explorar madeira nesse Sector antes, durante e depois da guerra colonial (1963-1974). Eu cresci a ver os velhos camioes desta empresa a transportar madeira para Contuboel, inclusive depois da independencia a partrir de sitios dos mais improvaveis da nossa zona.
E a plantaçao de novas arvores pelos madeireiros ou quaisquer outras entidades para recuperaçao ou compensaçao era um mito, pois eu nunca vi uma unica planta de substituiçao em todo o Sector e nunca vi nenhuma obra de infraestruturas para beneficiar a populaçao local. E Acreditem que eu conhecia a minha terra como poucos pois fazia pastoricia desde a mais tenra idade e so deixei de o fazer com a minha partida para os estudos em 1985. Os sinais da exploraçao da madeira eram visiveis em todas as partes da floresta onde cortavam o Bicilao, o pau-de-sangue e o Pau-de-conta.
A exploraçao dos recursos do continente, sejam eles florestais ou aliéuticos sempre foram feitos com a participaçao dos europeus em primeira linha sejam eles do Leste ou do Ocidente. Pessoalmente sou a favor da exploraçao controlada se isso fosse possivel num pais tao desprotegido e fragilizado, porque de qualquer modo todas essas riquezas naturais estao condenadas a desaparecer seja pela acçao do homem seja por causas naturais ligadas as mudanças climaticas e, porque nao aproveitar quanto antes (digo eu).
Com um abraço amigo,
Cherno Baldé
A "Serração do Albano", só foi do Albano após o 25 de Abril, pois o verdadeiro proprietário entregou as rédeas ao Albano que era o gerente ou encarregado.
Rezavam as crónicas dos moribundos resistentes brancos que iam desaparecendo de Bissau aos poucos que aconteceu isso com outros comerciantes e proprietários brancos entregarem as suas propriedades e casas a empregados enquanto eles patrões cansados de guerra, desvaneceram-se.
Só que o Albano não só manteve como desenvolveu e se entendeu muito bem com aquela empresa com a independência da Guiné Bissau.
Albano, quase sem exemplo, digo "quase".
Entendeu-se às mil maravilhas, como peixe n'água.
Na Guiné só se modernizou ou tentou modernizar a industria madeireira à "grande e à sueca" com Luís Cabral e seus ministros e continuou.
Até uma moderníssima fábrica de contraplacados e afins se montou em Buba, coisa linda, não sei como estará hoje.
Entraram mais máquinas, tratores, máquinas de corte, giratórias e camiões todo o terreno, tudo Volvo, tudo moderno para a Socotram de 1975 a 1983, do que desde 1500 até 1974 para os rudimentares madeireiros portugueses.
Aliás, era precisamente a medíocre iniciativa industrial e comercial e mineira dos portugueses, que os dirigentes dos movimentos mais criticavam e mesmo ridicularizavam o "portuga" e a sua presença nas colónias.
Dai-nos a independência e vão ver o que fazemos desta terra. (o que eu ouvi em Angola e depois repetido no Brasil, e depois na Guiné na inauguração da fábrica do Nhaie-citroen).
Falar em ecologia em África é muito complicado, e na Guiné não é o pior país.
Há Linhas de água na Nigéria que o petróleo de pipe lines rotos contaminou.
E nós exploradores indignos, selávamos furos de prospecção de petróleo.
Eramos mesmo uns ecologistas, lá e cá, só mais tarde é que caímos nessa dos eucaliptos e celuloses, que estupidez de riqueza.
Rosinha, que Deus, Alá e os bons irãs te conservem por muitos e bons anos, com saúde e essa cabecinha com memória de elefante. A tua lucidez e a tua frontalidade fazem-nos faltá, aqui no blogue. Porque tu já viveste muitas vidas e tens a sabedoria do africano. A História tem testemunhas incómodas como tu...E ainda bem. Mantenhas.Luis.
Enviar um comentário