sexta-feira, 25 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23110: Memória dos lugares (439): Safim e o edifício do posto administrativo (Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCAÇ 4541/72, Safim, 1974)



Guiné > Sector de Bissau > Safim > CCAÇ 4541/72 (Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar e Safim, 1972/74) > O Victor Costa à esquerda com outro camarada da companhia... Ao fundo, o edifício do posto administrativo... Curioso, tem dois telhados, um mais baixo acompanhando todo a varandim e um sobreelevado, correspondendo ao piso térreo, de pé direito alto... Uma solução da arquitetura colonial, certamente a pensar  na melhoria da ventilação do edifício.

Fotos (e legenda): © Viictor Costa (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem do Victor Costa, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974), natural da Figueira da Foz, e membro nº 855 da Tabanca Grande (*):

Data - domingo, 20/03/2022, 14:14 

Assunto - Fotografias do edifício da Administração de Safim


Amigos e Camaradas da Guiné,

Seguem duas fotografias minhas, tiradas no mesmo dia, com dois elementos da CCaç 4541/72, em frente à casa do Administrador de Safim (**), bem próximo do nosso Quartel e do desvio  para João Landim Porto. (***)

(...) Um abraço e em particular àqueles que, com o seu exemplo de coragem, continuam a resistir aos seus problemas de saúde. Aqui se vêem os guerreiros deste País.

Victor Costa
Ex-Fur Mil At Inf
___________

Notas do editor

(*) Vd. poste de 30 de novembro de  2021 > Guiné 61/74 - P22765: Tabanca Grande (528): Victor Manuel Ferreira Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4541/72 (Safim, 1974). Senta-se no lugar n.º 855, à sombra do nosso poilão

(...) Mobilizado em 4 de Março de 1974 para a Guiné, beneficio de 10 dias de licença e no dia 16 de Março do mesmo ano, a bordo de um Boeing 727 da FAP, chego ao aeroporto de Bissalanca e daí em transporte rodoviário para Bissau, a fim de render um camarada Fur Mil, morto em combate na região de Bafatá.

Fico instalado no QG e aguardo ordens, que chegam uns dias depois. Fazer o espólio de guerra do camarada acima citado.

No final do mês de Março sou colocado na CCaç 4541/72 em Safim.

Nesta Unidade é-me atribuído o comando de uma Secção constituída por mim, 3 Cabos e 7 praças e dou início à minha actividade operacional realizando patrulhas e controlos em João Landim Sul, Impernal, arredores da BA 12 e Capunga. A Norte do Rio Mansoa no destacamento de João Landim Norte, segurança e patrulhas do Rio Mansoa até Bula.

Em Maio de 1974, fui eleito membro da Delegação do MFA na CCaç 4541/72.

Regresso à Metrópole a 3 de Outubro desse ano em avião da FAP. (...) 

(**) Deve tratar-se de chefe de posto, e não administrador.  Safim não era circunscrição ou concelho, mas posto administrativo.

4 comentários:

Zé Manel Cancela disse...

Estive todo o mês de Dezembro de 1969
em Safim.Recordo-me do posto Administrativo
cujo chefe era um ex-furriel do nosso exercito
casado com uma senhora Cabo-Verdeana.Creio que não era
bem querido da população.....Tive oportunidade de sentir isso mesmo...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sabemos pouco da administração colonial na Guiné. Quem era os seus representantes, administradores, chefes de posto, polícia administrativa... Mas há histórias que se contava no meu tempo, os meus soldados fulas, em Bambadinca... E que não eram lisonjeiras para os pequenos senhores absolutos que, no meio do mato, "representavam Portugal e exerciam a soberania"... Spínola, tardiamente, quis emendar e corrigir erros e desmandos, dos chefes de posto e dos comerciantes...

JOSÉ NASCIMENTO disse...

Em Julho de 1970 o Administrador do posto de Safim convidou o Alferes Marques e os furrieis do 3º. pelotão da CART 2520 e lá fomos nós fazer um "pequeno sacrifício" comer uns belos camarões

Um abraço para os camaradas

José Nascimento

Antº Rosinha disse...

"Sabemos pouco da administração colonial na Guiné".

Luís, nem "nós" nem o Spínola, e como todos os militares com responsabilidade em geral, já vinham (iam)para o Ultramar com alguma animosidade contra quem cá (lá) estava.

"Vocês são os culpados de eu estar aqui", ouvi eu, furriel milº (22 anos)de incorporação de Angola, em 61, de um capitão do QP de uma companhia metropolitana onde eu fui incorporado.

À partida estava um diálogo muitíssimo necessário cortado, necessário para os dois lados.

Pois bem Luís Graça, sempre ouvi na Guiné a antigos brancos, velhos comerciantes que foram aguentando em Bissau com Luís Cabral e com Nino, sempre ouvi a estes velhos brancos que ainda ficaram bastantes, Spínola nunca quis ouvir ninguém, nem comerciantes nem chefes de posto nem PIDE.

Pois bem, Spínola já foi há muitos anos, e a maioria destes antigos também já foram, e vale o que vale o que constava em Bissau sobre Spínola e a sua personalidade no caso dos 3 majores.

Foi por Spínola não querer ouvir ninguém desta gente e mesmo de alguns militares, que foi o que foi.

Bissau tem um condão, não sei se é explicável, ali não há segredos, sabe-se tudo desde que se saiba bem o crioulo.

Não sei se Spínola chegou a entender bem o crioulo.

É que há o crioulo para branco entender e crioulo para branco não entender.

Eu em treze anos nunca entendi nem um nem outro, (sou uma negação, falta de ouvido)mas por fim já sabia pedir explicações, já não era mau.

Constava que Spínola nunca queria ouvir ninguém.

Tinha outras qualidades inegáveis de comando, mas esta qualidade...não.