1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Outubro de 2021:
Queridos amigos,
A reconstrução da fortaleza de Bissau (não sei se não seria mais correto dizer a construção, já que a primeira fortaleza estava praticamente derruída quando se encetaram os profundos trabalhos desta construção, vieram barcos carregados de pedra para a erguer, tal como hoje a conhecemos) foi trabalhosa e trazemos à consideração do leitor este episódio que nos parece eloquente para se poder apreciar a permanente hostilidade da população da ilha de Bissau tanto com a presença da autoridade portuguesa como até dos mercadores estrangeiros. Deu muito trabalho fazer aceitar por parte das autoridades autóctones de Bissau a construção da fortaleza, este episódio de 1753 irá repetir-se inúmeras vezes, para além da fortaleza Bissau estará sempre cercada de muralhas que só desaparecerão no início da I República, era governador da Guiné Carlos Pereira.
Um abraço do
Mário
Bissau, 1753: Escaramuças na construção da Fortaleza de S. José
Mário Beja Santos
A Relação da viagem da fragata “Nossa Senhora da Estrela” a Bissau em 1753 conheceu duas edições, uma em 1952 e outra em 1995, ambas da Academia Portuguesa de História e com as anotações do professor Damião Peres. O interesse da obra é grande. O barco era um corsário de guerra, ao contrário do que pode parecer desta designação era um navio apetrechado para combater corsários, o seu destino era Cacheu e seguir até ao porto de Bissau, estava em curso a construção da Fortaleza de S. José de Bissau, como ia acontecendo ao longo destes tempos, começava-se por fazer capitulações de paz, seguia-se a sublevação dos autóctones, depois de combates sangrentos onde muitas vezes culminavam novas capitulações de paz. Esta relação que Damião Peres atribui a um autor que se oculta nas iniciais A. J. C. A. era provavelmente António José da Costa Araújo. Temos uma primeira parte a fazer referência às vicissitudes da viagem e a segunda parte é uma verdadeira relação de combate que levou os autóctones da ilha de Bissau a capitular. Os sucessos havidos em Bissau têm a ver com a tarefa da reconstrução das fortificações de Bissau empreendidas pelo capitão-mor de Cacheu Francisco Roque Sotto Mayor desde os começos de 1752. A primeira parte da relação descreve a partida a 7 de janeiro de 1753, o destino inicial era Cacheu, cinco dias depois avistaram Porto Santo e a ilha da Madeira, a viagem prosseguiu pelas Canárias e mais adiante Cabo Verde.
É de facto a segunda parte que a relação ganha imensa vivacidade com a descrição dos combates havidos, as gentes de Bissau disparavam o seu fogo atrás de uns respaldos de areia, da embarcação deu-se resposta com fogo contínuo, morreu um lugar-tenente do régulo Palanca, a gestão do fogo a partir do navio tinha que ser bem administrada para não afetar as obras da fortaleza nem as moranças vizinhas. As gentes de Bissau praticaram crueldades, como se escreve na relação de que mataram um rapaz moço do corsário e um homem: “ao rapaz cortaram a cabeça, e espicharam em um pau, e arvorando-o um gentio ao ar, iam outros muito atrás fazendo grande alarido, ou entre eles bambaré (grande vozearia), solenizando esta grande presa, e o largaram ao pé de um hospício que há naquela ilha já desemparado dos padres dele”. Tratava-se de missionários que tiveram que se refugiar a bordo. O homem que também foi morto era um serralheiro, o comandante mandou dar sepultura quer ao homem quer ao rapaz perto da fortaleza.
No dia seguinte, de novo começou a gritaria dos autóctones, ripostou-se com fogo de artilharia, morreu muita gente, os sublevados começaram a lançar fogo às moranças junto da fortaleza, nova resposta de artilharia e no dia seguinte o régulo Palanca mandou uma embaixada a pedir a paz, a oferecer escravos. Pelo relato se percebe que foi uma viagem acidentada e não se pôde ir diretamente a Cacheu, só depois dos acontecimentos de Bissau é que o corsário de guerra levou mantimentos a Cacheu, de novo se voltou a Bissau e se ajuramentou com o régulo Palanca a paz, e a relação termina dizendo que no dia 23 de março o comandante de Nossa Senhora da Estrela mandou celebrar missa a bordo, em Ação de Graças pela vitória, tinham morrido nove pessoas do lado dos navios mercantes e da fragata. E regressou-se a Portugal.
Nas notas, Damião Peres refere que a fragata Nossa Senhora da Estrela fez naquele ano duas viagens a Bissau, também tinha sido empregue a combater as surtidas dos corsários na costa portuguesa. Em ambas as viagens à Guiné comboiavam navios. Por exemplo, na primeira viagem comboiava um patacho (navio de dois mastros, variante do tipo brigue) que depois seguiu para Cabo Verde. Damião Peres chama também a atenção para as vicissitudes da chegada à Guiné, o comandante da fragata não cumpriu exatamente a ordem de marcha que lhe prescrevia dirigir-se diretamente a Bissau, houve que mandar aviso ao capitão-mor de Cacheu pois na aproximação a Bissau entrou na região de baixios, houve necessidade de que viesse de Cacheu um prático para orientar a navegação até Bissau.
Lê-se em vários relatos que a fortaleza de S. José da Amura está adubada de muito sangue, houve muitas vidas sacrificadas para a sua construção.
Juntam-se elementos extraídos do texto “COLONIZAÇÃO DA GUINÉ 1740-1759”, um site que provavelmente merecerá muita atenção por parte do leitor, se interessado em querer conhecer os principais episódios da nossa presença naquele ponto da Senegâmbia no fim do século XVIII e princípio do século XIX.
Navio português do século XVIII
Interior da Fortaleza de S. José da Amura, bilhete-postal, cerca de 1925
Uma rua de Bissau, bilhete-postal de Philippe Garès, Paris, cerca de 1912
Elementos extraídos do texto “COLONIZAÇÃO DA GUINÉ 1740-1759”:
Em 1752, FRANCISCO ROQUE DE SOTTO MAYOR é capitão-mor de Cacheu. Em 1752 Francisco de Sotto Maior instalou uma guarnição portuguesa em Bissau. Sotto Mayor também hasteou a bandeira portuguesa em Bolama, mas não criou uma feitoria. A guarnição portuguesa de Bissau recebia poucos mantimentos e pessoal, e a colónia definhou até 1765, data em que a Companhia do Grão-Pará e Maranhão expediu reforços substanciais.
1752/03/12
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I informando em disposição a um artigo do seu regimento ser ou não conveniente a proposta feita por JOSÉ GOMES DA SILVA para a instituição de uma nova Companhia de comércio para Cacheu, expondo que Gomes da Silva e Companhia deveriam depositar um milhão e meio de cruzados para a fortificação de toda a costa da Guiné, sendo necessário duas naus de guerra para guardar aquela costa, salvaguardando o domínio do rei de Portugal naqueles territórios; e advertindo que se o monarca ordenasse a fortificação de Bissau e da Serra Leoa seria necessário a arrematação dos contratos relativos à Guiné.
Anexo: carta.
AHU-Guiné, cx. 8, doc. 18 e 21.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 666.
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I dando conta em resposta à ordem contida no 10º artigo do seu regimento acerca da antiga fortaleza de Bissau, a causa da sua demolição, e do que restava das ruínas, se conservava alguma ruína ou memória de como era a dita fortaleza; informando o seu parecer acerca da conveniência de se reedificar a fortaleza, e se teriam alguma oposição do gentio da ilha de Bissau, e se a edificação da fortaleza renderia direitos à Fazenda Real, e se os rendimentos seriam suficientes para a guarnição da fortaleza, e pagamento do capitão-mor e oficiais da fazenda; remetendo carta do rei de Bissau.
Anexo: cartas, instrumento em pública forma, certidão, sobrescrito e lembrete.
AHU-Guiné, cx. 8, doc. 19 e 15.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 667.
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I acerca dos artigos do seu regimento respetivamente à conservação da ilha de Bissau e à reedificação da fortaleza; e averiguar se o seu antecessor teve resposta da carta que escreveu ao rei de Bissau acerca da sua conversão; dando conta que teve notícia de que o rei de Bissau recebeu o batismo poucas horas antes de falecer, tendo-lhe sucedido outro rei, que faleceu seis meses depois; informando que escreveu ao atual rei de Bissau, ainda da ilha de Santiago, por intermédio do padre definidor frei MANUEL DE PAÇOS.
Anexo: carta.
AHU-Guiné, cx. 8, doc. 22.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 669.
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, ao rei D. José I dando conta em disposição aos artigos 8º e 9º do seu regimento sobre os franceses terem estabelecido uma Feitoria na ilha de Bissau, e acerca do projeto de ali construírem uma fortaleza; e da necessidade de averiguar quais os povos europeus tinham alianças com os gentios de Bissau, para além dos portugueses.
Anexo: carta.
AHU-Guiné, cx. 8, doc. 23.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 670.
1752/06/24
LUÍS ANTÓNIO DA CUNHA D’EÇA é governador até 3 de abril de 1757. Foi no seu governo que, em maio de 1754, Maranhão expediu reforços por ocasião de fazer na cidade de Ribeira Grande a sua entrada solene o bispo D. Fr. Pedro Jacinto Valente, quando se deu a salva da bateria do presídio, caiu uma bucha na cesta da gávea da galera em que tinha vindo o bispo. Começando a arder foi ateando o fogo, de modo que, para salvar a cidade do iminente perigo que lhe havia de causar a quantidade de pólvora que havia a bordo, picaram as amarras ao navio e assim como era dia de tempestade, o vento conduziu-o ao mar, aonde se deu a explosão, porém sem perigo para a cidade.
Pretendeu este governo JOÃO PEREIRA DE CARVALHO, que tinha servido em Cabo Verde dos postos de alferes, capitão de infantaria, sargento-mor, coronel e capitão-mor da vila da Praia e de Cacheu, provando o seu direito com a seguinte nota de bons serviços. Em 1719, fundeando na Praia uma galera e uma balandra de piratas, lançaram em terra, pela meia noite, 446 homens, tomando o presidio; senhores da praça, cercaram a casa do capitão-mor, onde se achava o pretendente, que foi defendê-la à porta do quintal e ali pelejou com tanto denodo que os obrigou a retirar ao cabo de três horas de rijo combate, no qual morreu muita gente. O novo governador tomou posse a 24 de junho de 1752; ainda em Lisboa recebeu do ministro uma representação escrita pelo capitão-mor da vila da Praia, FRANCISCO ALVARES DE ALMADA, protestando contra o estado ruinoso das fortificações, câmara e cadeia da vila da Praia, para se providenciar a tempo.
O governador entregou essa representação nas mãos do sindicante CUSTODIO CORREIA DE MATOS para seu conhecimento. Este, em 20 de maio de 1753, achando culpado o ouvidor XAVIER DE ARAÚJO, dirigiu a este uma carta ordenando-lhe a entrega imediata do dinheiro que havia recebido e que deixara de entregar ao almoxarife, e de repor tudo que tivesse despendido por sua ordem contra as provisões régias. Em 9 de março de 1754 respondeu o sindicante ao governador, dizendo-lhe que tinha conhecimento da Praia por lá ter ido em visita, e que procurando saber do dinheiro destinado àquelas obras soubera que o ouvidor geral se apossara dele, que bem podia suprir os gastos até que se vencesse o pagamento de 4:000 cruzados e dez tostões, preço porque fez arrematar as vacas, que se vendiam como refrescos na vila aos estrangeiros. Entre o ouvidor e o sindicante reinou sempre a maior desarmonia por causa da representação referida.
1752/07/02
CARTA do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real], informado do estado das praças da Guiné, referindo que a Feitoria de Cacheu estava sem dinheiro para pagar os filhos da folha, os soldados, e fazer face às demais despesas; dando conta da construção de um novo hospício para os missionários [franciscanos], em virtude do antigo ter sido destruído num incêndio; enfatizando que ordenou aos habitantes que recolhessem toda a pólvora para evitar incêndios; sobre a pouca extração de cera na praça de Ziguinchor, referindo que o comércio das terras do rei Jame, frequentada pelo povo da praça, encontrava-se fechado; acerca da falta de soldados; expondo o que vinha fazendo em relação a Bissau, nomeadamente acerca da carta e embaixada enviadas pelo rei de Bissau, ressalvando que mandou padre MANUEL DE PASSAS a Bissau com o intuito de não deixar o rei local consentir nenhuma operação dos franceses, tendo os gauleses ido à ilha Bolama, vizinha de Bissau; pedindo socorro de carpinteiros, pedreiros e ferreiros todos com as suas ferramentas para auxiliar o engenheiro na obra da fortaleza de Bissau e para fazer reparos na igreja; pedindo que a embarcação que fosse à Guiné levasse um piloto prático; solicitando ordens para passar à ilha de Bissau salientando que esta deveria ser elevada a cabeça político-administrativa da Guiné, em detrimento de Cacheu; remetendo certidões atestando as suas afirmações; acerca da relação dos presentes enviados para o rei de Bissau.
Anexo: relação, certidões, carta e carta (cópia).
AHU-Guiné, cx. 8, doc. 27.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 673.
1752/07/26
OFÍCIO do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real informando que prestou socorro a um navio francês que encalhou naquelas partes, e que naquela embarcação estava um oficial que tinha estado em Bissau dois anos antes no navio de “monsieur du Roché”; acerca das quantias relativas à cobrança dos direitos reais dos navios que o cabo capitão da ilha de Bissau remeteu para Cacheu, advertindo que o dito cabo vinha roubando à Fazenda Real; dando conta que detetou uma grande irregularidade nos livros da Fazenda Real e comunicando que aguardava a chegada do missionário frei Manuel de Paços vindo da Serra Leoa com notícias daquelas partes; e expondo que usou as verbas da alfândega para satisfazer as suas dívidas; e acusando a receção de uma carta do negro JOSÉ LOPES [MOURA; dando conta que recebeu o seu recado pelo padre missionário frei MANUEL DE PAÇOS e acusando a receção de tabaco, açúcar, chocolate e chá; afirmando que a Serra Leoa era do rei de Portugal e que estava desejoso que lá construísse uma fortaleza; informando que deu ordens aos reis locais para que os navios portugueses não pagassem taxas, exemplificando que o navio de João Alves não tinha pago nenhuma taxa; dando conta que era católica tal como os seus pais].
Anexo: carta.
AHU-Guiné, cx. 8, doc. 27-A e 26-A.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 674.
1752/11/22
CARTA (minuta) ao capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR, do [secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real], acusando a receção das cartas enviadas de 12 de Março a 18 de Agosto, expondo a grande ruína em que se achavam as fortificações, guarnições e ambição das nações estrangeiras em concorrem para o comércio daquelas partes; informando que iriam 50 homens fardados e armados à Guiné, entre os quais iam oficiais pedreiros, carpinteiros, serralheiros e ferreiros como ferramentas pertencentes aos seus ofícios, bem como materiais e munições, ressalvando que as portas e portais para a igreja matriz de Cacheu não foram enviadas; elogiando o seu desempenho como capitão-mor de Cacheu, principalmente por ter enviado emissários ao rei de Bissau e ao negro JOSÉ LOPES MOURA, senhor da Serra Leoa; acerca do atraso das negociações em Bissau, em virtude da morte e sucessão do rei, referindo que o novo rei se iria converter ao catolicismo; sobre os esforços para estabelecer a presença portuguesa em Bissau e na Serra Leoa.
AHU-Guiné, cx. 8, doc. 33.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 683.
1752/11/30
RELAÇÃO dos materiais, ferramentas, armas e munições remetidas para Bissau no iate São Joaquim, na balandra Príncipe e na galera Nossa Senhora da Soledade, Santa Ana e Almas no ano de 1752. AHU-Guiné, cx. 8, doc. 36.
AHU_CU_049, Cx. 7, D. 686.
1753
OFÍCIO [do capitão-mor da praça de Cacheu, FRANCISCO ROQUE SOUTO MAIOR ao secretário de estado da Marinha e Ultramar, Diogo de Mendonça Corte Real], acerca da situação vivida em Bissau e dos motivos para iniciar as obras da fortaleza, mencionando que montaram quatro peças [de artilharia] com os seus reparos; sobre uma carta chegada de França dirigido ao capitão Joaquim Labarre informando que uma fragata de guerra sairia de Nantes com destino a Bissau; informando que o gentio de Bissau necessitava de ser castigado, mas primeiramente preferiu dar início a construção daquela fortaleza, em vez de castiga-los com armas, referindo que recebeu uma visita do rei de Bissau, tendo aproveitado a ocasião para oferecer ao régulo uma frasqueira de aguardente, uma camisa e um vestido que seria usado pelo seu antecessor, já falecido, no dia do seu o batismo; dando conta que construiu uma casa para recolher as peças [de artilharia] montada, e que a bandeira portuguesa estava levantada na ilha de Bolama; referindo a grande mortalidade que ocorreu entre os homens que trabalhavam na fortificação de Bissau, e expondo os entraves que os gentios colocavam à execução daquela obra; solicitando que se constituíssem em Cabo Verde três Companhias de soldados para assistir nas obras de Bissau, bem como que se enviassem xerém, cuscuz, feijão e carne daquelas ilhas; pedindo uma fragata para assistir no porto de Bissau enquanto a plataforma e casas do governo ficavam prontas, e que fossem enviadas pessoas capazes para servir nos ofícios de escrivão, feitor e ajudante de obras; informando que frei Manuel de Paços era confidente do rei da Rocha, primo do falecido José Lopes [Moura], e respeitado pelos gentios, e desta forma regressaria à Serra Leoa para preparar terreno, com o pretexto de construir uma igreja.
AHU-Guiné, cx. 25, doc.79.
AHU_CU_049, Cx. 8, D. 722.
Ataque à nova fortaleza de Bissau, comandado pelo RÉGULO PALANKA.
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Nota do editor
Último poste da série de 27 DE JULHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23464: Historiografia da presença portuguesa em África (327): O arquiteto Luís Benavente e o restauro da Fortaleza da Amura no número que a revista Oceanos de outubro/dezembro de 1996 dedicou às Fortalezas da Expansão Portuguesa (Mário Beja Santos)
5 comentários:
Na última fotografia "Rua de Bissau 1912", não se consegue perceber se o muro da esquerda é do Forte de S. José da Amura ou o muro existente a isolar as casas coloniais da tabanca da população.
Um facto é notado, uma série de casas bem apresentáveis para 1912.
E o que é que deveria ser a Guiné antes de 1750, já mais de duzentos anos depois de descoberta pelos portugueses ?
Valdemar Queiroz
Olá Camaradas
A questão é mesmo esta: "o que seria a Guiné antes de 1750, já mais de duzentos anos depois de descoberta pelos portugueses?". Por mim, respondo que a tal "acção civilizadora" fica seriamente posta em causa. Não será difícil imaginar o que seria a vida na Guiné antes de 1750. Mas era pior e mais pobre, de certeza. Mesmo à luz das "boas" práticas do tempo só podemos concluir que a colonização foi um projecto (e prática) altamente falhado e impossível para o país que, então éramos e continuámos a ser.
Um Ab.
António J. P. Costa
Tal como a fotaleza de São josé em Bissau e o forte de Cacheu, se formos ver as datas começaram em força a espalhar-se com os Filipes (Ceuta e norte de África à parte) e continuaram até perto da conferência de Berlim 1880.
Isto em toda a volta de África até Mombaça.
Só em Moçambique são umas 3 ou 4 em Angola tem em Luanda e arredores umas 4, Moçamedes e Catumbela, até Caboverde e São Tome tiveram a sua fortaleza, assim como São João Batista de Ajudá sem falar nas indias e Brasil.
Ou seja, foram 200 anos a ensinar o caminho das pedras à Europa.
A civilização europeia em África tornou-se mais fácil, tanto que passados 80 anos após conferência de Berlim, estava tudo feito em paises independentes, à europeia,menos os pedaços que ficaram com portugal, que demoraram mais 13 anos.
Mas complicados mesmo com as fortalezas foram os papeis de Bissau, mais uns maometanos em Mombaça.
Vendo bem as coisas, as fortalezas/fortins começaram a ser feitas a partir do momento que os holandeses explicaram ao Papa que Deus criou o mar para todos e não só para portugueses e espanhóis.
Agora, quem tiver pachorra, é só fazer as contas, do tempo e em que datas os holandeses estiveram na posse das nossas colónias e, como habitualmente, apareceram... as trancas à porta.
Isto, e o que o António Rosinha sabe, não era ensinado para não assustar as criancinhas da MP.
Valdemar Queiroz
Olá Camaradas
Não creio que a imprecisão com que a História nos era ensinada tivesse que ver a simplificação da matéria. No fundo nada impedia que a conhecêssemos melhor. Porém, a verdade iria certamente assustar as criancinhas da MP. Assim, foram devidamente embarretadas e acreditaram, como é natural.
Um pouco de honestidade não teria feito mal, mas assim já não iríamos para "lá" a cantar que "A bola é nossa!"
Um Ab.
António J. P.Costa
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