sábado, 28 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P24018: Os nossos seres, saberes e lazeres (552): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (87): Uma visita a legados presidenciais, a pretexto da exposição Pintasilgo (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Dezembro de 2022:

Queridos amigos,
Tendo vivido em miúdo umas temporadas na Junqueira, fui-me afeiçoando ao local, qualquer pretexto é válido para aqui passarinhar, uma exposição na Cordoaria, uma visita ao Museu da Arte Popular, ao jardim da Tapada, ao Centro Cultural de Belém, e foi assim que dei por mim a descobrir que há muito não punha os pés no Museu da Presidência da República, o anúncio da exposição de homenagem a alguém de quem fui profundamente amigo e devedor, Maria de Lourdes Pintasilgo, deu acicate para a visita. Um belíssimo museu e dá gosto ver o cuidado arquitetónico posto no Jardim da Cascata. Quis visitar a capela e a obra da Paula Rego, dei com o nariz na porta. Nunca vira com os meus olhos o quadro que Júlio Pomar dedicou a Mário Soares nem o que a Paula Rego dedicou a Jorge Sampaio, saem vencedores estéticos do que para ali campeia na retratística. E justifica-se uma itinerância ao Palácio de Belém, quem por ali passa na rua nem lhe ocorre que há meio milénio há aqui espaço da aristocracia, devaneios de D. João V que sonhava com jardins formosos e D. Maria I que gostava de se passear entre a passarada exótica que aqui residiu nos anexos do Jardim da Cascata.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (87):
Uma visita a legados presidenciais, a pretexto da exposição Pintasilgo


Mário Beja Santos

Era tempo de conhecer o Museu da Presidência da República, estava cheio de curiosidade para visitar a exposição dedicada a uma grande amiga, Maria de Lourdes Pintasilgo, que apoiei de alma e coração, do princípio ao fim, na sua ousadia como candidata à presidência da República, no topo das sondagens nos primeiros tempos, teve menos de 8 por cento depois de uma primeira volta em que foi caluniada e abjurada. O espaço museológico está muito bem concebido, uma exposição digna dos retratos dos presidentes da I República, do Estado Novo e da II República, há para ali algumas obras de arte de primeira plana, logo os quadros de Columbano, o Júlio Pomar e a Paula Rego (bem gostaria de ter visto a Capela, obra pictórica da sua responsabilidade, a rogo de Jorge Sampaio, mas estava encerrada ao público), há presentes lindíssimos, alguns deles dignos de qualquer grande museu, a museografia é excelente, atrativa e pedagógica, espaços bem recuperados, uma organização cativante para a compreensão do que constitui a missão deste museu. Aqui se deixam algumas imagens do que mais me tocou.
Presidente Manuel de Arriaga pintado por Columbano
Presidente Teófilo Braga pintado por Columbano
Presidente Mário Soares pintado por Júlio Pomar
Presidente Jorge Sampaio pintado por Paula Rego
Um presente do rei de Marrocos Hassan II ao presidente Jorge Sampaio
Presente da Bulgária ao presidente Cavaco Silva
Presente da República da Alemanha ao presidente Ramalho Eanes
Oferta do Brasil ao presidente Craveiro Lopes
Pormenor da Galeria dos Presidentes da I República, com destaque para Teófilo Braga pintado por Columbano e Bernardino Machado pintado por Martinho da Fonseca
Desenho a lápis de Paula Rego para a série que dedicou ao aborto

Para chegar à exposição Pintasilgo tem que se migrar para outro espaço bem acarinhado, o Jardim da Cascata, altamente cenográfico, hoje separado do Palácio de Belém, constituiu um dos caprichos da rainha D. Maria I, tinha aqui passarada exótica de todo o Império. Fizeram-se obras, a dignidade arquitetónica foi respeitada, é hoje espaço expositivo, que visitei com a alegria de rever a obra de uma mulher que me ajudou a pensar mais livremente. No decurso da visita, verifiquei que faltavam alguns elementos da campanha eleitoral de 1985, deixei menção que estava disposto a entregar peças que aqui faltavam, caso de uma medalha comemorativa. Nenhum contacto veio a ser estabelecido, já encontrei destino para os elementos que dispunha desta querida amiga cujo pensamento político continua mal divulgado, o relatório que ela coordenou para a ONU População e Qualidade de Vida, estou certo e seguro, quando se organizar a bibliografia fundamental da sustentabilidade e dos quadros matriciais da política ambiental global, estará em lugar cimeiro.
Pormenor da fonte do Jardim da Cascata
Detalhe do Jardim da Cascata virado para a Praça Afonso de Albuquerque
Duas imagens retiradas da exposição em homenagem à obra de Maria de Lourdes Pintasilgo, decorria então no espaço do Jardim da Cascata

Aqui se põe termo à visita de um espaço belíssimo, é uma história de meio milénio, houve para aqui propriedades do conde de Vimioso, depois D. João V deu-lhe para a jardinagem, temos ao alto a tapada, ali bem perto do Jardim Colonial (hoje Tropical), e aqui se fez Palácio Real, os príncipes D. Carlos e D. Amélia aqui viveram, a princesa gostava de cavalgar e deixou-nos um precioso picadeiro que já foi Museu Nacional dos Coches e hoje é seu apêndice, aqui viveram presidentes da República como Craveiro Lopes e Ramalho Eanes, tem esplendor e magnificência, fica prometido que será uma das próximas itinerâncias.
Outro pormenor do Jardim da Cascata

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 DE JANEIRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24001: Os nossos seres, saberes e lazeres (551): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (86): A Academia Militar, fundada por Sá da Bandeira, pela entrada da Gomes Freire (Mário Beja Santos)

1 comentário:

Antº Rosinha disse...

Ninguem ofereceu presentes nem ao Presidente Américo Tomaz nem ao Presidente Mário Soares.