Foto nº 1
Foto nº 2
Foto nº 3
Foto nº 4
Manuel Coelho, um dos bravos
de Madina do Boé (1966/68)
1. Quatro grandes fotos do Manuel Coelho (fotos nºs 1, 2, 3 e 4), um dos bravos de Madina do Boé, ex-fur mil trms, da CCAÇ 1580 (1966/68) (natural de Reguengos de Monsaraz, vive em Paço d'Arcos, Oeiras; tem 45 referências no nosso blogue, ingressou na Tabanca Grande em 12 de julho de 2011).
(...) Parabéns pelo esforço (conseguido) de mostrar uma região tão importante para nós como para o PAIGC. Quem sobreviveu aqui a este conflito não esquece, fica marcado no nosso pensamento e, mesmo após 50 anos. ainda dói!
Quem dera ter a veia poética do Luís ou de outros camaradas para explicar em verso o calvário de meses de isolamento, com falta de reabastecimento, ataques diários, etc...
Para comparar envio mais algumas fotos [inéditas,] do meu álbum, começando pela da célebre "Fonte da Colina de Madina" [que ainda lá estava em 1998]...
Em relação a esta fonte, ela servia não só para fornecer os bidões para banho como para as lavadeiras fazerem o seu trabalho. Para beber tinha de se ferver ou desinfectar devidamente. (...)
Guiné-Bissau> Região de Gabu > Boé > Madina do Boé > 1998 > A famosa fonte da Colina de Madina, com ornamentação de azulejo português, pintado à mão, de 1945. Parece(ia) haver vestígios de impacto de balas de armas automáticas (?), ou então os azulejos foram picados ou ainda (outra hipótese) estão deteriorados por ação do uso e das intempéries.
Guiné-Bissau> Região de Ganu > Boé > Madina do Boé > 1998 > A famosa fonte da Colina de Madina é um sítio onde se concentra(va) alguma população civil da escassa que há (havia) nesta região semidesértica, e a única da Guiné que é acidentada (com cotas que sejam quase aos 300 metros). Fotos do álbum do nosso querido amigo e camarada Xico Allen (1950-2022), que aqui esteve em 1998. As fotos chegaram-nos às mãos em 2006, por intermédio do Albano Costa (**).
2.2. António Murta:
As fotografias 3 e 4 da Fonte da Colina de Madina, que parece ser já um memorial, são muito bonitas e tecnicamente quase perfeitas: pelo enquadramento, pela gama de cinzentos, pela textura, e pelos reflexos que nos dão a sensação de vida daqueles instantes.
(**) Vd. poste de 10 de julho de 2013 > Guiné 63/74 - P11822: Álbum fotográfico do Xico Allen: região do Boé, 1998: trágicos vestígios 'arqueológicos' da guerra colonial, entretanto já destruídos ou desaparecidos...
(i) Excerto de mensagem do Manuel Coelho, com data de 23 de julho de 2018 às 19h45 (*):
(...) Parabéns pelo esforço (conseguido) de mostrar uma região tão importante para nós como para o PAIGC. Quem sobreviveu aqui a este conflito não esquece, fica marcado no nosso pensamento e, mesmo após 50 anos. ainda dói!
Quem dera ter a veia poética do Luís ou de outros camaradas para explicar em verso o calvário de meses de isolamento, com falta de reabastecimento, ataques diários, etc...
Para comparar envio mais algumas fotos [inéditas,] do meu álbum, começando pela da célebre "Fonte da Colina de Madina" [que ainda lá estava em 1998]...
Em relação a esta fonte, ela servia não só para fornecer os bidões para banho como para as lavadeiras fazerem o seu trabalho. Para beber tinha de se ferver ou desinfectar devidamente. (...)
Guiné-Bissau> Região de Gabu > Boé > Madina do Boé > 1998 > A famosa fonte da Colina de Madina, com ornamentação de azulejo português, pintado à mão, de 1945. Parece(ia) haver vestígios de impacto de balas de armas automáticas (?), ou então os azulejos foram picados ou ainda (outra hipótese) estão deteriorados por ação do uso e das intempéries.
Guiné-Bissau> Região de Ganu > Boé > Madina do Boé > 1998 > A famosa fonte da Colina de Madina é um sítio onde se concentra(va) alguma população civil da escassa que há (havia) nesta região semidesértica, e a única da Guiné que é acidentada (com cotas que sejam quase aos 300 metros). Fotos do álbum do nosso querido amigo e camarada Xico Allen (1950-2022), que aqui esteve em 1998. As fotos chegaram-nos às mãos em 2006, por intermédio do Albano Costa (**).
Fotos (e legendas): © Francisco Allen / Albano M. Costa (2006). Todos os direitos reservados [Edição e çegendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
2. Dois comentários de: (i) nosso colabor permanente Cherno Baldé, que vive em Bissau, e tem 285 referências no nosso blogue; e (ii) António Murta, ex-alf mil inf MA, 2ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74), autor da notável série "Caderno de Memórias de A. Murta"; membro da Tabanca Grande desde 12/11/2014, tem mais de 100 referências no nosso blogue; vive na Figueira da Foz.
2.1. Cherno Baldé:
(...) Falando sobre as fontes ou nascentes de água em locais estrategicamente situadas junto de pequenas elevações de terreno, como tenho visto um pouco por todo o território, no Norte, Sul, Este e Oeste, fico sempre maravilhado com a vista e na presenca deste apurado conhecimento do terreno e da noção do que pode ser um desenvolvimento durável e autossustentado stricto sensu.
O que mostra, claramente, que os "colonialistas" que nos governaram nos anos 30 e 40 (aqui certamente no tempo de Sarmento Rodrigues), tinham uma visão de longo prazo e uma noção clara sobre o que era o desenvolvimento autossustentado, centrado nos recursos e bens disponíveis localmente e na sua utilização racional e equilibrada a bem da comunidade.
O Manuel Coelho diz que a água precisava ser fervida antes do seu consumo, mas a verdade é que ela é servida assim mesmo e muitas vezes é do melhor que ha (Iagu Sabi) e, pessoalmente, já a bebi muitas vezes, diretamente da fonte, em Bafatá, Quinhamel, Canchungo e, comparada com a água das nossas bolanhas do leste, era uma maravilha d'água e ainda hoje é. (**)
O Manuel Coelho diz que a água precisava ser fervida antes do seu consumo, mas a verdade é que ela é servida assim mesmo e muitas vezes é do melhor que ha (Iagu Sabi) e, pessoalmente, já a bebi muitas vezes, diretamente da fonte, em Bafatá, Quinhamel, Canchungo e, comparada com a água das nossas bolanhas do leste, era uma maravilha d'água e ainda hoje é. (**)
(...) É o que tenho estado a dizer aos mais novos, sempre que vejo esses maravilhosos locais com as suas fontes quase centenárias, mas que ainda continuam vivas e a jorrar água limpa e da melhor que há disponivel ao beneficio das populações locais e com nomes proprios que as populações lhes deram.
Encontrei-as em Bafatá (Boma), Bissau, Quinhamel (Hoilan), Canchungo, Catiá, Bambadinca, Madina de Boé e sei que existem e estão espalhadas por todo o território nacional.
Já não podemos dizer o mesmo dos furos e bombas manuais que os novos projectos de desenvolvimento, fruto da coooperação e das ajudas internacionais, espalharam nas zonas rurais em anos recentes, mas que normalmente duram pouco, nãp sabendo ao certo se não teriam, também, um aplicativo de obsolescência programada, como se diz atualmente sobre todos os produtos do capitalismo moderno que nos calhou em escala. (...) | 25 de julho de 2018 às 13:27
Encontrei-as em Bafatá (Boma), Bissau, Quinhamel (Hoilan), Canchungo, Catiá, Bambadinca, Madina de Boé e sei que existem e estão espalhadas por todo o território nacional.
Já não podemos dizer o mesmo dos furos e bombas manuais que os novos projectos de desenvolvimento, fruto da coooperação e das ajudas internacionais, espalharam nas zonas rurais em anos recentes, mas que normalmente duram pouco, nãp sabendo ao certo se não teriam, também, um aplicativo de obsolescência programada, como se diz atualmente sobre todos os produtos do capitalismo moderno que nos calhou em escala. (...) | 25 de julho de 2018 às 13:27
2.2. António Murta:
As fotografias 3 e 4 da Fonte da Colina de Madina, que parece ser já um memorial, são muito bonitas e tecnicamente quase perfeitas: pelo enquadramento, pela gama de cinzentos, pela textura, e pelos reflexos que nos dão a sensação de vida daqueles instantes.
Sei que não é isso que está em discussão e desculpem o arrazoado, mas é porque fiquei que tempos a olhar para elas. Não desmereciam o ilustre Ansel Adams (1902-1984), um especialista do preto e branco, sem contudo carregarem a rigidez técnica obsessiva que tiravam sensibilidade às fotografias dele.
Parabéns ao Manuel Coelho.(...) | .26 de julho de 2018 às 00:56
____________
Notas do editor:
(*) Vd. posted e 25 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18869: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte II: A fonte da colina de Madina: mais fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)
5 comentários:
Gosto da franqueza do nosso Cherno Baldé, que não faz fretes a ninguém... Como se diz em linguagem popular, ele chama os bois pelos nomes... e não deixa que o "político-ideológico" enviese a sua leitura do passado... Fui buscar um comentário dele, já antigo (2018), sobre as fontes/fontenários do tempo colonial que, como é o caso da de Bafatá, tem mais de 100 anos e continuam a funcionar...
(...) "O que mostra, claramente, que os 'colonialistas' que nos governaram nos anos 30 e 40 (aqui certamente no tempo de Sarmento Rodrigues), tinham uma visão de longo prazo e uma noção clara sobre o que era o desenvolvimento autossustentado, centrado nos recursos e bens disponíveis localmente e na sua utilização racional e equilibrada a bem da comunidade." (...)
O único senão Luís, é que não tenham dedicado mais atenção ao denominado desenvolvimento sustentado e feito da Guiné que trazemos no coração uma terra ainda melhor.
Mas aqui, na denominada metrópole era igual.
Felizmente que em 1974, num Abril que devia ter ocorrido muitos anos antes, libertámo-nos das amarras opressivas.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela
Vendo bem, e quem da nossa idade se lembra, por cá só nas cidades principais e nas casas modernas havia água canalizada. Mesmo em Lisboa havia que ir ao chafariz abastecer-se de água para casa.
Em 1957, na Rua da Bempostinha, ao Campo Santana (Lisboa), na casa duma parente afastada, não havia água calaziada nem casa de banho.
Na casa da minha avó havia um cântaro grande "reservatório", um mais pequeno para ir à fonte e uma cantarinha para levar de passeio.
Tenho uma fotografia com a minha mãe e eu com ano e meio num fontenário, de 1933, da minha aldeia.
Valdemar Queiroz
Tudo o que o "Europeu" fez e praticou em África desde a escravatura, a ocupação do espaço e a imposição de culturas e religiões, foi tudo um abuso.
E quanto mais intenso foi esse abuso, mais difíceis estão a ser as perguntas dos africanos às portas da Europa: ? E agora, o que vamos fazer com isto?
As observações do Cherno sobre os modestíssimos fontanários que os tugas por lá deixaram, será que no país mais rico em petróleo de África a Nigéria, será que o Nigeriano do povo, reage da mesma maneira ao ver a Shell espalhar redes de pipelines de petróleo por muitos quilómetros, rotos e sabotados com riachos e rios inutilizados pelo petróleo?
Havia africanos em Angola, que em pleno 25 de Abril, ainda não tinham tido qualquer espécie de contacto com a civilização europeia.
Será que eram mais infelizes do que os "estudantes do império"? africanos também uns e outros?
Quem se sentia frustado com a colonização portuguesa foi um dos vencedores do MPLA, que achava que os portugueses fizeram coisas demais, (em Angola), e que agora eles tinham que fazer tudo "à nossa maneira".
Era esse herói, Lúcio Lara, amigo de longa data de Amílcar Cabral.
Caro A. Rosinha,
Os Lucios, Marcelinos e Cabrais e todos os mestiços e "civilizados" das antigas colonias que colocaram as primeiras pedras na rebeliao vs revoluçao estavam longe de saber das consequencias mais profundas dos seus actos e decisoes que resultariam das independencias e nao sabiam que os proprios seriam relegados para tras no turbilhao de acontecimentos que os mesmos tinham desencadiado. Em Angola o veteranissimo Lucio Lara assistiria a ascensao fulgurante do jovem EDU e em Moçambique, apos a morte do Machel, o Marcelino dos Santos, outro veterano e membro fundador da Frelimo, seria obrigado a pactuar com a promoçao do Joaquim Chissano para a presidencia do partido e do pais. Casos para dizer: Nao é como começa, mas como acaba.
Sobre as consequencias da (des)colonizaçao, acho que, independemente de como tivesse sido feita, a situaçao para a Africa e os africanos nao seria diferente, pois uma coisa sao os sonhos e outra bem diferente é a realidade do mundo que nao é de natureza a satisfazer os desejos e sonhos de ninguém indefinidamente, pois no mundo real predomina o poder dos vencedores, dai nasceu a maxima que o meu irmao mais vcelho gostava de citar ou seja "a realidade é o cemitério dos sonhos"
Abraços,
cherno Baldé
Enviar um comentário