sábado, 6 de janeiro de 2024

Guiné 61/74 - P25041: Os nossos seres, saberes e lazeres (608): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (136): Férias em região duriense, uma rota de aldeias vinhateiras (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Outubro de 2023:

Queridos amigos,
Consulto com frequência uma obra esplêndida editada pelas Seleções do Reader's Digest, intitulada Tesouros Artísticos de Portugal, nela muito tenho aprendido. Qual a minha surpresa, pouco se diz sobre Tabuaço, muito pouco sobre Favaios e nenhuma alusão a Trevões, isto quando o Solar dos Caiados é obra de referência em todos os livros sobre a arquitetura barroca e a igreja matriz de Santa Marinha monumento nacional. Acresce que esta população trata com imenso carinho dois museus, o da Arte Sacra e o Etnográfico. Fiquemos hoje com o espólio do de Arte Sacra, vai da Pré-História, fundamentalmente até à era barroca, dá para ver que por aqui se compraram peças muitíssimo boas e os trabalhos de restauro da igreja matriz revelaram pintura mural de valor inexcedível. E depois desta opípara visita à Arte Sacra partimos para o Museu Etnográfico, outra grande beleza, mostra de orgulho local, como iremos ver.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (136):
Férias em região duriense, uma rota de aldeias vinhateiras (5)


Mário Beja Santos

Continuamos em Trevões, é um deslumbramento, tudo começou por andar a cirandar por este belo lugar, os solares deslumbram e inquietam, como foi possível ter deixado esta vastidão de sinais de prosperidade e até paço episcopal, que acontecimentos marcaram este estado de abandono e fuga de populações? Depois da visita da igreja de Santa Marinha, era indispensável conhecermos dois museus, começámos pelo de Arte Sacra, encheu-nos as medidas. É o que aqui se vai contar.


A casa é de 1812, quem ali vive procura o conforto e resguardou-se atrás de uma janela de alumínio. O que faz pensar na falta de estudos sobre os materiais mais convenientes para a preservação do património. Devia haver matrizes quanto às exigências do que se pode usar nestes locais históricos, a questão começa finalmente a merecer a devida preocupação das autarquias.
Há licor de vinho duriense por toda a parte em Trevões, não resisti ao odor, pedi licença para fotografar a preparação da bebida de Baco
Para mim, uma das mais impressionantes peças do Museu de Arte Sacra. Uma Cruz de Cabeceira em granito, séculos XII-XIII, proveniente da Igreja de Trevões
Sarcófago em granito, da Alta Idade Média (476-1000), peça de Trevões
Santo André Apóstolo, 1.ª metade do século XVIII, madeira de castanho-dourada, pintada e policromada
O apóstolo São Pedro, trabalho do século XVII
Esqueci-me da legenda, adorei esta imagem, há nela algo de hindustânico, tanto no seu resplendor como nos traços do rosto, que beleza
Fragmento de pintura representando a Via Sacra, trabalho português, século XVIII
S. Gabriel pesando as almas, trabalho do século XVIII
O Museu de Arte Sacra de Trevões reserva espaço ao estudo das pinturas murais na igreja matriz de Santa Marinha. Estas pinturas foram descobertas em duas fases, uma situada na nave e outra na parede cabeceira da capela-mor. Na primeira fase (1943 até 1958), retornaram à luz dois frescos, quase integrais; em 2001, na sequência de obras de conservação e restauro da talha do retábulo maior foram descobertos dois painéis pintados ao longo da cabeceira; foi então que apareceu a imagem de Santa Marinha, matrona da freguesia, obra da viragem do século XV para o século XVI, trata-se de trabalho atribuído a Baltasar Fernandes.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P25018: Os nossos seres, saberes e lazeres (607): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (135): Férias em região duriense, uma rota de aldeias vinhateiras (4) (Mário Beja Santos)

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