Vila Nova de Cerveira > 28 de dezembro de 2023 > Presépio, sem o Menino Jesus, junto á igreja matriz local, também conhecida por igreja de São Cipriano (na foto acima, vista do Jardim Mestre José Rodrigues, Escultor, 1936-2016)
Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
De máquina fotográfica a tiracolo, ali largado, sem grandes ideias nem expetativas, na rua principal da "Vila das Artes", despertou-me o presépio a curiosidade de turista estúpido em férias... e fui lá espreitar.
Tirei meia dúzia de chapas. E só agora, de regresso a casa, na Madalena, Vila Nova de Gaia, ao visionar as fotografias que tirei na minha Nikon D-5300, comprada em Tóquio mas "made in Thailand", é que dou conta que a figura principal deste teatro sagrado estava ausente. Na primeira foto, que publico acima, é bem visível que o Menino Jesus não está no seu berço improvisado com as palhinhas da manjedoura do burro e da vaca,,,,
Último poste da série > 26 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25003: Manuscrito(s) (Luís Graça) (241): o meu primeiro Natal no Norte, em 1976
Pensei logo: algum engraçado da terra terá levado para casa, de noite, a imagem do Menino Jesus, para desgosto, no dia seguinte de manhã, da "canalha", do padre, da comissão fabriqueira, das beatas e do vereador do pelouro do turismo... (E até do burro, de orelhas espetadas, sem esquecer o pobre Baltazar que veio de longe, quiçá da Guiné, para trazer ao novo Rei dos Reis a mirra, símbolo da imortalidade.)
Brincadeira, reinação, vandalismo, malvadez ?!... Parece que todos os anos há cenas destas em Espanha. Roubam e sequestram o Menino Jesus, na Catalunha, por pirraça, bravata ou até com a intenção, já criminosa, de pedir um resgate... E agora com as redes sociais, estas cenas são rapidamente imitadas...
Não sei se foi o caso em Vila Nova de Cerveira, pacatíssima terra raiana onde vi poucos indígenas, e os raros de que me aperecebi, em noite fria e chuvosa, num tasco, eram vizinhos galegos, em geral famílias, alegres e ruidosas, que vieram ao lado de cá do rio Minho para "tapear"... (Já não há o escudo nem a peseta, mas o raio do euro vale mais na margem direita do rio, pelo que os comes & bebes na margem esquerda são mais baratos.)
Fiquei deveras intrigado e até preocupado. Será que as autoridades lá da terra (religiosas, autárquicas e policiais) já deram conta do misterioso desparecimento do Menino Jesus, que era pressuposto estar nas suas palhinhas deitado, e fortemente guardado por um "securitas" celestial ?
E se alguma beata, pela frincha da janela, me viu rondar o presépio e até tirar fotografias, com o meu ar estranho, suspeito e até louco ? Para mais com duas muletas, barba e cabelo comprido, não é difícil à PJ fazer-me um rápido-robô e depois ir, com mandato judicial na mão, bater-me à porta da rua dom Afonso Henriques, na Madalena, onde procurei abrigo provisório por estes dias tristes, em fim de ano amargo como foi o de 2023...
"Estou feito ao bife!"... e ainda passo as festas do Ano Novo com termo de residência e identidade ou até pulseira eletrónica,,, Enfim, não foi nada que não me tenha passado pela minha pobre cabeça!...Ou então foi algum pesadelo securitário que tive esta noite, fruto das pesadas digestões da quadra natalícia....
Daí apressar-me agora, a escassas duas horas do fim do ano, para, publicamente, neste blogue de antigos combatentes da Guiné, protestar a minha inocência... Dormi em 28 e 29 de dezembro de 2023 num hotel por ali perto, junto ao rio Minho, não tenho nenhum alibi, mas juro que não fui eu que roubei o Menino Jesus do Presépio da "Vila das Artes"...
Só me resta desejar um noite descansada para aqueles que, na nossa terra e na nossa democracia, zelam pela nossa segurança, próxima, mediata e remota... E que para o ano sejam tão bons ou melhores zeladores e guardiões que o "anjo da guarda da minha companhia" que, na minha infância , me guardava "de noite e de dia". Ámen.
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Nota do editor:
5 comentários:
Não há pachorra Vila Nova de Cerveira nada escapa á ladroagem roubaram a esfinge dos combatentes e agora até o menino Jesus é mais uma vítima.
O São José também por lá não está, calhando foi passear com o menino.
Valdemar Queiroz
Vendo melhor, o S. José, magricelas com uma varinha, está a olhar para as palhinhas sem o menino.
Calhando, o menino foi passear de terra em terra comendo debulho de sável e pregando a paz entre os homens de boa vontade.
Bom Ano com saúde como deve ser
Valdemar Queiroz
Desculpa lá, amigo Colaço, mas exageraste no teu comentário.
Como sabes, atentados aos memoriais dos combatentes da "guerra colonial" há muitos, de norte a sul de Portugal.
Quanto a Vila Nova de Cerveira, que conheço muito bem, é uma terra de boa gente, onde se anda à vontade e onde se é bem recebido. Terra minhota, é muito frequentada por nuestros hermanos, principalmente galegos, é muito movimentada durante quase todo o ano. O Luís teve azar na época e na invernia que se tem feito sentir cá por cima.
Bom ano para toda a gente.
Abraço.
Carlos Vinhal
Amigo C. Vinhal desculpa meu comentário nada tem a ver com as gentes de V. N. de Cerveira onde há anos passei uma semana de férias no maior sossego deste mundo tirei salvo o erro três fotos ao memorial dos combatentes por ver no memorial algo de valor histórico que guardo como recordação. Abraço amigo.
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