Foto nº 1A
Foto nº 1
Foto nº 2
Fotoo nº 3
Foto nº 4
Foto nº 4
Fotos do álbum do João Sacôto, ex-alf mil, CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66)
Fotos (e legendas): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Esta sequência (Fotos nºs 1, 2, 3, 4 e 5) mostra uma criancinha que vem à Gare Marítima Rocha Conde de Óbidos (e não à Gare Marítima de Alcântara!) para se despedir do pai, que parte para a guerra (Foto nº 1).
Vem pela mão do avô (Foto nº 1A). A criança era uma menina, Paula Cristina, fazia 2 aninhos nesse dia 8 de janeiro de 1964. Que prenda de aniversário, que crueldade, levarem-lhe o pai para a guerra, logo nesse dia...
Seráque ela se lembvra ? É de todo improvável. Hoje, advogada, tem 62 anos.
Membro da nossa Tabanca Grande desde 20/12/2011, é autor de uma notável série, o "Álbum Fotográfico de João Sacôto", donde selecionámos estas fotos...
Vemo-lo, na foto nº 3, a descansar à entrada de uma morança, na ilha de Infanda, setor de Catió. Seguramente a pensar na pequena Paula Cristina, que deixara na metrópole e que só voltaria a abraçar em agosto de 1965, nas férias...
Regressa, por fim, a casa, embarcando no T/T Uíge (Foto nº 4). Reune-se por fim com a família (Foto nº 5): a sua Paula Cristina já tinha 4 anos... (Será que ela ainda se recorda deste dia ? Pouco provável, com essa idade),
(i) alf mil Farinha (era arquiteto, já faleceu):
(ii) alf mil Santarém (foi professor liceal na Guarda);
(iii) alf mil Gonçalves (foi industrial de plásticos);
(iv) alf mil Sacôto (foi comandante da TAP);
(v) alf mil Monteiro, de outra unidade, que não a CCAÇ 617)....
Recorde-se que a CCAÇ 617 / BCAÇ 619, partiu para o CTIG em 8/1/1964 e regressou a 9/2/1966, tendo sido comandada pelo cap inf António Marques Alexandre. Esteve em Bissau, Catió e Cachil.
No meio desta sequência, há demasiada informção que escapa a um observasor, mas não a um "bom observador... Por exemplo:
(iii) o embarque era uma operação morosa: em geral, um oficial superior (um oficial general, em representação do ministro do exército) passava revista às tropas em parada (na Av Brasília, paralela à Av. 24 de Julho); havia fanfarra e desfile das forças em parada; as individualidades militares em terra faziam continência (devia ser uma seca, pensavam uns e outros); havia um discurso de despedida; e depois os militares encaminhavam-se para o cais de embarque e iam subindo o portaló do navio enquanto acenavam para os que ficavam em terra; os familiares acenavam do varandim (e, alguns do cais, devidamente separados por grades de segurança); as escada de embarque da AGPL - Administração do Porto de Lisboa eram, entretanto, retiradas com o auxílio de grua;
(i) quem é que assistia às partidas (e chegadas) de contingentes militares para o Ultramar ? Claro, as autoridades, civis e militares (a começar, pela PSP, PM, PIDE, força de segurança militar, etc.), e que ficavam estacionadas ou deambulando pelo cais;
(ii) o público, em geral, era acantonado no primeiro andar da gare marítma, no varandim, donde acenava para os soldados que iam embarcando;
(iii) o embarque era uma operação morosa: em geral, um oficial superior (um oficial general, em representação do ministro do exército) passava revista às tropas em parada (na Av Brasília, paralela à Av. 24 de Julho); havia fanfarra e desfile das forças em parada; as individualidades militares em terra faziam continência (devia ser uma seca, pensavam uns e outros); havia um discurso de despedida; e depois os militares encaminhavam-se para o cais de embarque e iam subindo o portaló do navio enquanto acenavam para os que ficavam em terra; os familiares acenavam do varandim (e, alguns do cais, devidamente separados por grades de segurança); as escada de embarque da AGPL - Administração do Porto de Lisboa eram, entretanto, retiradas com o auxílio de grua;
(iv) por fim, soltavam-se as amarras e o navio zarpava, apitando três vezes; para trás ficava a ponte sobre o Tejo (inaugurada em 1967), o o Cristo Rei, o casario da cidade;
(v) em geral, as partidas, eram de manhã, e havia lenços brancos e muitas lágrimas incontidas na pequena multidão que tinha o privilégio de se ir despedir de familiares e amigos (raramente se mostram grandes planos com as lágrimas da partida; no regresso, a censura já deixava passar as lágrimas de alegria...); maior parte dos militares não tinha lá ninguém, que nesse tempo Lisboa era longe do Porto, de Bragança, de Beja ou de Faro...
(vi) na RTP Arquivos podem ver-se dezenas e dezenas de vídeos, a preto e branco, sem som, peças de reportagem que passavam no Noticiário Nacional...Ao longo da guerra, longa de 13/14 anos (1961/75), estas cenas tornaram-se banais, mas eram quase sempre passadas no Cais d Rocha Conde de Óbidos (onde partiam e chegavam os navios das carreiras de África, incluindo os T/T, Transportes de Tropas), e não do Cais de Alcântara (reservadas aos navios transatlânticos, que faziam as carreiras das Américas);
(vii) por fim, parece que faltam aqui as senhoras do Movimento Nacional Femino (já deviam ter aparecido antes da pequenina Paula Cristina que, com o avô, acenava para o pai já embarcado): distribuíam cigarros, medalhinhas de Nra. Sra. de Fátima, sorrisos, e votos de coragem, ânimo, boa sorte e bom regresso...
Fica, para o "bom observador", a oportunidade de comentar o que muito bem entender (*).. Votos de saúde e longa vida para o nosso veterano João Sacôto.
(*) 12 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25634: Para Bom Observdor, Meia Palavra Basta (3): O morteirete 60 mm, m/968, da Fábrica de Braço de Prata (FBP), e outras curiosidades...
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Nota do editor:
(*) 12 de junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25634: Para Bom Observdor, Meia Palavra Basta (3): O morteirete 60 mm, m/968, da Fábrica de Braço de Prata (FBP), e outras curiosidades...
4 comentários:
Na realidade, a nossa Gare Marítima foi a da Rocha Conde de Óbidos, não a de Alcântara...
Luís, a Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos era exclusiva da Companhia Colonial de Navegação, a de Alcântara era da Companhia Nacional de Navegação e outras Companhias.
Mas, para não haver confusão, a Companhia Colonial de Navegação era uma Companhia portuguesa constituída em Angola para as ligações marítimas entre a Portugal continental e as suas colónias ultramarinas, nomeadamente em África.
Com os seus principais paquetes "Infante D.Henrique", "Vera Cruz" e "Santa Maria" a transportar tropa para a guerra em Angola e Moçambique.
Valdemar Queiroz
A Gare Marítima Rocha Conde de Óbidos, com 400 e tal metros de extensão (dava para dois navios), tornou-se exclusiva (não sei exatamente em que data) da Companha Colonial de Navegação.
Diz a Wikipedia.
(...) De 1922 a 1974 a CCN deteve 47 navios, com deslocamentos entre as 2 648 toneladas de arqueação bruta do "Guiné (II)" (1935) e as 23 306 toneladas do "N/T Infante Dom Henrique", e lotações entre os 60 passageiros do vapor "Guiné (I)" (1922) e os 1 242 passageiros do "N/T Vera Cruz" (1952).
A CCN era a proprietária dos três maiores paquetes de seu tempo: o "N/T Infante Dom Henrique" (1961), o "N/T Santa Maria" (1953) e o N/T Vera Cruz (1952), para além dos gémeos "N/T Pátria" (1947) e "N/T Império" (1948) e do "N/T Uige" (1954). Todos faziam regularmente a carreira de África, com excepção do N/T Santa Maria, que fazia a carreira da América Central. (...)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_Colonial_de_Navega%C3%A7%C3%A3o
João G. Sacôto Fernandes (by email)
21 jun 2024 17:39
Camarada e amigo Luís, na realidade já lá vão 60 anos (eu tinha na altura 24 e a minha filha , na fotografia pela mão de um amigo dos meus pais, tinha 2 anos). Ela, agora com 62, tem pena mas não se recorda do momento.
Um forte abraço e saúde. Um beijinho á tua mulher Maria Alice,
JS
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