Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7, Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); nasceu em Castelo Branco, trabalhou na Lisnave, vive em Almada; tem cerca de 3 dezenas de referências no nosso blogue. |
1. Comentário postado na página do Facebook da Tabanca Grande, 2 de dezembro de2024, 18:30
Creio que foi a 1 de janeiro de 1971. Eu e o capitão de artilharia Viriato Osório, estamos a bordo de uma DO com destino a Buba onde íamos fazer uma regulação de tiro de artilharia. Já quase a chegarmos a Buba reparamos na exagerada atenção do piloto sobre as comunicações. Apercebemos- nos que algo de mau estava a acontecer. Antes de nos fazermos à pista o piloto informa que nos ia largar na pista e regressar a Bissau para uma evacuação.
Ok, tudo bem.
Tudo bem, não. Porque ao avistarmos a pista, havia nesta uma movimentação muito fora do normal.
Antes de aterrarmos já sabíamos que mais 3 DO voavam de Bissau para Buba.Estava em curso a assistência médica de urgência, porque um pelotão ao fazer os preparativos para uma
patrulha já tinha várias baixas. Num acidente,
não raro, daqueles que ao chibatarmos para cima do ombro as granadas amarradas entre si por um “cordel", provocou um rebentamento na caserna. Imagina-se a “desgraça “.
Rapidamente mais 3 DO se fazem à pista e as primeiras pessoas a sair foram as enfermeiras paraquedistas. Em correria iniciaram a execução das suas tarefas. Cuidar, estabilizar e embarcar.
Num ápice as 4 DO levantam voo e procedem à evacuação dos feridos, alguns deles graves. Já não sei fazer referência a mortos, porque a 54 anos de distância muita coisa a memória foi perdendo.
Às nossas camaradas enfermeiras paraquedistas, que em muitas circunstâncias foram as salvadoras de muitos camaradas, o meu obrigado. Merecem mais do que reconhecimento, merecem a nossa gratidão o nosso respeito. A todas um bem-haja!.
Assisti a um episódio semelhante na semana de Carnaval de 1971, em Piche, durante os preparativos da Operação “Mabecos”.
Desabafo de um artilheiro-combatente.
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Nota do editor:
5 comentários:
Obrigado, Domingos... Estes acidentes infelizmente foram frequentes e graves... É pena não haver estatísticas...
Usas um termo pouco frequente no nosso blogue...E que é capaz de ser mais usado na tua zona de origem... Achei giro o uso do verbo "chibatar" neste contexto: "Num acidente,
não raro, daqueles que ao chibatarmos para cima do ombro as granadas amarradas entre si por um 'cordel', provocou um rebentamento na caserna"...
Chibatas são um conhecido Grupo de Percussão Tradicional de Castelo Branco....
chibatar
chibatar
(chi·ba·tar)
Conjugar
Conjugação:regular.
Particípio:regular.
verbo transitivo
1. Dar chibatadas em.
2. Castigar com chibata.
etimologia Origem etimológica:chibata + -ar.
"chibatar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/chibatar.
João Crisóstomo
Caro Domingos Robalo,
Caramba! E por mais que a gente pense que tudo é do passado estas recordações , como pesadelos, voltam a exigir de nós "desabafos" como que em tentativas de libertação. Bom, vamos em frente, coração ao alto!
João Crisóstomo, Nova Iorque
Interessante comparação que o Robalo faz.
Chibatarmos, atirar as granadas amarradas para o ombro como se fosse uma chibatada.
Julgo já ter ouvido "chibatar" ou "chibar" como calão de "denunciar".
Valdemar Queiroz
Chibar
Chibar (chi-bar)
verbo transitivo, intransitivo e pronominal
1. Tornar(-se) chibante, fanfarrão. = ACHIBANTAR, CHIBANTEAR
verbo transitivo e pronominal
2. [Portugal, Informal] Revelar ou acusar algo ou alguém de alguma coisa, geralmente crime, delito, falha ou comportamento (ex.: o militar que chibou o colega também foi suspenso; o gerente chibou-se aos jornalistas). = DELATAR, DENUNCIAR
etimologiaOrigem etimológica:chibo + -ar.
"chibar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/chibar.
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