O Jaime é o promeira da fila de pé, a contar da direita para a esquerda.
Em 18 de fevereiro de 1970, embarcou no eroporto de Figo Maduro num avião Dakota da Força Aérea rumo a Angola para se apresentar no BCP 21 (Batalhão de Caçadores Paraquedistas) a fim de iniciar uma Comissão de Serviço que só terminaria em 1 de julho de 1972.
"(...) Nessa madrugada lisboeta embarcaram três alferes milicianos (eu, Rosinha e Vítor Marques) e um tenente da Academia Militar (Sousa).
"Na madrugada do dia 19 tínhamos à nossa espera no aeroporto de Luanda o Comandante do BCP 21, tenente coronel Rafael Durão que, logo ali, após as boas vindas, não deixou escapar uns reparos quanto ao atavio da farda n.º 1 que vestíamos e de indicar as Companhias onde seríamos integrados. De seguida perguntou quem era o alferes Silva e, após me identificar disse: «Você foi destacado para a 1.ª CCP (1.ª Companhia do BCP 21) e prepare-se para embarcar para o Leste no próximo avião onde, em Ninda, está destacada a sua companhia'-
"Um avião Nord Atlas transportu-me de Luanda à cidade de Henrique Carvalho e daqui um avião DO aterrou, finalmente, na pista de areia do destacamento de Ninda. Foi-me atribuído o comando do 3.º Pelotão, rendendo o tenente Grão, onde participai na minha primeira operação de combate, denominada “ Operação Alfange” e onde fomos transportados nos helicópteros das Forças Armadas da África do Sul.
"Foram 29 meses de muitas operações de combate no Norte e no Leste, de algumas lutas renhidas frente a frente com o IN e , em cujas refregas, abatemos alguns deles, tendo também eles conseguido roubar a perna ao Soldado Santos e a vida ao soldado Ramos!
"Foram também bons momentos de amizade cimentados na provação das operações de combate e no convívio nas horas livres no Batalhão ou nos 'botecos' espalhados pela cidade de Luanda!"
Fonte: Jaime Bonifácio da Silva > Página pessoal do Facebook > 18 de fevereiro de 2018 (com a devida vénia...) (Foto editada por LG)
Foto à direita: Jaime Bonifácio Marques da Silva, autor do livro "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), 235 pp.
Jaime Silva (ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande, nº 643, desde 31/1/2014, tendo já cerca de 130 de referências, no nosso blogue; reside na Lourinhã, é professor de educação física, reformado, foi autarcaa em Fafe, com o pelouro de "Desporto e Cultura": residiu lá durante cerca de 4 décadas):
Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci (7) > o ferimento do 2º srgt pqdt Henrique Galvão da Silva
por Jaime Silva
O acidente ocorreu na região da serra Vamba, Norte de Angola, depois de aquele ter tropeçado numa armadilha.
O acidente deu-se já ao final da tarde, e não houve hipótese de ser evacuado por helicóptero. O seu corpo ficou crivado com alguns estilhaços de granada. Por isso, teve que ser transportado numa maca improvisada feita com troncos de árvores.
Conseguiu sobreviver, passando a noite com morfina e com o apoio dos cobertores de todos os elementos do grupo de combate. No dia seguinte, ainda se tentou o resgate e evacuação através do guincho do Helicóptero, mas, dada a altura das árvores e a densidade da mata, não foi possível fazê-lo.
Restou-nos caminhar, até ao meio da tarde, em direção a uma fazenda de exploração de café e madeira, cujas coordenadas me foram indicadas, via rádio, pelo Comandante de Companhia.
Acontece que, a poucos quilómetros da chegada a essa fazenda, onde iríamos ser recuperados, deparámo-nos com uma clareira de árvores abatidas por colonos portugueses.
Este facto, em local em que a tropa sofria emboscadas dos guerrilheiros do MPLA ou FNLA e, ao mesmo tempo, civis madeireiros conseguiam aí chegar e derrubar árvores e transportar a madeira sem problemas, demonstra “o que se dizia por lá”, acerca da eventual colaboração entre colonos e guerrilheiros dos Movimentos de Libertação.
Conseguiu sobreviver, passando a noite com morfina e com o apoio dos cobertores de todos os elementos do grupo de combate. No dia seguinte, ainda se tentou o resgate e evacuação através do guincho do Helicóptero, mas, dada a altura das árvores e a densidade da mata, não foi possível fazê-lo.
Restou-nos caminhar, até ao meio da tarde, em direção a uma fazenda de exploração de café e madeira, cujas coordenadas me foram indicadas, via rádio, pelo Comandante de Companhia.
Acontece que, a poucos quilómetros da chegada a essa fazenda, onde iríamos ser recuperados, deparámo-nos com uma clareira de árvores abatidas por colonos portugueses.
Este facto, em local em que a tropa sofria emboscadas dos guerrilheiros do MPLA ou FNLA e, ao mesmo tempo, civis madeireiros conseguiam aí chegar e derrubar árvores e transportar a madeira sem problemas, demonstra “o que se dizia por lá”, acerca da eventual colaboração entre colonos e guerrilheiros dos Movimentos de Libertação.
Fonte: excerto de Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1), pp. 87-88.
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Nota do editor LG:
Último poste da série > 3 de dezembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27488: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (6): o primeiro e o único morto do meu pelotão, o sold pqdt António da Silva Ramos (1947-1970), natural de Santo Tirso
Último poste da série > 3 de dezembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27488: Quem foi obrigado a fazer a guerra, não a esquece: eu não esqueci... (Jaime Silva, ex-alf mil pqdt, BCP 21, Angola, 1970/72) (6): o primeiro e o único morto do meu pelotão, o sold pqdt António da Silva Ramos (1947-1970), natural de Santo Tirso




3 comentários:
O teu camarada 2º srgt pqdt ferido nesta operação foi o José Henrique Galvão da Silva, de seu nome completo ? Se sim, já terá morrido em finais de 2019 ou princípios de 2020, com o posto de sargento-mor, pelo que eu pude apurar no "Diário da República"... Talvez possas identificar os teus sargentos na foto de grupo do pelotão...
Jaime, acho que está por estudar o perfil dos sargentos paraquedistas...Geralmente vinham de cabos ou furriéis milicianos. Eu sei que tu tinhas/tens uma grande admiração pelos teus sargentos. Talvez um dia queiras escrever sobre este tema.
Jaime, o J. H. Galvão da Silva teria tirado o brevê em fevereiro de 1957 ? Seria então do 1º Curso, brevê nº 215 da lista .
Com 13 anos de paraquedista, já teria muita experiência quando foi ferido, integrado o teu pelotão. (Presumo que seja o mesmo.)
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