1. Texto do nosso amigo Antonio Rosinha (1):
Luis e co-editores,
Custa-me a entender como não surgiu ainda, nenhum de nós, tertulianos, a falar algo sobre esta biografia da figura mais importante, para muitos, tanto para a política nacional daquele tempo, como pessoalmente para muitos de nós, e principalmente para milhões de Africanos e Luso-africanos, muitos destes circulando hoje no meio de nós. Se alguem já se debruçou sobre o assunto, não me apercebi (2).
Mas eu não resisto, a pronunciar-me sobre o que mais me marcou no que o autor escreve, documentado, e que, tirando uma outra novidade para mim, susbscrevo na integra, porque mesmo sem documentos, só naquela de "se queres acreditar, acredita", eu vivi e senti ao vivo, desde 1957 a 1997 (40 anos) em que vivi nos trópicos a sul do paralelo do Funchal:
Nos primeiros capítulos o que me chamou mais à atenção, foi a análise das diversas contradições e injustiças da colonização portuguesa, que ajudariam A. Cabral a decidir-se por uma tomada de posição. E o contrassenso de um país atrasado e com tanto analfabetismo colonizar aqueles territórios. Até aqui, praticamente sempre ouvi desde que cheguei a Angola, a brancos que se arrogavam de 2ª, mestiços e a alguns pretos, tanto colegas nos diversos serviços onde trabalhei, como superiores hierárquicos, bem como no curso de sargentos milicianos em 1959 em Nova Lisboa, onde senti mais o sentimento anticolonial. Evidentemente, mais tarde ouvi a Nino Vieira, Luis Cabral coisas semelhantes e até na Ilha da Madeira, onde andei a fazer túneis, ouvi no Chão da Lagoa a Alberto J. Jardim, coisas semelhantes. Sem falar na TV Globo, periodicamente, no Brasil onde tambem permaneci 4 anos.
Em seguida, o que chamou mais a atenção, foi sem dúvida a capacidade diplomática e a inteligência de A. Cabral, para praticamente sozinho, no caso da Guiné, conseguir conjugar a seu favor as forças mais antagónicas: Fidel Castro/Igreja, CIA/KGB, Senghor/Sekou Touré, e até em Bissau conseguiu anular qualquer movimento que se lhe opusesse. Mas mais impressionante foi juntar aquilo que se continua ainda hoje a considerar um projecto incompreensível, ou seja a UNIDADE GUINÉ-CABO VERDE.
Ainda, sobre Cabo Verde, o autor observa, para a maioria dos Caboverdianos, o ideal não seria a independência, mas um estatuto semelhante aos Açores e Madeira. É uma observação que, assino por baixo, pois imensos colegas e amigos de diversas ilhas, que viviam em Angola, sempre frisavam, e é com muita satisfação que eu vejo, hoje, aquele povo a lutar por se aproximar do nivel dos seus vizinhos Açoreanos, Madeirenses e Canarinos. E estão a demonstrar que têm imensa capacidade e inteligência para o fazer. E Portugal penso que está a colaborar com eles.
Uma coisa que se estranha, ao ler o livro, é que o autor, não consegue entrevistas de Guineenses relevantes, apenas com as irmãs de A. Cabral. Entra então na parte negativa do PAIGC, ou seja as coisas que, pelo menos em Bissau, se falam com frequência, quer sejam os assassinatos entre os membros do partido, dos comandos africanos e de civis, claro que se subentende que seriam coisas tão graves, que o autor se atreve a perguntar, se foi justo fazer o povo Guineense sofrer o que sofreu.
Sobre a morte de A. Cabral, há suspeitos no livro que vão desde Spinola, Nino, Sekou Touré, que, digo eu, talvez todos os detectives dos policiais do nosso Beja Santos não descobririam o responsável.
Luis Graça, se algo me está a motivar a escrever isto tudo, que acabo de escrever, e até de ter lido o livro, é principalmente, para transcrever uma frase do autor que atribui a um pensamento de Adriano Moreira, aquando de ter sido ministro do Ultramar(pag.141), que é a seguinte: A sua crença mais profunda era a de que uma comunidade de países que falavam a mesma lingua haveria certamente de sobreviver ao fim do império.
Para quem conheceu o Ultramar antes de 1960, principalmente Angola, sabe que uma independência naquela altura, da presença portuguesa, nesta altura existia tanto, como existe em Caxemira ou Ceilão ou Goa. Nem os vizinhos nem as potências grandes permitiam que sobrasse nada.
Um abraço,
António Rosinha
____________
Notas dos editores:
(1) Vd. post de 29 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1327: Blogoterapia (7): Furriel Miliciano em Angola, em 1961; topógrafo da TECNIL, em Bissau, em 1979 (António Rosinha)
Vd. outros posts do autor:
17 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2274: RTP: A Guerra, série documental de Joaquim Furtado (6): Luís Cabral, os assimilados e os indígenas (António Rosinha)
11 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1358: Nostalgias (1): No cais do Xime, dois velhos Unimog pedindo boleia a algum barco (António Rosinha, ex-topógrafo da TECNIL)
(2) Vd. posts de:
21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2292: Bibliografia de uma guerra (25): Amílcar Cabral, fazedor de utopias: uma biografia escrita pelo angolano António Tomás
22 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2297: Notas de leitura (2): Biografia de Amílcar Cabral (João Tunes)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Guiné 63/74 - P2419: Tabanca Grande (52): Salutacions cordials a nostre amic catalan Àlex Tarradelas
1. Mensagem do nosso amigo catalão Àlex (1):
Caro Luís, obrigado a si. Se alguma vez precisar, ou simplesmente gostasse de publicar em castelhano ou catalão algum artigo que ache interessante para perceber o sentido do seu blog, ou qualquer coisa que achar que interessante para ser difundida, informe-me, e dentro da minha disponibilidade vou traduzi-lhe, encantado.
Um grande abraço,
Àlex Tarradellas
2. Comentário de L.G.:
Obrigado, Àlex, pela tua disponibilidade. Accionarei o eixo da amizade Portugal -Espanha-Catalunha-União Europeia-África-Guiné Bissau, sempre que se justificar e nos apetecer... Se me dás licença, vou-te pôr na lista dos amigos da Guiné que fazem parte da nossa Tabanca Grande... Vejo que estás atento a (e te interessas por) o que se passa hoje, não só na Guiné-Bissau como noutros países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) (2).
____________
Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 3 de Janeiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2403: Antologia (67): As Duas Faces da Guerra: Como si la guerra fuera un simple juego de ajedrez (Álex Tarradelas)
(2) Vd. texto de Alex Tarradellas (que escreveu o prólogo e traduziu para castelhano o livro da mçamnicana Paulina Chiziane): Paulina Chiziane em espanhol. Diário dos Açores. 14/7/2007.
(...) Com o seu primeiro romance (Balada de Amor ao Vento, 1990), Paulina Chiziane foi considerada a primeira mu-lher de Moçambique a escrever um romance. No entanto, ela contradiz este dado ao negar sentir-se romancista. Define-se simplesmente como contadora de «estórias»: «Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos em volta da fogueira, a minha primeira escola de arte.» As «estórias» são a forma de definir a narrativa de cunho popular e tradicional nutrida de uma grande influência oral. (...).
(...) Se nos cingimos ao caso de Paulina Chiziane, encontramo-nos com uma mulher nascida em 1955 em Manjcaze, uma população rural no sul de Moçambique. Aos sete anos muda-se para os subúrbios de Maputo, conhecida como Lourenço Marques nos tempos coloniais. Ali, subsiste com o seu pai a trabalhar como costureiro pelas ruas e a sua mãe como camponesa. Na capital, conhece a independência do país a 25 de Junho de 1975. E os bons augúrios nacionalistas, gerados após libertar-se das tropas portuguesas, dissipam-se rapidamente com o início da guerra civil, que não vai terminar até 1992 com o Acordo Geral de Paz.
Durante este turbulento período, Paulina Chiziane obtém a sua formação escolar e começa os estudos em linguística na Universidade Eduardo Mondlane, mas não os acaba. Com o tempo, começa a publicar contos na imprensa moçambicana, até que em 1990 escreve o seu primeiro romance. O facto de trabalhar na Cruz Vermelha durante a guerra civil permite-lhe nutrir-se da crueldade do conflito na primeira fila (...).
(...) Com a publicação em espanhol de O Sétimo Juramento, a autora adentra-nos numa sociedade cheia de contradições, onde os costumes convencionais chocam constantemente com as raízes ancestrais das personagens.
David é um guerrilheiro que, após a independência de Moçambique das forças portuguesas, converte-se em director de uma fábrica. Membro de uma emergente pequena burguesia, assentada sobretudo em Maputo, agirá como um bom cristão. No entanto, perante o primeiro problema pessoal com que se depare, recorrerá à magia negra. Esta será a tónica geral de um reduzido grupo social regido por dogmas católicos e, ao mesmo tempo, carregado de hipocrisia. Portanto, apesar de agir sob os princípios da ciência, a religião católica e, em resumo, o modus vivendi trazido do Ocidente, não poderá fugir das religiões animistas que acompanharam os seus antepassados.
Ao longo do romance, Paulina Chiziane desvela-nos uma vida cheia de dualismos que se entrecruzam constantemente: passado e presente, revolucionários e acomodados, tradições ancestrais e religião católica, homens e mulheres, jovens e anciões, curandeiros e feiticeiros, magia negra e magia branca e um longo etc. Contudo, é muito importante destacar que não se trata de puro maniqueísmo, senão de binómios, muitas vezes enlaçados sem poder separar-se. Esta é a essência do romance, um mundo de contradições e incompatibilidades entre crenças. Uma longa história de feitiçaria num mundo dual, característico da sociedade africana. (...)
Paulina Chiziane
é editada em Portugal pela Caminho
(a quem são devidos os créditos fotográficos desta imagem).
Caro Luís, obrigado a si. Se alguma vez precisar, ou simplesmente gostasse de publicar em castelhano ou catalão algum artigo que ache interessante para perceber o sentido do seu blog, ou qualquer coisa que achar que interessante para ser difundida, informe-me, e dentro da minha disponibilidade vou traduzi-lhe, encantado.
Um grande abraço,
Àlex Tarradellas
2. Comentário de L.G.:
Obrigado, Àlex, pela tua disponibilidade. Accionarei o eixo da amizade Portugal -Espanha-Catalunha-União Europeia-África-Guiné Bissau, sempre que se justificar e nos apetecer... Se me dás licença, vou-te pôr na lista dos amigos da Guiné que fazem parte da nossa Tabanca Grande... Vejo que estás atento a (e te interessas por) o que se passa hoje, não só na Guiné-Bissau como noutros países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) (2).
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 3 de Janeiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2403: Antologia (67): As Duas Faces da Guerra: Como si la guerra fuera un simple juego de ajedrez (Álex Tarradelas)
(2) Vd. texto de Alex Tarradellas (que escreveu o prólogo e traduziu para castelhano o livro da mçamnicana Paulina Chiziane): Paulina Chiziane em espanhol. Diário dos Açores. 14/7/2007.
(...) Com o seu primeiro romance (Balada de Amor ao Vento, 1990), Paulina Chiziane foi considerada a primeira mu-lher de Moçambique a escrever um romance. No entanto, ela contradiz este dado ao negar sentir-se romancista. Define-se simplesmente como contadora de «estórias»: «Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos em volta da fogueira, a minha primeira escola de arte.» As «estórias» são a forma de definir a narrativa de cunho popular e tradicional nutrida de uma grande influência oral. (...).
(...) Se nos cingimos ao caso de Paulina Chiziane, encontramo-nos com uma mulher nascida em 1955 em Manjcaze, uma população rural no sul de Moçambique. Aos sete anos muda-se para os subúrbios de Maputo, conhecida como Lourenço Marques nos tempos coloniais. Ali, subsiste com o seu pai a trabalhar como costureiro pelas ruas e a sua mãe como camponesa. Na capital, conhece a independência do país a 25 de Junho de 1975. E os bons augúrios nacionalistas, gerados após libertar-se das tropas portuguesas, dissipam-se rapidamente com o início da guerra civil, que não vai terminar até 1992 com o Acordo Geral de Paz.
Durante este turbulento período, Paulina Chiziane obtém a sua formação escolar e começa os estudos em linguística na Universidade Eduardo Mondlane, mas não os acaba. Com o tempo, começa a publicar contos na imprensa moçambicana, até que em 1990 escreve o seu primeiro romance. O facto de trabalhar na Cruz Vermelha durante a guerra civil permite-lhe nutrir-se da crueldade do conflito na primeira fila (...).
(...) Com a publicação em espanhol de O Sétimo Juramento, a autora adentra-nos numa sociedade cheia de contradições, onde os costumes convencionais chocam constantemente com as raízes ancestrais das personagens.
David é um guerrilheiro que, após a independência de Moçambique das forças portuguesas, converte-se em director de uma fábrica. Membro de uma emergente pequena burguesia, assentada sobretudo em Maputo, agirá como um bom cristão. No entanto, perante o primeiro problema pessoal com que se depare, recorrerá à magia negra. Esta será a tónica geral de um reduzido grupo social regido por dogmas católicos e, ao mesmo tempo, carregado de hipocrisia. Portanto, apesar de agir sob os princípios da ciência, a religião católica e, em resumo, o modus vivendi trazido do Ocidente, não poderá fugir das religiões animistas que acompanharam os seus antepassados.
Ao longo do romance, Paulina Chiziane desvela-nos uma vida cheia de dualismos que se entrecruzam constantemente: passado e presente, revolucionários e acomodados, tradições ancestrais e religião católica, homens e mulheres, jovens e anciões, curandeiros e feiticeiros, magia negra e magia branca e um longo etc. Contudo, é muito importante destacar que não se trata de puro maniqueísmo, senão de binómios, muitas vezes enlaçados sem poder separar-se. Esta é a essência do romance, um mundo de contradições e incompatibilidades entre crenças. Uma longa história de feitiçaria num mundo dual, característico da sociedade africana. (...)
Paulina Chiziane
é editada em Portugal pela Caminho
(a quem são devidos os créditos fotográficos desta imagem).
Guiné 63/74 - P2418: Estórias (secretas) dos nossos criptos (2): Mariema também era minha (Albano Gomes, CART 2339, Mansambo, 1968/69)
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69)> O 1º Cabo Op Cripto e a Mariema.
Foto: © Albano Gomes (2007). Direitos reservados
1. Mensagem do Albano Gomes:
Na minha ex-especialidade de Cripto, não me era autorizado divulgar o quer que fosse, por muita amizade que houvesse com os meus camaradas, entre eles o Torcato.
Mas, como em 19 de Novembro de 2006 na Guiné 63/74 - P1295 Fotos Falantes - o Torcato Mendonça escreve sobre a Mariema, a minha Bajuda (2), vou agora em tom de brincadeira, divulgar ao meu camarada amigo Torcato, que a Mariema também era minha, a minha Bajuda.
Não o divulguei na altura em Mansambo pela classificação de segurança (CONFIDENCIAL) que lhe atribui ao facto (3).
Um abraço para ti, Luís, e para ti , Torcato.
Albano Gomes
_______________
Notas dos editores:
(1) Vd. post de 28 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2387: Tabanca Grande (46): Albano Gomes, residente em Chaves, ex-1º Cabo Cripto da CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69)
(2) Vd. post de 19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1295: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Mariema, a minha bajuda...
(3) Vd. post de 1 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2396: Estórias (secretas) dos nossos criptos (1): Braimadicô, o prisioneiro (Albano Gomes)
Foto: © Albano Gomes (2007). Direitos reservados
1. Mensagem do Albano Gomes:
Na minha ex-especialidade de Cripto, não me era autorizado divulgar o quer que fosse, por muita amizade que houvesse com os meus camaradas, entre eles o Torcato.
Mas, como em 19 de Novembro de 2006 na Guiné 63/74 - P1295 Fotos Falantes - o Torcato Mendonça escreve sobre a Mariema, a minha Bajuda (2), vou agora em tom de brincadeira, divulgar ao meu camarada amigo Torcato, que a Mariema também era minha, a minha Bajuda.
Não o divulguei na altura em Mansambo pela classificação de segurança (CONFIDENCIAL) que lhe atribui ao facto (3).
Um abraço para ti, Luís, e para ti , Torcato.
Albano Gomes
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Notas dos editores:
(1) Vd. post de 28 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2387: Tabanca Grande (46): Albano Gomes, residente em Chaves, ex-1º Cabo Cripto da CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69)
(2) Vd. post de 19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1295: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Mariema, a minha bajuda...
(3) Vd. post de 1 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2396: Estórias (secretas) dos nossos criptos (1): Braimadicô, o prisioneiro (Albano Gomes)
Guiné 63/74 - P2417: Tabanca Grande (51): Carlos Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem 1969/71)
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Março de 2007 > As antigas instalações para sargentos, que faziam parte do edifício (integrado) onde estava instalado o comando do Batalhão do Sector L1 (No meu tempo, BCAÇ 2852, 1968/70, e BART 2917, 1970/71)... O fotógrafo foi o Carlos Silva, hoje advogado... Segundo ele, "o caramelo que está com o télélé, é o nosso camarada Camilo, de Lagoa, da CCAÇ 1565 (Jumbembem), que vai à Guiné anualmente, 2 e 3 vezes, integrando expedições humanitárias. O tipo é mais apanhado do clima do que eu"... Segundo me disse o Xico Allen, em 27 de Dezembro de 2007, quando estive com ele e o resto da minitertúlia de Matosinhos, o Camilo será um dos elementos integrantes da caravana (sete jipes e carrinha, num total de vinte e tal pessoas) que, em princípio, partirá de Portugal para a Guiné-Bissau, por via terrestre... O Carlos Silva sei que também vai... Espero que o cancelamento do Rali Lisboa-Dacar, devido à alegada insegurança ma Mauritânia, não venham resfriar o entusiasmo e afectar os planos dos n0ssos camaradas que querem também assistir ao Simpósio Internacional de Guileje.
Foto: © Carlos Silva (2007). Direitos reservados.
Carlos Silva , ex-Fur Mil CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71 (1)
1. Mensagem de Carlos Silva, com data de 13 de Dezembro de 2007, dirigida a Luís Graça e a Virgínio Briote
(i) Caro Luís:
Recebi o teu mail, de 20 de Julho de 2007 (1). O meu silêncio deve-se ao facto de que tenho o tempo de todo o mundo e não tenho tempo para nada. Trabalho, viagens dentro e fora, preguicite aguda, etc.
Não estou enganado em datas. Fiz o CSM no CISMI em Tavira, Armas Pesadas, no 2.º trimestre de 1969, fui para Aveiro, RI 10, e rapidamente e em força para o TO da Guiné, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Farim, porque fazia lá muita falta, embora na minha opinião eu deveria ter ficado por cá.
Mas uma coisa é certa, se não tivesse ido para aquelas paragens, hoje não estava integrado na tua família, na nossa grande família, a dos tugas, não teria ido pisar, obrigatoriamente (e algumas vezes, voluntariamente, conhecer) o chão e as gentes da Guiné.
Eu não estou nas fotos que te enviei e relativas a Bambadinca (1). O caramelo que está com o télélé, é o nosso camarada Camilo, de Lagoa, da CCAÇ 1565 (Jumbembem), que vai à Guiné anualmente, 2 e 3 vezes, integrando expedições humanitárias. O tipo é mais apanhado do clima do que eu. (Vd. foto acima reproduzida).
Mas, já agora, aproveito para enviar-te as minhas fotos para fazeres o favor de colocar no quadro de honra da Tertúlia da Tabanca Grande.
Não envio mais fotos, porque, como te disse anteriormente, tenho um manancial delas que ultrapassam as 3000, além daquilo que escrevi. Portanto, a oferta de 2 ou 3 DVD será para se realizar durante um Bate-Papo actual e ex-Chez Toi do nosso tempo d’ouro, 22 anos nas terras calientes do mato e das bazucas na 5ª Rep em Bissau.
Esta referência ao Bate-Papo já deve ser familiar para ti, pois consta no roteiro dos restaurantes de Bissau, no site do Simpósio Internacional sobre Guiledje, à disposição dos conferencistas do Simpósio do qual fazes parte (2).
A propósito, o bicho penetrou-me e, como tal eu e mais camaradas do meu Batalhão, vamos a 24 de Fevereiro ou a 2 de Março para Bissau.
Gostaria de participar ou assistir ao Simpósio mas no citado site não encontro qualquer indicação para inscrições e respectivos custos. Tu tens conhecimento destes procedimentos? Se souberes agradeço, que me informes.
(ii) Caro Virgínio:
Meu camarada velhinho
Eu pisei o Chão que tu pisaste, K3 – Farim, Lamel, Jumbembem, Norobanta, Cuntima e vice-versa, bem como, as Tabancas abandonadas do nosso Sector, mas só a partir de 69/71, já tu felizmente te encontravas no ar condicionado, a beber outro tipo de bazucas e a comer outra espécie de berbigão à europeia.
Então, meu malandro, integraste o célebre BCAV 490, da Ilha do Como, e estreante do nosso Sector?
Pois eu já li tudo sobre aquela batalha, existente no Arquivo Militar Histórico, e tenho a História da vossa Unidade que fui buscá-la de propósito e muito fresquinha ao Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz, a qual tu deves ter sem dúvida, pois há camaradas teus que já a têm, por distribuição do Paulo Bastos, do Pel Ind 953 (Canjambari e Jumbembem), e que vai aos vossos almoços no último fim de semana de Maio. Aliás que coincide com o meu e que organizo há vinte e tal anos.
Pois é, temos muito que falar. E, sendo assim, passemos a falar de coisas sérias.
Não sei navegar no vosso extraordinário site. É normal, sou periquito, mas vou aprender. Pois o método das minhas visitas é entrar e percorrer o conteúdo que me é dado a conhecer. Mas deve haver uma maneira de pesquisar, não só pelos nomes, como é indicado no blogue.
Contudo, aproveito para perguntar e sugerir. Não será possível criar ou sistematizar os sites, blogues, as páginas ou pastas por Sectores? Tal como vocês têm para Bambadinca? E outras situações?
Eu sou um leigo na matéria, mas digo isto, porque nas visitas encontrei esporadicamente os vossos registos P2207 sobre o Vasco Lourenço, que é do meu Batalhão, P1976 referente a mim, P2335 relativo ao Artur Conceição, da CART 730/BART 733, Jumbembem, e P2245 do Vítor Silva, meu contemporâneo da CART 3331 (Cuntima) e, como tal, se houvesse uma pasta relativa ao Sector era muito mais fácil de procurar, porque as buscas eram direccionadas para lá, conforme os interesses. Penso eu.
Se criarem uma situação destas, penso que há muita coisa para lá meter. Gostaria de saber a vossa opinião.
Recebam um abraço
Carlos Silva
2. Porque nós não demos resposta ao mail acima, Carlos Silva, em 26 de Dezembro de 2007, voltava ao ataque:
Olá Amigos:
Há dias enviei um mail para o vosso mail geral, mas ainda não recebi qualquer resposta, pois estamos no período natalício.
Caro Virginio:
Vi agora em recente busca ou consulta que tens uns itens sobre Cuntima e naquele de Notícias de Farim, para o nosso amigo Anízio em S. Paulo, dizes que Cuntima fica a 30 Kms de Farim, pois, olha, fica a 46 Kms, e que Canjambari é uma povoação a sul de Farim, [para lá do rio Cacheu, fica o K3, Mansabá] também aqui a tua memória falha, na medida em que fica a nordeste daquela vila e a leste de Jumbembem.
Segue uma foto do Paulo Bastos do Pel Ind 953 que esteve em Canjambari e Jumbembem em 1965/66, convivendo com o BCAV 490 e com o BART 733, onde está a placa com as distâncias entre Farim e as povoações do sector. Actualmente já não existe tal placa, pois tenho lá ido várias vezes desde 1993, sendo a última em Março passado e não a vejo lá.
Fazes também uma descrição sobre um ataque em Farim durante um batuque onde num saco, misturaram granadas de todos os tipos, projecteis de balas, até, uma bomba de avião que não tinha rebentado. E foi tudo pelos ares, população incluída"... Estes factos passaram-se durante a tua permanência em Cuntima? Ou ouviste contar a história?
Enfim, faço esta pergunta, porque estou interessado em escrever sobre a guerra no nosso sector e tenho feito investigação, principalmente lendo as Histórias das Unidades que passaram pelo Sector de Farim, incluindo a História do BCAV 490 e não li nada disso. Aliás, a versão que li, consta na História do BART 733 a págs. 116 e que se passou no dia 1 de Dezembro de 1965 e já o BCAV 490 não se encontrava em Farim, foi que:
Secção da CART 731 (+), Secções da CCS transportaram feridos e mortos devido ao rebentamento de um explosivo lançado por elementos subversivos durante um batuque que se realizava no Bairro de Morucunda pelas 21h 30m. O rebentamento do engenho causou a morte de 27 indivíduos, 70 feridos graves e vários feridos ligeiros, todos civis. As NT sofreram um ferido grave que foi evacuado com os feridos civis mais graves num DAKOTA….
Tenho um livro do Armor Pires Mota - Guiné, Sol e Sangue, Editora Pax, [Braga] - da CCAV 488/BCAV 490 que é bastante interessante. Conheces?
Brevemente, falarei do maior ronco da Guiné, 24 toneladas, efectuado em Faquina Fula e Faquina Mandinga, bem como de Sitató, onde a minha CCAÇ 2548 teve o primeiro morto e 4 feridos.
É com muito interesse que leio o blogue e principalmente as histórias sobre os factos que se passaram no nosso Sector de Farim, por isso, gostaria de saber uma forma mais simples de busca sobre escritos relativamente ao sector, na medida em que não conheço os posts. Será possível fazer a busca de forma diferente sem ser pelas palavras?
Recebam um abraço e feliz quadra natalícia
4. Comentário de L.G.:
Carlos: Obrigado pela tua insistência e pelas tuas críticas e sugestões. A pesquisa sobre os conteúdos do nosso blogue pode ser feita de várias maneiras: (i) directamente no blogue (inserindo um ou mais descritores na janela do canto superior esquerdo do blogue: por exemplo: Jumbembem + "CCAÇ 2548"); (ii) procurar na página pessoal de Luís Graça (infelizmente não há ainda uma página sobre Farim ou outros sectores importantes); e (iii) procurar no Google (utilizando três ou mais palavras-chaves: por exemplo, Guiné + blogue + Farim + "Carlos Silva")...
As dúvidas que levantaste em relação à inscrição no Simpósio Internacional sobre Guileje já foram, em sede própria, esclarecidas ou ultrapassadas, independentemente da conveniência de maior e melhor divulgação deste assunto, nas páginas do nosso blogue.
O Virgínio Briote terá, de certo, oportunidade de responder às questões que lhe puseste. Quanto a mim, espero (re)encontrar-te em Bissau, dentro de dois meses, para termos o tal Bate-Papo no antigo Chez-Toi e matarmos saudades de Tavira e da nossa instrução de especialidade (armas pesadas de infantaria) ...
Até lá um Alfa Bravo.
Luís Graça
____________
Notas de CV:
(1) Vd. post de 20 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1976: Tabanca Grande (27): Carlos Silva, mais um 'apanhado do clima' (CCAÇ 2548, Jumbembem)
(2) Obrigado, Carlos, não fazia a mínima ideia que era o antigo Chez Toi, um dos bares chungas do nosso tempo (1969/71)...Aqui ficam algumas dicas sobre o Restaurante Bate-Papo:
Localização: Rua Eduardo Mondlane, junto à Estação Meteorológica, Bissau
Telefone: 7202122
Com música ao vivo
Comida europeia e africana
Entradas: 1.000 a 3.500 Cfa
Prato principal: 3.000 a 25.000 Cfa
Sobremesa: 1.000 a 1.500 Cfa
Marcadores:
António Camilo,
Armor Pires Mota,
BCAÇ 2879,
BCAV 490,
bibliografia,
Bissau,
Carlos Silva,
CCAÇ 1565,
CCAÇ 2548,
CCAV 488,
Chez Toi,
Farim,
Jumbembem,
Luís Graça,
Morocunda,
Tabanca Grande,
Virgínio Briote
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Guiné 63/74 - P2416: Unidades que passaram por Barro, na região do Cacheu (A. Marques Lopes)
Guiné > Região de Cacheu > Barro > CCAÇ 3 (1) > 1968 > O nosso camarada A. Marques Lopes, na altura Alf Mil da CCAÇ 3. O seu grupo de combate eram os Jagudis.
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Espaldão do morteiro 81, guarnecido por dois jagudis, de etnia balanta.
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Os jagudis emboscados
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma equipa de futebol. O A. Marques Lopes é o terceiro, de pé, a contar do lado esquerdo.
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Jagudis reparando a cerca de arame farpado.
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma bulldozer da engenharia militar...
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma aspecto da povoação de Barro, ao tempo em que lá esteve o Alf Mil A. Marques Lopes, nosso camarada, hoje coronel, DFA, na reforma.
Fotos: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.
1. Texto do A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69).
1ª Companhia de Caçadores
Início: anterior a 1 de Janeiro de 1961. Extinção: 1 de Abril de 1967 (passou a designar-se CCAÇ 3)
Síntese da Actividade Operacional
Era uma unidade da guarnição normal, com existência anterior a 1 de Janeiro de 1961 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.
Em 1 de Janeiro de 1961, estava colocada em Bissau, com um pelotão destacado em Nova Lamego, onde foi transitoriamente instalada, na totalidade, em 3 de Abril de 1961, com pelotões destacados em Sedengal e Cacheu e depois em S. Domingos. Após a reorganização do dispositivo de 23 de Agosto de 1961, foi substituída em Nova Lamego, por troca, pela 3ª CCAÇ, regressando a Bissau, tendo destacado efectivos para várias localidades da zona Oeste, nomeadamente em Ingoré, Enxalé, Susana, Mansabá e Bigene e também, na zona Sul, em Cabedú.
A partir de 1 de Julho de 1963, foi colocada em Farim, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, com pelotões destacados em S. Domingos e Ingoré e secções em Susana, Mansoa, Mansabá, Bigene e Barro, tendo depois ainda deslocado efectivos para Bissorã, Cuntima, Olossato, Binta, Guidage, Canjambari, Porto Gole e Enxalé, sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões que assumiram a responsabilidade do sector de Farim.
Em 27 de 0utubro de 1966, foi colocada em Barro, onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado na área do BCAÇ 1887 e transferido, em 3 de Novembro de 1966, para a zona de acção do BCAÇ 1894, mantendo, no entanto, dois pelotões destacados no anterior sector, em Binta e Canjambari, este último deslocado para Jumbembém, a partir de meados de Janeiro de 1967.
Em 1 de Abril de 1967, passou a designar-se CCAÇ 3.
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Companhia de Caçadores n.° 3
Divisa: "Amando e Defendendo Portugal"
Início: 1 de Abril de 1967 (por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ) (2)Extinção: 31 de Agosto de 1974
Síntese da Actividade Operacional
Em 1 de Abril de 1967, foi criada por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ. Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local.
Continuou instalada em Barro, mantendo-se então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894, com dois pelotões destacados em reforço do BCAÇ 1887 e estacionados em Binta e Jumbebém, este depois em Canjambari a partir de finais de Setembro de 1967. Ficou sucessivamente integrada no dispositivo manobra dos batalhões e comandos que assumiram a responsabilidade da zona de acção do subsector de Barro.
Após recolha dos pelotões instalados em Binta e Canjambari em 20 de Julho de 1968, destacou, em meados de Outubro de 1968, um pelotão para Guidage, tendo assumido, em 9 de Março de 1969, a responsabilidade do subsector de Guidaje por troca com a CART 2412 e destacando então dois pelotões para Binta, sendo especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá, onde em 21 e 22 de Janeiro de 1969 tomou parte na Operação Grande Colheita, realizada pelo COP 3.
Em 22 de Fevereiro de 1972, rendida em Guidaje pela CCAÇ 19, assumiu a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, onde substituiu a CCAÇ 2753 e ficou integrada no dispositivo e manobra do COP 6 e depois do BART 3844.
Em 8 de Dezembro de 1972, foi substituída, transitoriamente, por forças da CART 3358 no subsector de Saliquinhedim e foi colocada em Bigene para onde se deslocou, por escalões, em 26 de Novembro de 1972 e 8 de Dezembro de 1972 e onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em substituição da CCAÇ 4540/72, ficando então novamente integrada no dispositivo de contrapenetração no corredor de Sambuiá.
Em 31 de Agosto de 1974, as praças africanas tiveram passagem à disponibilidade e, após desactivação e entrega do aquartelamento de Bigene ao PAIGC, o restante pessoal recolheu a Bissau, tendo a subunidade sido extinta.
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Companhia de Caçadores n.° 91
Partida: Embarque em 27 de Abril de 1961; desembarque em 3 de Maio de 1961. Regresso: Embarque em 12 de Abril de 1963
Síntese da Actividade Operacional
Inicialmente, ficou colocada em Bissau, tendo destacado dois pelotões para Mansoa e Piche em 13 de Maio de 1961. Em 8 de Junho de 1961, foi transferida para Mansoa, sendo integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, a partir de 6 de Julho de 1961, tendo dois pelotões destacados em Piche e Bissorã.
De 23 de Agosto a 1 de Novembro de 1961, também na dependência do BCAÇ 239, foi deslocada para Farim, com os seus efectivos disseminados pelas localidades de Bissorã, Barro, Bigene e, por um curto período, em Cuntima, Jubembém e Mansabá. Em seguida, a sede da subunidade voltou a Mansoa, mantendo-se, entretanto, os destacamentos atrás referidos e orientando a sua actividade para a segurança e controlo das populações, com a missão de impedir a instalação do inimigo na área.
Em 10 de Abril de 1963, foi substituída em Mansoa pela CCAÇ 413, a fim de recolher a Bissau para efectuar o embarque de regresso.
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Batalhão de Caçadores n.° 239
Partida: Embarque em 28 de Junho de 1961; desembarque em 6 de Julho de 1961 Regresso: Embarque em 24 de Julho de 1963
Síntese da Actividade Operacional
Inicialmente constituiu apenas um comando reduzido, sendo-lhe atribuída a responsabilidade da zona Oeste, desde Varela ao meridiano de Cuntima e ate aos rios Mansoa e Geba. Em 8 de Maio de 1963, passou a comando completo, com a chegada dos respectivos elementos de recompletamento: 2.° comandante, CCS, Pelotão de Reconhecimento e Pelotão de Sapadores.
Desde logo instalado em Bula, assumiu a responsabilidade da referida zona de acção, comandando e coordenando a actividade das companhias estacionadas em Teixeira Pinto, Mansoa e Bula (esta a partir de 16 de Agosto de 1961, depois colocada em S Domingos em 12 de Janeiro de 1963) e dos pelotões atribuídos em reforço, cujos efectivos se encontravam disseminados por Ingoré, Bissora, Mansaba, S Domingos, Cuntima, Farim, Bigene, Barro, Cacheu, e sucessivamente, a partir de finais de Outubro de 1963 por Susana, Jumbembém, Varela, Caio. Em meados de Junho de 1963, foi, entretanto, instalada outra companhia, em Farim, com a consequente reformulação das respectivas zonas de acção.
Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de patrulhamento, de reconhecimento e de contactos com as populações com vista à sua segurança e protecção, tendo coordenado ainda a acção das suas forças na reacção a primeira acção armada na Guiné, efectuada na noite 20/21 de Julho de 1961 em S. Domingos. A partir de Janeiro de 1963, a sua actividade incidiu na contrapenetraçao contra actos de terrorismo.
Em 20 de Julho de 1963, foi rendido pelo BCAÇ 507, para o qual transitaram os elementos recebidos no recompletamento para comando completo.
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Companhia de Caçadores n.° 413
Partida: Embarque em 3 de Abril de 163; desembarque em 9 de Abril de 1963. Regresso: Embarque em 29 de Abril de 1965.
Síntese da Actividade Operacional
Após o desembarque, substituiu a CCAÇ 91 em Mansoa, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239 e depois do BCAÇ 507, e após remodelação do dispositivo, em 01Set63, na dependência do BCAÇ 512. Destacou efectivos para guarnecer, por períodos variáveis, diversas localidades da zona de acção até à chegada ou substituição por outras forças, nomeadamente em Mansabá, até 28 de Julho de 1963, em Barro e Bigene, até 1 de Agosto de 1963, em Enxalé e Porto Gole, de Agosto de 1963 a 8 de Dezembro de 1963 e em Farim, até 5 de Dezembro de 1963.
Em 19 de Janeiro de 1964, após a reunião dos seus efectivos em Mansoa, destacou um pelotão para reforço da guarnição de Olossato, onde se manteve até 20 de Abril de 1964. Actuou ainda em diversas operações realizadas nas regiões de Binar, Mores e Cutia, entre outras.
Em 1 de Julho de 1964, por rotação com a CART 564, foi transferida para o subsector de Nhacra, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 600, com vista a colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações da área; desde essa altura, um pelotão passou a estar destacado em Encheia, até 13 de Abril de 1965, na dependência do BCAÇ 512 e depois do BART 645.
Em 28 de Abril de 1965, foi substituída no subsector de Nhacra pela CCAÇ 799, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 461
Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963
Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965
Síntese da Actividade Operacional
Em 28 de Julho de 1963, seguiu para Mansabá e assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Olossato, até 26Dez63 e Cuntima, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e após reformulação dos sectores, do BCAÇ 512.
Em 23 de Dezembro de 1963, substituída no subsector de Mansabá pela CCAÇ 594 e foi transferida para Bigene onde assumiu a responsabilidade do subsector, com um pelotão destacado em Barro, desde 21 de Dezembro de 1963 e mantendo o outro pelotão destacado em Cuntima, onde permaneceu até 23 de Julho de 1964, depois deslocado para Guidage, de 8 de Agosto de 1964 a 13 de Maio de 1965. A subunidade manteve-se na zona de acção do BCAÇ 512 e depois do BCAV 490.
Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de reconhecimento, de patrulhamento e de contacto com as populações da área e executou algumas acções ofensivas contra elementos inimigos infiltrados na região de Mores. A partir de 2 de Março de 1964, mantendo a anterior actividade de patrulhamento e de contacto com as populações, passou também a realizar acções ofensivas e emboscadas na região de Bigene e Barro, com especial incidência na região de Sambuiá.
Em 28 de Maio de 1965, foi rendida no subsector de Bigene pela CCAÇ 762 e foi transferida para Bissau, onde foi integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CCAÇ 787, tendo ficado integrado nos efectivos do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 513, até ao seu embarque de regresso. Entretanto, ainda, dois pelotões estiveram temporariamente deslocados em Bula, a partir de 13 de Junho de 1965, em períodos de 10 a 15 dias, em reforço do BCAV 790, com vista à realização de patrulhamentos e contactos com a população, na região de S. Vicente.
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Companhia de Caçadores n.° 508
Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963
Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965
Síntese da Actividade Operacional
Em 1 de Agosto de 1963, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, então criado, com pelotões destacados em Barro, até 23 de Dezembro de 1963 e Bigene, até 26 de Dezembro de 1963, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e, após remodelação dos sectores, no do BCAÇ 512. Em 26 de Dezembro de 1963, passou a ter um pelotão destacado em Olossato.
Em 4 de Setembro de 1964, já então na dependência do BART 645, e depois da chegada da CART 566, foi substituída no subsector de Bissorã pela CART 643, do antecedente ali colocada em reforço, tendo seguido para o sector de Bissau, a fim de se integrar no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, com um pelotão destacado em Quinhamel, ficando na dependência do BCAÇ 600.
Em 7 e 23 de Março de 1965, por troca com a CCAÇ 526, deslocou-se, por fracções, para Bambadinca, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, com pelotões destacados em Xime e Galomoro e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 697. Em 16 de Abril de 1965 foi substituída pela CCAÇ 678 e foi deslocada para Xime, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Ponta do Inglês e Galomaro.
Em 6 de Agosto de 1965, após a chegada da CCAÇ 1439 para treino operacional, foi rendida no subsector de Xime por forças da CCAV 678 e recolheu imediatamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
A CCAÇ 1547 seguiu em 13 de Maio de 1966 para Fá Mandinga, a fim de efectuar instrução de adaptação operacional sob orientação do BCAÇ 1888, substituindo a CCAV 702 na função de intervenção e reserva daquele sector, tendo tomado parte em operações na região de Xitole e no baixo Corubal. De 27 de Maio de 1967 a 7 de Junho de 1966, foi entretanto deslocada, temporariamente, para Nova Lamego, em reforço do BCAÇ 1856, em virtude de um previsível agravamento da pressão inimiga neste sector, tendo efectuado acções na região de Pataque e outras.
Em 13 de Setembro de 1966, recolheu a Bissau , a fim de seguir para Bula, para realização de uma operação na região de Joi, sob dependência do BCAV 790.
Em 27 de Setembro de 1967, foi colocada em Bigene, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Barro, em substituição a CCAÇ 762 e ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.
Em 29 de Outubro de 1967 foi rendida no subsector de Bigene pela CART 1745 e seguiu para Bissau, a fim de substituir a CCAÇ 1497 a partir de 2 de Novembro de 1967 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações daquela área, sob dependência do BART 1904 e depois do BCAÇ 2834. Manteve-se em Bissau até ao embarque de regresso, tendo, entretanto, destacado um pelotão para Nhacra, em reforço da guarnição local.
A CCAÇ 1590 ficou colocada inicialmente em Bissau, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe e foi prioritariamente atribuída em reforço do BCAÇ 1857, tendo-se deslocado para Mansoa a fim de actuar em diversas operações realizadas nas regiões de Date, Bará, Bissorã e Olossato, entre outras, de 23 de Agosto de 1966 a 1 de Setembro de 1966, de 19 de Setembro de 1966 a 10 de Outubro de 1966 e de 21 a 24 de Outubro de 1966.
Em 3 de Dezembro de 1966, foi integrada no dispositivo do seu batalhão instalando-se em Ingoré, com vista à realização de operações nos corredores de Canja e Sano e mantendo um pelotão destacado, ora em Barro, ora em S.Domingos, ora em Susana.
Após deslocamento para S. Domingos, desde 4 de Maio de 1967, para realização de acções de contrapenetração naquela área, com destaque para a operação Drambuie I, regressou a Ingoré, a fim de, em 13 de Julho de 1967, em substituição da CCAV 1482, assumir a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Sedengal.
Em 23 de Abril de 1968, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1801 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Artilharia n.° 2412
Divisa: "Sempre Diferentes"
Partida: Embarque em 11 de Agosto de 1968; desembarque em 16 de Agosto de 1968
Regresso: Embarque em de 4 de Maio de 1970
Síntese da Actividade Operacional
Em 28 de Agosto de 1968, seguiu para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional com a CART 1745, sob orientação do COP 3 e seguidamente actuar nesta zona de acção em operações realizadas nas regiões de Talicó e Farajanto, entre outras.
Em 14 de Outubro de 1968, rendendo a CART 1648, assumiu a responsabilidade do subsector de Binta, com um pelotão destacado em Guidage, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3. Em 17 de Outubro de 1968, a sede do subsector passou para Guidaje, ficando então com dois pelotões destacados em Binta, sendo a subunidade especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá; a partir de 8 de Fevereiro de 1969, após troca de sectores, passou à dependência do BCAÇ 1932.
Em 9 de Março de 1969, por troca com a CCaç 3, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ainda com um pelotão em Binta em reforço da guarnição local até finais de Abril, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932, mas agora orientada para a contrapenetração nos corredores de Canja e Sano; em 1 de Agosto de 1969, após novo reajustamento das zonas de acção dos sectores, passou à dependência do BCAV 2876 até 7 de Fevereiro de 1970, data em que o subsector de Barro foi incluído na zona de acção do COP 3.
Após deslocamento de dois pelotões para Bissau, em 17 de Abril de 1970, a fim de substituírem, transitoriamente, a CART 2411 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 2725 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2527
Divisa: "Nunca tão poucos valeram tanto"
Partida: Embarque em 24 de Maio de 1969; desembarque em 30 de Maio de 1969
Regresso: Embarque em 17 de Março de 1971
Síntese da Actividade Operacional
Seguiu imediatamente para Bigene, a fim de assumir a responsabilidade do referido subsector de Bigene, rendendo a CART 1745 em 2 de Junho de 1969 e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932 e depois do COP 3, com vista à realização de emboscadas no corredor de Samoge e de patrulhamentos nas regiões de Nenecó e Capai.
De acordo com a manobra e necessidades operacionais, destacou pelotões para reforço das guarnições de Guidaje, de 10 de Outubro de 1969 a 2 de Dezembro de 1069, de Barro, de 6 de Abril de 1970 a 10 de Maio de 1970, de Binta, de 13 a 30 de Abril de 1970 e novamente de Guidaje, de 3 de Julho de 1970 até finais de Out de 1970.
Em 3 de Março de 1971, foi rendida no subsector de Bigene pela CART 3329 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2725
Partida: Embarque em 4 de Abril de 1970; desembarque em 11 de Abril de 1970
Regresso: Embarque em 26 de Fevereiro de 1972
Síntese da Actividade Operacional
Em 16 de Abril de 1970, instalou-se em Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 2412. Em 27 de Abril de 1970, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao esforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações da área.
Em 8 de Fevereiro de 1972, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 3519 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 3519
Divisa: "Lutamos pela Paz"
Partida: Embarque em 20 de Dezembro de 1971; desembarque em 24 de Dezembro de 1971
Regresso: Embarque em 28 de Março de 1974
Síntese da Actividade Operacional
Após realização da IAO, de 27 de Dezembro de 1971 a 22 de Janeiro de 1971, no CMI, em Cumeré, seguiu em 23 de Janeiro de 1972 para Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com CCAÇ 2725. Em 8 de Fevereiro de 1972, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao reforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas de Canja e Sano e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações.
Colaborou ainda em operações efectuadas fora da sua zona de acção, nomeadamente em acções de contrapenetração no corredor de Sambuiá e na região de Cossé. Em princípios de Fevereiro de 1974, destacou um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.
Em 12 de Março de 1974, foi substituída no subsector de Barro pela CCAÇ 4942/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 4942/72
Partida: Embarque em 27 de Dezembro de 1972; desembarque em 2 de Janeiro de 1973
Regresso: Embarque em 4 de Setembro de 1974
Síntese da Actividade Operacional
Após a realização da IAO, de 5 de Janeiro de 1973 a 1 de Fevereiro de 1973, no CMI, em Cumeré, seguiu em 2 de Fevereiro de 1973 para Mansoa, a fim de efectuar o treino operacional e depois reforçar o BCAÇ 4612/72, a partir de 19 de Fevereiro de 1973, com vista à protecção e segurança dos trabalhos da estrada Jugudul-Bambadinca, e onde se manteve até 23 de Março de 1973, após o que recolheu, temporariamente, a Bissau.
Em princípios de Abril de 73, seguiu para Cadique, na zona de acção do COP 4, a fim de tomar parte na operação Caminho Aberto, com vista à instalação de uma subunidade em Jemberém. Em 20 de Abril de 73, após o desembarque e ocupação daquela área, assumiu a responsabilidade do subsector de Jemberém,então criado, iniciando a construção do respectivo aquartelamento e ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4514/72, e ainda, após reformulação dos limites dos sectores, do COP 5.
Depois de ser substituída no subsector de Jemberém pela CCAÇ 4946/73, instalou-se em Barro, a partir de 23 de Fevereiro de 1974, a fim de efectuar a sobreposição e render a CCAÇ 3519. Em 12 de Março de 1974, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3 e depois do BART 6522/72 e ainda do BART 6521/74. Destacou ainda um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.
Em finais de Agosto de 74, foi substituída por forças do BART 6521/74, tendo recolhido seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Notas dos editores:
(1) Vd. post de 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1776: Convívios (9): CCAÇ 3 (Barro, Binta, Guidaje, 1967/74) (A. Marques Lopes)
(2) Esclarecimento do AML: O José Pereira (3) não esteve na CCAÇ 3 mas, sim na 3.ª CCAÇ, que foi, depois, CCAÇ 5, a partir de 1 de Abril de 1967... Isto é, 3.ª CCAÇ não é a mesma coisa que CCAÇ 3...
(3) Vd. post de 4 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2405: Tabanca Grande (49): José Pereira, ex-1º Cabo da 3ª CCAÇ e da CCAÇ 5 (Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68)
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Espaldão do morteiro 81, guarnecido por dois jagudis, de etnia balanta.
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Os jagudis emboscados
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma equipa de futebol. O A. Marques Lopes é o terceiro, de pé, a contar do lado esquerdo.
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Jagudis reparando a cerca de arame farpado.
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma bulldozer da engenharia militar...
Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma aspecto da povoação de Barro, ao tempo em que lá esteve o Alf Mil A. Marques Lopes, nosso camarada, hoje coronel, DFA, na reforma.
Fotos: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.
1. Texto do A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69).
1ª Companhia de Caçadores
Início: anterior a 1 de Janeiro de 1961. Extinção: 1 de Abril de 1967 (passou a designar-se CCAÇ 3)
Síntese da Actividade Operacional
Era uma unidade da guarnição normal, com existência anterior a 1 de Janeiro de 1961 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.
Em 1 de Janeiro de 1961, estava colocada em Bissau, com um pelotão destacado em Nova Lamego, onde foi transitoriamente instalada, na totalidade, em 3 de Abril de 1961, com pelotões destacados em Sedengal e Cacheu e depois em S. Domingos. Após a reorganização do dispositivo de 23 de Agosto de 1961, foi substituída em Nova Lamego, por troca, pela 3ª CCAÇ, regressando a Bissau, tendo destacado efectivos para várias localidades da zona Oeste, nomeadamente em Ingoré, Enxalé, Susana, Mansabá e Bigene e também, na zona Sul, em Cabedú.
A partir de 1 de Julho de 1963, foi colocada em Farim, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, com pelotões destacados em S. Domingos e Ingoré e secções em Susana, Mansoa, Mansabá, Bigene e Barro, tendo depois ainda deslocado efectivos para Bissorã, Cuntima, Olossato, Binta, Guidage, Canjambari, Porto Gole e Enxalé, sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões que assumiram a responsabilidade do sector de Farim.
Em 27 de 0utubro de 1966, foi colocada em Barro, onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado na área do BCAÇ 1887 e transferido, em 3 de Novembro de 1966, para a zona de acção do BCAÇ 1894, mantendo, no entanto, dois pelotões destacados no anterior sector, em Binta e Canjambari, este último deslocado para Jumbembém, a partir de meados de Janeiro de 1967.
Em 1 de Abril de 1967, passou a designar-se CCAÇ 3.
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Companhia de Caçadores n.° 3
Divisa: "Amando e Defendendo Portugal"
Início: 1 de Abril de 1967 (por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ) (2)Extinção: 31 de Agosto de 1974
Síntese da Actividade Operacional
Em 1 de Abril de 1967, foi criada por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ. Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local.
Continuou instalada em Barro, mantendo-se então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894, com dois pelotões destacados em reforço do BCAÇ 1887 e estacionados em Binta e Jumbebém, este depois em Canjambari a partir de finais de Setembro de 1967. Ficou sucessivamente integrada no dispositivo manobra dos batalhões e comandos que assumiram a responsabilidade da zona de acção do subsector de Barro.
Após recolha dos pelotões instalados em Binta e Canjambari em 20 de Julho de 1968, destacou, em meados de Outubro de 1968, um pelotão para Guidage, tendo assumido, em 9 de Março de 1969, a responsabilidade do subsector de Guidaje por troca com a CART 2412 e destacando então dois pelotões para Binta, sendo especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá, onde em 21 e 22 de Janeiro de 1969 tomou parte na Operação Grande Colheita, realizada pelo COP 3.
Em 22 de Fevereiro de 1972, rendida em Guidaje pela CCAÇ 19, assumiu a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, onde substituiu a CCAÇ 2753 e ficou integrada no dispositivo e manobra do COP 6 e depois do BART 3844.
Em 8 de Dezembro de 1972, foi substituída, transitoriamente, por forças da CART 3358 no subsector de Saliquinhedim e foi colocada em Bigene para onde se deslocou, por escalões, em 26 de Novembro de 1972 e 8 de Dezembro de 1972 e onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em substituição da CCAÇ 4540/72, ficando então novamente integrada no dispositivo de contrapenetração no corredor de Sambuiá.
Em 31 de Agosto de 1974, as praças africanas tiveram passagem à disponibilidade e, após desactivação e entrega do aquartelamento de Bigene ao PAIGC, o restante pessoal recolheu a Bissau, tendo a subunidade sido extinta.
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Companhia de Caçadores n.° 91
Partida: Embarque em 27 de Abril de 1961; desembarque em 3 de Maio de 1961. Regresso: Embarque em 12 de Abril de 1963
Síntese da Actividade Operacional
Inicialmente, ficou colocada em Bissau, tendo destacado dois pelotões para Mansoa e Piche em 13 de Maio de 1961. Em 8 de Junho de 1961, foi transferida para Mansoa, sendo integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, a partir de 6 de Julho de 1961, tendo dois pelotões destacados em Piche e Bissorã.
De 23 de Agosto a 1 de Novembro de 1961, também na dependência do BCAÇ 239, foi deslocada para Farim, com os seus efectivos disseminados pelas localidades de Bissorã, Barro, Bigene e, por um curto período, em Cuntima, Jubembém e Mansabá. Em seguida, a sede da subunidade voltou a Mansoa, mantendo-se, entretanto, os destacamentos atrás referidos e orientando a sua actividade para a segurança e controlo das populações, com a missão de impedir a instalação do inimigo na área.
Em 10 de Abril de 1963, foi substituída em Mansoa pela CCAÇ 413, a fim de recolher a Bissau para efectuar o embarque de regresso.
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Batalhão de Caçadores n.° 239
Partida: Embarque em 28 de Junho de 1961; desembarque em 6 de Julho de 1961 Regresso: Embarque em 24 de Julho de 1963
Síntese da Actividade Operacional
Inicialmente constituiu apenas um comando reduzido, sendo-lhe atribuída a responsabilidade da zona Oeste, desde Varela ao meridiano de Cuntima e ate aos rios Mansoa e Geba. Em 8 de Maio de 1963, passou a comando completo, com a chegada dos respectivos elementos de recompletamento: 2.° comandante, CCS, Pelotão de Reconhecimento e Pelotão de Sapadores.
Desde logo instalado em Bula, assumiu a responsabilidade da referida zona de acção, comandando e coordenando a actividade das companhias estacionadas em Teixeira Pinto, Mansoa e Bula (esta a partir de 16 de Agosto de 1961, depois colocada em S Domingos em 12 de Janeiro de 1963) e dos pelotões atribuídos em reforço, cujos efectivos se encontravam disseminados por Ingoré, Bissora, Mansaba, S Domingos, Cuntima, Farim, Bigene, Barro, Cacheu, e sucessivamente, a partir de finais de Outubro de 1963 por Susana, Jumbembém, Varela, Caio. Em meados de Junho de 1963, foi, entretanto, instalada outra companhia, em Farim, com a consequente reformulação das respectivas zonas de acção.
Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de patrulhamento, de reconhecimento e de contactos com as populações com vista à sua segurança e protecção, tendo coordenado ainda a acção das suas forças na reacção a primeira acção armada na Guiné, efectuada na noite 20/21 de Julho de 1961 em S. Domingos. A partir de Janeiro de 1963, a sua actividade incidiu na contrapenetraçao contra actos de terrorismo.
Em 20 de Julho de 1963, foi rendido pelo BCAÇ 507, para o qual transitaram os elementos recebidos no recompletamento para comando completo.
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Companhia de Caçadores n.° 413
Partida: Embarque em 3 de Abril de 163; desembarque em 9 de Abril de 1963. Regresso: Embarque em 29 de Abril de 1965.
Síntese da Actividade Operacional
Após o desembarque, substituiu a CCAÇ 91 em Mansoa, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239 e depois do BCAÇ 507, e após remodelação do dispositivo, em 01Set63, na dependência do BCAÇ 512. Destacou efectivos para guarnecer, por períodos variáveis, diversas localidades da zona de acção até à chegada ou substituição por outras forças, nomeadamente em Mansabá, até 28 de Julho de 1963, em Barro e Bigene, até 1 de Agosto de 1963, em Enxalé e Porto Gole, de Agosto de 1963 a 8 de Dezembro de 1963 e em Farim, até 5 de Dezembro de 1963.
Em 19 de Janeiro de 1964, após a reunião dos seus efectivos em Mansoa, destacou um pelotão para reforço da guarnição de Olossato, onde se manteve até 20 de Abril de 1964. Actuou ainda em diversas operações realizadas nas regiões de Binar, Mores e Cutia, entre outras.
Em 1 de Julho de 1964, por rotação com a CART 564, foi transferida para o subsector de Nhacra, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 600, com vista a colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações da área; desde essa altura, um pelotão passou a estar destacado em Encheia, até 13 de Abril de 1965, na dependência do BCAÇ 512 e depois do BART 645.
Em 28 de Abril de 1965, foi substituída no subsector de Nhacra pela CCAÇ 799, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 461
Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963
Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965
Síntese da Actividade Operacional
Em 28 de Julho de 1963, seguiu para Mansabá e assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Olossato, até 26Dez63 e Cuntima, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e após reformulação dos sectores, do BCAÇ 512.
Em 23 de Dezembro de 1963, substituída no subsector de Mansabá pela CCAÇ 594 e foi transferida para Bigene onde assumiu a responsabilidade do subsector, com um pelotão destacado em Barro, desde 21 de Dezembro de 1963 e mantendo o outro pelotão destacado em Cuntima, onde permaneceu até 23 de Julho de 1964, depois deslocado para Guidage, de 8 de Agosto de 1964 a 13 de Maio de 1965. A subunidade manteve-se na zona de acção do BCAÇ 512 e depois do BCAV 490.
Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de reconhecimento, de patrulhamento e de contacto com as populações da área e executou algumas acções ofensivas contra elementos inimigos infiltrados na região de Mores. A partir de 2 de Março de 1964, mantendo a anterior actividade de patrulhamento e de contacto com as populações, passou também a realizar acções ofensivas e emboscadas na região de Bigene e Barro, com especial incidência na região de Sambuiá.
Em 28 de Maio de 1965, foi rendida no subsector de Bigene pela CCAÇ 762 e foi transferida para Bissau, onde foi integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CCAÇ 787, tendo ficado integrado nos efectivos do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 513, até ao seu embarque de regresso. Entretanto, ainda, dois pelotões estiveram temporariamente deslocados em Bula, a partir de 13 de Junho de 1965, em períodos de 10 a 15 dias, em reforço do BCAV 790, com vista à realização de patrulhamentos e contactos com a população, na região de S. Vicente.
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Companhia de Caçadores n.° 508
Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963
Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965
Síntese da Actividade Operacional
Em 1 de Agosto de 1963, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, então criado, com pelotões destacados em Barro, até 23 de Dezembro de 1963 e Bigene, até 26 de Dezembro de 1963, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e, após remodelação dos sectores, no do BCAÇ 512. Em 26 de Dezembro de 1963, passou a ter um pelotão destacado em Olossato.
Em 4 de Setembro de 1964, já então na dependência do BART 645, e depois da chegada da CART 566, foi substituída no subsector de Bissorã pela CART 643, do antecedente ali colocada em reforço, tendo seguido para o sector de Bissau, a fim de se integrar no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, com um pelotão destacado em Quinhamel, ficando na dependência do BCAÇ 600.
Em 7 e 23 de Março de 1965, por troca com a CCAÇ 526, deslocou-se, por fracções, para Bambadinca, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, com pelotões destacados em Xime e Galomoro e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 697. Em 16 de Abril de 1965 foi substituída pela CCAÇ 678 e foi deslocada para Xime, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Ponta do Inglês e Galomaro.
Em 6 de Agosto de 1965, após a chegada da CCAÇ 1439 para treino operacional, foi rendida no subsector de Xime por forças da CCAV 678 e recolheu imediatamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
A CCAÇ 1547 seguiu em 13 de Maio de 1966 para Fá Mandinga, a fim de efectuar instrução de adaptação operacional sob orientação do BCAÇ 1888, substituindo a CCAV 702 na função de intervenção e reserva daquele sector, tendo tomado parte em operações na região de Xitole e no baixo Corubal. De 27 de Maio de 1967 a 7 de Junho de 1966, foi entretanto deslocada, temporariamente, para Nova Lamego, em reforço do BCAÇ 1856, em virtude de um previsível agravamento da pressão inimiga neste sector, tendo efectuado acções na região de Pataque e outras.
Em 13 de Setembro de 1966, recolheu a Bissau , a fim de seguir para Bula, para realização de uma operação na região de Joi, sob dependência do BCAV 790.
Em 27 de Setembro de 1967, foi colocada em Bigene, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Barro, em substituição a CCAÇ 762 e ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.
Em 29 de Outubro de 1967 foi rendida no subsector de Bigene pela CART 1745 e seguiu para Bissau, a fim de substituir a CCAÇ 1497 a partir de 2 de Novembro de 1967 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações daquela área, sob dependência do BART 1904 e depois do BCAÇ 2834. Manteve-se em Bissau até ao embarque de regresso, tendo, entretanto, destacado um pelotão para Nhacra, em reforço da guarnição local.
A CCAÇ 1590 ficou colocada inicialmente em Bissau, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe e foi prioritariamente atribuída em reforço do BCAÇ 1857, tendo-se deslocado para Mansoa a fim de actuar em diversas operações realizadas nas regiões de Date, Bará, Bissorã e Olossato, entre outras, de 23 de Agosto de 1966 a 1 de Setembro de 1966, de 19 de Setembro de 1966 a 10 de Outubro de 1966 e de 21 a 24 de Outubro de 1966.
Em 3 de Dezembro de 1966, foi integrada no dispositivo do seu batalhão instalando-se em Ingoré, com vista à realização de operações nos corredores de Canja e Sano e mantendo um pelotão destacado, ora em Barro, ora em S.Domingos, ora em Susana.
Após deslocamento para S. Domingos, desde 4 de Maio de 1967, para realização de acções de contrapenetração naquela área, com destaque para a operação Drambuie I, regressou a Ingoré, a fim de, em 13 de Julho de 1967, em substituição da CCAV 1482, assumir a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Sedengal.
Em 23 de Abril de 1968, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1801 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Artilharia n.° 2412
Divisa: "Sempre Diferentes"
Partida: Embarque em 11 de Agosto de 1968; desembarque em 16 de Agosto de 1968
Regresso: Embarque em de 4 de Maio de 1970
Síntese da Actividade Operacional
Em 28 de Agosto de 1968, seguiu para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional com a CART 1745, sob orientação do COP 3 e seguidamente actuar nesta zona de acção em operações realizadas nas regiões de Talicó e Farajanto, entre outras.
Em 14 de Outubro de 1968, rendendo a CART 1648, assumiu a responsabilidade do subsector de Binta, com um pelotão destacado em Guidage, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3. Em 17 de Outubro de 1968, a sede do subsector passou para Guidaje, ficando então com dois pelotões destacados em Binta, sendo a subunidade especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá; a partir de 8 de Fevereiro de 1969, após troca de sectores, passou à dependência do BCAÇ 1932.
Em 9 de Março de 1969, por troca com a CCaç 3, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ainda com um pelotão em Binta em reforço da guarnição local até finais de Abril, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932, mas agora orientada para a contrapenetração nos corredores de Canja e Sano; em 1 de Agosto de 1969, após novo reajustamento das zonas de acção dos sectores, passou à dependência do BCAV 2876 até 7 de Fevereiro de 1970, data em que o subsector de Barro foi incluído na zona de acção do COP 3.
Após deslocamento de dois pelotões para Bissau, em 17 de Abril de 1970, a fim de substituírem, transitoriamente, a CART 2411 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 2725 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2527
Divisa: "Nunca tão poucos valeram tanto"
Partida: Embarque em 24 de Maio de 1969; desembarque em 30 de Maio de 1969
Regresso: Embarque em 17 de Março de 1971
Síntese da Actividade Operacional
Seguiu imediatamente para Bigene, a fim de assumir a responsabilidade do referido subsector de Bigene, rendendo a CART 1745 em 2 de Junho de 1969 e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932 e depois do COP 3, com vista à realização de emboscadas no corredor de Samoge e de patrulhamentos nas regiões de Nenecó e Capai.
De acordo com a manobra e necessidades operacionais, destacou pelotões para reforço das guarnições de Guidaje, de 10 de Outubro de 1969 a 2 de Dezembro de 1069, de Barro, de 6 de Abril de 1970 a 10 de Maio de 1970, de Binta, de 13 a 30 de Abril de 1970 e novamente de Guidaje, de 3 de Julho de 1970 até finais de Out de 1970.
Em 3 de Março de 1971, foi rendida no subsector de Bigene pela CART 3329 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 2725
Partida: Embarque em 4 de Abril de 1970; desembarque em 11 de Abril de 1970
Regresso: Embarque em 26 de Fevereiro de 1972
Síntese da Actividade Operacional
Em 16 de Abril de 1970, instalou-se em Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 2412. Em 27 de Abril de 1970, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao esforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações da área.
Em 8 de Fevereiro de 1972, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 3519 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 3519
Divisa: "Lutamos pela Paz"
Partida: Embarque em 20 de Dezembro de 1971; desembarque em 24 de Dezembro de 1971
Regresso: Embarque em 28 de Março de 1974
Síntese da Actividade Operacional
Após realização da IAO, de 27 de Dezembro de 1971 a 22 de Janeiro de 1971, no CMI, em Cumeré, seguiu em 23 de Janeiro de 1972 para Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com CCAÇ 2725. Em 8 de Fevereiro de 1972, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao reforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas de Canja e Sano e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações.
Colaborou ainda em operações efectuadas fora da sua zona de acção, nomeadamente em acções de contrapenetração no corredor de Sambuiá e na região de Cossé. Em princípios de Fevereiro de 1974, destacou um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.
Em 12 de Março de 1974, foi substituída no subsector de Barro pela CCAÇ 4942/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
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Companhia de Caçadores n.° 4942/72
Partida: Embarque em 27 de Dezembro de 1972; desembarque em 2 de Janeiro de 1973
Regresso: Embarque em 4 de Setembro de 1974
Síntese da Actividade Operacional
Após a realização da IAO, de 5 de Janeiro de 1973 a 1 de Fevereiro de 1973, no CMI, em Cumeré, seguiu em 2 de Fevereiro de 1973 para Mansoa, a fim de efectuar o treino operacional e depois reforçar o BCAÇ 4612/72, a partir de 19 de Fevereiro de 1973, com vista à protecção e segurança dos trabalhos da estrada Jugudul-Bambadinca, e onde se manteve até 23 de Março de 1973, após o que recolheu, temporariamente, a Bissau.
Em princípios de Abril de 73, seguiu para Cadique, na zona de acção do COP 4, a fim de tomar parte na operação Caminho Aberto, com vista à instalação de uma subunidade em Jemberém. Em 20 de Abril de 73, após o desembarque e ocupação daquela área, assumiu a responsabilidade do subsector de Jemberém,então criado, iniciando a construção do respectivo aquartelamento e ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4514/72, e ainda, após reformulação dos limites dos sectores, do COP 5.
Depois de ser substituída no subsector de Jemberém pela CCAÇ 4946/73, instalou-se em Barro, a partir de 23 de Fevereiro de 1974, a fim de efectuar a sobreposição e render a CCAÇ 3519. Em 12 de Março de 1974, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3 e depois do BART 6522/72 e ainda do BART 6521/74. Destacou ainda um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.
Em finais de Agosto de 74, foi substituída por forças do BART 6521/74, tendo recolhido seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
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Notas dos editores:
(1) Vd. post de 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1776: Convívios (9): CCAÇ 3 (Barro, Binta, Guidaje, 1967/74) (A. Marques Lopes)
(2) Esclarecimento do AML: O José Pereira (3) não esteve na CCAÇ 3 mas, sim na 3.ª CCAÇ, que foi, depois, CCAÇ 5, a partir de 1 de Abril de 1967... Isto é, 3.ª CCAÇ não é a mesma coisa que CCAÇ 3...
(3) Vd. post de 4 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2405: Tabanca Grande (49): José Pereira, ex-1º Cabo da 3ª CCAÇ e da CCAÇ 5 (Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68)
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COP 3
Guiné 63/74 - P2415: Uma guerra entregue aos milicianos: onde estavam (estão) os nossos comandantes ? (Hugo Guerra, Coronel, DFA, na reforma)
1. Mensagem do Hugo Guerra (ex-Alf Mil, hoje Coronel DFA, na reforma, Pel Caç Nat 55 e Pel Caç Nat 60, Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70) (1):
Caros Camaradas:
Que comece um bom ano para todos nós, são os meus votos.
Estou a escrever só para pedir que façam uma importante correcção no meu currículo da Guiné (1).
Em São Domingos o meu Pel Caç Nat era o 60 (e não 50, como erradamente indiquei). As minhas desculpas a todos, especialmente ao pessoal dos Pelotões visados.
À pala desta minha incorporação no blogue já comecei a receber telefonemas e emails de malta que já não vejo há 38 anos…. E a sensação é óptima. Vamos ver se este ano dou a volta por cima e começo a conviver.
Já agora uma pergunta com água no bico.
A Guerra na Guiné não tinha Comandantes de Companhia, Batalhão, Sector etc? Ou foi só mastigada pela rapaziada miliciana, desde soldados a alferes?
Esses senhores não estavam lá ou querem continuar a desenfiar-se como quase sempre fizeram? (2)
Salvo as honrosas excepções dos nossos 3-4? Tertulianos que eram Capitães na altura, os demais continuam a enviar pra frente, agora da Net, dois Pelotões para evitar as idas pró mato, como faziam lá???
Só a partir de 3 Pelotões era moralmente obrigatória a chefia do Comandante de Companhia, salvo erro…..
Um abraço e até um dia destes
Hugo Guerra
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Nota de L.G.:
(1) Vd. posts do Hugo Guerra:
22 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2374: O meu Natal no mato (10): Bissau, 1968: Nosso Cabo, não, meu alferes, sou o Marco Paulo (Hugo Guerra)
29 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2312: Tabanca Grande (43): Hugo Guerra, ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 55 e 50 (Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70)
(2) Do ponto de vista estatístico pode-se dizer que os oficiais superiores, na reforma, sobretudo do Exército, estão bem representados no nosso blogue... Mas poucos são os que, com a patente de capitão para cima, dão hoje a cara... Parabéns aos que são a excepção e que nos honram com a sua presença... E aproveito para sublinhar, mais uma vez, que a nossa Tabanca Grande não tem arame farpado nem porta de armas (nem, muito menos, messe de oficiais, messe de sargentos e refeitório de praças).
Há duas explicações para este fenónemo da ausência dos nossos antigos comandantes na nossa Tabanca Grande:
(i) há um problema geracional: em geral os capitões do QP, no meu tempo (1969/71), eram mais velhos cerca de 15 anos, do que os seus soldados, furriéis e alferes milicianos; isso pode torná-los, por exemplo, menos à vontade para chegar à Internet e a um blogue como o nosso; claro que há excepções: cito, a título de mero exemplo, o nosso saudoso capitão, na reforma, Zé Neto (1927-2006);
(ii) a ideologia (elitista) da corporação: os oficiais da Academia foram formatados de acordo com o figurino da segregação sócio-espacial... A palavra camarada não cola bem na pele de um oficial do QP, e sobretudo de um oficial superior, a menos que a sua origem não seja a Academia Militar (como era o acso do Zé Neto, ou dos oficiais superiores que vieram de milicianos, como o A. Marques Lopes ou o Hugo Guerra, por exemplo)... Claro, há as honrosas excepções, no nosso blogue (não preciso de citar nomes);
(iii) há um pudor imenso em falar, publicamente, de uma guerra tão longa e dolorosa como esta, que implicou também para os militares de carreira (oficiais e sargentos) pesados sacrifícios, a nível de saúde, de qualidade de vida pessoal e familiar... É bom não esquecer isso... A este propósito leia-se o post do nosso camarada Pedro Lauret, Capitão de Mar e Guerra, na reforma, antigo imediato do NRP Orion, Guiné (1971/73):
13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1590: O sacrifício dos oficiais do quadro permanente (Pedro Lauret)
(...) Qualquer oficial saído da Academia Militar em 1961, ou nos anos imediatamente seguintes, fizeram 4 comissões na mesma colónia ou em várias.
A vida dos meus camaradas do Exército foi de enorme esforço e sacrifício. Quem fez 4 comissões tem pelo menos um ida como subalterno e duas como capitão, eventualmente uma última como major. A vida de um oficial do QP eram dois anos em comissão, um ano no continente.
Como é sabido, o número de oficiais que entravam na Academia Militar começou a diminuir a partir de 1961. A Guerra nos três teatros de operações aumentou sempre em área operacional e em consequente número de efectivos, pelo que foi exigido um esforço muito grande aos oficiais dos QP, que a partir de certa altura já eram insuficientes, pelo que começaram a ser formadas capitães milicianos, como todos sabemos.
A tese de que havia guerra porque os oficiais dos QP a fomentavam para ganhar mais, e que praticamente a vitória militar estava garantida, foi posta a circular pela propaganda do Estado Novo tendo tido acolhimentos diversos, nomeadamente nos colonos em Angola e Moçambique (...).
(...) Das centenas de oficiais que fizeram várias comissões permitam-me que vos evoque dois de duas gerações: Carlos Fabião, uma comissão em Angola e, penso, quatro na Guiné; e Salgueiro Maia, que em 1974 tinha 28 anos, com uma comissão nos Comandos em Moçambique e outra na Guiné. (...)
Caros Camaradas:
Que comece um bom ano para todos nós, são os meus votos.
Estou a escrever só para pedir que façam uma importante correcção no meu currículo da Guiné (1).
Em São Domingos o meu Pel Caç Nat era o 60 (e não 50, como erradamente indiquei). As minhas desculpas a todos, especialmente ao pessoal dos Pelotões visados.
À pala desta minha incorporação no blogue já comecei a receber telefonemas e emails de malta que já não vejo há 38 anos…. E a sensação é óptima. Vamos ver se este ano dou a volta por cima e começo a conviver.
Já agora uma pergunta com água no bico.
A Guerra na Guiné não tinha Comandantes de Companhia, Batalhão, Sector etc? Ou foi só mastigada pela rapaziada miliciana, desde soldados a alferes?
Esses senhores não estavam lá ou querem continuar a desenfiar-se como quase sempre fizeram? (2)
Salvo as honrosas excepções dos nossos 3-4? Tertulianos que eram Capitães na altura, os demais continuam a enviar pra frente, agora da Net, dois Pelotões para evitar as idas pró mato, como faziam lá???
Só a partir de 3 Pelotões era moralmente obrigatória a chefia do Comandante de Companhia, salvo erro…..
Um abraço e até um dia destes
Hugo Guerra
_______________
Nota de L.G.:
(1) Vd. posts do Hugo Guerra:
22 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2374: O meu Natal no mato (10): Bissau, 1968: Nosso Cabo, não, meu alferes, sou o Marco Paulo (Hugo Guerra)
29 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2312: Tabanca Grande (43): Hugo Guerra, ex-Alf Mil, Pel Caç Nat 55 e 50 (Gandembel, Ponte Balana, Chamarra e S. Domingos, 1968/70)
(2) Do ponto de vista estatístico pode-se dizer que os oficiais superiores, na reforma, sobretudo do Exército, estão bem representados no nosso blogue... Mas poucos são os que, com a patente de capitão para cima, dão hoje a cara... Parabéns aos que são a excepção e que nos honram com a sua presença... E aproveito para sublinhar, mais uma vez, que a nossa Tabanca Grande não tem arame farpado nem porta de armas (nem, muito menos, messe de oficiais, messe de sargentos e refeitório de praças).
Há duas explicações para este fenónemo da ausência dos nossos antigos comandantes na nossa Tabanca Grande:
(i) há um problema geracional: em geral os capitões do QP, no meu tempo (1969/71), eram mais velhos cerca de 15 anos, do que os seus soldados, furriéis e alferes milicianos; isso pode torná-los, por exemplo, menos à vontade para chegar à Internet e a um blogue como o nosso; claro que há excepções: cito, a título de mero exemplo, o nosso saudoso capitão, na reforma, Zé Neto (1927-2006);
(ii) a ideologia (elitista) da corporação: os oficiais da Academia foram formatados de acordo com o figurino da segregação sócio-espacial... A palavra camarada não cola bem na pele de um oficial do QP, e sobretudo de um oficial superior, a menos que a sua origem não seja a Academia Militar (como era o acso do Zé Neto, ou dos oficiais superiores que vieram de milicianos, como o A. Marques Lopes ou o Hugo Guerra, por exemplo)... Claro, há as honrosas excepções, no nosso blogue (não preciso de citar nomes);
(iii) há um pudor imenso em falar, publicamente, de uma guerra tão longa e dolorosa como esta, que implicou também para os militares de carreira (oficiais e sargentos) pesados sacrifícios, a nível de saúde, de qualidade de vida pessoal e familiar... É bom não esquecer isso... A este propósito leia-se o post do nosso camarada Pedro Lauret, Capitão de Mar e Guerra, na reforma, antigo imediato do NRP Orion, Guiné (1971/73):
13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1590: O sacrifício dos oficiais do quadro permanente (Pedro Lauret)
(...) Qualquer oficial saído da Academia Militar em 1961, ou nos anos imediatamente seguintes, fizeram 4 comissões na mesma colónia ou em várias.
A vida dos meus camaradas do Exército foi de enorme esforço e sacrifício. Quem fez 4 comissões tem pelo menos um ida como subalterno e duas como capitão, eventualmente uma última como major. A vida de um oficial do QP eram dois anos em comissão, um ano no continente.
Como é sabido, o número de oficiais que entravam na Academia Militar começou a diminuir a partir de 1961. A Guerra nos três teatros de operações aumentou sempre em área operacional e em consequente número de efectivos, pelo que foi exigido um esforço muito grande aos oficiais dos QP, que a partir de certa altura já eram insuficientes, pelo que começaram a ser formadas capitães milicianos, como todos sabemos.
A tese de que havia guerra porque os oficiais dos QP a fomentavam para ganhar mais, e que praticamente a vitória militar estava garantida, foi posta a circular pela propaganda do Estado Novo tendo tido acolhimentos diversos, nomeadamente nos colonos em Angola e Moçambique (...).
(...) Das centenas de oficiais que fizeram várias comissões permitam-me que vos evoque dois de duas gerações: Carlos Fabião, uma comissão em Angola e, penso, quatro na Guiné; e Salgueiro Maia, que em 1974 tinha 28 anos, com uma comissão nos Comandos em Moçambique e outra na Guiné. (...)
Guiné 63/74 - P2414: Notas de leitura (5): Diário da Guiné, de António Graça de Abreu (Virgínio Briote)
O Diário da Guiné, do nosso Camarada António Graça de Abreu (1) , fala de tudo ou quase tudo o que se passou naqueles terríveis anos de 72 a 74, os anos do fim da soberania Portuguesa na Guiné.
António Graça de Abreu era um jovem com o curso universitário interrompido. Quando tantos camaradas e amigos davam o que tinham, cumprindo as obrigações militares que a época impunha, António Abreu, apesar de ter viajado por alguns países, decidiu-se pela apresentação à chamada. Londres, Viena, Budapeste, Florença, Roma, ficavam para depois. A esperança, dizia para ele, é uma menina com olhos de todas as cores.
Saiu de Lisboa, em finais de Junho de 1973, com o destino marcado para a então chamada Teixeira Pinto (Canchungo), para adjunto do CAOP 1, comandado pelo Cor Pára Rafael Durão. Como responsável pelos serviços administrativos do CAOP 1 teve acesso a documentação que lhe dava um panorama do que acontecia em todo o território. Em Teixeira Pinto viu, vezes demais, os destroços humanos da guerra no chão Manjaco.
Cerca de oito meses depois, com a transferência do CAOP 1 para Mansoa, aproximou-se de Bissau e da zona zero. Por aí se manteve até nova transferência do CAOP 1 para Cufar, o centro operacional para a zona sul.
De Cufar partiam as acções para as zonas de Cadique, Cafine, Cafal, Cacine, Cabedu, Cobumba, Chugué, Cabochanque, Catió e zonas de outros cês. Os rebentamentos dos foguetões passaram a fazer parte dos seus dias e noites. E os cadáveres também.
Foi lá que soube da saída de Spínola e da chegada do Bettencourt Rodrigues. E foi de lá, de Cufar, que foi vendo a situação militar degradar-se até ao impossível.
Muita informação, imprescindível, para quem quiser saber da história que se viveu naqueles anos do fim. Uma obra de tempos, que, estou certo, muito poucos gostariam de ter vivido.
E também, uma obra que revela uma alma capaz de ver claro naqueles tempos cheios de fumo.
Virgínio Briote, co-editior (2)
____________
Nota de vb:
(1) Vd. posts de ou sobre o nosso camarada António Graça de Abreu e o seu livro:
5 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1498: Novo membro da nossa tertúlia: António Graça de Abreu... Da China com Amor
6 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1499: A guerra em directo em Cufar: 'Porra, estamos a embrulhar' (António Graça de Abreu)
12 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1517: Tertúlia: Com o António Graça de Abreu em Teixeira Pinto (Mário Bravo)
27 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1552: Lançamento do livro 'Diário da Guiné, sangue, lama e água pura' (António Graça de Abreu)
16 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1601: Dois anos depois: relembrando os três majores do CAOP 1, assassinados pelo PAIGC em 1970 (António Graça de Abreu)
17 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1668: In Memoriam do piloto aviador Baltazar da Silva e de outros portugueses com asas de pássaro (António da Graça Abreu / Luís Graça)
1 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1807: António Graça de Abreu na Feira do Livro para autografar o seu Diário: Porto, dia 2 de Junho; Lisboa, dia 10
(2) Vd. último post desta série: 30 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2318: Notas de leitura (4): Na apresentação de Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros: Guiné 1970/80 (Virgínio Briote)
domingo, 6 de janeiro de 2008
Guiné 63/74 - P2413: Tabanca Grande (50): Juvenal Amado, ex-1º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872 (1971/73)
Lisboa 18 de Dezembro de 1971> Militares do BCAÇ 3872 embarcando no Angra do Heroísmo, com destino à Guiné.
1. Mensagem do camarada Juvenal Amado com data de 28 de Dezembro de 2007
Camaradas:
Como já tinha prometido cá estou a fazer a minha apresentação desta vez sem guia de marcha.
Fui 1º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, que partiu no Angra do Heroismo na madrugada de 18 de Dezembro de 1971.
Sou conhecido pelo meu último nome Amado.
Conheci bem a zona leste desde Xime a Pirada, Gabu, Buruntuma, mas as Companhias operacionais do BCAÇ 3872 e seus destacamentos foi onde passei quase tanto tempo como na CCS.
Estive pelo menos duas vezes em diligência no Saltinho após o desastre do Quirafo (1).
Prestei serviço em Cancolim e Dulombi. Entrei em colunas com pessoal de Bambadinca no abastecimento a várias Companhias no mato.
Enfim, muito suor, muito calor, muita sede e muito pó por aquelas picadas!
Temos feito almoços de confraternização, numa primeira fase a nivel de Batalhão.
Mas entretanto cada Companhia foi promovendo os seus próprios almoços e nós fomo-nos afastando. A meu ver foi uma má medida uma vez que embarcámos todos no mesmo dia, chorámos todos os nossos mortos e o Niassa foi o nosso meio de regresso.
Por mim tenho uma enorme alegria quando encontro qualquer camarada seja ele de que Companhia for.
E por hoje é tudo, despeço-me com saudações para todos os da Tabanca Grande e faço votos para que 2008 traga, para além de prosperidade, muitos camaradas do 3872 para estas páginas.
Juvenal Amado
2. Comentário do co-editor CV
Caro Amado:
Para cumprires as formalidades, falta apenas enviares as fotos para a fotogaleria, uma vez que as enviaste com a tua apresentação, não tinham definição para serem editadas.
Mandaste-nos já uma estória que dedicaste aos teus camaradas de Batalhão, que irá ser publicada em breve. As fotos que juntaste servirão para ilustrar este e próximos trabalhos.
Dou-te as boas vindas em nome do Luís Graça, Virgínio Briote e demais camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, onde me incluo também.
_________________
Notas dos editores:
(1) - Sobre o desastre do Quirafo vd. os seguintes posts:
12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago)
23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P980: A tragédia do Quirafo (Parte I): o capitão-proveta Lourenço (Paulo Santiago)
25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P986: A tragédia do Quirafo (Parte II): a ida premonitória à foz do Rio Cantoro (Paulo Santiago)
26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)
28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago)
15 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1077: A tragédia do Quirafo (Parte V): eles comem tudo! (Paulo Santiago)(3)
20 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1681: Efemérides (4): Lista dos mortos no Quirafo (José Martins)
1. Mensagem do camarada Juvenal Amado com data de 28 de Dezembro de 2007
Camaradas:
Como já tinha prometido cá estou a fazer a minha apresentação desta vez sem guia de marcha.
Fui 1º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, que partiu no Angra do Heroismo na madrugada de 18 de Dezembro de 1971.
Sou conhecido pelo meu último nome Amado.
Conheci bem a zona leste desde Xime a Pirada, Gabu, Buruntuma, mas as Companhias operacionais do BCAÇ 3872 e seus destacamentos foi onde passei quase tanto tempo como na CCS.
Estive pelo menos duas vezes em diligência no Saltinho após o desastre do Quirafo (1).
Prestei serviço em Cancolim e Dulombi. Entrei em colunas com pessoal de Bambadinca no abastecimento a várias Companhias no mato.
Enfim, muito suor, muito calor, muita sede e muito pó por aquelas picadas!
Temos feito almoços de confraternização, numa primeira fase a nivel de Batalhão.
Mas entretanto cada Companhia foi promovendo os seus próprios almoços e nós fomo-nos afastando. A meu ver foi uma má medida uma vez que embarcámos todos no mesmo dia, chorámos todos os nossos mortos e o Niassa foi o nosso meio de regresso.
Por mim tenho uma enorme alegria quando encontro qualquer camarada seja ele de que Companhia for.
E por hoje é tudo, despeço-me com saudações para todos os da Tabanca Grande e faço votos para que 2008 traga, para além de prosperidade, muitos camaradas do 3872 para estas páginas.
Juvenal Amado
2. Comentário do co-editor CV
Caro Amado:
Para cumprires as formalidades, falta apenas enviares as fotos para a fotogaleria, uma vez que as enviaste com a tua apresentação, não tinham definição para serem editadas.
Mandaste-nos já uma estória que dedicaste aos teus camaradas de Batalhão, que irá ser publicada em breve. As fotos que juntaste servirão para ilustrar este e próximos trabalhos.
Dou-te as boas vindas em nome do Luís Graça, Virgínio Briote e demais camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, onde me incluo também.
_________________
Notas dos editores:
(1) - Sobre o desastre do Quirafo vd. os seguintes posts:
12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago)
23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P980: A tragédia do Quirafo (Parte I): o capitão-proveta Lourenço (Paulo Santiago)
25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P986: A tragédia do Quirafo (Parte II): a ida premonitória à foz do Rio Cantoro (Paulo Santiago)
26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)
28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago)
15 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1077: A tragédia do Quirafo (Parte V): eles comem tudo! (Paulo Santiago)(3)
20 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1681: Efemérides (4): Lista dos mortos no Quirafo (José Martins)
Guiné 63/74 - P2412: História de vida (8): Renato Monteiro, um homem de múltiplos... fotografares (Luís Graça)
Fotografares > Blogue de Renato Monteiro > Quinta Grande - 10...
Foto: © Renato Monteiro (2006). Direitos reservados (Reprodução autorizada pelo autor).
Foto: © Renato Monteiro (2006). Direitos reservados (Reprodução autorizada pelo autor).
Guiné > Zona Leste > Contuboel > 1969 > CART 2479 > O Fur Mil Monteiro, à esquerda...
Foto: © Renato Monteiro (2006). Direitos reservados
O Renato Monteiro, membro à força da nossa tertúlia (fui que o inscrevi oficiosamente...) é um querido amigo meu e camarada nosso que conheci, em Junho-Julho de 1969, em Contuboel, por ocasião da formação de duas companhias africanas, as futuras CCAÇ 11 (dele) e CCAÇ 12 (minha) (1)... Também esteve no Xime e no Enxalé, em 1969, na CART 2520, mas nunca mais nos encontrámos depois de Contuboel...
Licenciado em história pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é professor do ensino secundário, e um notável fotógrafo, com obra feita (vários álbuns publicados). Nascido em 1946, no Porto, mas vivendo em Lisboa, é também conhecido como co-autor (com Luís Farinha) de Fotobiografia da Guerra Colonial (Publicações Dom Quixote, 1990; Círculo de Leitores, 1998) (1). Já tem direito a entrada na Wikipédia portuguesa.
1. Mensagem de 5 de Janeiro de 2008, do Renato Monteiro:
Luís:
Muitos posters e histórias e novos militantes para a Amizade da Tabanca!
E saúde para ti e demais companheiros!
Um forte abraço, Renato.
2. Respondi-lhe nestes termos, a ele que há tempos já tinha dado sinais de vida:
Igualmente para ti, meu amigo... Vamos lá a ver se é desta que publico as tuas coisas... Tardaste a aparecer, mereces uma montra especial... Estive no Norte, na tua terra, nestas mini-férias natalícias... Telefone-me um dia destes: 21 751 21 37 (gabinete, na ENSP/UNL) ou dá-me o teu fixo, se tiveres... Um Alfa Bravo, Luís.
3. Mensagem, de princípios de Dezembro de 2007, enviada pelo Renato Monteiro (ex-furriel miliciano, CART 11, Contuboel e Piche, 1969/ CART 2520, Xime e Enxalé, 1969):
Amigo Luís
Por vezes, não sabemos precisar a origem dos nossos apelos, interesses, fixações… Daí que, quando nos perguntam porque fez isto ou aquilo, nem sempre se encontre uma resposta e, não raro, acabemos por inventar uma, entrando pela ficção…
Toda esta introdutória lenga-lenga, apenas para te dar a conhecer um blogue que acabei, há pouco tempo, de editar na Netinha… Ou, mais propriamente, para te convocar a uma breve incursão pela série do dito blogue que dá pelo nome de Quinta Grande, bairro de Lisboa, entretanto, demolido, habitado por gente predominantemente africana.
Diz-me se não revês nestas imagens o que foi e o que ainda será um pouco a nossa Guiné...
Um grande abraço,
Renato
O endereço:
http://fotografares.blogspot.com/
4. No blogue alaminuteandante, encontrei a seguinte nota biobibliográfica (3) sobre o Renato Monteiro que, com a devida vénia, toma a liberdade de reproduzir:
alaminuteandante > 21 de Fevereiro de 2007 > Quem é Renato Monteiro
Ao colocar como quarta citação de uma frase de Renato Monteiro (*), passo a descrever o seu curriculo na área da fotografia.
Renato Monteiro nasceu no Porto em 1946. É Licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa e presentemente é professor do Ensino Secundário.
Tem vários trabalhos fotográficos publicados, tais como:
- Fotobiografia da Guerra Colonial, em parceria com Luís Farinha.Edição D.Quixote e Círculo de Leitores, 1990 e 1998.
- Fotografia:
- METAMORFOSE, album fotográfico. Edição Comissariado da Exposição Mundial de Lisboa, 1998.
- OLHAR A OBRA, colecção de 48 fotos, integrado no Livro Estação do Oriente. Edição Centralivro, 1998.
- ERAM MARGENS DA MINHA CIDADE, Catálogo/Livro, Edição Câmara Municipal de Lisboa e Exposição nos Paços do Concelho,2001.
- LISBOA OESTE E VALE DO TEJO, participação no âmbito da fotografia, Edição Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo, 2002.
- LUZ, álbum fotográfico,Edição EDIA, 2002.
-ARTES DO MAR,álbum fotográfico e Exposição no Convento dos Capuchos, 2005.
Lisboa 2005
(*) Citação 4: "O fotógrafo não mata coisa alguma. Antes ressuscita como um santo milagreiro e transfigura como um alquimista." Set/98 - Renato Monteiro
5. Comentário de L.G.:
Ainda não tive o privilégio de ir a uma exposição de fotografia do Renato Monteiro. Que não é a mesma coisa que ver/ler um álbum fotográfico. No entanto, ele teve a gentileza de me oferecer um exemplar, o nº 88, autografado, do seu álbum Artes do Mar (edição da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, 2005; tiragem: 150 exemplares). Eis a dedicatória que ele me escreveu:
"Luís Graça: Que o ano de 2006 corra de harmonia com os teus desejos... Um grande abraço do Renato Monteiro".
Devo dizer que não conhecia esta faceta do Renato, embora soubesse que ele era um homem de talento(s)... Ao telefone (ou da primeira e até agora única vez que nos encontrámos, não obstante sermos vizinhos...), o Renato lamentou imenso não ter, na Guiné, uma boa máquina fotográfica. De qualquer modo, ele não terá chegado a cumprir um ano de comissão na Guiné, tendo sido evacuado por doença. A sua paixão pela fotografia nota-se já no livro que publicou, em conjunto, com o Luís Farinha.
Bom, e o mínimo que eu posso dizer, da pouca obra fotográfica que eu ainda lhe conheço, é que ele é já um grande fotógrafo, dominando a difícil arte de fotografar a preto e branco, com uma particular sensibilidade para descobrir, fixar e contextualizar o homem, os homens, as mulheres, as crianças, "in su situ"... Em Artes do Mar (em que o objecto/sujeito são os últimos pescadores da secular arte xávega na Costa da Caparica e Fonte da Telha), eu redescubro o homem irrequieto, com gosto do risco, desalinhado, paisaino, outsider, deslocado na tropa, sensível, solidário, apaixonado pela vida, mas também o poeta que recria e resconstrói o mundo, ou o(s) olhar(es) sobre o mundo... Um e outro, já vêm de longe. Reconheci-os de Contuboel, não obstante a nossa brevísssima amizade de um mês e três semanas...
Enfi, serve este texto de pretexto para apresentar, oportunamente, uma colecção de fotografias do tempo da Guiné que o Renato descobri no seu baú... Umas tiradas por ele, outras por fotógrafos de ocasião...
_____________
Notas de L.G.:
(1) Foi através deste livro que me pus no encalce do Renato. Primeiro publiquei uma foto de nós os dois, no Rio Geba, em Contuboel. Foi com esta página ( Luís Graça & Camaradas da Guiné > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné (1) > Bambadinca, Sede do Sector L1 / Zona Leste) que dei início, em Abril de 2005, à nossa tertúlia e ao nosso blogue:
Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969 > Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Henriques (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) e Monteiro (CART 2479 / CART 11) (2).
Nunca mais encontrei o meu amigo Monteiro que, segundo creio, é o co-autor de um livro que li e apreciei muito sobre a guerra colonial (Renato Monteiro e Luís Farinha - Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: D. Quixote. 1990. 307 pp).
Menos de três meses depois, em 4 de Julho de 2005, recebi a seguinte mensagem, assinada pelo Renato Monteiro:
"Amigo Luis: Muito surpreendido por me rever numa piroga no rio Geba. Na verdade, não me lembrava desse episódio. Não menos espantado por rever a picada do Xime e outros locais que, passado tanto tempo, ainda se encontram bem presentes na minha memória...
"Lamento, ao contrário, não ter reconhecido ninguém nas fotos nem, sequer, te referenciar. Não sei a explicação.
"Sou, na realidade, co-autor do livro que referes.
"Fico ao teu dispor para o caso de quereres comunicar, e feliz pela Internet ter possibilitado este reencontro.
"Um abraço, Renato Monteiro"
(2) A CCAÇ 11 foi formada a partir da CART 11/CART 2479. Sobre Contuboel e as suas atribuladas andanças pela Guiné (por motivos disciplinares foi parar à CART 2520), vd. os seguintes posts de (ou relacionados com) o Renato Monteiro:
23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)
23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)
28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
(3) Sobre esta série, Estórias de vida, vd. post anteriores:
7 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2163: História de vida (7): Manuel Carneiro, 55 anos, director de rancho folclórico, ex-pára-quedista da CCP 121 / BCP 12 (Luís Graça)
26 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2134: História de vida (6): A minha convocação para o Curso de Capitães Milicianos (Ferreira Neto)
24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2127: História de vida (5): Sérgio Neves, meu irmão, um homem bom (Tino Neves)
6 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2032: História de vida (4): Ainda sobre o meu irmão, o Srgt Mil Sérgio Neves, que foi amigo em Moçambique de Daniel Roxo (Tino Neves)
6 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1928: História de vida (3): Sérgio Neves, meu irmão: em Moçambique, o Mercenário, amigo do lendário Daniel Roxo (Tino Neves)
30 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1904: História de vida (2): Bike...terapia ou 255 km de Astorga a Santiago de Compostela (Paulo Santiago)
25 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1881: História de vida (1): N.R., aliás, Nuno Rodrigues, nascido em 62, filho de sargento do BCP 12, aluno do liceu Honório Barreto
Foto: © Renato Monteiro (2006). Direitos reservados
O Renato Monteiro, membro à força da nossa tertúlia (fui que o inscrevi oficiosamente...) é um querido amigo meu e camarada nosso que conheci, em Junho-Julho de 1969, em Contuboel, por ocasião da formação de duas companhias africanas, as futuras CCAÇ 11 (dele) e CCAÇ 12 (minha) (1)... Também esteve no Xime e no Enxalé, em 1969, na CART 2520, mas nunca mais nos encontrámos depois de Contuboel...
Licenciado em história pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é professor do ensino secundário, e um notável fotógrafo, com obra feita (vários álbuns publicados). Nascido em 1946, no Porto, mas vivendo em Lisboa, é também conhecido como co-autor (com Luís Farinha) de Fotobiografia da Guerra Colonial (Publicações Dom Quixote, 1990; Círculo de Leitores, 1998) (1). Já tem direito a entrada na Wikipédia portuguesa.
1. Mensagem de 5 de Janeiro de 2008, do Renato Monteiro:
Luís:
Muitos posters e histórias e novos militantes para a Amizade da Tabanca!
E saúde para ti e demais companheiros!
Um forte abraço, Renato.
2. Respondi-lhe nestes termos, a ele que há tempos já tinha dado sinais de vida:
Igualmente para ti, meu amigo... Vamos lá a ver se é desta que publico as tuas coisas... Tardaste a aparecer, mereces uma montra especial... Estive no Norte, na tua terra, nestas mini-férias natalícias... Telefone-me um dia destes: 21 751 21 37 (gabinete, na ENSP/UNL) ou dá-me o teu fixo, se tiveres... Um Alfa Bravo, Luís.
3. Mensagem, de princípios de Dezembro de 2007, enviada pelo Renato Monteiro (ex-furriel miliciano, CART 11, Contuboel e Piche, 1969/ CART 2520, Xime e Enxalé, 1969):
Amigo Luís
Por vezes, não sabemos precisar a origem dos nossos apelos, interesses, fixações… Daí que, quando nos perguntam porque fez isto ou aquilo, nem sempre se encontre uma resposta e, não raro, acabemos por inventar uma, entrando pela ficção…
Toda esta introdutória lenga-lenga, apenas para te dar a conhecer um blogue que acabei, há pouco tempo, de editar na Netinha… Ou, mais propriamente, para te convocar a uma breve incursão pela série do dito blogue que dá pelo nome de Quinta Grande, bairro de Lisboa, entretanto, demolido, habitado por gente predominantemente africana.
Diz-me se não revês nestas imagens o que foi e o que ainda será um pouco a nossa Guiné...
Um grande abraço,
Renato
O endereço:
http://fotografares.blogspot.com/
4. No blogue alaminuteandante, encontrei a seguinte nota biobibliográfica (3) sobre o Renato Monteiro que, com a devida vénia, toma a liberdade de reproduzir:
alaminuteandante > 21 de Fevereiro de 2007 > Quem é Renato Monteiro
Ao colocar como quarta citação de uma frase de Renato Monteiro (*), passo a descrever o seu curriculo na área da fotografia.
Renato Monteiro nasceu no Porto em 1946. É Licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa e presentemente é professor do Ensino Secundário.
Tem vários trabalhos fotográficos publicados, tais como:
- Fotobiografia da Guerra Colonial, em parceria com Luís Farinha.Edição D.Quixote e Círculo de Leitores, 1990 e 1998.
- Fotografia:
- METAMORFOSE, album fotográfico. Edição Comissariado da Exposição Mundial de Lisboa, 1998.
- OLHAR A OBRA, colecção de 48 fotos, integrado no Livro Estação do Oriente. Edição Centralivro, 1998.
- ERAM MARGENS DA MINHA CIDADE, Catálogo/Livro, Edição Câmara Municipal de Lisboa e Exposição nos Paços do Concelho,2001.
- LISBOA OESTE E VALE DO TEJO, participação no âmbito da fotografia, Edição Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo, 2002.
- LUZ, álbum fotográfico,Edição EDIA, 2002.
-ARTES DO MAR,álbum fotográfico e Exposição no Convento dos Capuchos, 2005.
Lisboa 2005
(*) Citação 4: "O fotógrafo não mata coisa alguma. Antes ressuscita como um santo milagreiro e transfigura como um alquimista." Set/98 - Renato Monteiro
5. Comentário de L.G.:
Ainda não tive o privilégio de ir a uma exposição de fotografia do Renato Monteiro. Que não é a mesma coisa que ver/ler um álbum fotográfico. No entanto, ele teve a gentileza de me oferecer um exemplar, o nº 88, autografado, do seu álbum Artes do Mar (edição da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, 2005; tiragem: 150 exemplares). Eis a dedicatória que ele me escreveu:
"Luís Graça: Que o ano de 2006 corra de harmonia com os teus desejos... Um grande abraço do Renato Monteiro".
Devo dizer que não conhecia esta faceta do Renato, embora soubesse que ele era um homem de talento(s)... Ao telefone (ou da primeira e até agora única vez que nos encontrámos, não obstante sermos vizinhos...), o Renato lamentou imenso não ter, na Guiné, uma boa máquina fotográfica. De qualquer modo, ele não terá chegado a cumprir um ano de comissão na Guiné, tendo sido evacuado por doença. A sua paixão pela fotografia nota-se já no livro que publicou, em conjunto, com o Luís Farinha.
Bom, e o mínimo que eu posso dizer, da pouca obra fotográfica que eu ainda lhe conheço, é que ele é já um grande fotógrafo, dominando a difícil arte de fotografar a preto e branco, com uma particular sensibilidade para descobrir, fixar e contextualizar o homem, os homens, as mulheres, as crianças, "in su situ"... Em Artes do Mar (em que o objecto/sujeito são os últimos pescadores da secular arte xávega na Costa da Caparica e Fonte da Telha), eu redescubro o homem irrequieto, com gosto do risco, desalinhado, paisaino, outsider, deslocado na tropa, sensível, solidário, apaixonado pela vida, mas também o poeta que recria e resconstrói o mundo, ou o(s) olhar(es) sobre o mundo... Um e outro, já vêm de longe. Reconheci-os de Contuboel, não obstante a nossa brevísssima amizade de um mês e três semanas...
Enfi, serve este texto de pretexto para apresentar, oportunamente, uma colecção de fotografias do tempo da Guiné que o Renato descobri no seu baú... Umas tiradas por ele, outras por fotógrafos de ocasião...
_____________
Notas de L.G.:
(1) Foi através deste livro que me pus no encalce do Renato. Primeiro publiquei uma foto de nós os dois, no Rio Geba, em Contuboel. Foi com esta página ( Luís Graça & Camaradas da Guiné > Subsídios para a história da guerra colonial > Guiné (1) > Bambadinca, Sede do Sector L1 / Zona Leste) que dei início, em Abril de 2005, à nossa tertúlia e ao nosso blogue:
Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969 > Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Henriques (CCAÇ 2590 / CCAÇ 12) e Monteiro (CART 2479 / CART 11) (2).
Nunca mais encontrei o meu amigo Monteiro que, segundo creio, é o co-autor de um livro que li e apreciei muito sobre a guerra colonial (Renato Monteiro e Luís Farinha - Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: D. Quixote. 1990. 307 pp).
Menos de três meses depois, em 4 de Julho de 2005, recebi a seguinte mensagem, assinada pelo Renato Monteiro:
"Amigo Luis: Muito surpreendido por me rever numa piroga no rio Geba. Na verdade, não me lembrava desse episódio. Não menos espantado por rever a picada do Xime e outros locais que, passado tanto tempo, ainda se encontram bem presentes na minha memória...
"Lamento, ao contrário, não ter reconhecido ninguém nas fotos nem, sequer, te referenciar. Não sei a explicação.
"Sou, na realidade, co-autor do livro que referes.
"Fico ao teu dispor para o caso de quereres comunicar, e feliz pela Internet ter possibilitado este reencontro.
"Um abraço, Renato Monteiro"
(2) A CCAÇ 11 foi formada a partir da CART 11/CART 2479. Sobre Contuboel e as suas atribuladas andanças pela Guiné (por motivos disciplinares foi parar à CART 2520), vd. os seguintes posts de (ou relacionados com) o Renato Monteiro:
23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P899: Diga se me ouve, escuto! (Renato Monteiro)
23 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P898: Saudades do meu amigo Renato Monteiro (CART 2479/CART 11, Contuboel, Maio/Junho de 1969)
28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1001: Estórias de Contuboel (i): recepção dos instruendos (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
30 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1005: Estórias de Contuboel (ii): segundo pelotão (Renato Monteiro, CART 2479 / CART 11, 1969)
(3) Sobre esta série, Estórias de vida, vd. post anteriores:
7 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2163: História de vida (7): Manuel Carneiro, 55 anos, director de rancho folclórico, ex-pára-quedista da CCP 121 / BCP 12 (Luís Graça)
26 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2134: História de vida (6): A minha convocação para o Curso de Capitães Milicianos (Ferreira Neto)
24 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2127: História de vida (5): Sérgio Neves, meu irmão, um homem bom (Tino Neves)
6 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2032: História de vida (4): Ainda sobre o meu irmão, o Srgt Mil Sérgio Neves, que foi amigo em Moçambique de Daniel Roxo (Tino Neves)
6 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1928: História de vida (3): Sérgio Neves, meu irmão: em Moçambique, o Mercenário, amigo do lendário Daniel Roxo (Tino Neves)
30 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1904: História de vida (2): Bike...terapia ou 255 km de Astorga a Santiago de Compostela (Paulo Santiago)
25 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1881: História de vida (1): N.R., aliás, Nuno Rodrigues, nascido em 62, filho de sargento do BCP 12, aluno do liceu Honório Barreto
Guiné 63/74 - P2411: O que será feito do Comandante Pombo e do seu teco-teco, o Cessna vermelho dos Transportes Aéreos Civis ? (Álvaro Basto)
Guiné > Imagens do Cessna, vermelho, pilotado pelo Comandante Pombo, dos Transportes Aéreos Civis da Guiné, em que o nosso camarada Álvaro Basto fez várias viagens enre o Xitole e Bissau, nos anos da sua comissão (1972/74).
Fotos: © Álvaro Basto (2007). Direitos reservados.
1. Mensagem do Alvaro Basto, ex-Fur Mil Enf da CART 3492 (Xitole, 1971/74):
Assunto - A importância dos Transportes Aéreos Civis da Guiné
Caros editores do Bloguee caros tertulianos:
Gostava de lançar aqui um novo debate na Tertúlia sobre a importância que os Transportes Aéreos Civis tiveram na Guiné.
Acho que a sua popularidade foi por de mais constatada, já que atravessaram transversalmente várias gerações de companhias e batalhões com o seu magnífico teco-teco Cessna, que tantas alegrias nos trazia com a correspondencia fresca ou algo urgente que nos chegava rapidamente de Bissau.
Fiz muitas viagens naquele Cessna vermelho pelo mítico rio Curubal desde o Xitole a Bissau e vice-versa. O Piloto, o comandante Pombo, era homem afável e muito profissional. O respeito que inspirava a ambas as partes em conflito, era mítico. As viagens eram feitas sempre com imensa segurança, tanto quanto me lembro.
No entanto gostaria de ver aqui no Blogue relatos que outros camaradas possam ter sobre esta transportadora e que decerto iria enrriquecer a nossas memóras colectivas.
Deixava pois aqui o desafio: que terá sido feito do Comandante Pombo e do Cessna vermelho que tantas alegrias deu a tanta gente? Alguém sabe se algum dia foram atacados? (1)
Um abraço amigo a todos
Alvaro Basto
__________
Nota dos editores:
(1) Álvaro: talvez os nossos amigos e camaradas do blogue Especialistas da Base Aérea 12 Guiné 65/74 possam dar uma ajuda...
Guiné 63/74 - P2410: Cusa di nos terra (14): Susana, Chão Felupe - Parte VIII: Onde se fala dum Tintin em apuros... (Luiz Fonseca, ex-Fur Mil TRMS)
Texto, de 15 de Dezembro último, de Luiz Fonseca, ex-Fur Mil Trms (CCAV 3366/BCAV 3846, Susana e Varela, 1971/73):
Caros camaradas
Texto e fotos: © Luiz Fonseca (2007). Direitos reservados.
A verdadeira guerra da Guiné terá sido desencadeada pelo PAIGC em 1963 (Tite).
Contudo as primeiras manifestações foram anteriores, através do MLG (Movimento de Libertação da Guiné), embora ainda de pequena envergadura, revestiram-se de algum carácter de banditismo, pois visavam apenas o aterrorizar as populações próximas da fronteira com o Senegal, entre Varela e S.Domingos culminando em 21 de Julho de 1961 com um ataque ao aquartelamento desta última povoação.
Todavia existem referências a acções do mesmo tipo, a partir de Janeiro do mesmo ano. A zona turistica de Varela e a povoação de Susana, foram dois dos alvos escolhidos, embora tivessem existido ataques a outras pequenas povoações o que provocou uma animosidade por parte dos habitantes, Felupes, que nunca perdoaram aos inimigos a malvadeza cometida, o que em termos de segurança militar foi benéfica às NT, enquanto e quando o mereceram.
A partir dessa data toda a intromissão no seu território foi penalizada severamente, fosse ela efectuada por elementos inimigos (FLING, PAIGC), fossem tropas senegalesas ou ainda algum aventureiro que tentasse utilizar o Chão apenas para passagem.
Poderia sem receio afirmar que, excluída a nossa guerra, que muito pouco ou nada os afectava, muito embora houvesse elementos da região ao serviço das NT (Pelotão Caçadores Nativos 60, vulgo Pelotão 60, alguns Comandos Africanos e uma Secção de Milícias), bem como algumas tabancas em regime de auto-defesa, o dia-a-dia era perfeitamente normal nas suas actividades, fosse a colheita de vinho de palma, o tratamento das bolanhas, a pastorícia, a pesca, a recolha de lenha (com a ajuda dos nossos Unimog), a caça, desde que dentro do seu território, a realização das actividades mercantis (mercado semanal), enfim, tudo o que uma sociedade normal realiza, em tempos normais.
Devo acrescentar que, durante a minha permanência na zona, as baixas Felupes foram de 1 morto e 1 ferido, em emboscada (mal) preparada por páras senegaleses na zona de Cassolol.
Quando refiro que uma intromissão era quase uma invasã, o vem à minha memória o mês de Novembro de 1971. Isto porque um cidadão de nacionalidade belga a que chamarei de Guy Paul, provavelmente cansado da monótona e pacata vida no seu país, decidiu realizar uma volta a África, de bicicleta e percorrendo toda a costa.
Segundo a sua narrativa entrou por Argel e tudo decorreu normalmente até Cap Skirring. Havia gasto dois meses de viagem desde que a iniciou em Bruxelas. Nesta localidade turística do Senegal - já o era na altura - , foi alertado pelas autoridades locais de que, a seguir o percurso traçado, iria entrar num território em conflito armado e com população pouco amistosa (deviam estar a referir-se aos Felupes), pelo que o melhor seria contornar a Guiné-Bissau e prosseguir a sua aventura a partir da Guiné-Conacri.
Contudo o nosso viajante decidiu manter a ideia inicial e entrou na Guiné pela zona de Cassolol.
Foi de imediato detectado por elementos da população que o rodearam e falando uma linguagem para ele não perceptível, apenas teria percebido cubano, pelo menos ele referiu que foi isso que entendeu, pessoalmente não creio que o seu aspecto fosse o de um instrutor daquela nacionalidade e muito menos que se arriscasse a andar só naquela zona. Mas para os Felupes, um indivíduo branco, de cabelos compridos e aloirados, barba crescida, blue jeans e camisola estragada (estampado do tipo camuflado) , de certeza que, não sendo português, não sendo dos seus, logo, dedução lógica, só podia ser inimigo e decidiram fazer justiça pela invasão.
Valeu ao nosso belga a pronta intervenção de um dos milícias que o guardou, é o termo, até à chegada dos militares que o trouxeram para Susana.
Que o homem estava aflito, mesmo muito aflito, isso foi patente para os que com ele falaram inicialmente, acrescentarei que o caso não era para menos.
Depois de um banho, nas circunstâncias obrigatório, antes das formalidades habituais e também de uma refeição quente e enquanto aguardava transporte para Bissau, o Guy Paul foi esclarecendo os contornos da situação vivida, incluindo os largos minutos de terror puro com uns índios de arco e flechas à sua volta, com expressões nada amistosas.
Na hora da despedida agradeceu a forma como foi recebido, mas deixou transparecer que iria continuar a sua aventura que tinha como objectivo final a capital do Egipto (Cairo).
Não sei se conseguiu atingir o seu desiderato.
Bastante mais graves as arremetidas das tropas senegalesas e os ataques do PAIGC. Esses ficarão para próximas oportunidades.
Por hoje, Kassumai
Luiz Fonseca
ex-Fur Mil Trms
CCAV 3366
____________
Nota de CV:
(1) Vd. último post da série> Guiné 63/74 - P2397: Cusa di nos terra (13): Susana, chão felupe - Parte VII: O guerreiro João Uloma (Luiz Fonseca)
Depois de uma série de rascunhos sobre a vida Felupe (1), ouso fazer uma intromissão num tema que, fazendo parte da história do Chão, pode ajudar a entender algumas tomadas de posição.
Foto 1> Susana> Felupes recolhem lenha com unimogs cedidos pelas NT
Foto 2> Chão Felupe> Casa Varela
Texto e fotos: © Luiz Fonseca (2007). Direitos reservados.
A verdadeira guerra da Guiné terá sido desencadeada pelo PAIGC em 1963 (Tite).
Contudo as primeiras manifestações foram anteriores, através do MLG (Movimento de Libertação da Guiné), embora ainda de pequena envergadura, revestiram-se de algum carácter de banditismo, pois visavam apenas o aterrorizar as populações próximas da fronteira com o Senegal, entre Varela e S.Domingos culminando em 21 de Julho de 1961 com um ataque ao aquartelamento desta última povoação.
Todavia existem referências a acções do mesmo tipo, a partir de Janeiro do mesmo ano. A zona turistica de Varela e a povoação de Susana, foram dois dos alvos escolhidos, embora tivessem existido ataques a outras pequenas povoações o que provocou uma animosidade por parte dos habitantes, Felupes, que nunca perdoaram aos inimigos a malvadeza cometida, o que em termos de segurança militar foi benéfica às NT, enquanto e quando o mereceram.
A partir dessa data toda a intromissão no seu território foi penalizada severamente, fosse ela efectuada por elementos inimigos (FLING, PAIGC), fossem tropas senegalesas ou ainda algum aventureiro que tentasse utilizar o Chão apenas para passagem.
Poderia sem receio afirmar que, excluída a nossa guerra, que muito pouco ou nada os afectava, muito embora houvesse elementos da região ao serviço das NT (Pelotão Caçadores Nativos 60, vulgo Pelotão 60, alguns Comandos Africanos e uma Secção de Milícias), bem como algumas tabancas em regime de auto-defesa, o dia-a-dia era perfeitamente normal nas suas actividades, fosse a colheita de vinho de palma, o tratamento das bolanhas, a pastorícia, a pesca, a recolha de lenha (com a ajuda dos nossos Unimog), a caça, desde que dentro do seu território, a realização das actividades mercantis (mercado semanal), enfim, tudo o que uma sociedade normal realiza, em tempos normais.
Devo acrescentar que, durante a minha permanência na zona, as baixas Felupes foram de 1 morto e 1 ferido, em emboscada (mal) preparada por páras senegaleses na zona de Cassolol.
Quando refiro que uma intromissão era quase uma invasã, o vem à minha memória o mês de Novembro de 1971. Isto porque um cidadão de nacionalidade belga a que chamarei de Guy Paul, provavelmente cansado da monótona e pacata vida no seu país, decidiu realizar uma volta a África, de bicicleta e percorrendo toda a costa.
Segundo a sua narrativa entrou por Argel e tudo decorreu normalmente até Cap Skirring. Havia gasto dois meses de viagem desde que a iniciou em Bruxelas. Nesta localidade turística do Senegal - já o era na altura - , foi alertado pelas autoridades locais de que, a seguir o percurso traçado, iria entrar num território em conflito armado e com população pouco amistosa (deviam estar a referir-se aos Felupes), pelo que o melhor seria contornar a Guiné-Bissau e prosseguir a sua aventura a partir da Guiné-Conacri.
Contudo o nosso viajante decidiu manter a ideia inicial e entrou na Guiné pela zona de Cassolol.
Foi de imediato detectado por elementos da população que o rodearam e falando uma linguagem para ele não perceptível, apenas teria percebido cubano, pelo menos ele referiu que foi isso que entendeu, pessoalmente não creio que o seu aspecto fosse o de um instrutor daquela nacionalidade e muito menos que se arriscasse a andar só naquela zona. Mas para os Felupes, um indivíduo branco, de cabelos compridos e aloirados, barba crescida, blue jeans e camisola estragada (estampado do tipo camuflado) , de certeza que, não sendo português, não sendo dos seus, logo, dedução lógica, só podia ser inimigo e decidiram fazer justiça pela invasão.
Valeu ao nosso belga a pronta intervenção de um dos milícias que o guardou, é o termo, até à chegada dos militares que o trouxeram para Susana.
Que o homem estava aflito, mesmo muito aflito, isso foi patente para os que com ele falaram inicialmente, acrescentarei que o caso não era para menos.
Depois de um banho, nas circunstâncias obrigatório, antes das formalidades habituais e também de uma refeição quente e enquanto aguardava transporte para Bissau, o Guy Paul foi esclarecendo os contornos da situação vivida, incluindo os largos minutos de terror puro com uns índios de arco e flechas à sua volta, com expressões nada amistosas.
Na hora da despedida agradeceu a forma como foi recebido, mas deixou transparecer que iria continuar a sua aventura que tinha como objectivo final a capital do Egipto (Cairo).
Não sei se conseguiu atingir o seu desiderato.
Bastante mais graves as arremetidas das tropas senegalesas e os ataques do PAIGC. Esses ficarão para próximas oportunidades.
Por hoje, Kassumai
Luiz Fonseca
ex-Fur Mil Trms
CCAV 3366
____________
Nota de CV:
(1) Vd. último post da série> Guiné 63/74 - P2397: Cusa di nos terra (13): Susana, chão felupe - Parte VII: O guerreiro João Uloma (Luiz Fonseca)
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