1. Continuação da apresentação do trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:
AI GUINÉ GUINÉ ( 2 )
Nova Sintra, Fulacunda,
Enxundé e Jabadá,
Tite e S. João,
Jugudul e Bissá...
Fá Mandinga e Geba,
Xime, Bajocunda, Enxalé,
Chamarra, Aldeia Formosa,
Piche e Madina do Boé...
Cacine, Infada, Bissá,
Guileje, Gadamael
Cussará, Nova Lamego,
Canturá e Gandembel...
Bambadinca, Xitole,
Catió, Empada, Cabedu,
Mansoa, Bigene, Guidage,
Saltinho, Tite e Gabú...
Bonco, Cuntima, Pirada,
S. Vicente, João Landim,
Piche, Canquelifá,
pois na Guiné era assim...
Cadique, Cacine, Bolama,
Madina Xaquili, Cansissé,
Sedengal e Buba, Missirá,
Galomaro e Cheche...
Havia tantas aldeias,
tantas tabancas enfim,
espalhadas naquele mato
mas que existiam, sim...
Ainda me lembro, Guiné,
tantas coisas aí ver
e sentir constantemente
a tua terra a tremer...
Gostava por onde passei
entre capim e bolanhas,
em tabancas e em fontes,
e ver as pretas com suas manhas...
Ó Guiné, teu Oceano
com bom peixe para pescar
e nas bolanhas bom marisco
que era somente apanhar...
Gostava de falar de ti,
ó Guiné, é com agrado,
pois parece que ainda vejo
água por todo o lado...
Teus rios eram bastantes,
em alguns também passei
em canoas que por lá havia
e que nelas naveguei...
Rio Cacheu e Mansoa
como o Geba e Corubal,
Rio Grande de Buba,
Cacine, Cumbijã e Tombali...
Assim o Rio Cacheu
era grande tio sim
além de banhar Cacheu
Bigene, Binta e Farim...
Um outro Rio Mansoa
outro rio que não só
ia até Teixeira Pinto
e também perto de Có...
(Continua)
____________
Notas de CV:
(*) Vd. primeiro poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7980: Blogpoesia (127): Não há poesia nos ares... (J.L. Mendes Gomes)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 22 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7981: (In)citações (28): Melhoria do porto fluvial de Cabedu, no extremo da península de Cubucaré, na margem direita do Rio Cacine (AD - Acção para o Desenvolvimento)
"A tabanca de Cabedu [há mais de 40 referências a Cabedu, no nosso blogue] situa-se no extremo da península de Cubucaré, junto ao rio Cacine [margem direita,] tendo por isso uma saída preferencial de contacto com o resto do país, o seu porto marítimo.
"Por estrada a situação é tão difícil que são poucos os veículos que chegam a estas paragens e, durante a época das chuvas, ela fica interditada, sob pena de se ficar atolado vários dias.
"Com a melhoria deste porto, não só haverá melhores alternativas para os doentes, como para comercializarem os seus excedentes, dos quais se destaca o arroz, a fruta, o coco e o peixe".
Foto (e legenda): Cortesia de © AD - Acção para o Desenvolvimento (2011). Todos os direitos reservados
________________
Nota do editor:
Último poste da série > 15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7948: (In)citações (30): O Cherno Aliu Djaló, actual Califa de Quebo-Forreá, agradece aos nossos camaradas Vasco da Gama e Arménio Estorninho as fotografias do Cherno Rachide, seu pai e antecessor (Pepito)
segunda-feira, 21 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7980: Blogpoesia (127): Não há poesia nos ares... (J.L. Mendes Gomes)
1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins de Catió, (Como, Cachil e Catió), 1964/66), com data de 21 de Março de 2011:
Caros Amigos
Aqui vos mando, em anexo, a minha participação.
Um grande abraço
JMG
NÃO HÁ POESIA NOS ARES…
Ó carros,
Loucos e fumarentos,
Em desatino,
Pelas estradas;
Ó cigarros roucos
Que amortalhais de morte,
Os lábios rubros,
Talhados
Para a sorte de amar;
Ó atrevidas chaminés,
Sem fim, céu acima,
Que aspergis venenos,
Nos prados e nas boninas;
Ó esgotos, negros,
Pestilentos, como serpentes,
Das cloacas das oficinas,
Que vazais mixórdias,
Sem vergonha,
Nas correntes da água
Que escorria pura,
Das cumeadas albas
Da montanha,
P’rós oceanos;
Ó naves traiçoeiras
Que navegais escondidas,
No oceano infindo
Para lá das nuvens, bentas,
E devorais, sedentas,
As nascentes cristalinas
Das brisas meigas;
Ó central atómica,
Alapada,
Na toca dum deserto
Ou, arrogante,
No ventre da cidade…
És bomba de veneno
Que mata
A humanidade…
Medonha,
Como um relâmpago…
Ó obscuros caldeirões da química,
Tapados da hipocrisia
Do progresso, sem limites,
Onde o sábio, ignorante,
Pensando que tudo sabe,
Extermina, cego,
A sua vida e a do futuro…
Ó vinte séculos de existência,
Dum mundo farto,
De beleza e de riqueza,
A navegar, como navio, louco,
Em liberdade,
P’la mão do homem!…
Ó mar revolto,
Sem maresia…
Ó mar, sufocado…
Sem poesia
Quase morto…
Em agonia!
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7298: Cartas, aos netos, de um futuro Palmeirim de Catió (J.L. Mendes Gomes) (6): Funchal, 1964: As minas e armadilhas de Cúpido
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)
Em tempo:
Recorrendo ao facebook, página do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes, completou-se o poema publicado neste poste que chegou incompleto ao nosso Blogue.
Carlos Vinhal
22MAR2011
Caros Amigos
Aqui vos mando, em anexo, a minha participação.
Um grande abraço
JMG
NÃO HÁ POESIA NOS ARES…
Ó carros,
Loucos e fumarentos,
Em desatino,
Pelas estradas;
Ó cigarros roucos
Que amortalhais de morte,
Os lábios rubros,
Talhados
Para a sorte de amar;
Ó atrevidas chaminés,
Sem fim, céu acima,
Que aspergis venenos,
Nos prados e nas boninas;
Ó esgotos, negros,
Pestilentos, como serpentes,
Das cloacas das oficinas,
Que vazais mixórdias,
Sem vergonha,
Nas correntes da água
Que escorria pura,
Das cumeadas albas
Da montanha,
P’rós oceanos;
Ó naves traiçoeiras
Que navegais escondidas,
No oceano infindo
Para lá das nuvens, bentas,
E devorais, sedentas,
As nascentes cristalinas
Das brisas meigas;
Ó central atómica,
Alapada,
Na toca dum deserto
Ou, arrogante,
No ventre da cidade…
És bomba de veneno
Que mata
A humanidade…
Medonha,
Como um relâmpago…
Ó obscuros caldeirões da química,
Tapados da hipocrisia
Do progresso, sem limites,
Onde o sábio, ignorante,
Pensando que tudo sabe,
Extermina, cego,
A sua vida e a do futuro…
Ó vinte séculos de existência,
Dum mundo farto,
De beleza e de riqueza,
A navegar, como navio, louco,
Em liberdade,
P’la mão do homem!…
Ó mar revolto,
Sem maresia…
Ó mar, sufocado…
Sem poesia
Quase morto…
Em agonia!
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7298: Cartas, aos netos, de um futuro Palmeirim de Catió (J.L. Mendes Gomes) (6): Funchal, 1964: As minas e armadilhas de Cúpido
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)
Em tempo:
Recorrendo ao facebook, página do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes, completou-se o poema publicado neste poste que chegou incompleto ao nosso Blogue.
Carlos Vinhal
22MAR2011
Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)
Excerto de um longo poema, Japónica, inserido no último livro do nosso camarad António Graça de Abreu, A cor das cerejeiras (Lisboa: Vega, 2010, pp. 31 e 47-49).... (Com a devida vénia).
Ao poeta, que está neste momento na China, a Tabanca Grande manda um especial Alfa Bravo, neste dia mundial da poesia.
_______________
Nota de L.G.
Guiné 63/74 - P7978: Blogpoesia (125): O cuco sabe que o Sol voltará ao Monfurado (José Brás)
1. Comentário do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), autor do romance recentemente apresentado, Lugares de Passagem, deixado no Poste 7971**:
Amiga alentejana (acho que é)
Em homenagem ao seu poema
Cumprimentos
José Brás
O cuco
Ninguém avisou o cuco
que o Inverno batia ainda forte
nas encostas do Monfurado
a vinte e um de Março do ano corrente
ninguém escondeu o calendário
ninguém lhe atrasou o relógio
ninguém lhe mostrou o céu pesado
e a luz baça sufocando o montado
em cada sobreiro um novelo
a desfazer-se e a refazer-se nas cordas da chuva
Ninguém lhe disse que o Sol estava de férias
algures a sul tisnando corpos
espelhado no corpo do mar
ninguém lhe disse
da falta de sentido de um canto como o seu
imprevistamente ecoando
nos vales da serra
no desábito das memórias
e canta
ainda assim ou chora
de ter chegado aqui em tempo tão bravio
O cuco sabe
que o Sol voltará ao Monfurado
sei que o cuco sabe que o Sol voltará
expulsando o chumbo e iluminando os dias
fantasiando de luz as noites do seu canto
e a minha secreta esperança de infinito
não sei se o cuco sabe que lhe sei da voz
e do eco do seu canto
não sei se o cuco sabe
que não lhe sei do sentido mais profundo
do tempo exacto
do espaço do voar
sei
apenas
que o cuco canta no Monfurado
a vinte e um de Março
de todos os anos
In "Lugares de Passagem"
PS
e já cantou hoje
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7764: Obrigado pelas mensagens amistosas que recebi (José Brás)
(**) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7977: Blogpoesia (124): Eternidade (J. Belo)
Guiné 63/74 - P7977: Blogpoesia (124): Eternidade (J. Belo)
1. Contributo do J. Belo (nosso camarada, autor do blogue Laplland to Key-West), para o Dia Mundial da Poesia, enviado a meio da tarde:
ETERNIDADE
Os mortos?
Os mortos estão bem.
Não têm memória.
Não planeiam sonhos sempre adiados.
Não conhecem a saudade.
Não têm remorsos,
Pois nem sequer podem mentir!
Os mortos?
Se lágrimas tivessem, choravam os vivos!
J. Belo
_____________
Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7976: Blogpoesia (123): 21 de Março, O Dia da Poesia (Joaquim Mexia Alves)
Guiné 63/74 - P7976: Blogpoesia (123): 21 de Março, O Dia da Poesia (Joaquim Mexia Alves)
1. Mensagem do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 21 de Março de 2011, a propósito do Dia Mundial da Poesia que hoje se comemora:
O DIA DA POESIA
Pergunta-me o Luís
na sua amizade,
se tenho algum poema,
alguma rima,
algum sentir
expresso em verso,
que da arte,
pobre de mim,
estou escasso.
E eu sentado,
olho a caneta,
aquela que me conhece,
e escreve tudo o que eu sinto,
para suavemente,
num falar muito calado,
lhe perguntar,
o que quer dizer,
a quem me interroga,
sobre versos,
sobre fado,
sobre o viver,
que nos é dado…
ao escrever.
E porquê,
pergunta-me ela,
qual a razão,
qual o motivo,
para escrever palavras,
que digam um sentimento,
vindo do coração,
ou então seja soprado,
às minhas orelhas moucas,
por um impetuoso vento.
São loucas, são loucas,
cantava a nossa fadista!
Mais louco sou eu então,
porque me julgo artista,
me penso versejador,
quando afinal apenas,
conto-vos este segredo,
quem escreve
é a minha caneta,
porque eu…
não sei escrever.
Mas antes que acabe o dia
esta caneta irritante,
quer dizer a não sei quem,
nuns versos,
num pobre instante,
que viver a alegria,
é escrever uns pobres versos
no Dia da Poesia.
Joaquim Mexia Alves
21 de Março de 2011
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
O DIA DA POESIA
Pergunta-me o Luís
na sua amizade,
se tenho algum poema,
alguma rima,
algum sentir
expresso em verso,
que da arte,
pobre de mim,
estou escasso.
E eu sentado,
olho a caneta,
aquela que me conhece,
e escreve tudo o que eu sinto,
para suavemente,
num falar muito calado,
lhe perguntar,
o que quer dizer,
a quem me interroga,
sobre versos,
sobre fado,
sobre o viver,
que nos é dado…
ao escrever.
E porquê,
pergunta-me ela,
qual a razão,
qual o motivo,
para escrever palavras,
que digam um sentimento,
vindo do coração,
ou então seja soprado,
às minhas orelhas moucas,
por um impetuoso vento.
São loucas, são loucas,
cantava a nossa fadista!
Mais louco sou eu então,
porque me julgo artista,
me penso versejador,
quando afinal apenas,
conto-vos este segredo,
quem escreve
é a minha caneta,
porque eu…
não sei escrever.
Mas antes que acabe o dia
esta caneta irritante,
quer dizer a não sei quem,
nuns versos,
num pobre instante,
que viver a alegria,
é escrever uns pobres versos
no Dia da Poesia.
Joaquim Mexia Alves
21 de Março de 2011
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)
Mensagem de Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 21 de Março de 2011:
Boa Tarde Carlos Vinhal
Inicia-se mais uma semana, e tal como havia prometido aqui te envio este trabalho de 10 páginas que agora terminei de passar a limpo, pois já estava feito há muito tempo.
Sei que irás por certo passar uma vista de olhos, e então verás se vale apena ou não adicionar isto na nossa Tabanca.
Se achares que sim, deixo contigo a melhor forma de o fazeres, pois sei que o que fazem é sempre bem feito. Por isso só tenho de aceitar.
Um grande Abraço,
Albino Silva.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Faro Saradjuma (a 18 Km de Guileje que por sua vez está a 36km, de Iemberem > 10 de Dezembro de 2009 > 17h23 > A caminho de Bissau... Os meninos e o jogo da bola: uma imagem (quase) universal...
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
AI GUINÉ, GUINÉ (1)
Oh Guiné ainda és linda,
quero para ti o melhor
e porque não te esqueci,
a saudade de ti é maior...
Guiné tu és pequenina,
eu achava com certeza
que tu Guiné eras pobre
mas bem rica em Natureza...
Teus rios, tuas bolanhas,
onde cheguei a nadar,
teu Oceano Atlântico
também te está a abraçar...
Essas águas eram quentes,
o teu peixinho era bom,
era rico teu marisco,
as ostras e o camarão...
Até teu povo era humilde
e, se não fosse forçado,
era simples, convivia,
não era mal educado...
Nos tempos que eu aí estive,
eu fui obrigado então,
fui defender-te Guiné,
fui defender a Nação...
E quando aí eu estive,
para mim eras igual,
pertencias à Nação,
eras também Portugal...
Mas eu gostava de ti,
teu povo não desprezei,
fiz curativos, e muitos,
e nunca um tiro eu dei...
Como era bom Maqueiro,
numa Enfermaria eu estava.
atendendo toda a gente,
os guineenses curava...
Eu até admirava tanto
ver mulheres a trabalhar
na bolanha, na vianda,
e mesmo as fardas lavar...
Oh Guiné, lindo Bissau,
Capital, e dando a voz,
Tuas Ilhas, Arquipélagos,
tão lindo era Bijagós...
Ilha de Maio e Coracre,
Formosa, Galinhas e Bela,
Bubaque, Orango e Jete,
Pecixe e Caravela...
Tantas bolanhas tu tens,
por algumas eu andei,
e com algumas bem cheias
também as atravessei...
Oh Guiné, tuas aldeias
e tuas Vilas até,
lembro aqui alguns nomes
dessas terras da Guiné...
Oh Bissau, és Capital
e ainda não me esqueceu
S. Domingos e Susana,
Varela, Ingoré e Cacheu...
Bassarel e Bachile,
Calequisse e Caió,
Jolmete, Bissum e Bula,
Jete, Pelundo e Có...
Bigene, Barro, Guidage,
Teixeira Pinto, Safim,
Bissorã e Quinhamel,
Mansabá e Farim...
N’hacra, Binar, Biambe,
Cútia e Mansabá,
Jubembem, Fajonquito,
Cantacunda e Bafatá...
(Continua)
Revisão e fixação do texto: Carlos Vinhal
O nome de algumas localidades foram rectificadas pelo editor, o que não invalida haver ainda alguma incorrecção.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
Boa Tarde Carlos Vinhal
Inicia-se mais uma semana, e tal como havia prometido aqui te envio este trabalho de 10 páginas que agora terminei de passar a limpo, pois já estava feito há muito tempo.
Sei que irás por certo passar uma vista de olhos, e então verás se vale apena ou não adicionar isto na nossa Tabanca.
Se achares que sim, deixo contigo a melhor forma de o fazeres, pois sei que o que fazem é sempre bem feito. Por isso só tenho de aceitar.
Um grande Abraço,
Albino Silva.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Faro Saradjuma (a 18 Km de Guileje que por sua vez está a 36km, de Iemberem > 10 de Dezembro de 2009 > 17h23 > A caminho de Bissau... Os meninos e o jogo da bola: uma imagem (quase) universal...
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
AI GUINÉ, GUINÉ (1)
Oh Guiné ainda és linda,
quero para ti o melhor
e porque não te esqueci,
a saudade de ti é maior...
Guiné tu és pequenina,
eu achava com certeza
que tu Guiné eras pobre
mas bem rica em Natureza...
Teus rios, tuas bolanhas,
onde cheguei a nadar,
teu Oceano Atlântico
também te está a abraçar...
Essas águas eram quentes,
o teu peixinho era bom,
era rico teu marisco,
as ostras e o camarão...
Até teu povo era humilde
e, se não fosse forçado,
era simples, convivia,
não era mal educado...
Nos tempos que eu aí estive,
eu fui obrigado então,
fui defender-te Guiné,
fui defender a Nação...
E quando aí eu estive,
para mim eras igual,
pertencias à Nação,
eras também Portugal...
Mas eu gostava de ti,
teu povo não desprezei,
fiz curativos, e muitos,
e nunca um tiro eu dei...
Como era bom Maqueiro,
numa Enfermaria eu estava.
atendendo toda a gente,
os guineenses curava...
Eu até admirava tanto
ver mulheres a trabalhar
na bolanha, na vianda,
e mesmo as fardas lavar...
Oh Guiné, lindo Bissau,
Capital, e dando a voz,
Tuas Ilhas, Arquipélagos,
tão lindo era Bijagós...
Ilha de Maio e Coracre,
Formosa, Galinhas e Bela,
Bubaque, Orango e Jete,
Pecixe e Caravela...
Tantas bolanhas tu tens,
por algumas eu andei,
e com algumas bem cheias
também as atravessei...
Oh Guiné, tuas aldeias
e tuas Vilas até,
lembro aqui alguns nomes
dessas terras da Guiné...
Oh Bissau, és Capital
e ainda não me esqueceu
S. Domingos e Susana,
Varela, Ingoré e Cacheu...
Bassarel e Bachile,
Calequisse e Caió,
Jolmete, Bissum e Bula,
Jete, Pelundo e Có...
Bigene, Barro, Guidage,
Teixeira Pinto, Safim,
Bissorã e Quinhamel,
Mansabá e Farim...
N’hacra, Binar, Biambe,
Cútia e Mansabá,
Jubembem, Fajonquito,
Cantacunda e Bafatá...
(Continua)
Revisão e fixação do texto: Carlos Vinhal
O nome de algumas localidades foram rectificadas pelo editor, o que não invalida haver ainda alguma incorrecção.
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)
1. Neste Dia Mundial da Poesia, façamos um intervalo nas dolorosas lembranças de guerra, evitemos a troca comentários, aos comentários, e resolvamos os problemas pessoais e as diferenças não reprimíveis, recorrendo à troca de mensagens pessoais e directas. A tertúlia pode e deve ser evitada aos desmandos, venham eles de onde vierem.
Assim, passamos a apresentar a mensagem do nosso camarada e amigo José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Março de 2011:
Caro amigo Carlos Vinhal,
Sendo eu, um homem do teatro, não podia neste dia Nacional da Poesia, deixar de homenagear António Cabral poeta Transmontano-Duriense que canta o Douro - homem como ninguém.
Aqui fica um dos seus poemas e que eu logo à noite num encontro cultural irei recitar.
Não sei se poderá ou não ser publicado. Tu, saberás se pode ou ser publicado.
Um abraço amigo,
J.Barros
CANÇÃO AO LAVRADOR DESCONHECIDO
Se não fosse a trovoada,
se não fosse o desavinho,
se não fosse o oídio e o míldio,
se as carquejas dessem vinho…
Se herdasse a Quinta dos Frades,
se a lua me pertencesse,
se não houvesse ladrões,
se a minha avó não morresse…
Se tivesse menos filhos,
se tivesse mais dinheiro,
se isto fosse mesmo Douro,
se fosse ouro verdadeiro…
Se tivesse mais videiras,
se tivesse, se tivesse,
se me fizessem Ministro,
se a minha avó não morresse…
(António Cabral)
____________
(*) Vd. poste de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 Guiné 63/74 – P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)
Assim, passamos a apresentar a mensagem do nosso camarada e amigo José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Março de 2011:
Caro amigo Carlos Vinhal,
Sendo eu, um homem do teatro, não podia neste dia Nacional da Poesia, deixar de homenagear António Cabral poeta Transmontano-Duriense que canta o Douro - homem como ninguém.
Aqui fica um dos seus poemas e que eu logo à noite num encontro cultural irei recitar.
Não sei se poderá ou não ser publicado. Tu, saberás se pode ou ser publicado.
Um abraço amigo,
J.Barros
Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial da Humanidade > Vila de Foz Coa > Pocinho > Estação terminal da linha de caminho de ferro do Douro (Porto-Pocinho) > Pormenor dos azulejos da estação, da Fábrica Sant'Anna (fundada em 1741): a vindima... Foto gentilmente cedida por L.G. (Pocinho, 3/9/2010)
Se não fosse a trovoada,
se não fosse o desavinho,
se não fosse o oídio e o míldio,
se as carquejas dessem vinho…
Se herdasse a Quinta dos Frades,
se a lua me pertencesse,
se não houvesse ladrões,
se a minha avó não morresse…
Se tivesse menos filhos,
se tivesse mais dinheiro,
se isto fosse mesmo Douro,
se fosse ouro verdadeiro…
Se tivesse mais videiras,
se tivesse, se tivesse,
se me fizessem Ministro,
se a minha avó não morresse…
(António Cabral)
____________
(*) Vd. poste de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 Guiné 63/74 – P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)
Guiné 63/74 - P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)
1. Neste Dia Mundial da Poesia, publicamos um poema de Armor Pires Mota (ex-Al Mil da CCAV 488, Mansabá, ilha do Como, Bissorã e Jumbembem, 1963 e 1965) autor de romances como Tarrafo, Guiné Sol e Sangue, Cabo Donato Pastor de Raparigas, A Cubana que Dançava Flamenco e Estranha Noiva de Guerra
Mãe, sabes o que são
lenços de adeus, versos e rima,
terra de espigas e pão
e vinhas de vindima.
- Mas granadas o que são?
É inútil fugir, mãe, fugir à sorte
e vou morrendo assim,
de granadas na mão,
mordendo a hora, o capim,
mesmo que não me queira a morte,
mesmo que não anoiteça até o fim!
De ódio no sangue que arde
e granadas na mão,
agora, altivo e forte,
logo medroso e cobarde.
- Mas granadas o que são,
que não dão vinho nem pão ?
- Granadas: sangue na tarde…
Armor Pires Mota
Reproduzido com a devida vénia, de:
O tempo em que se mata, o mesmo em que se morre
(Braga: Editora Pax, 1974, pp. 18-19)
Livro esgotado, oferecido pelo autor, em fotocópia, à biblioteca da nossa Tabanca Grande, por intermédio do Mário Beja Santos
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)
Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)
Lisboa > Fundação Calouste Gulbenkian > Centro de Arte Moderna (CAM) > Retrato de Fernando Pessoa (1964), da autoria de José de Almada Negreiros (1893-1970) (com a devida vénia ao CAM)... Pessoa e Almada são dois nomes maiores da nossa modernidade (e identidade), que me apeteceu evocar aqui, no Dia Mundial da Poesia... Foto de L.G., 23/2/2011, 12h37...
Foto: © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados
1. O dia 21 de Março foi proclamado, em 1999, pela UNESCO como Dia Mundial da Poesia, e o seu objectivo é a promover a leitura, a escrita, a publicação e o ensino da poesia através do mundo, a par da defesa da diversidade linguística da humanidade.
Nada disto é fado
por Luís Graça
Nada disto é fado,
Nada disto é fado
por Luís Graça
Nada disto é fado,
é apenas história (de)vida;
Ruas do ouro e da prata,
Ruas do ouro e da prata,
de outrora, querida.
Colina acima, rua abaixo,
Colina acima, rua abaixo,
no metro de Lisboa;
Ou no amarelo da Carris,
Ou no amarelo da Carris,
a vida, à toa.
A vida é um assalto
A vida é um assalto
à caixa de Pandora, meu amor;Beware of pickpockets,
avisa o revisor…
Alcântara, a ponte de fogo,
suspensa
sobre a tua cabeça,
sobre a tua cabeça,
e a nossa raiva, tensa.
Em Almada, a teus pés,
tens o estuário do Tejo,
Mas é na solidão do Terreiro do Paço
Mas é na solidão do Terreiro do Paço
que eu mais te desejo.
Compro castanhas, quentes e boas,
Compro castanhas, quentes e boas,
com ternura,
enquanto a vida segue
enquanto a vida segue
pelas ruas, sujas, da amargura.
Nada disto é fado,
Nada disto é fado,
é apenas história (de)vida;Ruas do ouro e da prata,
de outrora, querida.
Lisboa, 21/3/2011
[Letra originalmente escrita para a banda musical portuguesa Melech Mechaya]
______________
Lisboa, 21/3/2011
[Letra originalmente escrita para a banda musical portuguesa Melech Mechaya]
______________
Nota de L.G.:
Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)
Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)
Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)
1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa* com data de 20 de Março de 2011:
Caro Editor e Amigo Carlos Vinhal,
Muito boa tarde, neste início de Primavera!
Com certeza já repararam, que sou uma amante das efemérides: sim, porque acho que elas registam datas que, vale a pena repensar.
Esta, de tão velha, não passa despercebida, pois invariavelmente o equinócio de Março, tráz-nos a Primavera sempre a 20 ou 21, e, ei-la que chegou.
Acordou luminoso este dia 20 de Março de 2011!
Uma muito ligeira brisa, não impede que se sinta o prazer imenso da Primavera que se anuncia, e eu, venho saudá-la, pois ela sempre me encantou.
O céu, de um azul criança, não alberga uma única nuvem neste começo de dia.
Respira-se uma calma gostosa no espaço envolvente e nas pessoas que por aqui circulam.
O espaço natural, com as suas elevações e as suas áreas planas, o doce e calmante correr da água, as aves, e as flores que pontualmente vão abrindo, falam da Primavera que vem chegando.
As árvores começam a renovar-se e mostram-nos um aprazível vestido verde, de desenhos caprichosos, maravilhosos e, cada dia, mais se evidência o modelo, de nervuras e recortes artisticamente desenhados.
Não raro, paro, observo... e encanto-me.
Saúdo a vida.
O prazer de viver, e tal como as aves, traço voos, onde a minha alegria é manifesta, exuberante!
Pretendo ser sempre assim
Feliz, com as pequenas (grandes coisas).
Segue uma pequena homenagem à mais bela das estações do ano.
A foto que segue, é de minha autoria, feita num recanto de luxuriante floração, nos jardins da Gulbenkian, e os personagens são: o meu filho João e a minha nora Cláudia.
Se tiver espaço e um pouquinho de tempo e achar que vale a pena publicar... faça favor, Sr. Editor.
E, aceite a minha gratidão.
Felismina Costa
A Primavera voltou!
A Primavera voltou!
Voltou a festa da vida
Neste Março glorioso…
Voltou verde, florida.
Voltou azul e dourada
Voltou luminosa e cálida
Acordando a madrugada.
E porque se sente bonita,
Airosa, cheia de graça,
Vai correndo a terra inteira
Dando cor por onde passa.
Ela grita pelos montes
Desde alta madrugada,
Ela desce pelos vales
Sem mostrar medo de nada!
Ela ilumina profundezas
Onde a luz pouco se mostra
E derrama sem usura
O próprio cheiro das rosas.
O cheiro das glicínias
As multicores das frézias,
Ela trepa pelos montes
Loucamente, sempre à pressa:
Ela vestiu árvores nuas
Deu cor às águas das fontes
Estendeu-se pelos prados
Subiu e desceu os montes…
E nas vulgares ervas rasteiras…
Ela explodiu em mil cores!
Depois, desenhou, nas asas das borboletas
Desenhos que ninguém faz!
Desenhos que ninguém pinta,
Porque ninguém é capaz!
E ela dançou e dançou
Nas asas da cotovia,
E ensinou-lhe a fazer o ninho
Em sítios que ninguém via…
Ela projectou no espaço
(para além do que os meus olhos viam)
Nuances de tanta cor…
Que a contá-las me perdia…
Ela enche a terra inteira
De uma risonha alegria!
E regressa cada ano
Sempre nova e sempre viva
Semeando a esperança
De termos todos os anos
A força do renascer
A embalar a nossa vida!
Felismina Costa
Março de 2009
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7963: Blogpoesia (116): Neste dia 19 de Março, homenagem a meu Pai e a todos os Pais (Felismina Costa)
Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)
Caro Editor e Amigo Carlos Vinhal,
Muito boa tarde, neste início de Primavera!
Com certeza já repararam, que sou uma amante das efemérides: sim, porque acho que elas registam datas que, vale a pena repensar.
Esta, de tão velha, não passa despercebida, pois invariavelmente o equinócio de Março, tráz-nos a Primavera sempre a 20 ou 21, e, ei-la que chegou.
Acordou luminoso este dia 20 de Março de 2011!
Uma muito ligeira brisa, não impede que se sinta o prazer imenso da Primavera que se anuncia, e eu, venho saudá-la, pois ela sempre me encantou.
O céu, de um azul criança, não alberga uma única nuvem neste começo de dia.
Respira-se uma calma gostosa no espaço envolvente e nas pessoas que por aqui circulam.
O espaço natural, com as suas elevações e as suas áreas planas, o doce e calmante correr da água, as aves, e as flores que pontualmente vão abrindo, falam da Primavera que vem chegando.
As árvores começam a renovar-se e mostram-nos um aprazível vestido verde, de desenhos caprichosos, maravilhosos e, cada dia, mais se evidência o modelo, de nervuras e recortes artisticamente desenhados.
Não raro, paro, observo... e encanto-me.
Saúdo a vida.
O prazer de viver, e tal como as aves, traço voos, onde a minha alegria é manifesta, exuberante!
Pretendo ser sempre assim
Feliz, com as pequenas (grandes coisas).
Segue uma pequena homenagem à mais bela das estações do ano.
A foto que segue, é de minha autoria, feita num recanto de luxuriante floração, nos jardins da Gulbenkian, e os personagens são: o meu filho João e a minha nora Cláudia.
Se tiver espaço e um pouquinho de tempo e achar que vale a pena publicar... faça favor, Sr. Editor.
E, aceite a minha gratidão.
Felismina Costa
Cláudia e João
A Primavera voltou!
A Primavera voltou!
Voltou a festa da vida
Neste Março glorioso…
Voltou verde, florida.
Voltou azul e dourada
Voltou luminosa e cálida
Acordando a madrugada.
E porque se sente bonita,
Airosa, cheia de graça,
Vai correndo a terra inteira
Dando cor por onde passa.
Ela grita pelos montes
Desde alta madrugada,
Ela desce pelos vales
Sem mostrar medo de nada!
Ela ilumina profundezas
Onde a luz pouco se mostra
E derrama sem usura
O próprio cheiro das rosas.
O cheiro das glicínias
As multicores das frézias,
Ela trepa pelos montes
Loucamente, sempre à pressa:
Ela vestiu árvores nuas
Deu cor às águas das fontes
Estendeu-se pelos prados
Subiu e desceu os montes…
E nas vulgares ervas rasteiras…
Ela explodiu em mil cores!
Depois, desenhou, nas asas das borboletas
Desenhos que ninguém faz!
Desenhos que ninguém pinta,
Porque ninguém é capaz!
E ela dançou e dançou
Nas asas da cotovia,
E ensinou-lhe a fazer o ninho
Em sítios que ninguém via…
Ela projectou no espaço
(para além do que os meus olhos viam)
Nuances de tanta cor…
Que a contá-las me perdia…
Ela enche a terra inteira
De uma risonha alegria!
E regressa cada ano
Sempre nova e sempre viva
Semeando a esperança
De termos todos os anos
A força do renascer
A embalar a nossa vida!
Felismina Costa
Março de 2009
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7963: Blogpoesia (116): Neste dia 19 de Março, homenagem a meu Pai e a todos os Pais (Felismina Costa)
Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)
domingo, 20 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7970: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (7): O fotógrafo estava no Xime, na hora da partida do Alfero Cabral
Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca, ao tempo do BART 2917 (1970/72) > Xime > A partida do nosso Alfero Cabral, devidamente ataviado, para Bissau, terminada a sua nobre missão em terras da Guiné... Ele disse-nos há dias a data exacta, Junho ou Julho de 1971, mas não fixámos... O fotógrafo (V. R.) estava lá... O Jorge Cabral, conselheiro jurídico da nossa Tabanca Grande, é hoje advogado e especialista em direito penal... As peripécias da sua chegada a Bissau e partida para a Metrópole já foram objecto de uma das impagáveis estórias cabralianas. Dele já se disse que um dia sonhou que podia ser fula entre os fulas, mandinga entre os mandingas, guinéu entre os guinéus, homem entre os homens e até louco entre os loucos... Moral da história: afinal, todos nós temos direito a um pouco de loucura e de humanidade, o que implica simplesmente pôr-nos na pele do outro (LG).
Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca, ao tempo do BART 2917, 1970/72) > Foto de 1971 ... O Vitor Raposeiro, em primeiro plano, julgo que a caminho de Bissau (ou de regresso a Bambadinca)... Não consigo identificar o seu companheiro de viagem, pelo Rio Geba abaixo (ou acima)...(LG)
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > CCS/BART 2917 (1970/72) > O Vitor Raposeiro, no seu quarto, com outros furriéis que não conseguimos identificar... A data deve ser de 1971 (LG).
Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Quatro furréis velhinhos, da CCAÇ 12, a saber, e da esquerda para a direita: Joaquim Fernandes, Humberto Reis (com a língua de fora), Arlindo Roda e Tony Levezinho.. (LG).
Fotos: © Vitor Raposeiro (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.
1. Continuação da publicação de uma selecção das fotos do álbum do Vitor Raposeiro (ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72) (*). O Vitor acabou a sua comissão no conjunto musical das Forças Armadas no CTIG, em Bissau... Ainda hoje faz o gosto ao dedo, tocando guitarra eléctrica no conjunto 4 Sixties, de Setúbal.
[ Fotos: Selecção / edição / legendagem: L.G.]
Nota de L.G.:
(*) Último poste da série > 13 de Março de 2011 >Guiné 63/74 - P7935: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (Bambadinca, 1970/71) (6): O Joaquim Pina (Silves), o Arlindo Roda (Setúbal), o José Luís de Sousa (Funchal)... furriéis da CCAÇ 12 (1969/71)
Guiné 63/74 - P7969: Tabanca Grande (271): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)
1. Mensagem do nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), com data de 25 de Fevereiro de 2011:
Boa tarde
Parece que nunca cheguei a enviar os meus dados para o blogue, se enviei fica em duplicado
Data de nascimento: 03/05/1949
Naturalidade: Ílhavo
Na tropa fui: 1.º Cabo Aux de Enfermagem
Estive na Guiné de Abril de 1971 a Março de 1973
IAO: Cumeré
Passei a comisão em Suzana e Varela
Actualmente trabalho em estudos de mercado (recolha de dados no Campo)
Em anexo:
Foto de 1972
Foto actual
III Encontro da Tertúlia > 17 de Maio de 2008 > Rui Alexandrino Ferreira, Idálio Reis, Virgínio Briote e Delfim Rodrigues escutam atentamente o António Batista (ao centro) o nosso morto-vivo do Quirafo.
2. Comentário de CV:
Caro Delfim, estão publicadas as tuas fotos que estavam em falta, embora uma boa parte dos camarigos te conheça pois és uma das habituais presenças nos nossos Encontros.
Se a tua vida profissional te permitir, não esqueças que podes e deves colaborar com o Blogue, contando as tuas experiências como Enfermeiro, Especialidade tão importante quanto digna pelos serviços relevantes prestados aos camaradas vítimas da guerra e populações civis onde a tropa estava integrada.
Deixo-te um abraço e um até breve, já que nos vamos encontrar no próximo mês de Junho em Monte Real.
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2224: Tabanca Grande (38): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)
Vd. último poste da série de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)
Boa tarde
Parece que nunca cheguei a enviar os meus dados para o blogue, se enviei fica em duplicado
Data de nascimento: 03/05/1949
Naturalidade: Ílhavo
Na tropa fui: 1.º Cabo Aux de Enfermagem
Estive na Guiné de Abril de 1971 a Março de 1973
IAO: Cumeré
Passei a comisão em Suzana e Varela
Actualmente trabalho em estudos de mercado (recolha de dados no Campo)
Em anexo:
Foto de 1972
Foto actual
III Encontro da Tertúlia > 17 de Maio de 2008 > Rui Alexandrino Ferreira, Idálio Reis, Virgínio Briote e Delfim Rodrigues escutam atentamente o António Batista (ao centro) o nosso morto-vivo do Quirafo.
2. Comentário de CV:
Caro Delfim, estão publicadas as tuas fotos que estavam em falta, embora uma boa parte dos camarigos te conheça pois és uma das habituais presenças nos nossos Encontros.
Se a tua vida profissional te permitir, não esqueças que podes e deves colaborar com o Blogue, contando as tuas experiências como Enfermeiro, Especialidade tão importante quanto digna pelos serviços relevantes prestados aos camaradas vítimas da guerra e populações civis onde a tropa estava integrada.
Deixo-te um abraço e um até breve, já que nos vamos encontrar no próximo mês de Junho em Monte Real.
____________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2224: Tabanca Grande (38): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)
Vd. último poste da série de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)
Guiné 63/74 - P7968: O Nosso Livro de Visitas (108): Luiz Figueiredo, Fur Mil TSF, Pirada, Teixeira Pinto e Bissau, 1972/74
1. Mensagem de Luiz Figueiredo, com data de 18 do corrente:
Nota de L.G.:
Último poste da série > 16 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7953: O Nosso Livro de Visitas (107): Alguém desse tempo (1972 a 1974) se lembra do Cap Mil Joaquim Manuel Barata Mendes Correia?
Assunto: Camaradas da Guiné
Boa tarde. Os meus parabéns por saber que existe um blogue de tamanha categoria.
Chamo-me António Luiz Figueiredo e estive na Guiné Bissau no período 1972-74, como Fur Miliciano TSF, em Pirada, Teixeira Pinto e Bissau.
Neste blogue não vislumbro camaradas que possam, eventualmente, ter passado por essas regiões e, mais difícil se torna, uma vez que eu era de rendição individual.
Gostaria no entanto de participar neste blogue e tentar reencontrar velhos amigos. Apenas preciso de saber o que devo fazer para alcançar tal objetivo.
Na expetativa de notícias, as minhas saudações.
A. Luiz Figueiredo
2. Comentário de L.G.:
Meu caro camarada Figueiredo: Sê bem vindo à Tabanca Grande (como nós chamamos a este grupo de encontro, virtual, de antigos combatentes no T0 da Guiné). As nossas regras de convívio estão publicadas na coluna do lado esquerdo da página principal do blogue. Para ingressares no grupo, basta mandares duas 2 fotos digitalizadas, tuas (uma actual e outra do teu tempo de Guiné), e contar uma história desse tempo: por exemplo, a tua recepção como "pira", o teu "baptismo de fogo", a viagem até Pirada... Tempos alguns camaradas da tua arma (transmissões) e até da tua especialidade (TSF), e temos gente que passou pelos teus lugares de passagem, tanto Pirada como Teixeira Pinto, para não falar de Bissau (Clica nos links). Como camaradas de armas que fomos, tratamo-nos por tu. Quando ganhares o estatuto de amigo, serás tratado por cama...rigo.
___________Boa tarde. Os meus parabéns por saber que existe um blogue de tamanha categoria.
Chamo-me António Luiz Figueiredo e estive na Guiné Bissau no período 1972-74, como Fur Miliciano TSF, em Pirada, Teixeira Pinto e Bissau.
Neste blogue não vislumbro camaradas que possam, eventualmente, ter passado por essas regiões e, mais difícil se torna, uma vez que eu era de rendição individual.
Gostaria no entanto de participar neste blogue e tentar reencontrar velhos amigos. Apenas preciso de saber o que devo fazer para alcançar tal objetivo.
Na expetativa de notícias, as minhas saudações.
A. Luiz Figueiredo
2. Comentário de L.G.:
Meu caro camarada Figueiredo: Sê bem vindo à Tabanca Grande (como nós chamamos a este grupo de encontro, virtual, de antigos combatentes no T0 da Guiné). As nossas regras de convívio estão publicadas na coluna do lado esquerdo da página principal do blogue. Para ingressares no grupo, basta mandares duas 2 fotos digitalizadas, tuas (uma actual e outra do teu tempo de Guiné), e contar uma história desse tempo: por exemplo, a tua recepção como "pira", o teu "baptismo de fogo", a viagem até Pirada... Tempos alguns camaradas da tua arma (transmissões) e até da tua especialidade (TSF), e temos gente que passou pelos teus lugares de passagem, tanto Pirada como Teixeira Pinto, para não falar de Bissau (Clica nos links). Como camaradas de armas que fomos, tratamo-nos por tu. Quando ganhares o estatuto de amigo, serás tratado por cama...rigo.
Nota de L.G.:
Último poste da série > 16 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7953: O Nosso Livro de Visitas (107): Alguém desse tempo (1972 a 1974) se lembra do Cap Mil Joaquim Manuel Barata Mendes Correia?
sábado, 19 de março de 2011
Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)
1. Mensagem que recebemos do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves [, foto à direita], com data de 18 do corrente:
Meus caros camarigos:
Escrevi um texto que anexo. Nele não me meto, julgo eu, por considerandos políticos, mas apenas na forma como os combatentes continuam a ser tratados.
Tenho algumas dúvidas se tal texto deve ser publicado na Tabanca Grande, por isso, como sempre, deixo à vossa consideração essa tarefa, afirmando-vos desde já que a vossa decisão será por mim recebida de igual modo, quer seja pela publicação ou pela "cesta secção".
Ou seja, com a amizade que vos tenho.
Um abraço amigo do
Joaquim
2. Quis
o Senhor Presidente da República exortar os jovens de hoje a viverem a determinação
e o desprendimento dos jovens do nosso tempo, que fizeram a guerra do Ultramar [, Vd aqui o vídeo de 8' 52'', com o discurso presidencial proferido, em 15 do corrente por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do início da Guerra em África].
Como
não podia deixar de ser, logo vieram aqueles que, achando-se donos da verdade,
atacam tudo o que possa ser, no seu entender, alguma espécie de elogio ao
anterior regime que governou Portugal.
Tomando
a “nuvem por Juno”, decidiram que o PR estava a elogiar o regime, em vez de
perceberem que o referido Senhor estava a prestar uma homenagem à abnegação e
coragem daqueles que combateram na guerra do Ultramar em nome de Portugal.
(Curioso
até que o PR tenha referido os combatentes africanos que connosco combateram e
foram na maior parte vilmente abandonados à sua sorte.)
Estes
impolutos “pensadores”, (a maior parte criancinhas em 1974), vieram com uma
certeza inabalável, explicar aos “ignorantes” Portugueses as nossas motivações,
e até como foi a guerra, etc., etc., como se lá tivessem estado e o seu
conhecimento da coisa fosse o único correcto.
E
em vários lugares lá fomos apelidados daquilo que há muito não ouvíamos, com
termos como: colonialistas, assassinos, torturadores, bárbaros, fascistas e por
aí fora.
E
então a grande razão para que não pudesse haver elogio, nem homenagem, à nossa
geração, era porque não tínhamos sido voluntários, porque tínhamos sido
obrigados, que se pudéssemos tínhamos fugido, e por isso mesmo, não havia
determinação, nem desprendimento, nem coragem, nem lugar para homenagem.
Quer
isso então dizer que se os militares que forem para uma guerra, (uma guerra a
sério com aquela de que falamos), não forem voluntários, não são determinados,
não são desprendidos, não são corajosos, não são merecedores de homenagem.
Esquece-se
esta “malta” que assim fala, que esses jovens não tiveram a vida fácil, porque
nada era fácil naquele tempo em Portugal.
Mas
para a coisa se tornar mais complicada foi-lhes “dada” uma guerra que tiveram
de fazer, e ao regressar, (aqueles que regressaram, apesar de tudo uma
maioria), ainda tiveram que lutar sozinhos para se readaptarem à vida do seu
país, uns a trabalharem que nem uns “desalmados”, outros a fazê-lo nos bancos
das escolas superiores ou não, alguns, (muitos, quase todos), a lutarem
diariamente com os fantasmas que trouxeram e a eles vieram agarrados, com a
incompreensão de todos, às vezes até da própria família.
E
foram estes jovens por todos desprezados, quer no passado, quer no depois
presente próximo, que foram construindo o país em que agora estes
pseudo-intelectuais peroram, como se lhes tivesse custado alguma coisa a vida
que agora vivem.
Realmente
continuamos a ser “carne para canhão” mas, desculpem-me o “marialvismo”,
gostava que um desses me viesse dizer na cara aquilo que diz aos microfones, ou
escreve em jornais, ou blogues.
Talvez,
dos meus fracos quase 62 anos, ainda saísse algum desprendimento ou
determinação para lhe enfiar duas lambadas bem merecidas.
E
não me venham dizer que estou a branquear isto ou aquilo! Eu
não sou Omo nem Tide e por isso não lavo, nem branqueio, estou apenas, repito
apenas, a falar de combatentes e da forma como foram e são tratados.
Tenho
dito.
Joaquim
Mexia Alves
_____________
Nota de L.G.:
Último poste da série > 15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7945: (Ex)citações (133): Editor, precisa-se! (Albino Silva, ex-Sold Maq, CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70,... com saudades da linda vila de Camabeta, Angola)
Nota de L.G.:
Último poste da série > 15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7945: (Ex)citações (133): Editor, precisa-se! (Albino Silva, ex-Sold Maq, CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70,... com saudades da linda vila de Camabeta, Angola)
Guiné 63/74 - P7966: Convívios (301): 14º ENCONTRO-CONVÍVIO da CART 2715/BART 2917, no dia 28 de Maio, em Cacia (Benjamim Durães)
1. O nosso Camarada Benjamim Durães (ex-Fur Mil Op Esp/RANGER do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917 – Bambadinca -, 1970/72), enviou-nos, a pedido do Camarada Armando Silva Rocha, o seguinte convite para o convívio anual da CART 2715, que vai decorrer no próximo dia 28 de Maio de 2011:
14º ENCONTRO-CONVÍVIO da CART 2715/BART 2917
Caro amigo e companheiro de armas, Confirmamos o nosso convívio anual, a realizar no último sábado de Maio, com concentração no Rossio, centro da cidade de Aveiro, para aqueles que queiram fazer uma visita à Ria.
10h00 - Concentração no Largo do Rossio AVEIRO; Coordenado 40º 38’29 N «» 8º 39’19 O;
12h00 - Saída para o Restaurante “Quinta do Mateus” em Cacia;
13h00 – Almoço; Coordenadas 40º 40’ 25 N «» 8º 36’12 O.
12h00 - Saída para o Restaurante “Quinta do Mateus” em Cacia;
13h00 – Almoço; Coordenadas 40º 40’ 25 N «» 8º 36’12 O.
EMENTA
BUFFET DE ENTRADAS – Na Pala: Rissóis, Croquetes, Panadinhos, Calamares, Queijo, Fruta, Pastéis de Bacalhau, Caprichos do Alasca, Folhadinhos, Salpicão, Presunto, Broa D’alho, Joaquinzinhos Fritos.
BUFFET DE ENTRADAS – Na Pala: Rissóis, Croquetes, Panadinhos, Calamares, Queijo, Fruta, Pastéis de Bacalhau, Caprichos do Alasca, Folhadinhos, Salpicão, Presunto, Broa D’alho, Joaquinzinhos Fritos.
CHURRASCO – Morcela, Chouriça, Calabresa, Entrecosto, Lombo de Porco, Picanha, Abacaxi.
SOPA – Legumes.
PEIXE – Arroz de Tamboril c/ Gambas.
CARNE – Leitão à Bairrada c/ Espumante.
BEBIDAS – Vinho Herdade Penedo Gordo (Alentejo) Verde Arca Nova (Penafiel) Águas, Cerveja, Refrigerantes e Espumante.
SOBREMESA, BUFFET – Bolo de Bolacha, Fruta da época, Natas do Céu, Pudim, Leite-Creme, Aletria e Bolo Aniversário.
DIGESTIVOS – Brandy, Amêndoa, Whisky (novo) e Bagaceira.
RESERVA – Até 15/05/2011.
RESERVA – Até 15/05/2011.
Preço: Adultos 28,00€ - Crianças dos 6/12anos: 14,00€ .
CONTACTO – Armando Silva Rocha - Rua da República, 313 – 3800-533 Cacia, Tel. 234911597 Telem. 963568324.
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__________
Nota de M.R.:
Vd. o último poste desta série em:
15 de Março de 2011 >
Guiné 63/74 - P7947: Convívios (216): 10.º Encontro da Tabanca do Centro, dia 30 de Março de 2011 em Monte Real (Joaquim Mexia Alves)Guiné 63/74 - P7965: (Ex)citações (133): Regressados, cansados de guerra (Jorge Narciso)
Niassa, um dos navios que transportou no seu bojo milhares de militares para e de regresso da guerra colonial.
Navios Mercantes Portugueses , com a devida vénia.
Porto de Lisboa > NTT Niassa > Estação Marítima de Alcântara > 09/Abr/70 > Momento da tentativa de acostagem na Gare, com a emoção para visualização dos seus.
Foto e legenda: © Américo Estorninho (2010). Direitos reservados
CANSADOS DE GUERRA
Comentário do nosso camarada Jorge Narciso*, ex-1.º Cabo Especialista de MMA, Guiné, 1969/70, deixado no Poste 7962**:
Caros Luís, Humberto, Levezinho e restantes "regressados" desse dia 17 de Março.
Cansados da guerra.
Belo plágio evocativo de Jorge Amado e da sua Tereza Batista.
Acredito (não passei pela experiência pois regressei de avião) que independentemente da "area/classe" do barco em que cada um fez essa viagem:
- Comendo lombo, bifanas, carapaus, massa, feijão ou meras rações de combate.
- Jogando king, canasta, sueca, lerpa, bisca lambida ou montinho.
- Bebendo uisque velho, cognac, brandy ou bagaço baptizado.
- Gozando a brisa marítima, cuja temperatura se ia "normalizando" à medida que o barco "subia", mesmo que vomitando de enjoo.
Acredito, repito, que tal viagem soubesse a cada um como um grande cruzeiro, qual ponte para o outro lado da vida.
Cansados da guerra:
"Herois" e "cobardes" (com todo o subjectivismo inerente a tais designações) e os que não foram, nem pretenderam ser, nem uma coisa nem outra (seguramente a esmagadora maioria).
Cansados da guerra:
Independentemente do tempo nela passado e, em tantos casos, cansaço atingido logo nos primeiros dias ou, noutros ainda, antes mesmo de para ela partir.
Cansados da guerra:
Para a qual e na generalidade não foram devidamente preparados, sequer consciencializados do que os esperava.
Cansados da guerra:
De ver morrer, matar, estropiar e rebaixar a condição humana ao seu patamar mais subterrâneo e hediondo.
Antes que além da guerra, os camaradas fiquem cansados de mim, vou terminar, já agora com uma pequena efeméride:
No dia 17 de Março de 1971, perfaziam-se 15 dias que tinha começado a trabalhar, exactamente 3 meses depois do meu regresso da Guiné, período de "convalescença" pós-cansaço.
Abraço
Jorge Narciso
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 3 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5756: FAP (46): Recordando o inferno do HM 241, as heli-evacuações, o cubano Cap Peralta, os Alouettes III, celebrando a camaradagem e a amizade... (Jorge Narciso)
(**) Vd. poste de 18 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7962: Efemérides (62): 17 de Março de 1971, o regresso casa, no T/T Uíge, cansados da guerra: foi há 40 anos! (Tony Levezinho / Humberto Reis / Luís Graça)
Vd. último poste da série de 7 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5225: Comentários que merecem ser postes (10): Jorge Cabral, Essa Alma Peregrina Mor (Petrouska Ribeiro)
Navios Mercantes Portugueses , com a devida vénia.
Porto de Lisboa > NTT Niassa > Estação Marítima de Alcântara > 09/Abr/70 > Momento da tentativa de acostagem na Gare, com a emoção para visualização dos seus.
Foto e legenda: © Américo Estorninho (2010). Direitos reservados
CANSADOS DE GUERRA
Comentário do nosso camarada Jorge Narciso*, ex-1.º Cabo Especialista de MMA, Guiné, 1969/70, deixado no Poste 7962**:
Caros Luís, Humberto, Levezinho e restantes "regressados" desse dia 17 de Março.
Cansados da guerra.
Belo plágio evocativo de Jorge Amado e da sua Tereza Batista.
Acredito (não passei pela experiência pois regressei de avião) que independentemente da "area/classe" do barco em que cada um fez essa viagem:
- Comendo lombo, bifanas, carapaus, massa, feijão ou meras rações de combate.
- Jogando king, canasta, sueca, lerpa, bisca lambida ou montinho.
- Bebendo uisque velho, cognac, brandy ou bagaço baptizado.
- Gozando a brisa marítima, cuja temperatura se ia "normalizando" à medida que o barco "subia", mesmo que vomitando de enjoo.
Acredito, repito, que tal viagem soubesse a cada um como um grande cruzeiro, qual ponte para o outro lado da vida.
Cansados da guerra:
"Herois" e "cobardes" (com todo o subjectivismo inerente a tais designações) e os que não foram, nem pretenderam ser, nem uma coisa nem outra (seguramente a esmagadora maioria).
Cansados da guerra:
Independentemente do tempo nela passado e, em tantos casos, cansaço atingido logo nos primeiros dias ou, noutros ainda, antes mesmo de para ela partir.
Cansados da guerra:
Para a qual e na generalidade não foram devidamente preparados, sequer consciencializados do que os esperava.
Cansados da guerra:
De ver morrer, matar, estropiar e rebaixar a condição humana ao seu patamar mais subterrâneo e hediondo.
Antes que além da guerra, os camaradas fiquem cansados de mim, vou terminar, já agora com uma pequena efeméride:
No dia 17 de Março de 1971, perfaziam-se 15 dias que tinha começado a trabalhar, exactamente 3 meses depois do meu regresso da Guiné, período de "convalescença" pós-cansaço.
Abraço
Jorge Narciso
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 3 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5756: FAP (46): Recordando o inferno do HM 241, as heli-evacuações, o cubano Cap Peralta, os Alouettes III, celebrando a camaradagem e a amizade... (Jorge Narciso)
(**) Vd. poste de 18 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7962: Efemérides (62): 17 de Março de 1971, o regresso casa, no T/T Uíge, cansados da guerra: foi há 40 anos! (Tony Levezinho / Humberto Reis / Luís Graça)
Vd. último poste da série de 7 de Novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5225: Comentários que merecem ser postes (10): Jorge Cabral, Essa Alma Peregrina Mor (Petrouska Ribeiro)
Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)
1. Continuação do trabalho em verso de Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70) dedicado à Vila de Camabatela - Angola*.
Aromas de Camabatela
Quando Cheguei a Luanda (2)
Camabatela que linda
desde que a vi então
com orgulho eu lá dizia
que meu Pai tinha razão.
A Vila não era grande
era até bem pequenina
bem arranjada e cheirosa
Camabatela a menina.
Naquele pequeno morro
Camabatela lá estava
recebendo todos aqueles
de quem da Vila gostava.
Eu te vi Camabatela
comecei a te amar
e foi em ti linda Vila
para onde fui trabalhar.
Adorava tuas ruas
os bancos de teu jardim
eu vi que eras feliz
fazias-me feliz a mim.
Há pouco tempo na Vila
mas de ti ia gostando
em cada dia passado
sabia que te estava amando.
Eu fui ganhando amigos
que me quiseram ajudar
passavam tempo comigo
para a Vila me amostrar.
Percorri ruas e quelhas
picadas para te ver
e como eu ainda era novo
e só te queria conhecer.
Oh linda Vila calminha
viver ali era bom
pessoas bem educadas
gente de bom coração.
Todos se conheciam
e ninguém era inimigo
o nativo da sanzala
em Camabatela era amigo.
Quem vinha de Samba - Caju
do lado que na Vila entrei
via Camabatela tão gira
e por ela me encantei.
Tudo na Vila era bom
eu me ia adaptando
e com o tempo a passar
eu cada vez mais gostando.
Fazia caminhadas a pé
ia ao campo de aviação
descia e subia a estrada
de Camabatela à missão.
Na Missão tinha Igreja
decorada de bom gosto
a Casa dos Capuchinhos
e um Campo de Desporto.
Com pouco tempo passado
sabia que de ti gostava
e Camabatela para mim
era a Vila que eu amava.
As casas comerciais
em algumas eu entrar
eram iguais como a minha
onde eu estava a trabalhar.
Tudo na Vila era bom
eu me ia adaptando
e com o tempo a passar
eu cada vez mais gostando.
Fazia caminhadas a pé
ia ao campo de aviação
descia e subia a estrada
de Camabatela à Missão.
Camabatela de sonho
tudo era lindo o que via
e cada dia passado
por ela amor eu sentia.
Adorava ir ao Correio
à Central e Serração
gostava de ir à Padaria
quando lá comprava o pão.
Quantas vezes eu lá fui
ficava sempre contente
pois era bem recebido
por aquela boa gente.
Eram pessoas gentis
eu gostava delas assim
adorava os Ambaquistas
porque gostavam de mim.
CAMABATELA 50 ANOS
Extracto do livro que ando a escrever ”Aromas de Camabatela”
Albino Silva
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Nota de CV:
(*) Vd. poste de 18 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7961: Blogpoesia (115): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (1) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7963: Blogpoesia (116): Neste dia 19 de Março, homenagem a meu Pai e a todos os Pais (Felismina Costa)
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