terça-feira, 17 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8285: Tabanca Grande (284): Manuel José Moreira de Castro, Soldado da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835 (Guiné, 1968/69)

1. Mensagem, com data de 13 de Maio de 2011, da nossa amiga Arminda Castro, filha do nosso camarada Manuel José Moreira de Castro, Soldado da CCAÇ 2315/BCAÇ 2835 que esteve em Bula, Binar, Mansoa, Bissorã e Mansabá nos anos de 1968/69:

Boa tarde,
Sou filha do ex-combatente da Guiné, Manuel José Moreira de Castro.
Meu pai relata muitas vezes acontecimentos vividos na Guiné aos quais nunca fiquei indiferente pois sei que foi a realidade desse tempo. Hoje em dia, a minha geração (79) poderá ter uma pequena noção do que se passou, apenas por relatos dos nossos pais ou através de informação na internete pois começa haver alguma "procura" de perceber o que realmente foi a guerra de ultramar.

Sinto que quando o meu pai fala desse tempo parece ficar um pouco mais "aliviado", chamamos nós um aliviar de memórias pois perder camaradas como foi o caso, mesmo ao lado dele, não é fácil para ninguém!

No Verão passado ele falou-me de uns camaradas do qual perdeu o rasto e que gostaria de encontrar. Comecei a pesquisar na net e encontrei um site: http://ultramar.terraweb.biz/index.htm onde coloquei um anúncio dos camaradas que meu pai gostaria de reencontrar. Passo a referir pois até agora ainda não tivemos noticias de António Dias de Almeida, de Moimenta da Beira, e José Figueiredo Oliva, ambos da Companhia de Caçadores 2315, e também Evaristo Pinto, de Vila Nova de Gaia, da Companhia de Caçadores 2316.

Foi através deste site que descobri o vosso endereço e tenho vindo acompanhar diariamente o vosso blogue, pelo qual vos felicito por esta oportunidade de divulgaçao dos camaradas.
Falei com o meu pai se gostaria de entrar para a Tabanca Grande (pois estas novas tecnologias não são muito com ele), e que para isso teria de "relatar" um acontecimento e enviar algumas fotos desse tempo e também atuais.
Ele contou um, dos muitos acontecimentos vividos e também deu-me algumas fotos desse tempo para enviar para o sr. Luis Graça, mas ainda falta a foto dele atual, prometo que em breve lhe envio.

Em anexo envio então o respectivo acontecimento e as fotos.

Respeitosos cumprimentos,
Arminda Castro

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2. Um bem-haja a todos os camaradas deste blogue e também a todos os que seguem estas recordações através deste meio de comunicação.

- Assentámos praça no GACA 3, em Espinho, depois seguimos para o RI 15, em Tomar, onde fomos mobilizados para servir no Comando Territorial Independente da Guiné, em 1967, integrados no 4.º Pelotão da Companhia de Caçadores 2315 do Batalhão de Caçadores 2835.

- A 17 Janeiro de 1968 chegamos à Guiné. Fizemos várias Operações em Bula, Binar, Mansoa, Bissorã, Mansabá.

Vou contar um acontecimento que ocorreu em 30 de Setembro de 1968.
Quando íamos para Cutia para manter segurança no destacamento, fomos atacados por um grupo IN numa emboscada montada das duas partes. Nessa altura sofremos uma baixa, o camarada Daniel Ferreira da Costa e vários feridos entre os quais o alferes Monteiro, o Gravoa (que já faz parte da Tabanca Grande) e outros mais camaradas.

Regressámos a Cutia, onde mantivemos a segurança ao destacamento.
Ao longo do tempo, um camarada nosso padeiro da Companhia, por motivo de doença teve que baixar ao hospital e nessa altura o Comandante do Pelotão perguntou se havia alguém que soubesse fazer pão. Não hesitei e respondi que sabia (por acaso já tinha uma pequena experiência) e assim fui para padeiro juntamente com o meu camarada António Neto. Durante um mês lá fui fazendo o pão, pequenos, grandes mas bem cozidos! Entretanto regressamos a Mansoa.

Mais acontecimentos se passaram bons e maus, mas todos nós sabemos que foram alturas muito difíceis.



Navio "Quanza" onde seguiu a CCaç 2315 para a Guiné

Foi no navio "Uíge" que a CCaç 2315 regressou a Portugal

Um cartão de Boas Festas

Armamento apreendido ao inimigo

Manuel Castro, com uma bazuca

Manuel Castro, com uma metralhadora Dryse

Manuel Castro e o seu camarada Gomes

Abrigo subterrâneo em Buruntuma

[Fotos e texto de Manuel Moreira de Castro]


3. Comentário de CV:

Cara amiga Arminda
Muito obrigado por ajudar o seu pai a entrar em contacto connosco. Temos muito prazer em que ele faça parte da nossa Tabanca, e que por seu intermédio nos conte as suas memórias de um tempo muito complicado.
Contamos consigo como elo de ligação entre o seu pai e nós.

Para si um abraço destes velhotes que a consideram como filha.

Caro camarada Manuel
Repito o que disse à tua filha, muito obrigado por te juntares a nós. Continua a mandar as tuas fotos e as tuas memórias que ficarão aqui publicadas.

Conheci muito bem Mansabá onde estive 22 meses. A Mansoa íamos duas vezes por semana buscar o nosso precioso correio e era local de passagem quando íamos a Bissau. A Bissorã só fui uma vez.

Na verdade aquela estrada Mansoa/Cutia/Mansabá deixou más recordações a muitas Companhias, porque ali foram ceifadas muitas vítimas em emboscadas às colunas auto, principalmente. A minha Companhia perdeu em Mamboncó dois militares.

Já pedi à tua filha para ser o teu apoio já que na informática estarás menos à vontade.

Procurei na página do nosso camarada Jorge Santos em: http://guerracolonial.home.sapo.pt/ e encontrei lá três pedidos de contactos do teu Batalhão que podes explorar como início de busca dos teus camaradas. Toma nota:

- Sérgio Monteiro da CCS - Telem 926 707 779

- Santos da CCAÇ 2316 - 962 554 192

- Joaquim Soares da CCAÇ 2317 - 225 361 952 e 222 000 200

Caro Manuel, deixo-te um abraço de boas vindas em nome da tertúlia.
Carlos Vinhal

OBS:- Só para efeito de registo, confirma se o teu posto foi Soldado.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8281: Tabanca Grande (283): NI (Maria Dulcineia Rocha), esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira, que com o filhote de ambos se pôs a caminho de Bissorã onde fez companhia ao marido nos anos de 1973 e 1974

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8284: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (2): Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios




1. Segunda parte da publicação da História (resumida) da CCAÇ 2403/BCAÇ 2851, Nova Lamego, Piche, Fá Mandinga, Olossato e Mansabá, 1968/70), envida pelo seu Comandante, ex-Cap Mil Hilário Peixeiro*, actualmente Coronel na situação de Reforma.





História (resumida) da CCaç 2403 – Guiné 1968/70 (2)

Actividade da CCAÇ 2403 e participação na Operação Mabecos Bravios

Na sua missão de intervenção a Companhia foi ocupar o quartel de Canjadude para libertar as Companhias locais para uma Operação na respectiva zona de acção. Imediatamente a seguir ao regresso marchou para Piche para, juntamente com a CCav local, efectuar uma Operação junto ao rio Corubal, que ali fazia a fronteira com a República da Guiné, onde dias antes 2 GComb dessa Companhia tinham sido fortemente atacados e forçados a retroceder para o quartel.

A CCav participava com 3 GComb e a CCaç 2403 com os seus 4. Em termos de Oficiais deviam estar presentes 4 da CCav e 5 da CCaç: 2 Capitães e 7 Alferes. Ia ser, quase de certeza, o baptismo de fogo da CCaç. A CCav não tinha o Capitão por problemas de saúde e só levava 2 Alferes, o Tiago Mouzinho e o Ramos; a CCaç tinha o Capitão e o Alferes Tavares porque ainda não tinha recebido os substitutos dos que faltaram ao embarque e o Alferes Brandão manifestou-se psicologicamente incapaz de comandar o seu GComb.

Ao atingir o local, onde dias antes tinha sido o contacto com o IN, a CCav sofreu uma emboscada que lhe provocou 1 morto no primeiro tiro disparado com RPG. Imediatamente a seguir entraram em acção os morteiros 82, cujas saídas das granadas eram perfeitamente audíveis. A CCaç 2403, que pela primeira e última vez se fez acompanhar de um morteiro 81, abriu fogo sobre a posição bem referenciada dos do IN, o que, segundo informação do Aferes Mouzinho, acabou com o ataque dos morteiros IN. No entanto o combate com armas ligeiras ainda se manteve por bastante tempo. Apesar da utilidade do morteiro 81 nesta acção, revelou-se impraticável sobrecarregar o pessoal com esta arma quando já estava bem carregado com a sua arma, mais munições, água, ração de combate e as granadas para as bazucas e morteiro 60. Foi o maior contacto da Companhia com o IN.

O Comando-Chefe resolveu repetir novamente a Operação no mesmo local, uma semana depois, com a CCaç 2403, a CCaç 2401, a CCaç de Cabuca e a CCav (esta em protecção do Pel Artª de Piche instalado a distância apropriada para apoiar a Operação. Para comandante da Operação ( “Relâmpago”) foi nomeado o Major Fabião, de todos conhecido, que se deslocou junto da 2403.

A CCaç 2401 foi atacada por armas pesadas localizadas na República da Guiné sofrendo 2 mortos. A aviação (T6) atacou a zona de actuação do IN e a Artilharia disparou dezenas de granadas de apoio às Companhias e sobre as posições do IN no outro lado da fronteira, causando, segundo informações posteriores da população, grande numero de baixas quer de guerrilheiros quer de civis da Guiné Conacry. A Companhia participou com os mesmos 2 oficiais, pelos mesmos motivos.

O Cmdt da Companhia com três Alferes, da direita para a esquerda: Amaral e Caria (acabados de chegar) e Tavares

Após regresso a Nova Lamego apresentaram-se os 2 Alferes em falta, o Amaral e o Caria, o primeiro muito alto e o segundo baixote. Mais tarde, o Fur Mil Enfº Viriato, requisitado para o Hospital Militar de Bissau, foi substituído pelo Fur Mil Enfº Diamantino, natural da Guiné.

O Capitão recebeu ordem para se deslocar para Piche para coordenar a actividade operacional da CCav, mantendo-se a 2403 em Nova Lamego. Nessa situação, apesar de ter sido promovido apenas 4 meses antes e estar na sua primeira comissão, ficou com cerca de 600 homens sob o seu comando: as 2 Companhias, 1 Pel  Art, 1 Pel Rec Fox, 1 Sec de Mort Med, 1 Sec Can S/R e dois Pelotões de Milicias.

Como estava em Piche e a Companhia estava em Nova Lamego, tinha que se deslocar 2/3 vezes por semana entre as duas localidades. Num dos regressos a Piche a coluna, composta por uma dúzia de viaturas, escoltada pelo Pel Fox (1 Auto Met Daimler (Fur Mil Caldas), 1 GMC com 1 Sec de Atir e 1 Auto Metr Fox) comandado pelo Alf Mil Gordo, sofreu a primeira emboscada montada naquele itinerário. A Fox que seguia na frente, foi incendiada por uma granada de RPG7 morrendo os dois elementos da guarnição que iam no seu interior. O Alf Mil Gordo que ia na torre, no exterior, caiu no capim que lhe deu cobertura para não ser encontrado pelos guerrilheiros.

Dias depois o Cap. e alguns Furriéis entraram de licença e quando regressaram, nas vésperas de Natal, já a CCav de Piche tinha sido rendida por um BArt, recém-chegado. O Natal foi passado em Nova Lamego com toda a Companhia reunida. No dia 25 um grupo de “homens grandes” das tabancas vizinhas, foi desejar um bom Natal à Companhia, tocando o Hino Nacional com os seus instrumentos, em que se destacava a Cora.


Natal de 1968 em Nova Lamego (Gabú)

Durante o mês de Janeiro tiveram lugar os preparativos e reconhecimentos na zona do Boé, com vista à Operação de evacuação de Madina do Boé, denominada “Mabecos Bravios”. Para além da CCaç 1790, local, comandada pelo Cap Aparício participaram na operação outras 6 Companhias. A 2 de Fevereiro a CCaç 2403, com 3 GComb (o do Alf Mil Brandão não participou por decisão do Cmdt do Batalhão de Nova Lamego a quem pediu para não interromper os trabalhos de reordenamento em que estava empenhado), deslocou-se para Canjadude e depois para o Cheche onde chegou já no final do dia, transportada nas viaturas destinadas ao transporte, no regresso, dos materiais da CCaç 1790 e da população de Madina. Desta vez todos os GComb eram comandados pelos respectivos Alferes.


Em Canjadude onde as tropas se reuniram para o início, propriamente dito, da Operação. À esquerda os pilotos da FAP Cap. Nico (filmando) e o Sarg. Honório e o Cmdt da Operação Cor Felgas.

Juntamente com a CCaç 2405, do Cap Jerónimo, atravessou o Corubal numa das jangadas, recém-construídas para o efeito, indo cada uma ocupar as colinas que flanqueavam a estrada para Madina, á esquerda e á direita. Quando as Companhias se separaram, já noite fechada, o IN lançou 2 granadas de morteiro sobre a estrada, sem consequências o que, 15/20 minutos antes, poderia ter tido resultados bem diferentes. Na manhã seguinte as Companhias seguiram, apeadas, rumo a Madina, sempre sobrevoadas por 1 T6 ou 1 DO até ao final do dia.


Com o Sarg. Honório (cabo-verdiano) sempre presente

A meio da manhã houve um reabastecimento de água, planeado e, mais à frente, não planeado, um fortíssimo ataque de abelhas à CCaç 2405 que deu origem à evacuação de alguns homens no heli do Comandante da Operação, Cor Felgas, que aterrara entretanto.

A evacuação com protecção do Heli-canhão

Este contratempo provocou grande atraso na coluna e a certa altura o efeito do calor e das abelhas fez-se sentir mais acentuadamente sobre a CCaç 2405, tendo a CCaç 2403, que ia na retaguarda, passado para a frente com o intuito de pedir a Madina reabastecimento de água para o pessoal mais atrasado que estivesse em dificuldades. Quando, cerca de 10 minutos depois, um GComb se preparava para sair do quartel, chegou a outra Companhia.

Reparação de GMC (rebocada) e sem paragem da coluna



Viaturas destruídas por minas ou em emboscadas, encontradas durante o deslocamento

Enquanto o pessoal foi instalado os Capitães receberam do Comandante a missão para o dia seguinte que consistia na ocupação dos morros que se estendiam a sul de Madina entre esta e a República da Guiné.

Quando se fez dia o pessoal ficou surpreendido com o cabeço a que Madina estava encostada e os que a rodeavam. Eram autênticas “montanhas” na Guiné, onde tudo era plano. As Companhias ocuparam as elevações que lhes foram indicadas e aí permaneceram nesse dia enquanto as viaturas chegaram e no dia seguinte enquanto se procedeu ao seu carregamento com os materiais da guarnição e da população civil que ia ser deslocada para Nova Lamego. No dia 6, logo que se fez dia, deslocaram-se para a coluna que já se encontrava em movimento a caminho do Cheche, assumindo a segurança dos flancos e retaguarda. Antes de atingir o rio Corubal a coluna ainda foi alvo de mais um feroz ataque de abelhas que só provocou, como vítimas, a morte de dois cães da população.

As viaturas e pessoal foram atravessando o rio até só restarem as 2 Companhias e parte da CCaç 1790 de Madina. Comandava a Operação de carregamento da jangada o Cap. Aparício. Na penúltima travessia foram transportadas a CCaç 2403 e parte da CCaç 2405, tendo a primeira recebido imediatamente ordem do Cor Felgas para montar a segurança do flanco esquerdo da coluna que partiria, logo que pronta, rumo a Canjadude.



Imagens das jangadas com a CCaç 2403 a embarcar para a última travessia antes da tragédia

Para a última travessia, seria embarcado o pessoal que restava das CCaç 2405 e CCaç 1790, muito menos de 100 homens. Enquanto se aguardava a chegada do pessoal que faltava para a coluna se pôr em marcha foram disparadas 1 ou 2 granadas das armas pesadas do Destacamento do Cheche. Pouco depois surgiu um soldado a correr em direcção ao rio, a chorar, dizendo que a jangada se havia virado e que muita gente tinha caído à água no meio do rio. Através do rádio do Capitão foi ouvido o Cor Felgas em comunicação com o General Spínola, que não esteve no local, dizendo que havia muitos homens desaparecidos no rio. Com grande atraso em relação à hora prevista, a coluna iniciou o deslocamento para Canjadude onde pernoitou.

No dia seguinte chegou a Nova Lamego, onde o Comandante-Chefe falou às tropas participantes na Operação.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8273: História da CCAÇ 2403 (Hilário Peixeiro) (1): Deslocação para a Guiné e chegada a Nova Lamego

Guiné 63/74 - P8283: (In)citações (30): Humberto, é hora de sofreres, uma vez mais, mas é hora também de olhares em frente e pensares que a tua Teresa há-de gostar, no além, se existe, que não esmoreças (Paulo Salgado)

1. Mensagem Paulo Salgado, nosso camarada e amigo, a trabalhar e a viver neste momento em Angola, com a sua São, e também ele um homem Op Esp, tal como o Humberto, tendo sido Alf Mil na  CCAV 2721,Olossato e Nhacra, 1970/72) [, foto à direita,]... Fez questão de me pedir expressamente que eu a fizesse chegar ao Humberto, do dia do funeral da Teresa (*):


Enviada: segunda-feira, 16 de Maio de 2011 07:46
Assunto: Vida-morte

Estimados Camaradas deste Blogue

Quantas mulheres choraram, quantas, na espera silenciosa do regresso dos seus queridos, oraram pelo regresso dos seus "heróis"…Não conheci – pena a minha! – esta Mulher, a Teresa. Mas sei imaginar o quanto representará para o Humberto! Muitos de nós sabem reconhecer o quanto representaram essas queridas mulheres, para os que já haviam casado, para os que namoravam, mesmo para aqueles que apenas tinham uma "madrinha de guerra" ou uma simples correspondente – elas ajudaram, tanto, a sonhar com o regresso. Eu sei o que isso representa.

Para ti, Humberto, um abraço de camaradagem e de carinho. É hora de sofreres, uma vez mais, mas é hora também de olhares em frente e pensares que a tua Teresa há-de gostar, no além, se existe, que não esmoreças.

Paulo Salgado
 (**)





Lisboa > Casa do Alentejo > 26 de Maio de 2007 > Encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71 > O madeirense José Luís Vieira de Sousa, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, com a esposa e com a saudosa Teresa, esposa do Humberto Reis (dessa vez ausente na Suécia, em viagem de negócios; de facto, o Humberto Reis falhou nesse ano, pela primeira vez, o encontro do pessoal de Bambadinca 1968/71, que já se vinha realizando desde 1994; mas todos/as os/as participantes logo concordaram que ele esteve impecavelmente bem representado pela esposa, Teresa,  que, além de grande senhora, era uma santa (todos/as concordando que, em Portugal ou na diáspora, não era/não é fácil ser companheira... de um camarada da Guiné). 


Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados.


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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 


15 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8279: In Memoriam (78): Teresa Reis (1947-2011), companheira de uma vida do nosso querido Humberto Reis: vamos dizer-lhe adeus, 2ª feira, 16, às 13h30 (na casa mortuária da Igreja Paroquial da Buraca) e às 14h30 no cemitério municipal da Amadora

Guiné 63/74 - P8282: Em Busca de ... (162): Dois camaradas do 15º Pel Art (Guileje e Gadamael, 1972/74): Alf Mil Fortes, e 1º Cabo Neto, naturais de Lisboa e Santo Tirso, respectivamente (Luís Paiva)

1.Mensagem, de 13 do corrente, enviada pelo nosso camarada Luis Paiva (ex-Fur Mil Art, 15.º Pel Art, Guileje e Gadamael, 1972/73):


Caro Luís Graça:


Muito grato ficaria se alguém pudesse prestar colaboração no sentido de descobrir o paradeiro de dois ex-elementos do 15º Pelart (Pelotão de Artilharia), afecto aos Gringos e/ou Piratas de Guileje (estes foram depois para Gadamael), companhias que ali estiveram estacionadas entre 1972 e 1974.


Os elementos que procuro são um ex-alferes, de nome Fortes, salvo erro,  e um cabo de nome Neto. Não tenho a certeza do nome de ambos e parece que o ex-alferes era de Lisboa e o ex-cabo de Santo Tirso.


A Companhia dos Piratas de Guileje [, a CCAV 8350,] tem uma homenagem marcada, para o próximo 4 de Junho, ao furriel Faustino, falecido em combate em Gadamael em 1973, seguida de almoço,  e eu gostaria de poder contactar os elementos acima referidos (a quem perdi o rasto há 38 anos) para os convidar para essa homenagem e almoço. A referida homenagem e almoço terão lugar em Amiais de Baixo, Santarém.



Toda a colaboração com vista a conseguirem-se informações dos ex-camaradas referidos, agradece-se.


Saudações cordiais.
Luís Paiva [, foto actual, à esquerda]


PS - Como não vou com frequência ao blogue, agradeço que as eventuais informações me sejam prestadas para o meu mail:  nop45376@sapo.pt.


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Nota do editor:


Último poste da série > 11 de Maio de 2011  >Guiné 63/74 - P8260: Em busca de... (160): Procuro Camaradas do BART 6522/72 - S. Domingos -, 1973/74 (Cláudia Colaço/José Marcelino Martins)

Guiné 63/74 - P8281: Tabanca Grande (283): Maria Dulcinea Rocha (NI), esposa do nosso camarada Henrique Cerqueira, que com o filhote de ambos se pôs a caminho de Bissorã onde fez companhia ao marido nos anos de 1973 e 1974

1. Recordemos parte do poste P3779* onde o nosso camarada Henrique Cerqueira (ex-Fur Mil do 4.º GCOMB/3.ª CCAÇ/BCAÇ 4610/72, Biambe e Bissorã, 1972/74) conta o modo como sua esposa, corajosamente, acompanhada do pequeno filho de ambos, meteu pés ao caminho e foi para Bissorã viver a guerra com o seu marido.


Ni, Mansoa, 1973/74

Aproveitando o desafio do nosso camarada Carlos Vinhal, vou então fazer aqui a descrição possível de como foi a vida da minha mulher (com e) na Guerra. Para além disso aproveito assim para lhe fazer uma merecida homenagem, porque foi necessário que ela tivesse muita coragem, abnegação, amor e também uma boa dose de aventureirismo, para tomar a atitude que tomou, ao se juntar a mim na Guiné, em pleno período de guerra e até na altura em que tudo começava a parecer caminhar para o abismo.

Quando informei o meu Comando da minha pretensão de chamar para junto de mim a minha mulher e meu filho Miguel de dois anos, fui desaconselhado.
Eu era um pouco rebelde e em todo aquele cenário de guerra a coisa que mais me custava era o afastamento da família, já que todas as outras dificuldades, bem conhecidas de todos nós, eram como de costume superadas, ora com umas pielas, ora com umas chatices com os superiores hieráticos, etc.
Para a falta da mulher e filho é que não havia nada que apaziguasse.

Ultrapassadas as desmotivações, há que passar à acção para concretizar o nosso desejo (meu e da minha mulher). Após as combinações telefónicas e escritas, marca-se a data para o encontro que virá a acontecer em finais de Setembro de 1973.

A família de Henrique Cerqueira, durante a "Operação ao Biambe"

Há aqui que acrescentar, que esta decisão envolve um camarada e amigo meu que foi o Alferes Santos que estava também na CCAÇ 13 em Bissorã, e que já tinha estado comigo no Biambe, porque ambos pertencíamos ao BCAÇ 4610/72. De certo modo tínhamos em comum a maluqueira instalada nos nossos cérebros e pelos vistos ele foi mais maluco que eu, porque veio de férias à Metrópole, de propósito, para casar e como Núpcias ofereceu à sua novíssima esposa uma bela estadia em Bissorã, recheada de aventuras, tais como paludismo, mosquitos, osgas e até Guerra ao Vivo, mais à frente eu explico.

O "operacional" Nuno Miguel no intervalo da "Operação ao Biambe"

Mas voltando à minha Mulher de Guerra. Antes de historiar, vou começar por apresentá-la, pois que se publicares esta história, acho justo que conste o seu nome assim como o de meu filho. É que queira ou não, a minha MULHER DE GUERRA para além de todo o apoio sentimental que me proporcionou, fez história comigo porque passou por ter de enfrentar penosas viagens, instalações precárias, alimentação deficiente, mosquitos e dois ataques directos à nossa povoação, um dos quais com mísseis.
Ficou no entanto altamente enriquecida com o contacto que teve com as populações da Guiné e suas etnias, como libaneses e caboverdianos. Formámos uma amizade razoável com uma família libanesa e com o casal Administrador de Bissorã que eram de Cabo Verde.

NI e Nuno Miguel confraternizam com tropas do Biambe

O que mais me marcou tem a ver com os factos por mim já narrados no nosso Blogue, quando nos foi pedido que contássemos uma História de Natal e nessa eu tive o apoio incondicional da minha Mulher de Guerra. Quando tomei a decisão já narrada eu esperava que fosse enviado (recambiado) para a fronteira de castigo pelo atrevimento que tive de enfrentar o poder instalado, mas vá lá que os rapazes não foram mauzinhos e perdoaram cá o menino que nunca teve o espírito militar de que o meu respeitável Comandante me acusou, em direito de resposta, ao dito artigo de Natal.

A minha mulher manteve-se junto de mim, e mais uma vez faz história, ao sofrer um ataque no dia 31 de Dezembro de 1973 enquanto eu estava de prevenção, já que tínhamos ameaça de porrada o que veio a acontecer e ela cumpriu integralmente com as instruções por mim administradas. Enfiou-se no abrigo com o nosso filho mais o casal Santos e Zinha, enquanto eu andava como uma barata tonta a tentar organizar uma saída com o meu Grupo de Combate. Não esquecer da história de Natal, é que nesta altura cá o rapaz estava mal visto, só que continuava sendo um dos graduados daquele grupo que por acaso até estava de prevenção para um possível ataque. Enfim coisas que vida arranja, não é?

Mas íamos na barata tonta, ou seja baratas tontas, pois que passado o susto inicial era ver heróis a correr até ao arame, até Panhares foram ao arame. No entanto o meu Grupo saiu para o mato se bem que reforçado por mais pessoal da CCAÇ 13. Isto foi só um parêntesis, não resisti a uma provocaçãozinha, é que ainda dói.

A Ni na ponte da outra banda em Bissorã

A minha MULHER DE GUERRA ainda viveu mais umas histórias giras, tais como mais um ataque de mísseis e uma guerrita entre mim e o Comandante de Batalhão, por causa de um Furriel Guinéu que tinha o mau gosto de ser racista, isto já depois do 25 de Abril. A verdade é que ela também viveu lá essa data histórica e até teve o previlégio de, no dia em que eu tive o primeiro encontro com o PAIGC, durante uma picagem para o Olossato, em dia de reabastecimento, assistir a este encontro. Mais uma vez era cá o rapaz o protagonista e único graduado no primeiro contacto, após Abril e fim da guerra, teria mesmo de ser o menino mal visto. Está sempre em todas, olha se tivesse espírito militar!!!!)

A minha mulher foi depois comigo até ao ponto de encontro para confraternizar com o pessoal do PAIGC nesse memorável dia. Semanas mais tarde foi comigo passar um Domingo ao Biambe com os meus antigos Camaradas, mas isso dará outra história.

Bom, isto está mesmo a ficar longo e ainda não apresentei a minha MULHER DE GUERRA por tanto lá vai:

Nome de Guerra - NI
Nome próprio - MARIA DULCINEA ROCHA
Filho - MIGUEL NUNO, que tinha dois anos na altura

Embarcaram na TAP em finais de Setembro de 1973 até Bissau, de seguida seguiram comigo no interior de uma ambulância do Exército até Bissorã. Regressaram à Metrópole em 29 de Junho de 1974 tendo eu regressado em finais de Julho de 1974.

Carlos Vinhal tiveste um pouco de culpa por lançares este desafio, é que vieste lembrar algo que recordo com muito agrado e até dá vontade de escrever tintim por tintim, daí tanta escrita.

Envio algumas fotos da minha MULHER DE GUERRA em acção no Teatro de Guerra em Bissorã, Guiné, ano de 1973/1974.

Um abraço Carlos e restantes Tertulianos
Henrique Cerqueira


2. Comentário de CV:

É com grande alegria que hoje fazemos justiça ao integrarmos como nossa tertuliana uma mulher que deixou o conforto de sua casa, e acompanhada pelo seu rebento de 2 anos, se meteu a caminho da desconhecida Bissorã, algures no interior da Guiné, em guerra, para se juntar ao marido.
Estamos a falar da NI, a partir de hoje com direito a figurar na listagem do lado esquerdo da nossa página, entre os ex-combatentes e amigos do Blogue, onde se encontra a nossa amiga Regina que também visitou e viveu com o seu marido, Fernando Gouveia, em Bafatá.

Não podemos deixar de salientar o modo como o Henrique trata a sua esposa, a minha mulher de guerra.

Sendo assim, cara NI, bem-vinda à nossa caserna virtual e ao nosso Blogue que está disponível para receber a narrativa das suas aventuras passadas em Bissorã e Biambe, ali bem pertinho do Morés, famosa estância de férias da Guiné dos anos 60 e 70. Também andei por lá, sei do falo.

Cara amiga NI, a tertúlia recebe-a com um abraço.

Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 23 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3779: As nossas mulheres (7): Ni, uma combatente em Bissorã (1973/74) (Henrique Cerqueira)

Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8275: Tabanca Grande (282): Joaquim Rodero, ex-Fur Mil TRMS (STM/QG, 1970/72)

Guiné 63/74 - P8280: Parabéns a você (259): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351, Guiné, 1972/74 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

16 DE MAIO DE 2011



1. Postal de aniversário de Miguel Pessoa


2. Mensagem e composição gráfica de Juvenal Amado:

O Vasco da Gama é um camarada que conheci nas minhas funções profissionais antes de pertencer à Tabanca Grande. Nessa altura nasceu uma amizade e solidariedade entre nós, que teve o seu prolongamento depois de termos aderido a este blogue de memória mais ao menos comum.

Assim não quero deixar passar o dia do seu aniversário, sem que com uma brincadeira lhe dar um abraço de parabéns e fazer votos para que este dia, se repita por muitos anos na companhia do seus familiares, em que destaco a amabilíssima esposa.

Juvenal

Composição gráfica de Juvenal Amado


3. Mensagem do nosso camarada José Martins:

Isto acontece aos melhores, incluindo o nosso "Capitão-Almirante" Vasco da Gama: festejar mais um aniversário.

Qual a mensagem que se pode enviar a tal personagem que, muito antes de tudo é um "AMIGO"?

Enviar-lhe um abraço, daqueles que só os amigos sabem dar, desejar-lhe um dia óptimo, com a família e os amigos próximos (na amizade e geograficamente) e votos de que o seu grande desejo, destes tempos, seja realizado: voltar à nossa Guiné.

Um grande abraço do
José Martins


4. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa:




5. Mensagem do nosso camarada José Belo, bem lá no norte da Europa:

Não sei se ainda irá a tempo. Mas se considerarem ter sido enviada de trenó...


Foto do nosso aniversariante D'A GAMA na marginal de Buarcos (é de facto a marginal de Buarcos!) a caminho da... praia, em boa companhia.

Um abraço do
José Belo



6. Mensagem dos editores:

E chegada a vez dos editores, aqui fica o nosso abraço com toda a amizade e admiração para o camarada Vasco da Gama, homem solidário e de acção.

São votos da tertúlia que o nosso "almirante" caminhe pela pela vida durante muitos anos, com passos firmes, plenos de saúde, sempre acompanhado de muito perto por sua esposa, demais familiares e amigos mais próximos.
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Notas de CV:

Vasco da Gama foi Cap Mil e Comandante da CCAV 8351 (Os Tigres de Cumbijã), que esteve em Cumbijã nos anos de 1972 a 1974

Vd. último poste da série de 10 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8250: Parabéns a você (258): Henrique Matos, ex-Alf Mil, 1.º CMDT do Pel Caç Nat 52, 1966/68 (Tertúlia / Editores)

domingo, 15 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8279: In Memoriam (78): Teresa Reis (1947-2011), companheira de uma vida do nosso querido Humberto Reis: vamos dizer-lhe adeus, 2ª feira, 16, às 13h30 (na casa mortuária da Igreja Paroquial da Buraca) e às 14h30 no cemitério municipal da Amadora



Leiria > Monte Real >26 de Junho de 2010 > V Encontro Nacional da Tabanca Grande > O casal Humberto e Teresa Reis... Mesmo com os seus problemas de saúde, a Teresa fazia questão de comparecer aos nossos convívios e encontros... O primeiro foi na Ameira, em 14 de Outubro de 2006...



Cascais, Alcabideche, Cabreiro > 28 de Abril de 2011 > Almoço-convívio da Tabanca da Linha.  À mesa, duas queridas companheiras, a Gina, mulher do António Marques, e  a saudosa Teresa, esposa do Humberto Reis... Recorde-se que ambos, o António e o Humberto,  foram furriéis da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71).



Almoço-convívio da Tabanca da Linha > 10 de Dezembro de 2010> A Teresa, à mesa com a Gina e a Giselda... Foto enviada pelo Miguel Pessoa. 


Fotos: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. A notícia chegou-nos, brutal, por mensagem de telemóvel do Jorge Cabral, sábado à noite: a Teresa do Humberto acabara de falecer, umas horas antes, a meio da tarde... Assim, de repente, enquanto o Humberto, eterno romântico, o mais discreto dos românticos que eu conheci, tinha ido à rua comprar um ramo de flores, disse-me hoje de manhã o Tony Levezinho...

A morte, deusa cruel, decidira pôr fim à vida da nossa companheira Teresa... Companheira de uma vida do Humberto Reis, um dos camaradas da primeira hora da nossa aventura bloguística... 

Ainda há dias o casal tinha comparecido, em 28 de Abril, ao último almoço-convívio da Tabanca da Linha. Estava, além disso, inscrito para o nosso VI Encontro Nacional, a realizar em Monte Real, a 4 de Junho. A Teresa adorava conviver, tinha bom gosto, viajava com frequência, e sempre contou, a seu lado, com um companheiro que lhe foi de um dedicação espantosa. 

A sua morte deixa destroçada toda uma família, incluindo as duas filhas do Humberto (a Carla, de 34 anos, mãe de um meninto de 7 anos que era/é o "ai Jesus" dos avós; mais outra filha adoptiva, a Célia, de 22 anos), os pais da Teresa que ainda são vivos, bem como os pais do Humberto... E, claro, os amigos do casal, da Amadora, da RTP (onde a Teresa durante muitos anos trabalhou), e ainda a malta da CCAÇ 12, de Bambadinca 1968/71 e do nosso blogue, com destaque para a Isabel e o Tony Levezinho, amigos do peito que estiveram presentes neste momento trágico.  

Em meu nome, e da Alice Carneiro, vizinhos e amigos de Alfragide, em nome da Isabel e do Tony, em nome dos demais amigos/as, camaradas e camarigos/as da nossa Tabanca Grande, saudamos o nosso Humberto e damos-lhe a maior força neste momento em que as forças, físicas e anímicas, fraquejam, e a gente interroga-se sobre o sentido da vida... Vamos, os viventes, ficar cá, por enquanto,  e mostrar que somos dignos do exemplo da Teresa e da sua luta de anos a fio contra a doença e o sofrimento. E que somos dignos do exemplo do Humberto, cuja coragem, tenacidade, amor e nobreza muito nos honra a todos.

Maria Teresa Macedo Coelho dos Reis nasceu no Porto, 11 de Julho de 1947. Faleceu em Alfragide, em 14 de Maio corrente, portanto à beira de completar os 64 anos. Segundo o Humberto, conheceram-se no Bairro da Encarnação, onde as famílias viviam. A Teresa era jogadora de basquetebol. Casou com o Humberto em Maio de 1972.

Pessoalmente, conhecia-a na Lourinhã, num memorável convívio com o Humbero, a Isabel e o Tony, mais um casal de amigos da Amadora, em 1971 ou 1972, após o nosso regresso da Guiné. Era então uma mulher esplendorosa, jovial, e brincalhona...  Éramos todos jovens e tínhamos a vida à nossa frente. Hoje tenho pena de não ter privado ainda mais com ela e com o meu camarada de armas Humberto. Mas quero que a sua memória, as nossas melhores memórias conjuntas, fiquem registadas no nosso blogue. A partir de hoje, e onde quer que ela esteja, a Teresa vai estar connosco, na nossa Tabanca Grande, sentada ao nosso lado sob o mágico, fondroso e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande.  A tua simpatia, Teresa, vai ajudar-nos  a ser ainda melhores camaradas e amigos. E ao Humberto, vamos dizer-lhe que contamos com ele, e que ele continuará a contar connosco, hoje como ontem. Luís Graça,

PS1 - Esta noite, no velória, o Humberto pôde conhecer a solidarieddae da gente do nosso blogue e dos seus amigos mais chegados: registei a presença, de entre outros,  do Tony e da Isabel, do António Marques e da Gine, do Zé Manuel Dinis, do Miguel e da Giselda Pessoa, do José Carlos Rodrigues Lopes (ex-Fur Mil Man, CCS do BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70), do Silvino Carvalhal (ex-Fur Mil SAM, também da CCS/BCAÇ 2852) e esposa do além de mkim próprio, do João Graça e da Alice Carneiro.

PS2- O corpo da Teresa está na casa nortuária da Igreja Paroquial da Buraca, Amadora (junto ao mercado local). O serviço religioso está marcado para as 13h30. O funeral parte às 14h para o cemitério da Amadora (por detrás do Hipermercado Continente) às 14h. A última despedida é às 14h30.

Contacto da Agência Funerária: 21 490 6705 / Telemóvel: 914 598 811
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Nota do editor:

Último poste da série >

Guiné 63/74 - P8278: Comentários que merecem ser postes (12): Tudo vale a pena se a alma não for pequena (José da Câmara)

Comentário nosso camarada açoriano José da Câmara*, radicado nos EUA, deixado no Poste P8272**, hoje dia 15 de Maio de 2011:

Caros amigos,
Tudo vale a pena se a alma não for pequena” disse o poeta. Foi ontem de manhã que vi este Poste do nosso camarada e amigo Carlos Cordeiro. Tinha acabado de por o meu uniforme da Associação de Antigos Combatentes. Iria tomar parte numa Dedicatória de uma ponte ao Sargento americano Shane P. Duffy, morto em combate durante o conflito do Iraque.

Eu, soldado do Exército Português, a honrar a memória de um soldado, sargento como eu, em terras da América. É este tipo de ironia que nos atinge enquanto emigrantes portugueses.

Durante a cerimónia o Sr. Padre oficioso disse:

- Ao homenagearmos a morte do Sargento Duffy estamos a honrar a morte de todos aqueles que, independentemente do seu credo religioso ou do seu país de origem, deram a vida pela nossa pátria, pela nossa liberdade.

Confesso que deixei rolar uma lágrima pela cara. Lembrei-me do meu Manuel Veríssimo, dos nossos camaradas.

Os meus pensamentos foram para o que era a vida nos Açores nos idos anos de sessenta e setenta. Ali, naquele belo arquipélago, a nossa vida acabava ao fim da rua e ali começava o sonho das Américas.

Foi durante os conturbados anos de 60/70 que aqueles rochedos negros, plantados no seio do Atlântico, sofreram o maior flagelo da sua história: a emigração e a guerra do Ultramar.

Aqui, nos E.U.A, muitos de nós somos a afirmação desse flagelo, tentando fazer o melhor que podemos e sabemos para menorizar, se é que tal seja possível, a dor de uma família e de uma comunidade, homenageando um dos seus e, agora, também nosso.

 Paisagem açoriana > Ilha do Pico

Nos Açores aqueles que puderam ficar atrás, com coragem assumida, também tentam fazer a diferença. O Carlos Cordeiro é, definitivamente, um desses homens.

Açoriano orgulhoso das suas raízes aproveitou o seu tempo para educar vidas ajudando a construir homens e mulheres com futuro.

O coordenador da Comissão Organizadora (Carlos Cordeiro) recebendo inscrições para o debate, que foi muito participado e enriquecedor.

Uma das grandes qualidades do Carlos é a coragem de trazer à ribalta assuntos que, na vida açoriana, ainda são considerados tabus. A guerra do ultramar constitui uma dessas paredes quase intransponíveis e que os açorianos teimam em não discutir.

Aquela guerra é um estigma que acompanha ilhas açorianas e as suas gentes. São 283 as famílias que choram a perda dos seus meninos soldados. São milhares as que viveram a angústia das despedidas da emigração, deixando os seus meninos para trás para cumprirem o dever pátrio. Um pouco por todos os portos das ilhas ainda lá estão como testemunhas os lagos que s e encheram com as lágrimas dos que partiram e dos que ficaram. De muitas que afinal foi a eterna despedida.

Coragem não é a capacidade de actuar sem medo, é antes a capacidade de actuar com ele.

O Carlos sabia à partida o quanto arrojado era um projecto desta natureza. O resultado está à vista. Sem despesas e tendo como palco a Universidade dos Açores, também ficou demonstrado que com um pouco de boa vontade e de coragem se pode fazer milagres. Conhecimento, dignidade e brio presentes. Mais não se poderia esperar.

Poderemos pensar, com alguma legitimidade, que não foi mais que uma conferência que se debruçou sobre a guerra do Ultramar. Para quem conhece aquelas ilhas e os açorianos sabe que uma conferência deste género bem sucedida dá ao seu autor o direito a algum orgulho medido, porque não a uma certa vaidade, e o direito a uma morte feliz.

Na verdade o que isso significa é o direito que o Carlos Cordeiro tem de olhar para trás e dizer: Valeu a pena!

Para mim, para nós, fica o direito de lhe dizermos: continua amigo para bem dos Açores, para bem de Portugal.

Um abraço amigo do tamanho do oceano que nos une.
José da Câmara
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8206: A reportagem que faltava fazer - Associação de ex-militares das Forças Armadas Portuguesas na cidade de Taunton - EUA (José da Câmara)

(**) Vd. poste de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8272: Agenda cultural (122): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro)

Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7965: Comentários que merecem ser postes (11): Regressados, cansados de guerra (Jorge Narciso)

Guiné 63/74 - P8277: Convívios (339): Pessoal da BCAÇ 3863 e CCAÇ 16, ocorrido no dia 30 de Abril de 2011 na Mealhada (José Romão)

1. Mensagem do nosso camarada José Romão* (ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 3461/BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73), com data de 13 de Maio de 2011:

Camarada e amigo Carlos Vinhal
Junto envio 5 fotografias, referentes ao almoço do Batalhão 3863 (Teixeira Pinto - Guiné) e da CCaç 16 (Bachile), realizado na Mealhada, no passado dia 30 de Abril de 2011.

Um grande abraço
José Quintino Travassos Romão


Foto 1 > Malan Correia (Furriel guineense graduado pelo General Spínola), ex-Fur Mil Nuno Silva, ex-Alf Mil Rocha, ex-Alf Mil Fernandes, ex- furriéis Neves, Quintas, Codeço e Fonseca e o Major-General Abílio Dias Afonso.

Foto 2 >  Ex-furriéis Quintas, Codeço e Fonseca.

Foto 3 > Bolo de Aniversário.

Foto 4 >  Romão, Malan Correia, Silva, Quintas e ex-Alf Mil Rocha.

Foto 5 > Quintas, Romão, Malan Correia, Codeço e Neves.

Foto 6 > Major-General Abílio Afonso, Ex-Alf Mil Fernandes e Ex-Alf Mil Rocha
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Nota de CV.

Vd. último poste da série de 14 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8270: Convívios (332): 5º Encontro/Convívio da CCS do BART 2917, em Montemor-o-Velho, 18 de Junho (Benjamim Durães)

Guiné 63/74 - P8276: Estórias do Juvenal Amado (38): Nunca até li tinha visto tantas mamas ao léu e tão bonitas (Juvenal Amado)

1. Mensagem de Juvenal Amado* (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), com data de 14 de Maio de 2011:

Luis, Carlos, Virgínio, Magalhães e restantes atabancados
Nada como falar numa mulher bonita para que se gaste rios de tinta. Neste caso será um gasto digital por isso fica um pouco mais económico.
Elas desencadeiam paixões das mais variadas maneiras e pelo que se vê já vai numa série de postes. Eu também não quero deixar passar a oportunidade de enaltecer a beleza delas e ao mesmo tempo, dizer algo sobre a utilização das mesmas como material decorativo.

Um abraço
Juvenal Amado


Estórias do Juvenal (38)

Nunca até ali tinha visto tantas mamas ao léu e tão bonitas

Também eu vim de uma pequena vila, onde tirando alguma namorada, onde víamos mamas era na praia e só parcialmente. Naquele tempo até em revistas era coisa rara. Lembro-me de um filme que veio a Lisboa onde a Romy Scheneider mostrava o peito. O filme era A Piscina e a fila para as bilheteiras no cinema S. Jorge dava a volta ao quarteirão, tal era a avidez dos portugueses, em matéria do visionamento dos atributos femininos, tão longe dos nossos olhares e censurados pelos bons costumes vigentes por cá. Vi o filme bastantes anos depois e achei caricato, que visão de uma nesga da beleza de uma mulher, tivesse provocado tal romaria, bem como as medidas apertadas à volta da sua exibição.

Neste país uma mãe de 20 anos não podia ver filmes como Helga e o Segredo da Maternidade que era para maiores de 21. Podia casar e ser mãe mas não podia ver no cinema o milagre da vida. Já os homens podiam alistar-se na tropa aos 16 anos, para além de também poderem já ser casados, ter filhos, mas não tinham 21 anos e por isso não podiam ver.

Nos países livres por essa Europa fora o filme era utilizado para educação nas escolas.

No caso de jovens operários como eu, podem-se contar pelos os dedos das mãos, os que não tiveram a primeira experiência sexual na borda da estrada, com uma profissional e sempre prontos a fugir caso aparecesse a GNR. Na minha zona era a Espinheira o local de eleição.

Bem triste e por vezes inibidor pela vida fora, o nosso baptismo em matéria de sexo.

Juvenal com uma PPSH

Quando cheguei à Guiné fiquei, como a maioria, de olhos em bico, com a beleza e perfeição das ditas que as bajudas ostentavam. Quem é que não cedeu à tentação de se encostar e de se fotografar com elas, como se fôssemos donos de harém e depois mostrarmos essas fotos, vangloriarmo-nos possivelmente de feitos que não cometemos? É um bocado como aquela fotografia, que fizemos fila para tirar com uma arma capturada, mas que nunca utilizamos.

Também tenho algumas, mas não tenho hoje a coragem das expor.

Não tínhamos em conta a idade delas, para que os seios ostentassem aquela firmeza. No blogue o aparecimento do álbum fotográfico, onde aquelas nativas aparecem na sua máxima beleza, faz-nos voltar a trás e lembrarmo-nos das dádivas e dos excessos.

 Namoricos ocasionais

A educação de cada um ditou muitos dos relacionamentos.

Um pequeno senão será uma ou duas fotos dignas de revista da especialidade, onde se ganhou em sofisticação e se perdeu a beleza que tem a naturalidade.

Um abraço a todos.
Juvenal Amado

Notas do editor:  
- Romy Schneider, nome artístico de Rosemarie Magdalena Albach (Viena, 23 de Setembro de 1938 — Paris, 29 de Maio de 1982).
Elementos retirados da Wikipédia com a devida vénia

- E já agora um apontamento pessoal. Vi numa sessão dupla, no dia 6 de Dezembro de 1969 no Chiado Terrasse, os filmes A Piscina e Quarto Interdito.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8203: Estórias do Juvenal Amado (37): Quando macaco passou por gazela