sábado, 11 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22800: Documentos (33): Acção Militar na Guiné (1963/1964) - Docs. respeitantes à acção militar na Guiné, pelo General Fernando Louro de Sousa, Junho de 1965 (Vírgínio Briote)

1. Mensagem do nosso camarada Virgínio Briote, ex-Alf Mil da CCAV 489/BCAV 490 (Cuntima e Alf Mil Comando, CMDT do Grupo Diabólicos, Brá; 1965/67), com data de 10 de Dezembro de 2021, trazendo em anexo o Relatório do então Brigadeiro Louro de Sousa, CMDT Militar da Guiné nos anos 1963 e 1964, que abaixo se publica:

Caro Carlos,
Não sei se alguma vez foi publicada no Blogue este relatório do Brigadeiro Louro de Sousa, Cmdt Militar da Guiné nos anos 1963 e 1964.

Como é do conhecimento dos Camaradas que têm seguido de perto o nosso Blogue e se interessam pelos assuntos da Guerra na Guiné, a figura do Brigadeiro Louro de Sousa tem sido alvo de críticas e, alguns historiadores consideram-no responsável pela rápida implantação do PAIGC, em especial na região Sul.

Este relatório foi elaborado pelo Brigadeiro e entregue à CECA (Comissão para o estudo das campanhas de África) é o resumo do que foi feito durante o seu Comando.
Vê se tem interesse em publicar.

Desejo-vos um Natal com Saúde.
Até um dia destes, Carlos.
Abraço.
V. Briote


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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE JUNHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22326: Documentos (32): Ordem de Serviço n.º 40 do Comandante-Chefe Interino das Forças Armadas da Guiné com o discurso de despedida do General Spínola, dirigido aos Militares de Terra, Ar e Mar e Mílicias em serviço na Guiné (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando)

Guiné 61/74 - P22799: Os nossos seres, saberes e lazeres (481): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (28): As surpresas que o Museu de Lisboa nos reserva (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Novembro de 2021:

Queridos amigos,
O Palácio Pimenta faz parte integrante dos passeios da miudagem do Bairro de Alvalade, descíamos pelo Campo Grande fora, naquele tempo muitíssimo bem ajardinado e bem mais largo antes de lhe usurparem o terreno que permite o alargamento das faixas rodoviárias, ainda não havia Cidade Universitária nem cá em baixo a Faculdade de Ciências, vínhamos alugar bicicletas, fazíamos economias de nos passear meia ou uma hora, dentro de um rodado pré-determinado de que ainda subsistem vestígios. Havia residências apalaçadas, ainda lá está uma de pé, a solitária vivenda da então Junta de Freguesia do Campo Grande e um palácio fechado, o Palácio Pimenta, já comprado pela Câmara mas a aguardar obras. Depois de 1979, vivendo eu na Avenida do Brasil e com duas filhas pequenas era um destino possível em dias ensolarados, atravessava-se o Campo Grande, as meninas iam até ao parque de patinagem, havia lanche, caminhávamos por aquela bela avenida de palmeiras e o chamariz para visitar o Palácio Pimenta eram sempre os jardins onde éramos acolhidos pelos grasnidos dos pavões, com algum esforço e conversa do faz de conta, falava-se de azulejos e era obrigatório ir mirar um prodigioso quadro a óleo de Carlos Botelho, que ainda hoje me motiva a entrar neste tão acolhedor museu, e aproveito sempre para recordar essa encantadora senhora que foi a olisipógrafa Irisalva Moita, a quem Lisboa tanto deve.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (28):
As surpresas que o Museu de Lisboa nos reserva


Mário Beja Santos

Em "Um Passeio à volta do Campo Grande", de Manuela Rêgo, Contexto Editora, 1996, fala-nos sobre a história do Palácio Pimenta, situado no n.º 245 do Campo Grande. Foi construído entre 1744 e 1747, habitado por várias famílias, e daí a designação que teve de Palácio Galvão Mexia, residência do Conde de Farrobo. Em 1910, vivia aqui Carlos Luís Ahrends e em 1914 foi adquirido por Jorge Ávila Graça que aqui viveu com os seus herdeiros até 1957. Foi depois vendido à Câmara Municipal de Lisboa. O pintor Manuel Amado, que aqui viveu na sua infância, deixou numerosos quadros sobre esta casa. Não tem fundamento que o palácio tenha sido mandado construir por D. João V para a sua amada Madre Paula. Há a casa, um jardim e uma mata, uma fração desta foi expropriada para a construção da 2ª Circular. O Museu da Cidade encontra-se instalado neste palácio desde 1979.
Saiu recentemente um livro dedicado à impulsionadora deste museu, Irisalva Moita, uma edição do Museu da Cidade que homenageia a arqueóloga que se devotou aos museus municipais. Ali se escreve que partiu do punho de Irisalva Moita as obras faseadas do Museu, um programa que ela delineou em 1971 e que foi patente ao público em 1979: nesse ano apareceram as salas correspondentes aos séculos XVII a XIX; em 1984, as secções A Dinastia de Avis e os Descobrimentos, A Contrarreforma e o Período Maneirista; em 1985, as restantes salas do piso térreo, com as secções Meio Geográfico e Origens Pré-Históricas, Lisboa Romana, Domínio Visigótico e Muçulmano, Lisboa Medieval. Ainda houve outros três novos núcleos expositivos. Apenas um novo pavilhão foi construído, inicialmente fora projetado para expor a coleção da azulejaria, transformou-se em espaço de exposições temporárias. O denominado Pavilhão Preto do Museu da Cidade foi inaugurado em 1994. Circunscreve-se a visita de hoje ao piso térreo, dar-lhe-emos continuidade no próximo sábado.
Entra-se no palácio onde nos aguardam duas brochuras, uma dedicada a uma nova exposição de longa duração, Viagem ao Interior da Cidade e a outra é explicativa da maqueta de Lisboa anterior ao Terramoto de 1755. Na receção temos uma homenagem a um dos mais insignes olisipógrafos, uma escultura de Júlio Castilho, envolvida por belos azulejos.


Na brochura Viagem ao Interior da Cidade faz-se um pequeno histórico sobre o Palácio Pimenta, recorda-se que o então Museu da Cidade funcionava no Palácio da Mitra desde 1942, que o primeiro projeto de adaptação, datado de 1968, foi da autoria do arquiteto Raúl Lino mas vingou a intervenção do arquiteto Duarte Nuno Simões, com programa museológico da olisipógrafa Irisalva Moita. Lembra-se igualmente que a exposição atual permite a visita à antiga cozinha e à capela. Dá-se como missão do museu despertar a curiosidade sobre o lugar físico e a ocupação de Lisboa ao longo dos tempos, a sua relação com o rio enquanto elo entre margens e porta para o mundo. Temos no piso térreo um acervo de salas que incluem: Pré-História e Proto-História, Cidade Romana, Cidade Muçulmana, Cidade Medieval Cristã, Cidade Quinhentista, Cidade do Mundo, Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755, Registos de Azulejo, Cozinha, Capela, Produção Cerâmica e Exposições Temporárias. A museografia é excelente e a informação irrepreensível. E assim vamos da Pré-História até à Cidade Romana, o Período Medieval é de enorme riqueza, podem-se contemplar desde um pote da Idade do Bronze, passando por um capitel coríntio do século II d.C. a belas peças romanas.
Quadro representando a retirada de D. João de Castela depois de cercar Lisboa, fugindo da peste, quadro de Constantino Fernandes
Portal manuelino que pertenceu ao Convento de Santos-O-Novo
Quadro em que se reproduz o Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, é patente a atmosfera neogótica
A Virgem e o Menino, escultura em calcário
Uma interessante alusão à Lisboa herdada dos Árabes, simulam-se as suas muralhas até à Alcáçova, a despeito da aceitável falta de rigor, o que terá sido a ocupação espacial da Lisboa tomada por D. Afonso Henriques não andará muito longe da realidade
Nas obras mais recentes encontraram-se vestígios do primitivo Palácio Pimenta, aqui se mostra os restos de um forno, seguramente do século XVIII, é uma surpresa museográfica que não pode deixar de cativar o visitante
Um vestígio da presença árabe em Lisboa, uma pedra tumular
E chegamos à importante exposição de objetos do Hospital de Todos Os Santos, sediado no que é hoje a Praça da Figueira, as obras do Metropolitano permitiram descobrir inúmeros vestígios que o visitante pode agora contemplar. A visita prossegue para a maquete de Lisboa antes do terramoto e tudo o que ainda falta ver no piso térreo. Recorda-se aos interessados que na receção do Museu de Lisboa há um acervo de publicações à venda sobre exposições realizadas ou estudos de olisipografia que podem ser adquiridas a preços altamente abordáveis

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 4 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22779: Os nossos seres, saberes e lazeres (480): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (20): O génio de Almada Negreiros nas gares marítimas do Porto de Lisboa (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22798: O nosso blogue por descritores (6): "O meu Natal no mato": tem mais de 80 referências... Por curiosidade, o poste P5522, de 8 de dezembro de 2009, da autoria do Joaquim Mexia Alves ["Era lá noite de se embrulhar!"...] bateu o recorde de visualizações de páginas (n=4627) e de comentários (n=15).

 

Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > CCAÇ 526 (Bambadinca e Xime, 1963/65) > No Xime, esteve destacado um grupo de combate.

Foto: © Libério Lopes (2008).  Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.]




Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Mato Cão > Pel Caç Nast 52 (1973/74) > Natal de 1973 > A garrafeira e a doçaria... Não faltou nada, a não ser o cartão de boas festas e feliz ano novo dos nossos vizinhos de Madina / Belel

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Inaugurámos em maio passado uma nova série, "O nosso blogue por descritores" (*)... Com mais de 5 700 "descritores", de A a Z, torna-se difícil (se não impossível) aos nossos leitores fazer uma pesquisa exaustiva de um determinado tema ou assunto no nosso blogue que já tem 17 anos de existência e quase de 22 mil e oitocentos  postes.

O descritor "O meu Natal no mato” tem mais de 8 dezenas de referências. Nesta listagem. que a seguir se publica,  além de uma mini-imagem, cada poste é refenciado por:

(i) data;
(ii) número de ordem (cronológica) (do mais recente ao mais antigo);
(iii) série em que vem inserido;
(iv) título (e subtítulo);
(v) autor(es) (dentro de parênteses, no final) (não aparecendo este campo, o poste é, por defeito, da autoria de um ou mais editores do blogue)

A listagem só não traz o link de cada poste, porque seria muito consumidor de tempo para os editores recuperá-lo. Mas os nossos leitores podem consultar o poste inserindo o seu número na janela do canto superior esquerdo do blogue, antecedido sempre da consoante P, de poste: por exemplo P21675.

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/12/guine-6174-p21675-o-meu-natal-no-mato.html


Esperemos que esta lista seja útil a autores e leitores. (Alguns autores infelizmente já  não são vivos. João Rebola, Raul Albino,  Torcato Mendonça, Jorge Teixeira / Portojo...)

Refira-se, por simples curiosidade, que, quanto a este descritor "O meu Natal no mato", o poste P5522, 8 de dezembro de 2009, da autoria do Joaquim Mexia Alves [...Era lá noite de se embrulhar!...] bateu o recorde de visualizações de páginas (n=4627) e decomentários (n=15). (**)

Segue-se o poste P5512 (***) com 2927 visualizações de páginas mas zero comentários. É da autoria do Libério Lopes, um dos veteranos da Guiné, de 1963/65: (...) Apanhados em flagrante, a pôr duas minas no 'sapatinho', na estrada Xime-Bambadinca-

Mas recordemos também aqui, em época natalícia, a mensagem, gravada para a RTP, no Natal de 1968, pelo alf mil pil, AL III, BA 12, Bissalanca, 1968/70, Jorge Félix, então ainda  "periquito" (****):

A minha mensagem de 1968 na RTP: Um 69 em grande para os meus amigos
 

(...) Eu também falei na RTP. Vou contar...

Naquele tempo, 1968, os Canibais residentes não estavam interessados em aparecer na televisão. Não havia voluntários, logo, foram os mais periquitos que tiveram que representar a classe de Pilotos da Esquadra. Por tal motivo tive que ser eu e recordo-me que também gravou mensagem o Sargento Piloto Marta. Eu por ser o mais novo, ele porque iria partir em breve.

Não estava nada interessado em falar e arranjei uma maneira de ser censurado. Então que fiz eu? Debitei uma laracha que não fosse transmitida e disse o seguinte:

" Um beijo para os meus pais e um sessenta e nove em grande para os meus amigos".

O Operador, Serra Fernandes, homem que vim a encontrar passados anos na RTP, disse logo:
- Tem que dizer outra mensagem que isso não vai para o ar.

E eu respondi:
- Ou vai isto ou não vai nada.

Sempre fiquei com a ideia que não iria passar nos ecrãs da TV mas a verdade é que passou. Na altura, 1969, contaram-me alguns amigos que foi uma barraca muito comentada.

Há dias a falar com o nosso Amigo, Belarmino Gonçalves, alferes Piloto em Bissalanca nos mesmos anos que eu, recordou-me esta história, quando lhe desejei um Bom Natal ele atirou o "um 69 em grande para os meus amigos". (...) (****)


O nosso blogue por descritores (6) >  "O meu Natal no mato"
(que tem mais de 8 dezenas de referências)



(****) Vd. poste de 31 de dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5575: O meu Natal no mato (31): A minha mensagem de 1968 na RTP: Um 69 em grande para os meus amigos (Jorge Félix)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Guiné 61/74 - P22797: O meu sapatinho de Natal (8): os últimos cinco Natais (, de 2021 a 2017), pelo nosso "poeta todos os dias", o 1º srgt art ref Silvério Dias, também conhecido como radialista do Pifas ou "senhor Pifas"


Oeiras > Galeria-Livraria Municipal Verney > 4 de março de 2017 > 15h00 - 16h30> A antiga equipa que deu voz e alma ao PIFAS: o primeiro sargento Silvério Dias (nosso grã-tabanqueiro nº 651) e a famosa "senhora tenente", sua esposa. (*)

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. O nosso camarada o Silvério Dias, o 1º srgt ref, radialista do PIFAS, é um cso extraordinário de "resistência e resiliência" contra os "males da idade"...Diz-nos ele: "Vou caminhando em passo lento para os 88. Corpo cansado mas com a mente ligeira. Poesia todos os dias no blogue que se conhece."



É o autor do blogue "Poeta todos os dias", que ja existe desde 2011 e onde todos os dias, publica um, dois, três, quatro , cinco ou seis apomtamentos poéticos, em geral, quadras populares, sobre temas do quotidiano... Já tevee mais de 363 mil vizualizações de páginas. Apresenta-se nestes termos singelos: "Sou da Beira; ex-militar; India,Moçambique e Guiné. Na velhice o vicio da poesia, e o amor que me une às boas tradições beirãs".

Natural de Sarnadinha, Vila Velha de Ródão, é autor do livro  de poesia "Neste lugar onde nasci" (2017) (, apresentado na 
Biblioteca Municipal de Vila Velha de Ródão em 23 de março de 2017).


Recorde-se aqui o seu percurso de vida:

(i) ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69;
(ii) 1º srgt art, locutor do PFA, 'Pifas', Bissau QG/CTIG, 1969/74, onde trabalhou com Ranalho Eanes e Otelo, entre outros;
(iii) civil, foi delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau;
(iv) hoje, 1º srgt art ref; beirão, casado com a "senhora tenente", também do 'Pifas'; vive em Oeiras.


2. Dblogue "Poeta Todos Dias", reproduzimos, com a devida vénia,  os seguintes versos, alusivos ao Natal, ou ao período natalício, e referentes aos últmos cinco anos: 2021, 2020, 2019, 2018 e 2017. 

É uma pequena antologia, e também uma singela homenagem, da Tabanca Grande, so senhor PIFAS, com votos que não lhe falte a ele, e à senhora "tenente", motivos para continuar a celebrar, em verso (e com o humor q.b.),  a vida e o amor.


O PRESÉPIO  [2021]

Desde sempre, original,
no assinalar o Natal.
Enlevo dos mais pequenos,
elaborado pelos adultos,
é um dos maiores cultos.
De longa data, os conhecemos.

O tive, quando criança,
sempre na ardente esperança
da dádiva do Deus-Menino.
Sapatinho na chaminé,
animado da maior fé,
a noite num desatino ...

Veio depois o Pai Natal,
sem dúvida bem desigual.
Bonacheirão, barba branca
e de vermelho trajado,
um novo modo, inventado,
à ignorância, fazendo estampa!

É, o "Natal Comercial",
novidade mas irreal,
visando o lucro vantajoso.
Uma explosão de alegria,
a que falta, a nostalgia
do simples, tão gostoso ...

Ainda guardo Presépio antigo.
Feito por mim, o bendigo.

Poeta Todos os Dias, 9 de dezembro de 2021, 08:58

UMA HISTÓRIA DE NATAL  [2020]

Brilhavam nos altos Céus
milhares de belas estrelas
quando a palavra de Deus,
as chamou a todas elas.

Lhes disse de modo brando:
"Tereis missão a fazer.
Uma de vós, a meu mando.
Ir ver, meu Filho que vai nascer".

Respondeu a Estrela do Norte:
"Senhor, poderei ser eu.
Dai-me, uma luz bem forte"...
E foi assim que aconteceu.

O Senhor Todo Poderoso
indicou qual a missão:
Guiar de modo cauteloso
uns Magos de adoração.

Iluminando esses Reis
por terras de Galileia,
até Belém, como sabeis,
foi cumprida a odiseia.

Satisfeita a vontade de Deus,
nascido o Menino Jesus,
que seria Rei dos Judeus
e morreu, pregado na cruz.

Após isso, pelo Natal,
quem elevar a vista ao Céu,
verá, bela e sempre igual,
estrela que nunca morreu!


Bastará acreditar,
com toda a fé, no altar.

Poeta todos os dias, 22 de dezembro de 2020, 9:36

NATAL BEIRÃO  [2019]

Celebrar o Natal Beirão,
Na mais pura tradição,
Impõe o fritar as filhós,
Assistir à "Missa do Galo"
E sentir todo esse regalo,
Que junta netos e avós.

Bem assim, toda a Família,
Na Santa Noite da Vigília.

Poeta Todos os Dias 16 de dezembro de 2019, à(s) 07:40


POSTAIS DE BOAS FESTAS  [2018]


Feliz Natal, a celebrar.
Quem, por mal, apenas
Se ficou, só no desejar,
Carpindo, ais e penas,

Pois, nessa desgraça,
Compaixão se lhe faça.

Aos que não têm festa
E só Esperança lhes resta,
Estou com eles e neles penso.
Pela Fé, sejam "alimentados"
E possam ver, ultrapassados,
Os motivos, do bem suspenso.

Este novo,festejado Natal,
Terá mais luz e muita cor
Mas ganhou, por nosso mal,
O que se perdeu, em Amor.

Do Presépio da simplicidade
Ao fausto do esbanjamento,
Perdeu-se, a notável verdade
Da noite de encantamento.

Anunciada a boa nova
De que o Menino nasceu
O poeta compôs a trova
E esta quadra apareceu.

Poeta todos os dias, 23 de dezembro de 2018,0 9:07

FESTA DO NATAL [2017]


Terminada a festa,
É ver o que lhes resta,
No saldo em carteira.
Quem muito gastou,
Além do que ganhou,
Decerto fez asneira!

Virá agora o malparado
E nem sequer o ordenado
Dará para tapar o buraco.
Na era do consumismo,
Não se encara com realismo,
Esta verdade, que destaco!

Poeta Todos os Dias 26 de dezembro de 2017, à(s) 11:45

[Seleção, revisão, fixação de texto, para efeitos de edição deste poste no blogue: LG] (**)

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Notas do editor:


Guiné 61/74 - P22796: (In)citações (194): Divulgação do Prémio Literário Antigos Combatentes - Ministério da Defesa Nacional (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Dezembro de 2021:

Queridos amigos
Junto em anexo a este e-mail o Despacho e o Regulamento referente ao novo Prémio Literário dos Antigos Combatentes lançado pela Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes.

Mais informação também disponível em: https://www.defesa.gov.pt/pt/comunicacao/noticias/Paginas/Defesa-Nacional-lanca-Premio-Literario-dedicado-as-memorias-dos-Antigos-Combatentes.aspx


PRÉMIO LITERÁRIO ANTIGOS COMBATENTES

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE SETEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22563: (In)citações (193): 125 exemplares do livro que publiquei há um mês, já estão despachados, já pedi mais 25 exemplares que espero receber em breve (Carlos Silva, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879)

Guiné 61/74 - P22795: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (82): A funda que arremessa para o fundo da memória

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Novembro de 2021

Queridos amigos,
Paulo arruma a casa de Lisboa, vai ser ocupada por dois filhos, é menos uma despesa para estes dois filhos que vivem tão precários. É arrumação de papéis, Annette insiste que ainda podem vir acasos felizes, uns papéis soltos, umas fotografias, alguns documentos esclarecedores que melhor iluminem tudo quanto até agora se escreveu. Faltava a chegada a Lisboa, já tinham conversado sobre as peripécias daquela viagem que durou 12 dias, a satisfação de conhecer a ilha de S. Vicente, ter encontrado ali gente a falar um português tão doce e tão bem articulado, aquela chegada a Ponta Delgada, uma multidão silenciosa, as mulheres de preto, a mesma expetativa a bordo, os em terra à procura de descobrir o ente-querido, e este ansioso por ver diante dos seus olhos a gente do seu sangue. Ouve-se um grito estridente e por magia vão-se fazendo reconhecimentos, é quase alucinante a vozearia estentórea que toma conta daquele cais e daquele velho paquete. E nós, que ainda vamos continuar até Lisboa, não resistimos a choramingar. No último dia a bordo, escrevinha-se no caderninho a agenda social, bem pesada de encargos, há tanta gente a agradecer, a beijar, a abraçar, houve tantos amigos que deram consolo, houve aquela mana que em todos os sábados, fizesse chuva ou sol, percorria enfermarias na Rua Artilharia 1 para visitar os feridos companheiros do irmão, nunca ia de mãos vazias, sempre a sorrir e com voz consoladora. São as recordações que subsistem em Paulo, nada disto passou a letra de forma, nem mesmo, no dia seguinte à sua chegada, quando recusou vir a integrar-se na vida militar, fez um contrato que lhe permitia acabar os estudos. Ora acontece que Annette quer ir mais longe, é uma verdadeira Penélope, não desmancha o que fez na véspera, mas reclama mais tecido para continuar. "Conta-me, Paulo, tudo quanto aconteceu depois, os tais meses que passaste na Guiné. Depois veremos se o romance da Rua do Eclipse chegou a seu termo, mas só depois".

Um abraço do
Mário


Rua do Eclipse (82): A funda que arremessa para o fundo da memória

Mário Beja Santos

Annette adorée, percorro a nossa casa de Lisboa na azáfama de deixar tudo limpo, a Delfina esteve cá ontem a limpar os vidros de todas as janelas, quero entregar a casa ao Henrique e à Mafalda, bem como ao Ricardo, nas melhores condições, os móveis brunidos, a cheirar a óleo de cedro, os tapetes desempoeirados, as estantes dão-me um trabalhão imenso e nunca me esqueço do teu pedido de mexer em todas as pastas à procura de mais elementos sobre a Guiné, que eu descubra fotografias, relatórios, pasmei com a nossa conversa de ontem à noite, também queres começar a ler livros escritos por outros, comparar emoções, como os outros sentiram a adaptação, as emboscadas, as penúrias alimentares, os sobressaltos das flagelações. Prometo-te que não regressarei a Bruxelas sem vasculhar toda a papelada que ainda possa andar dispersa por algumas estantes ou gavetas.

Está a correr-me muito bem este final de ano letivo, tanto no Monte da Caparica como em Santarém. Foi rapidamente deferido o meu requerimento, vou entrar em licença registada, coincidente com a data em que começa o meu contrato com a Confederação Europeia dos Sindicatos. Acho que o Bengt Ingerstam persuadiu bem os outros elementos da Direção que aceitaram a nomeação da Rossana Olivieri para me substituir. Já chegou a minha agenda do mês de setembro, tenho uma deslocação a Dublin e outra a Haia, haverá dois dias de seminário em Turim, compete-me a organização, prende-se com a temática dos novos padrões sustentáveis no consumo, abarcando a habitação, o transporte e o empacotamento dos bens perecíveis, em Dublin estará em discussão o futuro do tratamento dos resíduos eletrónicos e qual a melhor resposta a ser dada pelos consumidores, em Haia far-se-á o ponto da situação dos cemitérios para os automóveis em fim de vida. Já me está a ser enviada documentação, mas para nosso consolo não vejo que as nossas férias fiquem minimamente comprometidas. Fiquei feliz por teres aceite prontamente passarmos três semanas de agosto em Portugal, beneficiarás de uma casa com menos pó, mais arrumada, estou a dar uma nova ordem às coisas para que os meus filhos sintam espaço desafogado, se bem que toda a traquitana do pai ande pendurada pelas paredes. Ficaram muito contentes com a ideia de pouparem nas rendas de casa, informei-os que viremos em princípio no Natal, com a Noémie e o Jules.

Não me quero esquecer de contar que aceitei ficar com a responsabilidade de algumas páginas de jornais, quando falei com diferentes diretores eles ficaram profundamente agradados com a possibilidade de eu ir dando em primeira mão informações sobre o que se está a passar nas instituições comunitárias e com fortes incidências não só no consumo como na Saúde e no Ambiente.

Por último, minha adorada Annette, dou-te conta das minhas recordações, que não constam de correspondência nem de quaisquer papéis, daqueles doze dias de viagem até Lisboa. Não conhecia nada de Cabo Verde e apreciei a ilha de São Vicente, creio que já te disse que a cidade do Mindelo me pareceu uma vilazinha tipicamente de província, mas com marca de água africana, claro. Reencontrei a bordo gente com quem convivi em Mafra e na Guiné, muita conversa sobre tiroteios, minas e emboscadas, mortos e feridos. Vivi uma situação de comédia no camarote em que fiquei com dois camaradas, tínhamos recebido instruções de que a água para os banhos estava racionada, no nosso caso havia chuveiro e água no lavatório entre as 6h45 e as 7h30, impreterivelmente. Nós os três nem comentámos, havia somente que repartir a dosagem do tempo, ofereci-me para ser o primeiro, o Gonçalves ofereceu-se para segundo, o Faria nem resmungou, demos a situação como tratada, tacitamente. Tudo parecia correr bem, fui a correr para o duche às 6h45, chamei o Gonçalves, 15 minutos depois, ele disparou para a casa-de-banho, vinha o Gonçalves a sair e gritei ao Faria que a casa-de-banho lhe pertencia, resmungou entre lençóis que não precisava de tomar banho. Esta cena repetiu-se três dias a fio, e então abordei o Gonçalves no convés, na maior discrição, seria que o Faria considerava que tínhamos agido incorretamente com ele, queria começar primeiro, onde, com os diabos, ele tratava da higiene? O Gonçalves pareceu-me surpreendido com a minha inquietação, não havia ninguém na Guiné que não soubesse que o Faria nunca tinha tomado banho, viesse de uma operação ou depois de um jogo de bola molhava uma pequena toalha ensaboada e lavava-se sumariamente, o que surpreendia todos, ele não cheirava mal, fazia de facto a barba e punha camadas de brilhantina no cabelo. Nunca mais esqueci o Faria, como podes imaginar.

O mais impressionante da minha viagem, Annette, foi quando o Carvalho Araújo se aproximou do porto de Ponta Delgada, imagina uma multidão onde predominava a indumentária de preto, como se todas aquelas mulheres estivessem lutadas, um silêncio sepulcral, o paquete a aproximar-se do cais, todos nós nas diferentes amuradas a presenciar aquela multidão quieta, e eis que súbito ouve-se um grito de uma mulher a chamar pelo filho, uma resposta vibrante vem de bordo e então ergue-se um clamor como nunca vi igual, era a festa do reencontro, toda aquela alegria esfusiante se irá intensificar quando os militares açorianos começam a descer o portaló e a serem afogados pelos abraços das famílias, ver toda aquela multidão em movimento da amurada parecia um ballet gigantesco a dar hossanas à vida. Também fui premiado, tinha amigos à espera, organizara-se um jantar para me receber, pude confirmar, se dúvidas subsistissem, que também tinha o meu coração ligado a São Miguel.

À chegada a Lisboa, metido num táxi com carregamento ligeiro, sabia que no dia seguinte iria a um quartel na Calçada da Ajuda buscar os malões feitos em Madeira, dei comigo deslumbrado a caminhar pela cidade, na véspera desenhara no meu caderninho um programa para os dias seguintes, visitas obrigatórias, ir ver a minha mana e os meus sobrinhos, a mãe do Carlos Sampaio, os meus doentes no Hospital da Estrela, uma lista com muitos nomes, muitos agradecimentos a fazer, e mal sabia eu que no dia seguinte, no tal Regimento da Calçada da Ajuda um senhor major insistia que eu me inscrevesse no Quadro Especial de Oficiais, nada de fazer contratos como eu desejava para acabar o curso, o senhor major insistia que com aquela folha de serviços eu teria o mais promissor dos futuros na glória militar. Bem tristonho ficou com a minha resposta, depois das férias iria dar recrutas em Mafra, no horizonte perfilava-se um serviço ligeiro num qualquer departamento do Ministério do Exército, com força de vontade, e com o estatuto de estudante militar, era bem possível ir fazendo exames ao longo de cada ano escolar, como veio a acontecer.

Dou voltas à cabeça, minha adorada, que emoções mais fortes houve no termo desta viagem, talvez de olhar à volta e rever a minha cidade e os lugares conhecidos com o profundo agradecimento de guardar o meu entusiasmo, a minha curiosidade, os meus sonhos, mesmo sabendo que vinha muito diferente do que fora. E talvez valha a pena terminar esta elucubração lendo-te uma linha numa carta que me esperava assinada pelo meu amigo Ruy Cinatti: “Você veio diferente, veio liberto e melhor preparado para lutar na vida. Não se arrependa pelo amor que deu e recebeu. É bom tê-lo de volta. Não se esqueça do que viveu. Não se esqueça do que sofreu. Transforme tudo em dívida consigo”. Minha companheira para toda a vida, não achas que seria neste parágrafo que devíamos pôr ponto final para o nosso romance da Rua do Eclipse? Tu decidirás se é o momento do ponto final. Milles bisous, en attendant ton retour à Lisbonne, Paulo, à partir du mois d’août à vivre à Bruxelles.

(continua)


Carta da Guiné Portuguesa, 1899
Era assim no nosso tempo e permanece a disposição comercial, uma autêntica caverna de Ali Babá, não vemos nesta imagem mas há seguramente fita de nastro, candeeiros, tecidos, loiça esmaltada e muitíssimo mais. Quando o consumo não muda de perfil a organização das prateleiras acompanha a rotina das necessidades dos consumidores
O que deslumbra nesta imagem no Pidjiquiti é o imenso colorido, a azáfama de partir, talvez para Catió ou Bolama, os barcos de pesca, aquela imensidão de azul que parece prolongar as águas do Geba e aquele contraste de gruas e de contentores que nos falam da contemporaneidade, em choque com o que vemos em primeiro plano
Bissau em perpétuo movimento, entre o mercado de Bandim e Bissalanca, é um ritmo frenético que a noite não quebra, quando escurece abrem as discotecas, acendem-se lampiões, o comércio não pára
A Andrea Wurzenberger cedeu-me três imagens muito semelhantes para a contracapa de um dos meus livros, ainda hoje me emocionam com aquela luz translúcida, o avanço sereno daquela mulher (que até pode ser uma bideira), a sensação de apaziguamento que no seu todo nos provoca este caminhar onde até podemos querer supor que ao fundo o paraíso espreita
Quem vem do cais do Pidjiquiti confronta-se com este busto de Amílcar Cabral que parece olhar para o fundo da Guiné, para o Sul, onde começou a realizar-se a sua estratégia militar. É hoje um herói esquecido, como nos parece sugerir este ciclista que passa por ali, indiferente ao pai fundador, parece que no seu itinerário é totalmente dispensável lançar um olhar ao construtor da nação
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22776: Esboços para um romance - II (Mário Beja Santos): Rua do Eclipse (81): A funda que arremessa para o fundo da memória