terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5422: O meu Natal no mato (23): Era lá noite de se embrulhar!... (Joaquim Mexia Alves)




1. O nosso Camarada J. Mexia Alves, ex-Alf Mil Operações Especiais/RANGER, que de DEZ1971 a DEZ1973 passou pela CART 3492 (Xitole / Ponte dos Fulas) do BART 3873 (Bambadinca, 1971/74), depois ingressou no Pel Caç Nat 52 (Ponte do Rio Udunduma, Mato Cão) e acabou a sua comissão na CCAÇ 15 (Mansoa), enviou-nos uma mensagem com um conto da Natal:



Camarigos,


Quando chega o Natal a minha pobre veia "escritora" vem ao de cima.

Acabei há uns dias de escrever o meu conto de Natal para o meu blogue pessoal, onde expresso a minha vivência da fé cristã, e hoje deu-me para pensar no Natal na Guiné.

Daí, surgiu este conto, que nada tem de realmente acontecido, mas que tem muito de real com o vivido interiormente.

Foi escrito num repente, por isso pode ter erros de construção!  Perdoem-me as falhas, por favor!



Presépio do Santuário de Fátima 
(in Wikipédia, enciclopédia livre)


Noite de Natal algures na Guiné


Ele sabia lá o que fazer, ou mais do que fazer, o que viver!

Era noite de Natal, mas aquele calor que o fazia transpirar, apesar de ser já de noite, não tinha nada a ver com o Natal.

Tentou lembrar-se como estaria a família naquele momento a tantos milhares de quilómetros de distância. Na sua memória apareceu muito nítida a imagem da sua mãe e do seu pai, junto com os seus irmãos ao redor da lareira lá de casa.

A imagem da lareira fez desprender da sua testa mais uma gota de suor.  Como é que raio com um calor destes, uma pessoa havia de viver o Natal?!

Bem,  se calhar o melhor era nem o viver, nem se lembrar disso, pois a àquela distância e naquelas condições mais valia não pensar em nada e ir deixando que o tempo passasse.  Mas era difícil, porque as imagens da recordação eram tão nítidas!

Àquela hora saíam todos para a Missa do Galo.  Curioso que naquela noite até aqueles que não iam à Missa, se deslocavam alegremente para a igreja e no fim até cantavam a plenos pulmões o Adeste Fidelis.

Uma gargalhada saiu da sua boca!  Veio-lhe à ideia o que seria chamar o Mamadu Djaló, e o Seco Braima, e pedir-lhes para cantarem com ele o Adeste Fidelis!!!

Se a fama de apanhado já o perseguia, então é que o internavam mesmo!

Olha, talvez fosse uma solução para sair dali, pensou. Seria um grande presente do Menino Jesus!

Deu mais um gole no whisky e quis imaginar o sabor do peru assado, do recheio do dito cujo, das batatas fritas a estalarem na boca, mas que caraças, apenas lhe vinha o sabor do chispe de lata que tinha comido ao jantar.

Imaginava a ansiedade dos sobrinhos mais novos à espera dos presentes, a maior parte das vezes coisas tão simples e baratas, mas que davam sempre origem a uma grande festa.

Sorriu e disse entre dentes:
- Deus queira que aqueles gajos não nos presenteiem hoje com fogo de artifício!

Via agora os seus irmãos sentados à roda da mesa, contando histórias e dizendo graças. Faltava pouco para um deles começar a cantar, e todos se lhe seguiriam.  O momento foi tão intenso que quase podia jurar que os conseguia ouvir!

Algo lhe despertou a atenção naquele momento.  É que o Furriel e o resto do pessoal que estavam ao seu lado, olhavam para ele com a boca aberta de espanto!

Só então se deu conta de que tinha começado a cantar com a sua família, que estava a milhares de quilómetros!

Tossiu para disfarçar e tentou esclarecer a coisa com uma desculpa esfarrapada:
- Tá-va a ver se ainda me lembrava, para no próximo ano cantar com a família!

Eles olharam para ele com aquele olhar de quem diz:
- Pois sim,  tá bem! Tás pouco apanhado,  tás!

Pensou então para si mesmo que, se o pessoal já se tinha apercebido dos seus pensamentos, mais valia então viver um pouco mais aquelas recordações.

Fechou os olhos para melhor recordar e passado um pouco ouviu distintamente o rebentar de um foguete!

Estava muito absorto a pensar quem é que raio lançava foguetes na noite de Natal, coisa que não era da tradição, quando o abanaram violentamente e lhe gritaram:
- Alferes,  para a vala, para a vala! Estamos a embrulhar!

Correu, saltou para a vala, e pouco depois deu uma gargalhada.  Olharam todos para ele com aquele ar de: "Agora é que o gajo se passou de vez”!!!

Então ele disse com um ar gozão:
- Então,  vocês não vêm que os gajos estão enganados! Na noite de Natal já estão os presentes todos embrulhados! Não é noite de se embrulhar!

Monte Real, 7 de Dezembro de 2009.

Abraço camarigo a todos do,
Joaquim Mexia Alves
Alf Mil Op Esp/RANGER


Mini-guião de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

[[[ Revisão / fixação de texto / título: M.R.]
__________

Nota de M.R.:


Vd. último poste desta série em:



14 comentários:

Anónimo disse...

Mas que modernices são estas da Igreja de Fátima? Nunca vi um presépio com um arranjo floral em cima do menino Jesus! O presépio até é bonito, "linhas direitas", a condizer com a linha arquitectónica em que está inserido. Mas as flores estão completamente fora do contexto.

Leitora e admiradora do Blogue e dos escritos do Sr. Mexia Alves.

Cumprimentos

Maria Guerreiro

Anónimo disse...

Se a equipa editorial me permite uma sugestão, ela aí vai (mesmo sem aguardar pelo "despacho"): o conto de Mexia Alves devia ser novamente "postado" no dia 23 ou 24. Os editores podiam também tomar a decisão de, a partir do dia 23, só inserirem textos alusivos ao Natal.
Desculpem o atrevimento.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Joaquim Mexia Alves disse...

Até concordo com a ideia do Carlos Cordeiro!

Neste caso fui eu que me adiantei!

Abraço camarigo para todos

Torcato Mendonca disse...

As flores são bonitas em qualquer lugar. Penso eu e o presépio é mera composição simbólica.
Tenho saudades,muitas mesmo de, em pequeno, fazer com minha mãe o presépio. Hoje tenho-me lembrado muito dela; era, quando menino e moço, o Dia da Mãe e, pela vida fora sempre para mim o foi. Hoje Mãe tenho a dos meus filhos e juntos fizemos muitos presépios. Depois ida para aqui e acolá, casas dispersas e presépios vários, a sobressair um entre todos. Com flores fica mais bonito não concorda? Sou um pouco, talvez demasiado, desalinhado com a fé...e gosto tanto de flores que secundarizo a estética...Com as "ebulições" que por vezes têm surgido neste espaço, mais de afectos, de contar pequenas estórias, do que ajustar contas por pedra na bota, indisposição momentânea ou falta de pluralidade, de dar a todos o direito á livre expressão...que até concordo com o Carlos Cordeiro. Podem até alargar o tempo da colocação de Contos de Natal. Paz. Camarigo Mexia Alves um dia talvez conte uma estória de um homem, a mãe e Fátima.È verdadeira, contou-me o homem.
Abraços a todos do Torcato

Anónimo disse...

Concordo com Carlos Cordeiro.
Será que o Joaquim Mexia está muito apressado? Que tem receio de não apanhar o comboio?
Um abraço
Filomena

Joaquim Mexia Alves disse...

Caríssima Filomena

Não estou apressado, porque estas coisas escrevo-as quando são inspiradas, não é nada que eu provoque.

Podia realmente ter guardado e enviado mais perto do Natal, foi falta de "alembradura"!

Quanto ao comboio para o Natal tento todos os dias do ano nunca o perder porque para mim a minha vida não tem sentido sem Jesus Cristo.

Abraço amigo

Joaquim Mexia Alves disse...

Já agora camarigos editores, este "conto" nada tem a ver com "O meu Natal no mato", porque é um "conto" e não algo que se passou!

Abraço camarigo a todos

Anónimo disse...

Não se passou no Mato?

Passou,Passou...


Abração

Jorge Cabral

Juvenal Amado disse...

Camarada Mexia Alves
O escultor deste presépio é de Alcobaça e chama-se António Aurélio.
É vivo e activo proprietário da galeria O Armazém das Artes. Uma belíssima visita a fazer para todos os que rumarem por estas bandas.
Há várias esculturas dele na cidade de Alcobaça.
Não só Alcobaça tem obras do escultor mas vou aqui lembrar uma bem emblemática; O Monumento ao Humberto Delgado "o General Sem Medo" em Cela Velha.

Um abraço
Juvenal Amado

Anónimo disse...

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