domingo, 6 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5415: Os nossos camaradas guineenses (20): Homenagem aos Comandos africanos, fuzilados no pós-independência (Manuel Amaro Bernardo)


1. Do Cor Inf Manuel Amaro Bernardo, que se encontra na situação de Reforma, recebemos a seguinte mensagem, homenageando os COMANDOS africanos que foram fuzilados clandestinamente,na Guiné-Bissau, após a independência, com pedido de publicação:

Homenagem aos “COMANDOS” africanos fuzilados clandestinamente na Guiné

"(…) Onde estavam os que hoje tão convenientemente pretendem utilizar os fuzilamentos como bandeira política? Hoje, com o passar das décadas, tudo se torna, para alguns, tão nítido, tão simplista. (…)"

José Belo, ex-Alf Mil /Guiné, em 1-12-2009

Apresentando o seu comentário no site de Luís Graça, como reflexões circunstanciais a propósito deste tema, este senhor, imbuído de uma perspectiva de esquerda, típica dos considerados sectores culturalmente mais evoluídos da sociedade portuguesa, acaba por querer desculpar o que é indesculpável…

Já que se pode presumir que o seu texto vem endereçado à minha pessoa, vou tentar explicar que não tem razão. Eu não me oriento por agendas políticas encomendadas, nem utilizei os fuzilamentos como
bandeira política.

Este processo de investigação dos factos ocorridos na Guiné decorreu de um pedido que me fez o camarada do meu Curso de Infantaria (1956-60), Coronel José Clementino Pais, pouco tempo antes de falecer, em 2006, devido às sequelas resultantes do rebentamento de uma mina na zona de Farim, onde, em 1972, comandava a CCaç 14.

Foi assim que, apesar de nunca me ter deslocado à Guiné, avancei com a publicação, em 2007, do referido livro, "
Guerra, Paz e Fuzilamentos dos Guerreiros: Guiné 1970-1980". Nele, e dirigindo-me a este oficial, pode ler-se:

(…) Pois é Zé. Agora é a minha vez de te dizer: Paz à tua alma. Podes repousar em paz, com a certeza de que vou tentar cumprir a promessa que te fiz, há cerca de três meses: denunciar o sucedido com os teus soldados da Guiné e muitos 'comandos' africanos (a maior parte dos oficiais e sargentos das três companhias existentes) fuzilados após a independência deste território.

Carnaxide – Março de 2006

As listagens dos fuzilados

Já que voltei de novo a ser acusado de apenas salientar os 'comandos' africanos, posso referir que do meu texto anterior datado de 8-11-2009 e não publicado no
site de Luís Graça (junta-se em anexo, assim como as duas relações abaixo indicadas) já se destacavam os dois anexos constantes do citado livro e onde as listagens dos fuzilados eram referidas:

1. Relação nominal de 86 ex-militares, milícias, régulos e cipaios, que incluía 14 fuzileiros especiais (7 sargentos e 7 marinheiros), com base na informação num livro do Ten-Coronel Queba Sambú, dissidente do PAIGC e na então existente Associação Portuguesa dos Antigos Combatentes da Guiné (apoiada pelo José Pais).

2. Relação nominal dos 53 oficiais, sargentos e praças, 'comandos' africanos da Guiné, fuzilados clandestinamente (à semelhança dos anteriores) homenageados pela Liga dos Combatentes, na cerimónia de 14 de Novembro passado.

Recordando outras circunstâncias…

O ex-combatente José Belo refere no seu texto:

(…) O ajuste de contas surgiu na primeira oportunidade; mas não teria sido possível algo de semelhante se alguns dos fuzilados tivessem, noutras circunstâncias, tido a mesma oportunidade em relação aos guerrilheiros?

É uma pergunta menos conveniente, mas de considerar, tendo em conta que alguns de nós conheceram pessoalmente muitos dos fuzilados. Para nós, os que não pretendem utilizar estes CAMARADAS que ao nosso lado (tantas vezes à nossa frente!) lutaram, carregaram aos ombros os seus/nossos mortos, comungaram literalmente a mesma terra vermelha de sangue... não existem "agendas políticas", como não deverão existir complexos colectivos de culpas.

Sobre o comportamento dos 'comandos' africanos em operações, o Furriel Comando Júlio Jaquité (Ob cit pp´351) afirma:

Quando o Luís Cabral, em certo dia, na TV em Lisboa, afirmou que os comandos africanos eram assassinos, eu telefonei para essa estação de televisão e perguntei como é que se fazia um programa daqueles sem nos convidar.

Os 'comandos' africanos, em relação à população, não matavam ninguém; e, quando prendíamos militares do PAIGC, éramos obrigados a entregá-los no Comando-Chefe para serem ouvidos. Era expressamente proibido matar alguém no mato.

E este graduado esclarecia ainda:


(…) quando alguém era feito prisioneiro ninguém o podia magoar, pois era punido, tanto disciplinarmente, como em Tribunal Militar, que existia em Bissau e funcionava. Estas eram as ordens do General Spínola, que eram cumpridas. A alguns prisioneiros até era dada uma casa e arranjado emprego. (…)

Agora pergunto eu. A existir este tipo de comportamento em operações, alguém acredita que os 'comandos' africanos guineenses viessem a praticar tais fuzilamentos clandestinos em massa?

À semelhança do Doutor Manuel Rebocho, que numa tese de doutoramento (agora em livro) veio questionar o comportamento dos oficiais do quadro permanente (QP) do Exército em operações no Ultramar, também José Belo faz a distinção entre os das "agendas políticas” e os que combatiam e morriam no terreno.


Apenas recordo que a maior parte dos oficiais do QP da minha geração fez quatro comissões por escala no Ultramar; isto é, estiveram no início da guerra em Angola e acabaram por tentar acabar com a guerra, com a sua contestação, que levou ao 25 de Abril de 1974.

Eu, por exemplo, depois dos tempos de subalterno (alferes e tenente), fui sempre nomeado para comandar companhias, até Dezembro de 1973, quando regressei da 4.ª comissão em Moçambique.

E muitos morreram e ficaram feridos, como o José Pais, que num livro publicado (
Histórias de Guerra; Índia, Angola e Guiné, 2002, por mim prefaciado), descreve o que lhe sucedeu, numa conversa havida com o seu enfermeiro africano:

(…) -Tem cuidado, que pode haver mais minas – disse-lhe o capitão ainda consciente.
-Não faz mal, nosso capitão – respondeu o Queta valentemente.
- Pede sangue para Farim O Rh+. Não me dês água. Tenho a barriga furada. Vou ter muita sede. Se me dás água, matas-me.
- Fica descansado nosso capitão. Eu sabe.

Deu-lhe a morfina, fez-lhe o garrote, pôs-lhe um penso na femural arrancada, que esguichava sangue, como uma torneira. (…)

Deste modo, espero ter esclarecido os leitores sobre a maneira como avancei para este trabalho que, à semelhança de outros realizados em relação a Moçambique e Timor, além da investigação feita nos arquivos, são incluídos os depoimentos dos participantes nos acontecimentos para, no futuro, se poder fazer uma mais realista reconstituição histórica.


E termino lembrando a opinião de um investigador americano (J. P. Cann) sobre a nossa Guerra do Ultramar:


(…) Em 1971, o Exército dera credibilidade a Portugal em todos os teatros de operações e encontrava-se preparado para aguentar um compasso de espera, a fim de negociar uma descolonização. (…)

Cor Ref Manuel Amaro Bernardo
3-12-2009


Anexo I

Lista dos africanos (com excepção dos 'comandos') fuzilados na Guiné (Provisória), Abril de 2006
  • Nome * Posto * Colocação * Data/local fuzilamento
- Adelino Sousa (1)
-
Adulai Dabó (2) 2.º Sarg. Fuz Esp DFuz Esp 22
-
Aladje Alansó Camará (2) Cmdt de milícia / Jabadá
-
Alarba Baldé (1) (2) Régulo
-
Alfa Baldé (2) Soldado Inf Pel Caç Nat 53
-
Aliu Baldé (2) Sold de milícia /Mansabá (?)
-
Aliu Baldé (2) Soldado Inf CCaç 18
-
Amadu Baldé (2) (3) Soldado Inf CCaç 18
-
Anastasio Sidi (2) Furriel
-
Ansumane Mané (2) (3) Cmdt de milícia / Gampará
-
Arnaldo Quinde Baldé (2) 2.º Sarg Inf CCS/QG
-
Baba Galé Jaló (2) Sold Inf CCaç 18
-
Bacar Alansó Cassamá (2) Cmdt de milícia / Empada
-
Bacar Baldé (2) Soldado Inf CCaç 18
-
Bacar Seidi (2) Soldado Art GAC 7
-
Bacarzinho (2) Soldado Inf 5.º Curso Cmds
-
Bará Dabó (2) Soldado Inf CCaç 14
-
Bawali Tcham (2) Cmdt de milícia / Empada
- Beleté (2) Cabo de mílicia
-
Boi Baldé (3) Marinheiro Fuz. Esp. (?)
-
Bonco Sanhá (1) (3)
-
Braima Candé (2) Sold de milícia / Farim
-
Braima Jau (2) Soldado Inf CCaç 18
-
Braima Sani (2) (3) 2.º Sarg. Fuz Esp D Fuz Esp 21
-
Braima Sano (3) Marinheiro Fuzileiro Esp. (?)
-
Cabá Santiago (2) Cmdt de milícia / Bissorã
-
Calido Baldé (2) (3) Marinheiro DFuz Esp 22
-
Califa Baldé (2) 2.º Sarg Fuz Esp DFE21
-
Coio Baldé (2) Régulo
-
Constantino Aliu Sani (2) Soldado Inf 4.º Curso Cmds
-
Dadi Baldé (1) 1.º Cabo cipaio
-
Dantil Mendes (2) Cmdt de milícia /Jolmete
-
Demba Ganó (2) Soldado Inf CCaç 11
-
Demba Julde Baldé (1) (2) Régulo de Fajão Quito (Bafatá)
-
Dicó Baldé (2) Soldado Inf CCS/QG
-
Domingos Ensá Djassi (2) 2.º Sarg Fuz Esp DFE 21
-
Gabriel Cherno Baldé (1) (2) 1.º Cabo PSP Cumeré
-
Galilo Dabó (2) Cmdt de milícia / Empada
-
Galo Baldé (1) Régulo de Canadú (Bafatá)
-
Henrique Sello Jaló (2) Soldado Art GAC 7 Pixe
-
Iancuba Camará (1)
-
Irineu (2) Soldado Inf (?)
-
Isaac Dias Ferreira (2) Soldado (?)
-
Jaime Seidi (1)
-
Jaló Seidi (2) Soldado Art GAC 7
-
Jamanca Seidi (1)
-
João Batista (2) 1.º Sarg Enf Dep Adidos Bissau
-
Joaquim Baticã Ferreira (2) Régulo 1976
-
Luntam Indjai (2) (3) 2.º Sarg Fuz Esp DFE 21
-
Malagueta (…) (1) Cabo cipaio
-
Malam Cassapá (2) Civil / Adm de Catió
-
Malam Sani (2) Soldado Inf.ª CCaç 14
-
Malam Turé (2) Furriel Inf CCaç 21
-
Mama Braima Seidi (2) 2.º Cmdt de milícia
-
Mama Djam Jaló (2) Sold de milícia / Mansabá
-
Mama Jabel (2) Ex-deputado
-
Mama Saliu Jaló (2) 1.º Cabo Inf CCaç 5
-
Mama Samba Candé (2) Soldado Inf Pel Caç Nat 53
-
Mamadu Aliu Seidi (2) Marinheiro DFE 21
-
Mamadu Bangura (1)
-
Mamadu Bobó Jaló (2) Soldado Inf Farim (?)
-
Mamadu Bonco Sanhá (1) (2) Régulo Bambadinca
-
Mamadú Embaló (2) Cabo de mílicias
-
Mamadú Jual Baldé (1) Filho de régulo (Bafatá)
-
Mamadú Sanhá (1) Milícia de régulo Bambadinca
-
Mamadu Seidi (2) Cmdt de milícia / Mansabá (?)
-
Mamadu Sissé (1)
-
Manuel Seidi (2) Marinheiro
-
Marçal Sambú (2) 2.º Sarg Fuz Esp DFE 22
-
Mário Adjabá (2) 2.º Sarg Fuz Esp DFE 22
-
Mateia Baldé (1)
-
Miguel Francisco Pires (2) Soldado Inf CCS/QG
-
Mori Baldé (2) Soldado Inf CCaç 18
-
Napoleão Jaló (2) Soldado cond Marinha
-
Obeara Sambú (1) Mulher (Fuzilada c/ o 'Cmd' João Uloma) Canjambare
-
Pedro Lopes (3) Marinheiro Fuzileiro Esp (?)
-
Per Sanhá (2) Soldado 'Cmd' (?) .
-
Quindi Baldé (2) 1.º Sargento / QG Farim
-
Quissima (1)
-
Saco Baldé (2) Sold de milícia / Cuntima
-
Salium Queta (2) Furriel Inf CCaç 5 Bissau
-
Samba Ganha Baldé (2) Régulo
-
Sambaro Candé (1) (2) Cmdt de milícia / Mansabá
-
Sambel Baldé (1) (2) Régulo
-
Sambel Coio Baldé (1) (2) Antigo régulo de Fajão Quito
-
Sancum Baldé (2) Régulo
-
Sandem Dabó (3) Marinheiro Fuz Esp (?)
-
Sello Jaló (1) (2) Soldado Inf Farim
-
Sidi Jaló (2) Soldado Inf CCaç 12
-
Suleimane Dembel Baldé (1) Cipaio
-
Surna Jau (1)
-
Tabê Dabó (1)
-
Tamba Jau (1) Soldado Cumeré
-
Tcherno Djau (1) (3)
-
Uri Baldé (2) Sold. de milícia / Mansabá
-
Uri Jaló (2) Soldado Inf Esquadrão Bafatá (?)

Notas:

(1) Queba Sambu (Tenente Coronel e quadro superior dissidente do PAIGC) “Ordem para Matar (…)”. Lisboa, Ed. Referendo, 1989.
(2) Informação da Associaçãp Portuguesa dos Antigos Combatentes da Guiné.
(3) Consta da lista do PAIGC (
Nô Pintcha, de 29-11-1980)

Anexo II

Lista dos comandos africanos fuzilados na Guiné (Provisória)
  • Nome * Posto * Colocação * Data/local fuzilamento
- Abdulai Queta Jamanca (1) (4) (6) Tenente“Cmd”CmdtCCaç 21MAR1975 * Bambadinca * Inc.12-1-1956, n.5-1-1937/Farim(1.ª CCmdsAf/Príncipe fula)
-
Adriano Sisseco (1) (2) (4 ) (9) Capitão “Cmd” 2.ªCCmds Af./74 18-12-78 * Portogole * Inc. 5-1-1964, n. 10-8-1941/Bolama
-
Alfa Candé (3) Furriel “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * 1975 * Mansoa
-
Alfa Embaló (1) (3) Furriel “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 1975 * Cumeré * (Gr. Vingadores) (7)
-
Aliu Sada Candé (1) (4) (6) Alferes “Cmd” CCaç 21 (2.ª CCmds Af/74) * Bambadinca * Inc. 6-5-1966, n. 8-5-1944/Aldeia Formosa
- Amarante Sadja (3) (4) Furriel “Cmd” 3ª. CCmds Af./74 * Cumeré * Inc18-4-1966, n. 1945/Bissorá
- Américo Lamine Camará (1) (3) Furriel “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * 1975 * Cumeré
-
Anastácio Moreira Ferreira (1) (2) Furriel “Cmd” Bat. Cmds Af/74 MAR1975 * Cantchungo * Inc. 13-9-1964(4), n. 12-6-1942/?
-
António Mendonça (1) (3) Furriel “Cmd” 2.ª CCmdsAf/74 * Portogole * Inc. 2-1-1970, n. 20-2-1947/Cacheu (regressado de Dakar)
-
António Samba Juma Djaló (1) (3) Alferes “Cmd” 1.ª CCmds Af./74 1975 * Bambadinca * Inc. 3-4-1967 (4), n. 5-10-1944/Fulacunda
-
António Vasconcelos (1) (3) (4) Alferes “Cmd” 3.ª CCmds Af./74 DEZ 1975 * Bafatá * Inc. 11-1-1956, n. 15-2-1936/S. Domingos
-
Armando Carolino Barbosa (1) (2) Tenente.“Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Bambadinca * Inc. 28-6-1964 (4), n. 11-10-1946/Bafatá
-
Aruna Candé (1) (3) (4) 1.º Sarg. “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Cuntima * Inc. 2-8-1970, n. 11-6-1946/Farim
-
Augusto Filipe (1) (3) (4) 2.º Sarg. “Cmd” 1.ª CCmds Af. * Cumeré * Inc. 2-1-1970, n. 16-8-1948/Mansoa
-
Bacar Djassi (1) (4) Tenente “Cmd” 3.ªCmds Af./74 * Cumeré * Inc. 26-5-1962, n. 7-1-1944/Fulacunda
-
Bailo Djau (2) (3) (4) Alferes “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 1986 * Cumeré * Inc. 3-4-1967, n. 3-4-1946 (fuz. depois de ter sido preso no Senegal)
-
Belente Mepe (8) Furriel “Cmd” (preso em 19-11-1974)
-
Braíma Baldé (1) (2) (3) (4) Alferes“Cmd”CCaç21(1.ªCCmds MAR75) * Bambadinca * Inc. 2-1-1960, n. 2-8-1939/Bafatá
-
Braima Bari (1) (4) Furriel “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Cumeré * Inc. FEV 1965
-
Braima Camará (3) Furriel “Cmd” Gr.Vingadores (7) * 1975 * Bissau
-
Braima Turé (8) Furriel “Cmd”/ Gr. dos Vingadores 1975(?) * Cumeré(?) * n. 8-8-1948 (preso em 12-12-1974)
-
Bubacar Camará (1) (3 ) (4) Furriel “Cmd” 3.ª CCmds Af./74 * Cumeré * Inc. 2-1-1970, n. 26-1-1946/Cacheu (Gr. Vingadores) (7)
-
Carlos Bubacar Jau (1) (3) (4) Alferes “Cmd” 2.ª CCmds Af. * Cumeré * Inc. 7-11-1971, n. 13-3-1946/Bafatá
-
Carlos D. Facene Samá (1) (3) (4) 2.º Sarg. “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Portogole * Inc. 2-1-1970, n. 15-8-1949/Farim
-
Cicri Marques Vieira (2) (3) (4) Tenente “Cmd” 2.ªCCmds Af./74 18-12-78 * Portogole * Inc. 15-8-1968, n. 27-1-1945
-
Col Quessanque (3) (4) 1.º Sarg. “Cmd” 3.ª CCmds Af./74 * Mansoa * Inc. 13-1-1958, n. 13-1-1938 (fuzil. púb)
-
Cube Jaló (1) (3) (8) Sold. “Cmd” BCmds/3.ª CCmds 1979 * Bissau
-
Dabo Baldé (1) (4) Furriel “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Portogole * Inc. 24-10-1966, n. 24-10-1947 (regressado de Dakar) (3)
-
Demba Cham Seca (1) (2) (3) (4) (6) (9) Alferes “Cmd” CCaç 21 25-03-75 * Bambadinca * Inc. 2-1-1960, n. 12-1-1939 (1.ª CCmdsAf./74)
-
Fodé Baió (4) 1.º Sarg “Cmd” 1.ª CCmds Af./74 * Mansoa * Inc. 24-10-1966, n. 1945/Farim
-
Fodé Embaló (3) (4) 1.º Sarg. “Cmd” 1.ª CCmds Af./74 * Bambadinca * Inc. 27-5-1961, n. 1942/ Gabú
-
Francisco Alenquer Imbadé (1) (3) Furriel “Cmd” 3.ª CCmds Af./74 * (?) * Inc. 24-1-1971, n. 20-5-1950
-
Granque Camará (1) (3) (8) Soldado “Cmd” 3.ª CCmds Af/74 * 1979 * Bissau
-
João Uloma (1) (3) (4) Alferes “Cmd”1.ª CCmds Af./74 * Camjambare (Oio) * Inc. 6-1-1953, n. 8-1-1932/Susana-S. Domingos.
-
José Aliú Queta (1) (3) (4) 1.º Sarg. “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Mansoa * Inc. 3-4-1967, n. 16-4-1946/Mansoa
-
Justo Orlando Nascimento Lopes Tenente “Cmd” 1.ª CCmds Af./74 * Cumeré * Inc. 5-1-1963 (1) (2) (4), n. 12-12-1942/Cacheu
-
Luís Assaul (3) Soldado “Cmd” 2.ª CCmds Af. * 1986 * (?)
-
Malam Baldé (2) (3) (4) (5) Alferes “Cmd” CCaç 20 (3.ª CCmds Af./74) * Cumeré * Inc. 16-1-1959, n. 10-12-1940/Pirada-Gabú
-
Mamadu Jaló (1) (3) 1.º Sarg “Cmd” 2.ª CCmds Af/74 * Bafatá * (Gr. Vingadores) (7)
-
Mamadu Saliú Bari (1) (4) Alferes “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 1977 * Cumeré * Inc. 5-1-1964, n. 9-11-1940/Bafatá
-
Manga Mané (1) (2) (3) Furriel “Cmd” 1.ª CCmds/74 DEZ 1975 * Zinguichor * (regressado do Senegal)
-
Marcelino Moreira (1) (3) Alferes “Cmd” 2.ª CCmds/74 1975 (?) * Mansoa (?) *
-
Marcelino Pereira (1) (3) (4) Alferes “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Cumeré * Inc. 5-8-1965, n. 27-6-1946/Mansoa
-
Mário Bubacar Jaló (1) (3) Furriel “Cmd” 3.ª CCmds/74 * (Portogole?) * Farim, (regressado de Dakar)
-
Mussa Camará (1) (3) (8) Furriel “Cmd” 1.ª CCmds Af./74 * 1975 * (?)
-
Quecumba Camará (1) (3) (4) 1.º Sarg. “Cmd” 2.ª CCmds Af./74 * Mansoa * Inc. 3-4-1964, n. 1943/Bissorá (fuz. Público)
-
Samba Baldé (1) (4) Furriel “Cmd” 1.ª CCmds Af./74* Cumeré * Inc. 2-8-1970, n. 15-8-1946/Bafatá
-
Sijali Embaló (3) (4) Furriel “Cmd” 1.ª CCmds Af./74 * Cumeré * Inc. 24-10-1966, n. 7-5-1946/Bafatá
-
Silvério Samba Baldé (4) Furriel “Cmd” 2.ª CCmdsAf/74 * Bambadinca * Inc. 2-1-1969, n. 15-1-1947/Gabú
-
Tomás Camará (1) (2) (4) (5) Tenente “Cmd” Cmdt CCaç 20 * 1978 * Cumeré * Inc. 8-1-1961 (25 ABR no HMP) n. 1943/Cacine-Catió (1.ª CCmds Af/74)
-
Tumane Queta (1) (3) Soldado “Cmd” BCmds (CCS) 1975 (?) * Cumeré
-
Zacarias Saiegh (1) (2) (4) (9) Capitão“Cmd” 1.ªCCmds Af./74 18-12-78 * Portogole * Inc. 4-5-1966, n. 5-1945/Cacheu
-
Zeca Lopes (3) (4) 1.º Sarg. “Cmd” 1.ª CCmds Af./74 * Biombo * Inc. 1968, n. 28-8-1947/Bissau

Resumo:

Oficiais (20): Sargentos (29): Praças (4 soldados).
1. 2 capitães 1. 8 1.ºs sargentos
2. 6 tenentes 2. 2 2.ºs sargentos
3. 12 alferes 3. 19 furriéis
Totais: 20 oficiais + 29 sargentos + 4 soldados = 53 militares


Notas:


(1) In Queba Sambú (quadro superior/dissidente do PAIGC, em 1987).
Ordem para Matar (…). Lisboa, Ed. Referendo, 1989.
(2) Informação da viúva
(3) Informação da Associação Portuguesa dos Antigos Combatentes da Guiné
(4) Informação da Associação dos Cmds.
(5) Em Junho/73 fora nomeado para a CCaç 20, tendo regressado à CCmds de origem, em AGO/74 (Doc. em arquivo no ex-RCmds)
(6) Em Junho/73 fora nomeado para a CCaç 21, extinta em Agosto de 74, tendo regressado à CCmds onde pertencia (relação de documentos de matrícula em arquivo/ex-RCmds)
(7) O Grupo dos Vingadores era comandado pelo Marcelino da Mata.
(8) Consta da listagem do PAIGC (
Nô Pintcha, de 29-11-1980).
(9) Na sua certidão de óbito (em anexo) consta “ faleceu de fuzilamento”.

Num programa da RTP 1, em 9-5-2006 (
Em Reportagem) foi abordado este tema, com entrevistas de Nino Vieira, Almeida Bruno, Alpoim Calvão, Loureiro Cadete e Caçorino Dias e embaixador Leonardo Matias.
____________
Nota de M.R.:

Vd. poste do mesmo autor, sobre esta mesma matéria, em:

1 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5380: Os nossos camaradas guineenses (13): Homenagem aos 53 comandos africanos fuzilados no pós-independência (Manuel Bernardo)

Vd. último poste da série em:



6 comentários:

Anónimo disse...

Na Guiné, ao contrário de Angola e Moçambique, não se seguiu à independência nenhuma guerra de ajuste de contas.

Mas o que os guineenses teem passado todos estes anos, somado aos fuzilamentos dos comandos, aos fuzilamentos que se fala à boca pequena aquando do "fuzilamento" de Amilcar Cabral, alem da fome e indigência aq ue o povo tem sido sujeito, bem que se pode dizer que houve mesmo um violento "ajuste de contas".

Luis Cabral e os comandantes Caboverdeanos, devido à sua preparação, quer militar, quer o intimo relacionamento com os Guineenses, sabiam como tudo se ia desenrolar, e são eles os mais comprometidos com tudo o que se seguiu.

Tanto para o bem como para o mal.

Inclusive, responsáveis por nunca ter havido um tiro em território Caboverdeano, embora, várias vezes nos discursos de Amilcar Cabral para os Guineenses, insinuasse que tambem lá iriam.

Pessoalmente, nunca considerei, nem considero, grande responsabilidade directa dos que andámos na guerra do ultramar, pela catástrofe que se seguiu às independências.

E hoje em dia, apesar dos discursos oficias, os africanos já distinguem muito bem as águas.

Antº Rosinha

B.Djaura disse...

Caros Camaradas,tenho privilégio de ver e ler esse Bloog quase diariamente,até tive um contacto com Camarada Luis Graça por E-mail, sem éxcito,digo privilégio porque tenho um velho computador ofrecido por um grande amigo que tambem, cumpria na Guiné, condição que me que primite ver e ler vrios narrativos e fotos da Guerra e dramas da Guerra, e pós Guerra. Até que um dia comentei suplicação de um Camarada que falou de MALAN BALDÉ, com quem lutavam juntos por Portugal nas selvas da Guiné, lamentando situação de esse Camarada M.Balde,a vaguear nas Ruas de Lisboa,precebi que esse
amigo humanamente a meu ver ficou triste por isso,e entendo logo nas palavras dele é um Homem que prontifificou solidarizar e ajudar MALAN BALDÉ, se podesse claro, embora Centenas de (Malan Baldes),
hoje estão na mesma situação sem mesmo meios de sobreviver doêntes sequelas da Gurra Colonial, nem sequer conseguem tratar-se por dificuldades de acesso para tal.
Acontece que vi neste Bloogs tantos nomes na v/ Lista muitos conhecidos até combatemos juntos nas matas da Guinè que não conseguiam escapar do Fuzilamentos na Região de Mansoa,numa vala comum.Estas pessoas já foram e estão interradas. Ora bem Camaradas,nós fomos Militares mandodos combater,juntos sejam Brancos ou Pretos,havia solidariedade entre todos, vejo lista dos que não tinham Sorte,conheço tantos na Lista tais com Bara Dabó e Malan Sani,que eram de Ccaç 14,ambos podiam morrer
na tentativa de socorrir Guidage, entre Samoge e Cufeu,onde morreram tantos Brancos e pretos.
Ora bem Camaradas,li um comentario de um anónimo falar na matérias politicas,e ajuste de con-tas,ou Amilcar Cabral, Luis Cabral e Outros,puro desconhecimento ou tentativa de ignorar os Camaradas com quais combatiam junto em Nome de Portugal,na miséria e mendicidade.pregunto se esse Sr.que julga saber foi ou não Militar? E porque esqueceu de solidariedade que existia entre Pretos e Brancos em nome de Portugal hoje de UE? Caro Camaradas a meu ver temos que ser solidários tal como muitos que convivem hoje na boa,salvaram por solidariedade que existim entre todos Meu nome Braima Djaura,Cond. Auto Ccaç 19 Gudage,e acredito que muitos conhecedores deste Bloog tb conheciam e sabem de Ccaç 3 e Ccaç 19 Guidage. Abraços

MANUEL MAIA disse...

CARO MANUEL BERNARDO,


OBRIGADO PELA CORAGEM DE NÃO DEIXARES MORRER ESTES HEDIONDOS CRIMES ONDE PARA ALÉM DOS RESPONSÁVEIS PELO NOVEL PAÍS,ESTÃO OS ENTÃO CHEFES MILITARES E DE GOVERNO DE PORTUGAL,CUMPRINDO SABUJAMENTE AS ORDENS DE OUTRÉM.
QUANTO AOS MORTOS MILITARES,
FORAM MUITOS,MESMO MUITOS MAIS PORQUE CONSTATO QUE NÃO HÁ NENHUM FUZILADO, NESTAS LISTAS, ORIUNDO DE BISSUM,ONDE SEI DE FONTE SEGURA QU FORAM ASSASSINADOS,VIA FUZILAMENTO,PARA ALÉM DE MILICIAS MUITOS FAXINAS...

NUNCA SERÁ DE MAIS LEMBRAR AOS VINDOUROS O QUE LÁ SE PASSOU,ATÉ PORQUE CERTAMENTE OS PRÓPRIOS GUINÉUS RECEBERÃO INFORMAÇÃO FALSA,NA HISTÓRIA PRENHE DE HEROÍSMOS(QUE HOUVE INDUBITAVELMENTE)ESCONDENDO ESSAS PÁGINAS NEGRAS DO CRIME NEFANDO...

POR CÁ, PASSEARAM-SE PELO MUNDO EM CIRCUITOS PLURI CONTINENTAIS E NOS CORREDORES DO PODER...
E AINDA POR LÁ ANDAM ALGUNS...

UM ABRAÇO

MANUEL MAIA

Anónimo disse...

Sr.Coronel. Deveria ter lido o que escrevi,ou com melhor atencao,ou com menos ideias preconcebidas,ou mesmo,com esforco,aparentemente difícil,em aceitar que possam haver opinioes contrárias ás Suas sem necessàriamente serem...traicao á Pátria! Em nada do que escrevi defendo os fuzilamentos.(bem estranho seria,pois o Sr.talvez saiba,ou nao,que o meu nome andou por algumas listas relacionadas com fuzilamentos). Em nada do que escrevi ataco os Comandos da Guiné.Muito pelo contrário.E,ao escrever que,noutras circunstancias talvez tivesse sido possível fuzilamentos de guerrilheiros do PAIGC,limito-me a tirar conclusoes possíveis baseadas no facto de ter havido pedidos de fuzilamentos por parte de camaradas militares de ambos os extremos dos campos políticos...em Portugal. Nao sei tambem onde terá lido as minhas críticas aos Oficiais do Quadro Permanente.Por nao serem,pròpriamente,vacas sagradas,alguns haverá(como todos nós)que as merecem.Mas facto é que nada a esse respeito escrevi! O simples facto de o Sr.Dr.Manuel Rebocho,e eu,em 1975 têr mos estado de um lado da barricada(com orgulho!)e o Sr.do outro,nao lhe dá o mínimo direito ás conclusoes que aparenta crer tirar. Nao sinto qualquer necessidade de lhe pedir desculpas,ou autorizacao,por ser de esquerda,como nao considero o Sr. mais portugues,ou patriota,por o nao ser. Preferia ter respondido a críticas sobre o que ESCREVI em vez de argumentos quanto a conclusoes subjectivas próprias de domínios filosóficos...ou outros. José Belo.

Anónimo disse...

Sobre o comentário do Capitão José Belo e passando por cima das alusões sem cabimento feitas a “traição” (?!) ou a “vacas sagradas”, apenas gostaria de destacar dois pontos.
Em primeiro lugar sobre o facto de terem havido pedidos de fuzilamentos dos dois lados do espectro político-militar. É que apenas tinha conhecimento de tal ter ocorrido por altura do 11 de Março de 1975, em relação a abaixo-assinados postos a circular, inclusive em escolas e liceus, a pedir o fuzilamento dos militares que foram detidos na sequência deste golpe.
Em relação aos detidos no 25 de Novembro, apesar de ter falado com muita gente e investigado sobre este período, foi a primeira vez que ouvi falar em tal.
O outro aspecto diz respeito ao facto de José Belo se sentir orgulhoso de estar no outro lado da barricada, no 25 de Novembro, isto é, de pertencer às forças radicais, que não desejavam o restabelecimento da democracia pluralista, prometida no 25 de Abril. Na minha perspectiva já era tempo para haver algum arrependimento e até agradecimento àqueles que estavam na legalidade, cumprindo ordens legítimas da hierarquia militar e governamental. E que, apesar das inesperadas baixas sofridas na Calçada da Ajuda (dois mortos), em 26 de Novembro de 1975, reagiram com prudência e bom senso, evitando assim o resvalar para uma possível guerra civil.
Cor. Manuel Bernardo

Pacificador disse...

O Portugal da altura foi responsável em parte por esse massacre de homens que nos ajudaram, e muito, durante essa maldita guerra que nos tirou anos de vida, esse sangue clama por vingança, por isso é que a Guiné Bissau tem tanta dificuldade em encontrar a paz tão necessária ao seu amado povo. Se Amilcar Cabral fosse vivo talvez isso nunca tivesse acontecido