quarta-feira, 5 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24452: Historiografia da presença portuguesa em África (375): O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Dezembro de 2022:

Queridos amigos,
Craveiro Lopes foi o primeiro Presidente da República a visitar a Guiné, percorrerá nesse ano e no ano seguinte as parcelas africanas do nosso Império. Estamos no ano em que António Júlio Castro Fernandes, antigo ministro da Economia, administrador do BNU e figura grada do regime produzirá um documento que é uma radiografia do Estado da Guiné, advertindo nas entrelinhas os riscos e ameaças que andam no ar, e que ganharão corpo 3 anos depois, com a independência da Guiné-Conacri. Se me decidi a fazer o relatório desta viagem é porque ele permite ver com nitidez a obra do Comandante Sarmento Rodrigues, a Guiné ainda é um fim do mundo mas ganhou corpo administrativo, assomou uma componente cultural. O jornalista que acompanhou a viagem do General Craveiro Lopes dirá que naquele Porto de Honra oferecido pelas atividades económicas, a mesa primava por cristais e pratas e cravos vermelhos. Enquanto isto é dito, Castro Fernandes no seu documento deixa escrito preto no branco que toda aquela classe de gentes dos negócios primava pela mediocridade, havia que gerar um impulso regenerativo, antes que fosse tarde.

Um abraço do
Mário


O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (1)

Mário Beja Santos

Salazar não viajava, mas pôs os seus presidentes da República a visitar parcelas do império. Eleito em 1951, o general, a sua mulher, o ministro do Ultramar e a sua mulher, partem do aeroporto da Portela em 2 de maio de 1955, pelas 7h30 e aterram em Bissalanca pelas 15h locais. É governador da Guiné Diogo de Melo e Alvim. O jornalista de serviço tece laudas à comitiva e ao séquito político que se vai despedir do Presidente da República para esta viagem que não será curta. Fizeram-se obras em Bissalanca para haver uma pista capaz de receber uma aeronave daquele tamanho. Seja como for, quando começar a guerra, a Força Aérea Portuguesa irá investir mundos e fundos para tornar aquele aeroporto digno desse nome.

De Bissalanca até à Sé foi o carro presidencial escoltado por 40 cavaleiros Fulas e Mandingas. Haverá uma cerimónia no Alto do Crim, o presidente da edilidade entrega-lhe a chave da cidade, entre muitas ovações. A comitiva chega à Sé, são todos recebidos pelo Prefeito-Apostólico, D. Martinho da Silva Carvalhosa, haverá Te Deum. Segue-se uma sessão de boas-vindas nos Paços dos Concelho, que culmina com o discurso do Governador Melo e Alvim. Terminada a cerimónia, o Chefe de Estado segue para o Palácio acompanhado por uma multidão. Ali há um jantar oficial e depois vão para a varanda ver estralejar foguetes, vão aparecendo pela Praça do Império cavaleiros, gente curiosa.

Estamos já a 3 de maio, Craveiro Lopes vai prestar homenagem a Nuno Tristão, uma escultura de bronze da autoria de António Duarte, vai descerrar uma placa de bronze, é a primeira de uma longa série, discursa, fala da História da Guiné, da sua descoberta, muitas palmas. E daqui segue para a fortaleza de S. José de Bissau, no tempo do Governador Sarmento Rodrigues houve aqui muitas obras, reconstruiu-se o baluarte de Puana, repararam-se as muralhas e os parapeitos. Faz uma visita ciceronada pelo Comandante-Militar, Coronel Neves e Castro. Descerra-se nova lápide comemorativa. Na parada, ergue-se o monumento aos Heróis da Ocupação, realizado sobre projeto do topógrafo Raúl Lomelino. E a ilustre comitiva parte para nova inauguração, a nova Escola Paroquial das Missões Católicas D. Berta Craveiro Lopes, esta descerra uma placa de mármore e procede-se a uma visita às quatro salas de aula da escola, prontas para acolherem 400 alunos.

No cumprimento das suas obrigações, Craveiro Lopes regressa ao Palácio para receber o Governador da Gâmbia. O jornalista aproveita para dizer que o Alto-Comissário da África Ocidental Francesa fora recebido na véspera, no aeroporto, tal como o enviado especial do Presidente da República do Líbano (a colónia libanesa tem peso económico e financeiro na Guiné). Ao princípio da tarde realiza-se a visita ao Hospital Central de Bissau, a comitiva oficial é recebida pelo Diretor, Dr. Rui Roncon. É aqui que o jornalista não se contém nos epitalâmios e no endeusamento presidencial: “A alegria de ver o Presidente morfiniza a tortura dos achaques”.

À noite, nos jardins do Palácio, Melo e Alvim ofereceu um “Pôr-do-Sol”, que reuniu “a melhor sociedade da província” e a totalidade das individualidades nacionais e estrangeiras presentes da capital.
“Deram a nota elegante da festa as senhoras da sociedade local, que capricharam em apresentar-se com modelos do melhor corte, alguns diretamente recebidos dos costureiros parisienses.”

Estamos chegados a 4 de maio, Craveiro Lopes vai inaugurar a estátua de Teixeira Pinto, no Alto do Crim, obra do escultor Euclides Vaz, que representou o pacificador da Guiné fardado, segurando a pistola na mão direita caída ao longo do corpo. Há discurso do Comandante Militar e Craveiro Lopes descerra lápide. E partem todos para o Bloco Industrial da Sociedade Comercial Ultramarina, Craveiro Lopes é recebido pelo principal dirigente da empresa, António Júlio de Castro Fernandes, antigo ministro, figura política grada do regime, Administrador do BNU (nesse ano, produzirá um documento de indiscutível importância cujas páginas essenciais estão transcritas no meu livro "Os Cronistas Desconhecidos do Canal de Geba: O BNU da Guiné"). Segue-se visita à fábrica de descasque de arroz, outra de óleos vegetais, segue a itinerância pela central elétrica privativa e por uma fábrica de sabões. Não há detença, daqui ruma-se para a Escola Primária Dr. Oliveira Salazar. Mais uma lápide descerrada. A seguir, teve lugar a inauguração do Lar Santa Isabel, destinado aos sem lar.

Estamos já na parte da tarde, realiza-se uma sessão cultural no Centro de Estudos da Guiné Portuguesa. O Comandante Teixeira da Mota irá proferir uma conferência de dezenas de páginas, elenca a obra feita por esta entidade, refere os trabalhos de Fausto Duarte e Alexandre Barbosa, entre outros. Não deixa de relevar a colaboração da Missão Geoidrográfica da Guiné. No final, foi oferecia a Craveiro Lopes uma medalha artística de bronze da autoria de Anjos Teixeira, mandada fazer exclusivamente para comemorar esta visita. O Presidente visita o “incipiente” Museu da Guiné. Continua a não fazer pausas, as atividades económicas da Guiné oferecem ao Presidente e comitiva um Porto de Honra e o jornalista refere a atmosfera aprimorada da mesa, “semeada de cristais, pratas e cravos vermelhos”.

Já estamos a 5 de maio, Craveiro Lopes começa o dia visitando o “Dispensário do Mal de Hansen”. Está à sua espera o Dr. Rui Roncon e o médico leprólogo Mário Veiga. Será um dia muito movimentado, como iremos ver.

General Craveiro Lopes e a Sr.ª D. Berta, 1952
Os dois volumes respeitantes à viagem de Craveiro Lopes à Guiné e Cabo Verde, Agência Geral do Ultramar, 1956
Ponte Craveiro Lopes sobre o Corubal
(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24436: Historiografia da presença portuguesa em África (374): Antes da literatura da guerra da Guiné, o quê? (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24451: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (37): A batatada de peixe seco... da Marquiteira, Lourinhã


Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4

  

 Vídeo (0' 46''). Alojado em You Tube > Luís Graça

Lourinhã > Marquiteira > Festa em Honra do Senhor Bom Jesus do Carvalhal  > 3 de julho de 2023 > A tradicional batatada que já atrai muitos forasteiros, além dos habitantes locais... É um prato como a lampreia: ou se adora ou se odeia...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Não, não é nenhum batalha campal. Há terras que fazem festas mais aguerridas, coloridas e concorridas, com a tomatada... Toneladas de tomate são destruídos, por pura diversão, nas ruas de Buñol, na província de Valência, na Comunidade Valenciana, na vizinha Espanha. É a célebre "tomatina".

Aqui, não, o povo é mais pacífico, ninguém anda a guerrear-se com tomates nem muito menos com batatas... Aqui dá-se ao dente... A batatada (de peixe seco) é um prato tradicional, rústico, pantagruélico, primitivo, dos povos da beira-mar do concelho da Lourinhã, muito apreciado ainda hoje em terras como Atalaia, Marquiteira, Ribamar, Ventosa... Era comida do inverno, quando faltava o peixe fresco. Mas também se cozia e servia no "campo",  quando os trabalhos agrícolae exigiam mais mão  de obra.  É  pena que ainda não haja, na Lourinhã, uma confraria da batatada de peixe seco (*). 

A Marquiteira (sede da freguesia de Santa Bárbara, com pouco mais de 2 mil habitantes) celebra  a sua festa anual no primeiro fim de semana do mês de julho (Fotos nº  1 e 2). O santo da devoção dos fregueses de Santa Bárbara é o Senhor Jesus do Carvalhal.  Um dos pontos altos da festa é o círio da Marquiteira ao Santuário do Senhor Jersus do Carvalhal, no Carvalhal, Bombarral (cerca de 25 km). Não faltam os comes & bebes, os gaiteiros e os fogueteiros.  Que o círio é devoção e folguedo. E que a vida são dois dias e a festa são três. ..

O outro ponto alto foi,  anteontem, segunda feira, dia 3, a tradicional batatada de peixe seco: batata cozida (Ãgria), cebola inteira e peixe seco, muito peixe a transbordar da travessa (raia, sapata, cação, safio, etc.) (Fotos nº 3 e 4). A comezaina juntou centenas de comensais, que a batatada da Marquiteira tem fama e tradição, sendo inclusive considerada a melhor do concelho, rivalizando com a da Ventosa...

Fui lá com a Alice, com um grupo de amigos e um camarada, o Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, BCP 21 (Angola, 1970/72). A jantarada (devia ser almoçarada, por causa dos problemas de digestão...) foi abundante e animada, com gaiteiros e tudo... 

Confesso que já tinha saudades, que a pandemia de Covid-19 privou-nos destas coisas boas que não há no céu... e sobretudo do convívio que proporciona a batatada da Marquiteira (bem como a da Ventosa). Já não ia lá há uns anos... (**)



Bombarral > Carvalhal > Recinto do Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal > 29 de junho de 2021 > O 1º "círio" da Tabanca do Atira-te ao Mar... e Não Tenhas Medo (Porto das Barcas, Lourinhã) >  Altar campal no sítio das antigas cocheiras > Painel  da Marquiteira (Lourinhã), Adão Lobo (Cadaval), Campelos (Torres Vedras), Cabeça Gorda (Lourinhã e Torres Vedras)
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(**) Último poste da série > 7 de junho de 2023 > 7 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - 24376: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (36): As ostras do nosso (des)contentamento (Hélder Sousa / Luís Graça / José João Domingos / Valdemar Queiroz)

terça-feira, 4 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24450: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte I: Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG em 19 de setembro de 1970

Guiné > Bissau > Julho de 1973  > Monumento do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, avenida marginal e área portuária.

Guiné > Bolama > Junho / julho de 1973  > Restos dos bons velhos tempos quando Bolama era a capital da Guiné, desde 1879 até 1941. Com a guerra, Bolama passou a ter um CIM (Centro de Instrução Militar) por onde passaram muitas unidades e subunidades em que aqui fizeram a IAO.

Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

T/T Carvalho Araújo a caminho da Guiné. A 26 de abril de 1970, avistámos à ré o T/T Vera Cruz (a caminho de Angola ou Moçambique, presumivelmente).

Foto (e legenda): © António Tavares (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guião da CCAÇ 2792 Cortesia do nosso tabanqueiro Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72); passou também cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6); tem cerca de meia centena de referências no blogue.


1. A CCAÇ 2792 é mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande. Aliás, tem uma escassa meia dúzia de referências no nosso blogue. Tal não impede, antes pelo contrário, que se fale dela e da  sua missão no sul da Guiné. 

Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade) (*), vamos aqui destacar alguns dos pontos do seu historial, que nos parecem mais interessantes, para os nossos leitores. Em princípio são resumos feitos por um dos nossos editores. No caso de excertos, virão publicados com aspas ou itálicos.

Cap I - Mobilização, composição e deslocamento 

para a província da Guiné

A CCAÇ 2792 destinou-se a render a CCAV 2485. A sua unidade mobilizadora foi o RI 16. Todavia a organização da Companhia processou-se no RI 1, no período de 17 a 29 de agosto de 1970.

Como já aqui foi dito, a Companhia era "constituída  por militares naturais de diversas províncias metropolitanas, sendo contudo as maiores percentagens constituídas por militares naturais das regiões a Norte do Rio Douro e a Sul do Rio Tejo" (pág. 3/I).

Ficou pronta para embarque a partir de 16 de setembro de 1970. A cerimónia de despedida e da benção e entrega do guião foi na parada do RI 1, na tarde do dia 10. No dia 19, à meia-noite, iniciou-se a concentração do pessoal para embarque no cais da Rocha Conde de Õbidos, tendo terminado às 9h30. 

Embarcou no T/T Carvalho Araújo, juntamente com a CCAÇ 2791. A viagem iniciou-se às 12h00 do dia 19.

Não compareceram, ao embarque, 3 oficiais subalternos da CCAÇ 2792. A história da unidade omite os seus nomes. O comandante da Companhia era o cap inf op esp  Augusto José Monteiro Valente.

A viagem decorreu sem incidentes. O navio tocou o porto de Angra de Heroísmo para proceder ao desembarque das CCAÇ 2421 e CCAÇ 2422, ambas mobilizadas pelo  BII 17, e que regressavam de Moçambique. 

De seguida foi escalado o porto de Ponta Delgada onde embarcaram as CCAÇ 2789 e CCAÇ 2790, ambas do BII 19. 

Foi ainda feita uma escala técnica, na ilha de São Vicente, Cabo Verde.

O T/T Carvalho Araújo chegou à Guiné em 2 de outubro de 1970, 13 dias depois da partida em Lisboa (normalmente a viagem marítima Lisboa-Bissau demorava cinco dias).

A CCAÇ 2792 foi encaminhada para o CIM de Bolama, onde realizou a IAO, integrada no BART 2924.

No dia 22 de outubro de 1970, ainda em plena IAO, é transferido, por motivos disciplinares, o seu único alferes, de operações especiais (de apelido Quinta). 

Entretanto, são aumentados aos efetivos da Companhia, no último trimesttre de 1970, très alferes milicianos, atitradores de infantaria, um em 10 de novembro, outro em 24 de novembro e um terceiro a 22 de dezembro  (respetivamente, António Carlos Monteiro Martins, Francisco Chaves Moura e Jorge Manuel Gomes Paiva, este último c0mo recomplemento; veio subtituir o alferes mil op esp Quinta),

Em 22 de maio de 1971, há o aumento (complemento) de um quarto alferes, também at inf (José Francisco Alonos).

A Companhia era composta por 5 oficiais, 17 sargentos e 144 praças, num total de 166 militares.

Houve naturalmente outros aumentos (complementos e recomplementos) e abates de pessoal, tanto de praças como de sargentos,  ao longo da comissão, que não detalhamos aqui, porque seria fastidioso, embora essa informação pudesse ter algum interesse estatístico... 

Há pelo menos 24 anexos  (alterações à composição ao capítulo I), indiciando uma elevada taxa de rotação de pessoalInfelizmente, falta-nos cópias de alguns anexos  relativos aos meses de janeiro, março de julho de 1971, bem como ao ano de 1972 (só temos os meses de março, abril, junho e setembro), impossibilitando-nos de calcular o índice de "turnover" do pessoal, a partir do número de efetivos inicias e finais, bem como do número das entradas (aumentos) e saídas (abates) ao longo da comissão. 

As razões dos abates são diversas: transferência por motivos disciplinares, morte,  evacuação para o Hospital Militar Principal por ferimento em combate ou doença, etc. Há um caso, que nos parece pouco vulgar: o de um soldado at inf, que em 20 de novembro de 1970 é abatido ao efetivo por ter sido "desnomeado do Ultramar por despacho de S. Excia. o Secretário de Estado do Exército" (sic) (pág. 39/I).

Em todo o caso, em 16 anexos contámos 23 abates (de 1 alferes miliciano, de 6 furriéis milicianos e os restantes 16, de praças). Mas os aumentos (complementos e recomplementos) são mais: 26, sendo de 4 alferes milicianos, 1 primeiro sargento, 6 furriéis milicianos e os restantes, praças (15).

De qualquer modo, esse problema (a rotação de pessoal) era comum a muitas unidades e subunidades (se não a todas) que foram mobilizadas para a Guiné. No final do capítulo I, da história da CCAÇ 2792, o problema é posto em evidência:

(...) No aspeto de pessoal, a Companhia começou a sua vida na Guiné bastante mal, dada a falta de três oficiais com que embarcou na Metrópole, situação agravada posteriormente por o único subalterno presente ter sido transferido por motivo disciplinar

Em consequéncia a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO) decorreu sem subalternos. Estes só começaram a chegar quando a subunidadaes entrou em Sector.

Felizmente o espírito de corpo e de disciplina das praças era bastante forte e os sargentos chamados ao comando dos Grupos de Combate revelaram-se competentes para o cargo. A Compamhia, apesar das dificuldades por que passou no início, manteve-se coesa e disciplinada.

(...) Ao longo da comissão a Companhia foi sendo privada de furriéis quer, pelas suas suas qualidades, foram colocados em diligência em subunidades africanas. Para ocupar as suas vagas foram chegando furriéis recém-vindos da Metrópole, sem contacto com tropas e que colocados de repente no comando de militares já com meses de comissão, afetariam necessariamente o ritmo da atividade da Companhia. (...) (pág. 61/I).


(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG)
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...

Guiné 61/74 - P24449: Parabéns a você (2184): Jorge Ferreira, ex-Alf Mil Inf da 3.ª CCAÇ (Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63)

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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24437: Parabéns a você (2183): José Firmino, ex-Soldado At Inf da CCAÇ 2585/BCAÇ 2884 (Jolmete, 1969/71) e Santos Oliveira, ex-2.º Sarg Mil do Pel Mort Ind 912 (Como, Cufar e Tite, 1964/66)

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24448: Notas de leitura (1594): "Mariazinha em África, o bestseller de Fernanda de Castro com ilustrações de Ofélia Marques (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 Fevereiro de 2021:

Queridos amigos,
Fernanda de Castro teve para este best seller da literatura infantojuvenil colonial duas ilustradoras topo de gama da chamada segunda geração do Modernismo português: Sarah Afonso e Ofélia Marques, a primeira de um grande ecletismo, desde a pintura de trabalhos artesanais, a segunda inequivocamente uma grande ilustradora, aguarelista exímia, e de uma obra complexa, onde pôs a nu aspetos da sua vida íntima. O livro de Fernanda de Castro foi estudado não exclusivamente pelas razões do seu sucesso mas pelo significado da evolução das representações coloniais, é do maior interesse acompanhar o olhar da autora sobre o guineense, selvagem ou ingénuo, criado fiel, sempre atrapalhado com a linguagem, as mostras do deslumbramento pelo feitiço africano, e a memória autobiográfica que a autora jamais escondeu, ficou-lhe uma saudade enorme daquela Guiné onde lhe morreu a mãe em Bolama e aonde ela retorna numa poesia vibrátil, de grande poder evocativo, caso do livro África Raiz, já na década de 1960. É desta parceria entre Fernanda de Castro e Ofélia Marques que aqui se presta esta homenagem.

Um abraço do
Mário



Mariazinha em África, o bestseller de Fernanda de Castro com ilustrações de Ofélia Marques (1)

Mário Beja Santos

Em termos de literatura infantil de caráter colonial, não houve obra que competisse com as dez edições que conheceu "Mariazinha em África", obra de Fernanda de Castro. A primeira edição foi de 1925, teve desenhos de Sarah Afonso, a edição de 1940 e a seguinte, de 1947, teve desenhos de Ofélia Marques. Fernanda de Castro nunca escondeu que este livro era marcadamente autobiográfico, em pequena acompanhou a mãe e foi para Bolama, onde o pai dirigia a capitania. Há algo de catártico nesta história de ternura, a sua mãe morrerá inopinadamente na capital da colónia, Fernanda de Castro dedicar-lhe-á versos de uma grande beleza. De que trata esta consagrada obra de literatura infantil? Mariazinha tem vários irmãos, vamos vê-la em amena conversa com dois deles, Chico e João, Mariazinha dá-lhes conta que vai visitar o pai: “O pai destes meninos era oficial de Marinha, e havia perto de três anos que estava em África, na Guiné portuguesa, em comissão do Governo. Em todas as cartas mandava dizer que tinha muitas saudades da mulher e dos filhos e, um dia, acabada quase a época das chuvas, pediu à mulher que fosse passar uns meses com ele e que levasse Mariazinha, que era a mais velha, e Afonsinho, que era o mais novo, e não podia ainda separar-se da Mãe”. E começa a azáfama dos preparativos, sobretudo da roupa adequada aos trópicos, a mãe não esconde a inquietação de deixar os filhos, mas terá que ser.

Escolhi este desenho da partida porque nos dá conta do profundo talento de Ofélia Marques, ela aparece sempre classificada como uma exímia desenhadora de crianças, de traço seguríssimo, esculpindo imagens de desvelo e ternura, pois o que vemos neste seu primeiro desenho é uma justa proporção, o perfeito equilíbrio entre aqueles seres humanos que acenam em terra e no navio, a imagem fica completa com outro barco lá ao fundo e com as mercadorias e a própria figura do estivador que se agiganta diante de uma pequena multidão. Uma imagem com tudo o que é indispensável para nos falar de uma partida ali para os lados do Cais de Alcântara.

Mariazinha é irrequieta e travessa, sempre curiosa, começa por ter enjoos, passam depressa. Faz imensas perguntas à tripulação, no mar vê grandes animais luzidios que davam saltos e pergunta se são tubarões, afinal era toninhas, e fala-se de peixes voadores, quando se mostra uma lanterna, eles saltam e caem a nossos pés, no convés, e vemos na segunda imagem Mariazinha a olhar surpresa para o trabalho do marinheiro que parece estar a praticar a pesca do candeio, atenda-se ao fulgor que desponta da escuridão, na justa medida da luz que rompe da escuridão. E chega-se a terras de África, entra-se no canal do Geba, um rebocador traz pilotos que ajudam a navegar em segurança e assim se entra em Bissau onde o pai os espera e partem todos para Bolama.

E assomam outros motivos de curiosidade quando chegam a casa, foi-lhe preparado um quarto que Fernanda de Castro descreve assim:
“Era um lindo quarto pintado de azul, com uma porta para o jardim. A cama era de metal amarelo e tinha um colchão de arame. Nada ali faltava, nem mesmo uma secretária com tinteiro, papel de carta, mata-borrão e uma caneta de tinta permanente! Numa pequena estante, muito bem arrumados, estavam uns poucos de livros de aventuras, um dicionário Larousse Ilustrado e uma História de Portugal, em dois volumes. Mas o que a mais surpreendeu foi uma espécie de cortinado de tule que estava enrolado no teto, mesmo por cima da cama”. Era um mosquiteiro. Atenda-se às representações coloniais que nas sucessivas edições a autora foi polindo, por imposição do politicamente correto.

Aparecem os empregados da casa: Lanhano, um preto fardado de branco, com uma risca muito bem feita na carapinha; Adolfo, bom rapaz mas não vê dois palmos diante do nariz, Undôko, o jardineiro, trabalhador, fiel, boa pessoa mas é como os crocodilos: tem dentes a mais; Mamadi, filho de um dos régulos mais ricos da Guiné, estava lá em casa para aprender o português e para entreter o Afonso; e o cozinheiro Vicente, dele se dá imagem que fala uma língua de trapos, é muito engraçado e ingénuo.

Começam as aventuras naquela terra cheia de calor onde se fazia a cesta entre as onze da manhã e as três da tarde. A menina faz perguntas aos criados, vêm as respostas num português mascavado. “No jardim havia um mirante alto, uma espécie de caramanchão coberto de trepadeiras, alguns metros do solo, onde corria sempre uma leve aragem e onde Mariazinha costumava instalar-se para ler ou para estudar. Subiu as escadas do Mirante, seguida pelo cão Guiné, e instalou-se confortavelmente. Mas não tinha ainda lido três páginas quando um barulho ensurdecedor lhe chamou a atenção… Curiosa, espreitou para a rua através das trepadeiras. Dezenas de pretos, soltando gritos agudos, desciam a rua numa algazarra infernal. Traziam nas mãos grandes folhas de palmeiras e, ágeis como macacos, faziam extravagantes cabriolas”. Nova preciosidade de Ofélia Marques, o equilíbrio do conjunto de autóctones, a menina no alto, a economia de dois arbustos para marcarem as bermas da imagem garantem uma leitura pronta em toda a sua amplitude. Mesmo nas imagens mais pequenas o poder imaginativo de Ofélia Marques parece inesgotável. Mariazinha conhece Ana Maria, a filha do governador. Farão a viagem de automóvel bem acidentada, acabam por ser transportadas por quatro pretos robustos, já que o chão estava completamente enlameado, e Ofélia Marques desenha o que é preciso ver: dois transportadores, as meninas repimpadas, um pedaço de vegetação onde até aparecem catos e uma ave voa ao fundo do lado esquerdo, nada mais é preciso.

Haverá depois um passeio no mato, irão até ao Oio, os adultos vão preparados para uma caçada, a viagem é deslumbrante, vêm arrozais a perder de vista, depois a paisagem muda, surge o capim alto, uma fauna perigosa e hostil por ali proliferava e rastejava. Há uma avaria, põe-se o problema da gasolina, as meninas quase desfalecem porque precisam urgentemente de água, surgem cocos e depois chega uma caravana salvadora. Haverá uma caçada a valer, as meninas conversam com nativos, que admirados olham para aquelas meninas brancas. No acampamento há um ataque de formigas, tudo se resolve e na manhã seguinte partem para Farim. “Passaram o dia a ler, a dormir, a jogar o crapeau, a pôr talco nas mordeduras das formigas. À noite, foram para a cama com as galinhas. E na manhã seguinte, bem repousadas, partiram para Bolama, onde a mãe de Mariazinha começava a estar inquieta".

Para o leitor mais interessado no estudo das representações coloniais desta obra, recomenda-se o trabalho de Margarida Isabel Melo Beirão intitulado Mariazinha em África, de Fernanda de Castro – Representações coloniais, tese de Mestrado do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, 2018: https://ria.ua.pt/bitstream/10773/25216/1/Documento.pdf.

(continua)


Na antiga Calçada dos Caetanos, hoje Rua João Pereira da Rosa, muito perto do edifício da Liga dos Combatentes, que foi a habitação da escritora Ana de Castro Osório, perfila-se um prédio onde viveram Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, José Gomes Ferreira, Fernanda de Castro e António Ferro, Ofélia Marques e Bernardo Marques. Lá em baixo é a Rua do Século e lá em cima o Conservatório Naiconal e a Igreja dos Inglezinhos. Felizmente que todo este património arquitetónico está classificado.
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Nota do editor

Último poste da série de 30 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24442: Notas de leitura (1593): Flora da Guiné-Bissau (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...


Guião da CCAÇ 2792 Cortesia do nosso tabanqueiro Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72); passou também cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6); tem cerca de meia centena de referências no blogue.

1. Quem ler o resumo da história da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) não se apercebe do "drama" do seu pessoal e do seu comandante... Esta subunidade partiu para a Guiné, no T/T Carvalho Araújo,  em 19 de setembro de 1970,  desfalcada de três dos seus quatro oficiais subalternos: não compareceram ao embarque, por razões que desconhecemos (ou melhor: "desertaram", segundo a cópia da história da unidade que possuímos, com anotações manuscritas, que presumimos serem da autoria do seu antigo comandante, falecido aos 68 anos como maj gen ref, Augusto José Monteiro Valente).

Quando estava a fazer a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional), no CIM de Bolama  (instrução que terminou a 30 de outubro de 1970), o seu único alferes, miliciano,  e para mais com a especialidade de operações especiais, foi transferido no dia 22 desse mês e ano, por motivos disciplinares.

Quando a companhia estava pronta, em 16 de novembro de 1970, para embarcar em LDM paar Bissau e depois para o sector que lhe foram destinado no sul da Guiné (Catió e Cabedú), não tinha oficiais subalternos... Uma situação anómala e talvezs inédita... Mas os problemas de pessoal  não ficaram só por aqui... Leia-se este excerto da história da unidade, cap I, pág. 61:

(...) CONCLUSÃO:

1.  No aspeto de pessoal, a Companhia começou a sua vida na Guiné bastante mal, dada a falta de três oficiais com que embarou na Metrópole, situação agravada posteriormente por o único subalterno presente ter sido transferido por motivo discxiplinar

En consequéncia a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO) descorreu sem subalternos. Estes só começaram a chegar quando a subuniddaes entrou em Sector.

Felizmente o espírito de corpo e de disciplina das praças era bastante forte e os sargentos chamados  ao comando dos Grupos de Combate revelaram-se competentes para o cargo-. A Compamhia,apesar das dificuldades por que passou no início, manteve-se coesa e disciplinada.

2. Ao longo da comissão a Companhia foi sendo privada de furriéis quer, pelas suas suas qualidades, foram colocados em diligênnci em subunidades africanas. Para ocupar as suas vagas foram chegando furriéis recém-vindos da Metrópole, sem contacto com tropas  e que colocados de repente no comando de militares já  com meses de comissão, afetariam necessariamente o ritmo da atividade da Companhia.

3. Uma companhyia, se se pretende seja eficiente, não pode ser ser constituída só por 144 praças, 17 sargentos e 5 oficiais; é necesaário, além disso, que estes homens formem uma "unidade, que se conheçam uns aos outros, que se estimem e amem mutuamente, o que náo pode ser conseguido com mudanças frequentes do pessoal que a constitui. (...) (*)

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos: LG)


2. Ficha  da unidade: Companhia de Caçadores n." 2792

Identificação: CCaç 2792

Unidade Mob: RI 16 - Évora

Crndt: Cap Inf Augusto José Monteiro Valente (**)

Divisa: - "P'rá Frente"

Partida: Embarque em 19Set70; desembarque em 020ut70 | Regresso: Embarque em 08Set72

Síntese da Actividade Operacional

Após ter realizado a IAO, de 05 a 310ut70, e ainda efectuado o treino operacional, de 01 a 15Nov70, no CIM, em Bolama, seguiu, por fracções, em 18Nov70 e 04Dez70, para Catió e Cabedú.

Em 06Dez70, rendendo a CArt 2476, assumiu a responsabilidade do subsector de Catió, com dois pelotões no destacamento de Cabedú, ficando integrada no dispositivo e manobra do BArt 2865 e depois do BCaç 2930, tendo sofrido várias flagelações aos aquartelamentos e executado patrulhamentos, emboscadas e contactos com as populações.

Em 21Ago72, foi rendida no subsector de Catió pela CArt 6251/72, tendo-se deslocado por fracções, em 13Ago72 e 23Ago72, para Bissau, a fim de  aguardar o embarque de regresso.

Observações - Tem História da Unidade (Caixa n.º 87 - 2ª Div/4ª Sec, do AHM).

Fonte: Excertos de Portugal. Estado-Maior do Exército. Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 [CECA] - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 7.º volume: Fichas das Unidades. Tomo II: Guiné. Lisboa: 2002, pág. 397.

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos: LG)

3.  Cópia da história da unidade que me chegou às mãos com o carimbo do Centro de Documentação 25 de Abril  / Universidade de Coimbra 



Companhia de Caçadores 2792- História da Unidade. Província da Guiné. Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra. Espólio 186. Nº 8165. Oferta do general Augusto Valente.  (Excerto, manuscrito, pág. 3/I)


Nota manuscrita, pág. 4/I: "144 praças | 17 sargentos | 05 oficiais. Â partida faltavam 3 oficiais (que desertaram)". (Segundo informação da história da unidade, a Companhia era "constituída  por militares naturais de diversas províncias metropolitanas, sendo contudo as maiores percentagens constituídas por militares naturais das regiões a Norte do Rio Douro e a Sul do Rio Tejo", pág. 3/I).

Não sei se as notas manuscritas, aqui reproduzidas,  são do punho do maj gen  ref Augusto José Monteiro Valente (1944-2012). Julgo que foi um antigo aluno meu, pessoa que muito estimo,  o médico do trabalho Joaquim Pinho, da região centro,  que me facultou, há uns anos atrás,  cópia (não integral) desta história da CCAÇ 2792. Em 05/08/2022, 14:45, enviou-me, por email,  a seguinte mensagem (de que se transcrevem alguns excertos)
 
Caro Doutor: Aqui estou, sempre que souber algo relevante de ex-combatentes da Guiné...
Em 31 de janeiro faleceu no Porto,  de "doença prolongada" , o Furriel Miliciano Ranger e de Minas e Armadilhas, Licinio Cabral,  da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 70-72)... 

Esta companhia foi comandada pelo falecido capitão Augusto Valente (que vivia em Coimbra) (...) .A 2792 ficou "celebre " pois 3 dos seus alferes "desertaram " na véspera de embarque para a Guiné -Os furrieis "provisoriamente" tiveram que assumir os Pelotões...Mais tarde outro alferes desertou...


Dados da CÇAÇ 2792 foram oferecidos (ao Centro de Documentação 25 de Abril e são de acesso livre),  em vida,  pelo então general Augusto Valente, ex-MFA, com papel de relevo nos acontecimentos do 25 de Abril, na Guarda (RI 12) e Vilar Formoso (PIDE/DGS), bem como  no pós- 25 de Abril, ex Comandante da GNR, licenciado em História pela Univer5sidade de Coimbra, etc. (...).

Acrescente-se ainda que o cap inf Monteir0 Valente, entre outros cargos e funções, foi "instrutor, comandante de companhia e diretor de cursos de Operações Especiais, no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Lamego (1968-1970, 1972-1974)." (Foto à esquerda, cortesia do blogue Rangers & Coisas do MR", do nosso coeditor, amigo e camarada Eduardo Magalhães Ribeiro).

Proximamente o blogue irá reproduzir mais excertos da  história da CCAÇ 2792, de que hão há qualquer representante na Tabanca Grande.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 16 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P23988: Casos: a verdade sobre... (33): Vitorino Costa, o primeiro comandante da guerrilha, formado em Pequim em 1961, a ser morto pelas NT em meados de 1962
 
(**) Vd. nota biográfica: Carlos Barroco Esperança – Major-general Augusto José Monteiro Valente – Militar, Republicano, Patriota e Herói de Abril. Praça Velha : revista cultural da cidade da Guarda. - ISSN 0873-8343 . - Ano XIV, nº 32, 1ª série (Dezembro 2012), p. 121-132. Disponível aqui em formato pdf (9 pp.).

Guiné 61/74 - P24446: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte I, 19 e 21 de março de 2023


Timor Leste > Escola São Francisco de Assis (ESFA), em Boebau, Manati, Liquiçá, inaugurada em 2018. Foto de cronologia da página do Facebook da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (com a devida vénia...)


1. O nosso amigo  Rui Chamusco, membro da antiga Tabanca de Porto Dinheiro / Lourinhã, professor reformado, natural de Malcata, concelho de Sabugal, a viver na Lourinhã,  é cofundador e líder  da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste. 

A ASTIl conseguiu concretizar um dos seus projetos, a construção da Escola São Francisco de Assis (ESFA), em Boebau, Manati, Liquiçá, Timor Leste. A construção da ESFA foi inteiramente financiada por fundos recolhos pela ASTIL (*). Inaugurada há cinco anos, a organização e o funcionamento da ESFA continuam a ser assegurados pela ASTIL.

Rui Chamusco, presidente da direção da ASTIL, voltou, depois da pandemia, a Timor Leste, em 4 de março de 2023, para poder participar das cerimónias do 5.º aniversário da inauguração da escola e resolver problemas pendentes (Vd. aqui como surgiu o projeto da ESFA).

Do diário do Rui Chamusco, de volta às montanahs de Liquiçá, pela quarta vez,  selecionámos, com a sua devida autorização, alguns excertos que nos  falam não só deste projeto, tão acarinhado pela ASTIL, como do quotidiano de Timor Leste,  terra do sol nascente ("Loro sa'e"), o país lusófono que fica mais longe de todos nós, fisicamente falando, mas não seguramente ao nível do carinho e da amizade dos portugueses.

Em 5 de abril último, mandou-nos o "Pack 3 das Crónicas sobre Timor Leste" (cobrindo o período de 17 de março a 6 de abril de 2023), com a seguinte mensagem:

(...) Estimados sócios e amigos da Astil e do Projeto de Solidariedade em Timor Leste.

É com muita alegria que vos envio o pack 3 das Crónicas que vou escrevendo durante esta 4.ª estadia neste país irmão. Por elas podereis estar a par das minhas (nossas) andanças e afazeres em prol do projeto de solidariedade que todos abraçamos de alma e coração. Solicito a vossa paciência para suportar tantos relatos, que nem sempre estão bem descritos, e aceito todas as vossa correções e reparos.

Que a luz da Páscoa nos faça ver melhor toda a beleza que há no mundo e nos ajude a fazer deste mundo um mundo melhor.

Com estima e consideração por cada um de vós, aqui vai o meu grande abraço, na certeza de que vamos continuar unidos nesta tarefa e projeto de solidariedade.
Todo vosso, Rui Chamusco" (..:)


Lourinhã > Praia da Areia Branca >  2 de dezembro de 2017 > Almoço de um grupo de amigos de Timor Leste, no restaurante Foz: Rui Chamusco, o casal Sobral (Gaspar e Maria da Glória) (os très cofundadores da ASTIL), casal João Crisóstomo e Vilma, e casal Luís Graça e Alice Carneiro e ainda o nosso saudoso Eduardo Jorge Ferreira (1952-2019). 

Na foto, o Rui Chamusco e o Gaspar Sobral. Foi o Eduardo quem apresentou o seu colega e amigo Rui Chamusco ao João Crisóstomo, ativista luso-americano  da causa da independência de Timor Leste.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos) 

Parte I - 17, 19 e 21 de março de 2023


17.03.2023, sexta-feira - Encontros imediatos / Visita surpesa

Instigado pelo amigo Ascenso (muito obrigado amigo pela tua impertinência), eu mais o Eustáquio fomos ao Hotel Timor, na tentativa de podermos encontrar e falar com a Dra. Paula Teixeira e os outros elementos da comitiva do ministério da educação de Portugal. 

(...) De expetativa em expetativa, de olhar em olhar íamos controlando as entradas, até um carro diplomático chegou à porta do hotel, com as ilustres +ersonagens. Rapidamente corri para a porta da entrada e pedi licença para cumprimentar a dra Paula Teixeira, que me reconheceu e me saudou com toda a simpatia que já lhe reconhecemos. 

Conhecedora já do nosso projeto e das dificuldades da Escola São Francisco de Assis em Boebau / Manati, foi esclarecendo os ilustres colegas do que se estava a passar. Mas, para grande surpresa e satisfação minha, outra personagem ilustre se aproximou, a Dra. Manuela Bairos, embaixadora de Portugal em Dili/Timor Leste, e que me identificou como o professor Rui Chamusco de quem já ouvira falar devido ao seu envolvimento no projeto de solidariedade “uma escola nas montanhas de Liquiçá, em Boebau / Manati”. 

Depois de uma saudação calorosa, perguntou-me de imediato:” Então é no Domingo a comemoração do 5º aniversário da Escola?!... Eu também vou...” Fiquei tão contente, que não cabia em mim. “É uma grande honra e uma enorme alegria que a Sra Embaixadora nos dá. Muito obrigado!."... E ficou logo combinada a viagem de Dili para Boebau no dia 19.(...)
 

19.03.2023, domingo - 5.º Aniversário da inauguração da Escola São Francisco de Assis “Paz e Bem” (ESFA)

Chegou finalmente o dia da comemoração do 5.º aniversário da inauguração da ESFA.

Muita ansiedade, alguma preocupação sobre a viagem, grande azáfama em preparar o evento. À hora marcada, frente ao Hotel Timor, em Dili,  lá estamos nós (Eustáquio, Mário Louro, Mariana, Adobe, Monizia e eu) prontos para acolher a chegada da Sra. Embaixadora que, passados alguns minutos se fez presente. 


Depois das saudações, organizou-se o transporte até Liquiçá: Na picup da escola seguiram o motorista Eustáquio, os professores Mário Louro e Mariana Gomes, a Adobe e a Monízia; no carro da embaixada a senhora embaixadora Dra Manuela Bairos (condutora) e eu próprio. 

Em Liquiçá juntou-se à comitiva a prodessora Teresa Costa (coordenadora da Escola Cafe), a professora Cristina Breda, o senhor Dr. Carlos Lopes (diretor da educação distrital) e o senhor João (motorista da escola) que conduziu o terceiro veículo da comitiva.

A partir da escola Cafe de Liquiçá, começa a grande aventura do caminho até
 Boebau. Um percurso com muitos precalços, buracos e e mais buracos, pedras inesperadas, lamas escorregadias, curvas e contracurvas, subidas e descidas arrepiantes, pessoas e animais ocupando as vias já de si estreitas e perigosas. Um autêntico “cabo das tormentas”. Compensavam-nos as paisagens deslumbrantes que se estendiam por montes e vales. Valeu-nos a perícia dos motoristas, com destaque para o senhor João que nos safou de situações embaraçosas.

E por fim, chegamos a , a terra prometida. Uma grande emoção de aqui voltar. Ambiente de festa em frente da escola, com o povo e sobretudo as crianças com os rituais de acolhimento caracteríticos (danças, imposição dos tais, ramos de flores, palmas, beijos e abraços. Muita emoção e algumas lágrimas impossível de conter.

Depois, o ritual muito próprio desta região: oferta de areka, folha de malus e cal para mascar, ou tabaco para inalar. Seguem-se os discursos de boas vindas e os discursos dos convidados. Sobre a mesa, são colocados cocos que o Cesáreo foi colher e prepar e que saborosamente fomos consumindo. Ao som de músicas e canções cantaram-se os “parabéns”, cortou-see distribui-se o bolo. É uma satisfação enorme ver e ouvir estas crianças (e não só) cantar canções portuguesas: o malhão, as modinhas, viva a máusica, etc, etc... Cantam com a alma e o coração.

Depois do almoço, com ementa timorense à qual não faltou uma garrafa de vinho do Porto para o brinde, fzemos a visita à “casa dos professores” , que a Astil de Portugal patrocinou, donde se observam paisagens do outro mundo: montes de Ermera, ribeira de Laoeli, enxtensão do vale até Atabai já junto ao mar. Valeu a pena o esforço dispendido para aqui chegar. Como diz a professora Cristina,  “ isto enche-me a alma”.

De regresso à escola, já todo o mundo dançava. Mas foi sobretudo a dança das crianças que nos cativou e levou a associarmo-nos a elas (menos eu que ando coxo).

Depois foi a hora do adeus. Muita gratidão, muitos beijos e abraços, muitos “beija-
mãos” das crianças, e algumas lágrimas. Eu promenti que dentro em pouco vou voltar, e estarei uns dias com eles. Assim o farei.

E agora outra vez a amargura do caminho. Isto é mesmo para gente valente, que saiba suportar tanto baloiço, alguns arrepios, algum cansaço e outras contrariedades.

Mesmo assim, fomos brindados com a paisagem de uma cascata impressionante, que vertia as suas águas em queda até ao caminho por onde passamos. O restante caminho fez-se bem, até Aipêlo e até Dili.

 Junto ao Hotel Timor de novo, para agradecermos mais uma vez a visita da sra embaixadora Manuela Bairos e louvarmos a sua coragem e simpatia para connosco. 

“ No queremos a un hombre pregonero / Queremos a un hombre / Que se embarre connosotros / Que viva connosotros / Que bebe connosotros el vino en las tabernas. / Los otros no interessan / Los otros no interessan.” 

É de gente assim que nós precisamos. Bem haja,  Dra Manuela. Não iremos esquecer a sua presença e proximidade. Que São Francisco de Assis a proteja.


21.03.2023, terça feira - Estamos sempre a aprender, de surpresa em surpresa.

Ao percorrermos o trajeto de Ailok Laran para Dili, um percurso penível devido ao mau estado dos caminhos que mais parece a “via dolorosa”, o Eustáquio que tudo faz para evitar os saltos e sobressaltos, muda de direção pensando que o outro caminho seria melhor. Eis então quando, o caminho escolhido estava interrompido. “ Por quê não se pode passar?” perguntei eu. “Parece que há morto ou ‘barlak’ (festa de noivado)”. E vai daí, toca a virar à esquerda à procura de outra solução. 

Aqui é assim: interrompe-se a rua, a circulação, não sendo necessária qualquer autorização. E eu a pensar “se isto fosse em Portugal... Ai! Ai!"

Mais à frente, noutro cruzamento, havia um ferro espetado no chão com um pano
branco a servir de bandeira. 

− Que é isto, Eustáquio?

 Foi criança que morreu. Se é gente grande,  coloca pano preto.

Sempre a aprender, até morrer...

[Seleção / revisão e fixação de texto / negritos e itálicos: LG]
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domingo, 2 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24445: (In)citações (253): A Grande Conquista (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)



A GRANDE CONQUISTA

adão cruz

“A grande conquista”, palavras de António Damásio num dos seus livros, referindo-se à origem dos sentimentos e da consciência, constitui, a meu ver, uma espécie de visão através de um binóculo construído por miríades de pecinhas científicas, da ponte entre o cérebro, a mente, o pensamento e a consciência. Ponte essa, muito difícil de visualizar com o curto alcance dos nossos olhos do dia-a-dia e com a nossa escassa vontade de pensar. Esta é a grande incógnita das Neurociências, cujos contornos há muito se começam a deixar definir. De uma forma extremamente simplista, permitam-me que vos transmita aquilo que vejo através desse tal binóculo que tantos cientistas me emprestaram.

Os primeiros seres unicelulares, viveram isolados, sem conexões, bastando-se a si próprios. A vida foi dando passos muito lentos, contínuos e progressivos, durando cada um deles milhares de milhões de anos. Os seres unicelulares foram-se aproximando, tornaram-se vizinhos, começaram por cumprimentar-se, iniciaram seguidamente ligações e colaborações entre si, transformaram-se em seres grupais, multicelulares, criaram meios de transportes entre eles, sistemas sanguíneos, linfáticos e outros, a fim de levar a cada um deles fluidos contendo alimentos e substâncias químicas, organizaram-se em primitivas colónias chamadas órgãos, e posteriormente em conjuntos de órgãos, empresas denominadas organismos, para os quais tiveram de criar administradores a que se deu o nome de Sistemas Nervosos, os quais passaram a interagir e comunicar com todas os sectores orgânicos por telemóveis e e-mails denominados hormonas e neurotransmissores.

Ao fim de milhares de milhões de anos, o cérebro e todas as estruturas nervosas começaram a ter a capacidade de gerar imagens representativas do mundo exterior, do mundo em seu redor, através dos estímulos sensoriais que lhes chegavam. A existência de imagens só se tornou possível quando os sistemas nervosos atingiram um nível particularmente elevado. Extremamente importante também, foi a capacidade de mapearem no seu interior todo o mundo exterior que os envolvia. O mapeamento destas imagens constitui a pedra basilar da mente. Aquilo que António Damásio chama o “circunjacente”, isto é, o mundo dentro de todo o organismo. Só desta forma, foi possível associar as imagens que foram levadas ao cérebro e a todo o organismo, de tudo o que se passava no seu mundo externo, com as imagens recriadas no seu mundo interno. Todavia, nenhum destes fenómenos é estanque. Tudo faz parte de um Todo, uno e indivisível, inserido numa dinâmica única e imparável. Daqui em diante, a Natureza, nos passos lentos e progressivos de muitos milhares de milhões de anos da Evolução, começou gradualmente a desenvolver a Mente, isto é, a capacidade de integrar, coordenar, gerir e validar toda a informação, cada vez mais complexa, resultante da interacção entre estes dois mundos, cada vez mais um só. A partir daqui, não será difícil entender que esta prodigiosa capacidade das estruturas neurológicas, ao gerar e gerir a portentosa riqueza da memória, do saber e do intelecto seja o berço do Pensamento. E menos difícil ainda será conceber como filhos do Pensamento, o Sentimento, a Consciência, a Reflexão e a Decisão. E não vai levar muito tempo, penso eu, a pormos o binóculo de lado, pelo menos nesta travessia.

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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24430: (In)citações (251): "Hoje falamos dela", de Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Guiné 61/74 - P24444: (De)Caras (200): Graduados da segunda e terceira geração da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1972/74) - II ( e última) Parte: Bambadinca (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, dez 71/jan 74)


Foto nº 5    


Foto nº 5A


Foto nº 5B


Foto nº 5C

Fotos nº 5, 5A, 5B  e 5C> Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime >  CCAÇ 12 > c. 1973/74 

Legenda: Foto tirada junto à capela do Xime, s/d (a CCAÇ 12 foi transferida para o Xime em março de 1973)

Da esquerda para a direita, temos:
  • Fur Garrido; Alf Tavares (II) (Foto nº 5B);
  • Fur Emílio Costa; Fur Mec António Lalanda Jorge; Fur António Duarte e Alf Viana (Foto nº 5C).


Foto nº 6


Foto nº 6A

Fotos nº 6 e 6A > Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime >  CCAÇ 12 > c. 1973/74. Tirada no Xime, junto a um de três obuses 10,5 cm, lá estacionados (20º Pel Art): a  espreitar no aparelho de pontaria o Fur Emílio Costa e ao lado o Fur Mec António Lalande Jorge
 


Fotos nº 4 e 4A> Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime >  CCAÇ 12 > c. 1973/74 . Uma pequena paródia com os seguintes camaradas da esquerda para a direita: Fur Art  Manuel Lino (20º Pel Art ); Alf Tavares (I) e Fur Mec António Lalande Jorge. Tirada no Xime depois de abril de 1973.

Fotos: © António Lalande Jorge (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: António Duarte e Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Segunda (e última) parte da seleção de fotos enviadas pelo António Duarte (ex-fur mil,
 CART 3493 / BART 3873, Mansambo, 1971/72, e CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74):



(...) Os originais são na sua maioria do António Lalande Jorge, furriel mecânico da companhia entre maio de 1972 e 20 de abril de 1974. Esteve com a segunda e terceira geraçãode graduados.  Reencontrei-o  agora, reside a maior parte do tempo em Salvaterra de Magos, tendo trabalhado em várias gráficas. (Vd. foto à direita, em primeiro plano, o Jorge, de perfil, juntamente com o José Sobral, em Coimbra, 27 de maio de 2023). Seguem Algumas notas sobre esta gente, graduados, metropolitanos, de rendição individual, da 2ª e 3ª geraçóes da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1972/74). (*)

(i) o Fur Garrido sei que trabalhou na CP; seu nome completo: Henrique Francisco Garrido; era do 3º pelotão: veio da CCAÇ 3327/ BII17 e era natural da zona de Coimbra (segundo informaçáo do José Câmara, em comentário ao poste P24441) (*);

(ii) o Fur Emílio Costa vive no Porto e faltou ao convívio de Coimbra, em 27 de maio de 2023; tinha prometido ir;

(iii)  Fur Enf Osório, segundo sei, foi enfermeiro no Hospital de Lamego;O Fur Rodrigues que faleceu em 2018, era de Oliveira do Bairro e foi professor do ensino secundário;

(iv) o Fur Monteiro, estive com ele em 1993 e era empresário, sócio de uma pequena empresa; perdi o contacto;

(v) O Fur Emílio Costa e o Alf Tavares (II), eram oriundos do Batalhão de Bafatá (BART 3884) e eu, bem como o Fur Andrade de Op Especiais, pertencíamos ao Batalhão de Bambadinca (BART 3873).

Este último foi delegado de batalhão e pediu para ir para o mato (pertencia à Cart 3492 no Xitole, mas foi colocado na Cart 3493 em Mansambo). Os pais viviam em Bissau, pois o pai era comandante da PSP, havendo a particularidade de falar crioulo correctamente, já que foi criado em Bissau. Veio para Portugal fazer o serviço militar (CSM). Cheguei a falar com ele em Chaves em 1979.

Os Alferes eram atiradores de infantaria e todos os furriéis eram também atiradores de infantaria, excetuando eu próprio que era Atirador de Artilharia. Os primeiros faziam a especialidade em Tavira e eu em Vendas Novas. Obviamente que o Fur Andrade por ser de Op Esp. esteve em Lamego

Bem e é tudo. Se recordar é viver, acho que vamos ser eternos. (...)
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 30 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24441: (De)Caras (199): Graduados da segunda e terceira geração da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1972/74) - Parte I: Bambadinca (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, dez 71/jan 74)