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sexta-feira, 16 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26806: Notas de leitura (1797): "As Raças Humanas", de Louis Figuier, editado em Lisboa em 1881, no tempo em que se acreditava nas raças superiores e inferiores… (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Maio de 2024:

Queridos amigos,
Temos versado a questão colonial em diferentes dimensões, aqui no blogue, a dimensão racial tem sido a menos analisada. Em plena ascensão do colonialismo africano, os antropólogos deram uma mãozinha e puseram banho lustral nos ideais civilizadores do branco, o negro era infantil, menos inteligente que o branco, um quase inapto para as artes plásticas, tribal e sorna, precisava de monitores brancos. É dentro desse contexto e recorrendo ao livro "As Raças Humanas", de Louis Figuier, editado entre nós em 1881, que se pode dar entendimento ao nosso olhar sobre África e o africano, quando avançamos, depois da perda do Brasil, para os sonhos do Terceiro Império, a nossa missão civilizadora associar-se-ia à exploração de riquezas, face às quais o negro era totalmente inapto, não passava de uma criança mandriona.

Um abraço do
Mário



No tempo em que se acreditava nas raças superiores e inferiores…

Mário Beja Santos

Quando o livro "As Raças Humanas", de Louis Figuier, foi editado em Lisboa, em 1881, já tinha conhecido quatro edições em França. É obra profusamente ilustrada, com elevada qualidade gráfica, o tema das raças estava no auge, as doutrinas evolucionistas, o pensamento filosófico positivista, os ideais republicanos laicos tinham entrado em colisão, daí a pergunta o que é o homem, de onde vem, se tinha ou não o papel de centro único da criação, como se tinham processado ao longo da História as migrações dos povos, etc. Figuier concluirá que a ciência não pode explicar a diferença existente entre os principais tipos da espécie humana, dirá mesmo que os homens são todos irmãos pelo sangue, que as diferentes raças eram derivadas de uma espécie única pelas modificações que o clima imprimiu no tipo positivo, competia à antropologia classificar as raças e Figuier acha que tal classificação se baseia na cor da pele, é uma apreciação de um valor secundário mas com ele pode formar-se um quadro exato e metódico dos povos habitantes da Terra. E dá um sentido à sua análise com apreciações que são hoje completamente dadas como erróneas: as medidas antropométricas constituíam a chave esclarecedora para distinguir o que essencialmente diferencia a raça branca da raça amarela, a raça amarela da raça parda, a raça parda da raça vermelha e a raça vermelha da raça negra.

E vamos viajar a partir da raça branca, um tal ramo europeu onde destacam as famílias teutónica, latina, eslava (do Norte do Sul), fino-húngara, grega; passa-se para o ramo aramaico e o leitor permitir-me-á que avance para a raça negra. Escreve Figuier:
“A raça negra distingue-se pelos seus cabelos pouco compridos e lanosos, pelo nariz achatado, pela maxila saliente, pelos lábios grossos, pelas pernas arqueadas, pela cor preta ou cinzenta carregada. Estes povos vivem nas regiões centrais e meridionais da África, nas partes meridionais da Ásia e da Oceânia.
Os habitantes da Guiné e do Congo são muito pretos, mas os Cafres são apenas cinzentos-escuros e parecem-se com os Abissínios. Os Hotentotes e os Bosquímanos são amarelados comos os chineses, posto que tenham as feições e a fisionomia dos negros.”


Figuier enuncia os Cafres e os Hotentotes e assim chegamos aos negros:
“Os negros ocupam uma grande parte da África Central e Meridional, a Senegâmbia, a Guiné, uma parte do Sudão Ocidental, a Costa do Congo, assim como a extensa região que ainda há pouco quase completamente desconhecida entre a Costa do Congo a Oeste e a Este da Costa de Moçambique e do Zanzibar, são os lugares habitados pelos negros propriamente ditos. A Guiné e o Congo são as terras clássicas dos negros. É ali que vivem os representantes desta raça com as feições mais características e repelentes. Julga-se que a invasão na África dos povos asiáticos e europeus, tendo-se sempre feitos pelo istmo do Suez e pelo Mar Vermelho, os negros foram empurrados para o Oeste do continente africano. Os habitantes da Guiné e do Congo serão, pois, os descendentes e os representantes contemporâneos dos negros primitivos.

(…) A fisionomia do negro é de tal modo característica que é impossível o não reconhecer à primeira vista, mesmo quando o indivíduo tivesse a pele branca. Os seus lábios proeminentes, a fronte curta, os dedos salientes, os cabelos lanosos, a pouca barba, o nariz largo e achatado, o queixo retraído, os olhos redondos dão-lhe um aspeto particular entre todas as demais raças humanas. Muitos têm as pernas arqueadas, quase todos pouca barriga de perna, os joelhos flexionados, o corpo inclinado e o andar preguiçoso. Podemos acrescentar que nesta raça o tronco tem menos largura que nas outras raças, que os braços são proporcionalmente um pouco mais compridos, que as pernas têm uma curvatura assaz sensível e que a barriga das pernas é um pouco achatada. A cavidade óssea da bacia é muito mais estreita no negro do que no europeu, mas é mais larga no sentido do osso sacro, o que torna para as negras fáceis os partos. Segundo medidas exatas, a bacia superior é 1/4 mais larga no europeu do que no negro. Também as coxas dos negros diferem das dos brancos: no primeiro são sensivelmente achatadas. O pé participa desta fieldade das formas. O vício de conformação que entre nós isenta do serviço militar, o pé chato, não só para o negro não é uma deformação, mas é também um caráter constante.

(…) A cor da pele tira à fisionomia do negro toda a beleza. O que dá graça à cara do europeu é cada parte do rosto ter o seu colorido próprio. As maçãs do rosto, o nariz, a fronte, o queixo, têm, no branco, tons particulares. Na fisionomia do negro tudo é negro. As sobrancelhas, negras como o rosto, perdem-se na cor geral. Apenas há um tom diferente na linha de contacto dos lábios. A pele dos negros é muito porosa e tanto que os poros se apresentam de modo visível. Nem todos os negros têm a pele dura, pelo contrário, pelo contrário, alguns têm-na macia e acetinada. O que há de desagradável na pele do negro é o cheiro nauseabundo que exala suando. Estas emanações são tão difíceis de suportar como as que são exaladas de certos animais. A natureza apropria o negro às regiões em que vive. Em geral, o seu temperamento é linfático. O seu andar vagaroso, a sua preguiça invencível, impacientam o europeu, que não pode compreender tanta indolência. Os negros são menos sensíveis que os europeus à influência de excitantes. A aguardente, a mais forte, o rum, a pimenta, os mais irritantes condimentos francamente excitam a inércia do seu palato.”


Chegámos agora à contundente questão da inteligência e da inferioridade racial. Socorrendo-se de argumentos antropomórficos hoje dados como anacrónicos, Figuier refere o ângulo facial, a fronte muito inclinada para trás, as maxilas muito proeminentes e classifica:
“Aproximava-se do macaco, cujo ângulo facial, nos macacos antropomorfos, tais como o orangotango e o gorila, é de 50º. Esta fraqueza relativa de inteligência que nos é revelada pela pequenez do ângulo facial dos negros vai ser confirmada por nós, examinando-lhe o cérebro. (…) A inferioridade intelectual do negro é evidente na sua fisionomia sem expressão nem mobilidade. O negro é uma criança e como uma criança é impressionável, inquieto, sensível ao bom tratamento suscetível de dedicações, mas, em certos casos, sabendo também odiar e vingar-se. Os povos da raça negra que existem no interior de África, os estados de liberdade mostram-nos pelos seus hábitos e pelo estado do seu espírito que não podem passar de além da vida de tribo. Além disso, em muitas colónias custa tanto tirar bom resultado da educação dos negros, a tutela dos europeus é-lhe de tal modo indispensável para lhe manter os benefícios da civilização, que a inferioridade da sua inteligência, comparada com a do resto da humanidade, é um facto incontestável.”

Instituiu-se assim a inferioridade do negro, a plena dependência do civilizado, a fatalidade da sua anatomia, a sua indolência masculina pondo a mulher a trabalhar como escrava, as suas crendices em divindade secundárias, a crença no poder do acaso. E, de repente, Figuier descobre que os negros possuem muitas vezes uma extraordinária memória, uma extrema facilidade para aprender as línguas, o seu enorme talento nas imitações. Os negros, enfatiza Figuier, são rebeldes às artes plásticas, mas são muito sensíveis à música e à poesia. E conclui dizendo que a família negra tem menos inteligência que qualquer outra família humana e que é preciso dar muito tempo aos negros libertos para viverem numa igualdade com outras raças.

Era esta a doutrina que alimentava o pensamento colonialista e que efetivamente só se começou a desmoronar no fim da Segunda Guerra Mundial. O racismo mudou de figura, está associado a uma religião eleita, a certos fundamentalismos monoteístas, à emergência do nacionalismo de base racial e ao terror das migrações que assolam a Europa e a América do Norte; mas não sejamos ingénuos, os chineses não querem contaminações com outros grupos populacionais… O racismo diminuiu, tem uma face muito obscura, mas está muito longe de se ter extinguido.

Três imagens retiradas do livro de Louis Figuier
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Nota do editor

Último post da série de 12 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26793: Notas de leitura (1796): "Pára-quedistas em Combate 1961-1975", por Nuno Mira Vaz; Fronteira do Caos Editores, 2019 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26805: S(C)em Comentários (65): A "ejaculação precoce" dos jovens biafadas de Quínara que precipitaram a guerra (em Tite, 23 de janeiro de 1963), e que passaram a perna ao Amílcar Cabral e ao seu partido de grumetes (Cherno Baldé)


Mapa da Guiné-Bissau: destaque, a vermelho, para a região de Quínara (adotamos a grafia que era usada pela cartografia militar portuguesa). Fonte: adapt de Wikipedia, com a devida vénia...

Segundo o Cherno Baldé, a palavra (e a grafia) "Quínara" é portuguesa e resultou da corruptela da palavra "Guínala" que designava uma parte dos três principais reinos biafadas do séc. XIX, criados em consequência do deslocamento destes que, empurrados pelas guerras de conquista dos fulas em revolta contra o jugo mandinga/soninqué na segunda metade do séc. XIX, depois de mais de 6 séculos de submissão e escravidão na região oeste africana da Senegâmbia.(*)
 


1. Comentário do Cherno Baldé, nosso colaborador permanente e assessor para as questões etno-linguísticas (**)

Caro amigo Luís Graça, a tua questão  é: "Porque os biafadas de Quínara foram juntar-se à guerrilha?"..

Na minha opinião, eles aspiravam ao poder, ao regulado/regência sobre os outros grupos, eles queriam reinar sobre os outros  à imagem e semelhanca dos mandingas, seus modelos e inspiradores,  que governaram o território durante séculos. 

No território da Guiné, da época, todos queriam o poder (ser rei, régulo ou djagra) o que, aliás acontecia um pouco por todos os lados em África e no mundo.

Os objetivos do PAIGC só mais tarde, após o congresso de Cassacá (1964), começaram a ser claramente expostos aos guerrilheiros e à população sob a sua dependência, antes disso muitos, sobretudo mandingas e biafadas, pensavam que a luta estava a ser feita no sentido de recuperar o poder das mãos de fulas e portugueses. 

Para esses grupos em especifico, particularmente mandinga, Cassacá foi uma desilusão e o início do seu desengajamento paulatino, com uma migração massiva para o Senegal (Casamansa) e a Gâmbia.


Arafan Mané
A assimilação vs integração dos biafadas na cultura e religião dos mandingas não aconteceu por acaso, o factor político pode ter sido uma motivação muito importante, da mesma forma que dentro do mimetismo religioso dos reis (mansas) mandingas do Mali (mais tarde Sudão Ocidental Francês) estava a vontade de levar uma vida calma, religiosamente bem servida dos comerciantes árabes que atravessavam o Sahara para vir à procura dos produtos locais (ouro e marfim). 

O único grupo que conhecia minimamente os objectivos do PAIGC e tinham ido voluntária e de forma consciente para a luta (ao mato) eram de facto os cabo-verdianos e crsitãos/grumetes de Bissau e estes eram muito poucos para fazer a guerra, pelo que Amílcar Cabral sempre esteve reticente em relação ao início da luta e os jovens biafadas de Quínara (onde se incluiam os Arafan Maná, Malam Sanhá, Quemo Mané, entre outros), influenciados pelos mais velhos, estavam cheios de ambição, mas com pouca formação intelectual e informação sobre o mundo e obrigaram a cúpula do partido a decidir avançar com a guerra no território da Guine que, aliás, já outros partidos (MLG e FLING) já tinham iniciado no Norte.


 (Revisão / fixação de texto, título do poste: LG)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 13 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21352: Em bom português nos entendemos (25): Quínara, Quinara ou Quinará?... Uma 'ciberdúvida'... (Luís Graça / Cherno Baldé)

(**) Vd. poste de 15 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26801: Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte VIII

(***) Último poste da série > 14 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26688: S(C)em Comentários (64): o blogue da Tabanca Grande, segundo Carlos Matos Gomes (1946-2025)

Guiné 61/74 - P26804: Parabéns a você (2376): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Aldeia Formosa e Cumbijã, 1972/74)

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Nota do editor

Último post da série de 10 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26785: Parabéns a você (2375): Henrique Matos, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68)

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26803: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (28)

Foto 220 > Janeiro de 1972 > Piscina de Nhacra > João Moreira
Foto 221 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira
Foto 222 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira
Foto 223 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira junto a um bagabaga (monte feito pelas formigas)
Foto 224 > Janeiro de 2972 > Nhacra > João Moreira > Posto retransmissor da Emissora Oficial da Guiné
Foto 225 > Janeiro de 1972 > João Moreira > Estrada de Nhacra para Cumeré
Foto 226 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira > Fonte do Vale
Foto 227 > Janeiro de 1972 > Nhacra > João Moreira > Posto retransmissor da Emissora Oficial da Guiné, com anti-aéreas

(continua)
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Nota do editor

Último post da série de8 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26780: Álbum fotográfico de João Moreira (ex-Fur Mil Cav da CCAV 2721 - Olossato e Nhacra, 1970/72) (27)

Guiné 61/74 - P26802: Ser solidário (284): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (13): Apresentação do projecto na Sede da Associação Macaréu, dia 31 de Maio de 2025, pelas 18h30, Rua João das Regras, 151 - Porto. Também uma oportunidade para experimentar a gastronomia e ouvir música da Guiné-Bissau (Renato Brito)

1. Mensagem com data de 12 de Maio de 2025 do nosso amigo Renato Brito, voluntário, que na Guiné-Bissau integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa, trazendo até nós a Cartolina número 13 que divulga a apresentação do projeto no Porto no dia 31 de maio.
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Nota do editor

Último post da série de 1 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26752: Ser solidário (283): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (12): O regresso à Guiné-Bissau em fevereiro de 2025 traduziu-se no cumprimento de vários objectivos do projecto (Renato Brito)

Guiné 61/74 - P26801: Recordações de um fulacundense (Armando Oliveira, ex-1º cabo, 3ª C/BART 6520/72, 1972/74) - Parte VIII






Foto nº 1A, 1B,  e 1









Fotro nº 2, 2A, 2B, 2C




Foto nº 3 e 3A






Foto nº 4, 4A e 4B



Foto nº 5 e 5A

Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > s

Festaa religiosa (o Tabaski e não o Ramadão)  (fotos nºs 1 e 2) e civis da população de Fulacunda, na sua grande maioria biafada e mulçulmana.  A NT tinham sempre alguma curiosidade em relação a estes eventos que juntavam toda a população...Vou pedir ao Cherno Baldé que  "legende" as fotos... As nºs 1, ,2 e 3  teriam a ver com a "festa do carneiro" (o do Tabaski), conforme confirma o Cherno Baldé *).

A festa do Tabaski (designação corrente nos países de forte tradição muçulmana da África ocidental)  é, a seguir à festa do fim do Ramadão, a mais importante do Islamismo, equivalente ao Natal cristão. A data é variável, de ano para ano.

Fotos: © Armando Oliveira (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. O Armando Oliveira, natural de Marco de Canaveses, a viver no Porto,  foi 1º cabo at inf, 3ª C/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74), tendo pertencido ao 3º Pelotão, comandado pelo nosso amigo, camaradada e grão-tabanqueiro Jorge Pinto. Era o apontador da metralhadora pesada Breda, instalada no alto do fortim. Também exercia, no quartel, a sua profissão de barbeiro. E, como "hobby", fazia fotografia. Era um d0s militares que tinha máquina fotográfica. É dele o melhor álbum fotográfico de Fulacunda.


É membro recente da nossa Tabanca Grande (nº 901). Tem página do Facebook.  

Como na maior parte dos casos as fotos que ele nos disponibilizou, não trazem legendas, temos que as tentar reconstituir, e contar com a ajuda dele como dos outros camaradas "fulacundenses" que também fazem parte da Tabanca Grande: o Jorge Pinto e o José Claudino da Silva. (Bem como do Fernando Carolino, de quem aguardamos o OK para ser apresentado).

As fotos que hoje publicamos são interessantes para documentar o binónimo NT / População.
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

8 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6695: Memória dos lugares (89): Bafatá, Tabatô, Tabaski 2009: Não há preto nem branco, somos todos irmãos, disse a Fátima de Portugal numa cadeia de união... (Catarina Meireles)

16 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7795: Álbum fotográfico do Arménio Estorninho (CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70): Cherno Rachide e a festa do fim do Ramadão, Bissau, 1970


6 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21974: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf mil, CCaç 3544, "Os Roncos", Buruntuma, 1972, e CCaç 3, Bigene e Guidage, 1973/74 - Parte VI: O Ramadão (2/3)

9 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24212: Fotos à procura de... uma legenda (174): Legendas para as fotos do Ramadão de 1971, na tabanca de Saliquinhedim (K3) (José Carvalho, ex-Alf Mil Inf / Cherno Baldé)

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26800: Historiografia da presença portuguesa em África (481): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial do Governo da Província da Guiné Portuguesa, 1917 e 1918 (35) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Dezembro de 2024:

Queridos amigos,
É o período tormentoso da Primeira Guerra Mundial, tormentoso também na vida política nacional, com forte incidência é na instabilidade de governação da Guiné: Manuel Maria Coelho é governador interino em 1917, em julho toma posse o tenente-coronel Carlos Ivo de Sá Ferreira e cerca de 13 meses depois regressa Josué de Oliveira Duque. O Boletim Oficial regista predominantemente os acontecimentos nacionais, transcreve numerosos regulamentos e portarias. Ainda me ocorreu, sem querer concorrer com o livro de Armando Tavares da Silva citar o que escreve o chefe da delegação de Bolama neste período sobre a vida na Guiné, mas contive-me. Peço ao leitor que leia uma nota do Estado-Maior a pedir às forças militares que procedam com bom-senso e não se esqueçam da sua missão civilizadora. Persistem nos Bijagós, mormente em Canhabaque, atitudes de rebelião, aqui se dá nota também de um ato de submissão, mas a chamada pacificação total só irá acontecer em 1936, é quando se dá como pacificada toda a colónia.

Um abraço do
Mário


A Província da Guiné Portuguesa
Boletim Oficial do Governo da Província da Guiné Portuguesa, 1917 e 1918 (35)


Mário Beja Santos

Continuamos no período conturbadíssimo da guerra, a economia da Guiné está profundamente abalada, a dança das cadeiras governamentais faz com que haja no princípio de 1917 um governador interno, Manuel Maria Coelho, em julho é nomeado o Tenente-Coronel Carlos Ivo de Sá Ferreira, em Agosto de 1918 regressa Josué de Oliveira Duque. O Boletim Official, como é óbvio, reflete os acontecimentos nacionais e internacionais, vive muito cingido ao expediente burocrático e administrativo, aqui e acolá temos algumas notas do pensamento colonial, fala-se na perceção do risco da pregação islâmica e surge um novo clube, o Clube Fraternidade de Farim.

No Boletim Oficial n.º 46, de 17 de novembro de 1917, o Chefe do Estado-Maior interino, o Major Joaquim Maria da Costa Monteiro expede uma circular para os comandantes de unidades, comandantes militares, comandantes militares de regiões desanexadas, comandantes de postos e comandantes de postos militares administrativos:
“Do domínio público é que a Guiné tendo iniciado uma época de desenvolvimento na paz a que o indígena se subordina, precisa de efetivar todas as manifestações de uma vida produtiva e essencialmente progressiva.

A Guiné nascendo das trevas em que tem vivido, precisa de demonstrar evidência da sua grande riqueza, na seiva que enche às suas veias opulentas e salutares, na pujança que expande dos seus membros musculosos e fortes.
Para isso necessário se torna que o indígena desperte do seu letargo, trazendo-lhe a sua útil colaboração em todos os problemas da vida social; necessário é que nele se incuta a confiança absoluta na justiça dos seus chefes europeus, e necessário ainda é que ele saiba apreciar toda a nossa leal e frança coadjuvação nas aspirações que por direito próprio ou por justificada razão lhe possam surgir. Reprima-se com energia qualquer ato que demonstre o espírito de rebelião ou de intencional criminalidade, mas nunca se pratique a pretexto de qualquer incidente, mais ou menos fútil, a imediata ou premeditada subjugação pelas armas.

A ponderação deve estar sempre como factor principal na solução dos problemas sujeitos à apreciação dos chefes; o bom critério, assisado e franco, deve ser o apanágio do brilho que reveste o prestígio da autoridade; e finalmente bom exemplo dá ao chefe a força da sua dignidade e da sua autoridade. É nesta conformidade que eu, autorizado por Sua Excelência, o Governador, chamo à atenção dos senhores oficiais todos os graduados para a sua missão civilizadora e educadora perante os mesmos indígenas que lhes estão confiados e subordinados.
Nunca este Quartel-General sancionará, e antes tomará as respetivas e inteiras responsabilidades, a manifestações de veleidades com pruridos de força, a que não assistam da imprescindível urgência de uma repressão imediata, em crimes que afectem a dignidade e prestígio da soberania portuguesa pelo respeito pela autoridade constituída.”


No Boletim n.º 47, de 24 de novembro, temos uma circular da Secretaria dos Negócios Indígenas da Guiné, vale a pena transcrevê-la:
“Sua Excelência, o Governador Interino, encarrega-me de chamar a atenção de todas as autoridades administrativas, civis e militares, para os inconvenientes e perigos que representam para a segurança e moral pública a presença, nos territórios que estão sob a sua jurisdição, de quaisquer entidades tituladas xerifes ou marabus, que professam a religião do Islão. Essas personagens, filiadas todas em confrarias muçulmanas, dizendo-se quase sempre descendentes do Profecta, vão de povoação em povoação pregando às populações a observância estrita das cinco grandes obrigações da lei muçulmana, entre elas a guerra santa.

A par destas prédicas, invocando a sua santidade, vão extorquindo aos indígenas tudo quanto podem, intimidando-os e ameaçando-os com a cólera do Madhi, recebendo por esse meio presentes valiosos. Por vezes provocam desacatos, como muito recentemente ocorreu na circunscrição civil de Geba, onde um desses intrujões pretendeu incutir nas povoações onde passava a santidade, dizendo-se portador do Alcorão mas fazendo também transportar consigo, às ocultas, armamento que dele se serviu quando se viu perseguido pelas forças da polícia da Circunscrição Civil de Geba. Actos desta natureza tinham de ser punidos pela força, como efectivamente o foram, até à captura do famigerado Marabu, que internando-se no território francês de onde viera, ali foi expulso pelas respectivas autoridades, e depois de extraditado, deportado para a Província de S. Tomé e Príncipe por dez anos.

Logo que tenham conhecimento de que na área da sua jurisdição se encontrar qualquer xeque, xerife ou marabu, mandá-lo-ão intimar a apresentar-se imediatamente na sede, a fim de ser submetido a um interrogatório sumário. Se se provar que não tem modo de vida regular, enviá-lo-ão ao poder judicial, para que, depois de julgados possam cumprir a pena de trabalhos públicos ou trabalho correcional. Cumprida a pena serão reenviados aos seus países de origem.
Todos os administradores e comandantes militares devem, contudo, ter sempre presente que as medidas indicadas não têm por fim entravar o livre exercício da religião muçulmana mas tão somente proteger os indígenas que seguem esta religião contra os actos de burla e de abuso de confiança dos xerifes e marabus que venham de terras estranhas explorá-los na sua simplicidade.”


No Boletim n.º 48, de 1 de dezembro, noticia-se que foram aprovados os estatutos do Clube de Fraternidade de Farim, o seu fim é de promover a harmonia dos associados, proporcionando-lhes distrações e divertimentos como jogos lícitos, desportivos, leituras, música, soirées, récitas e palestras.

O ano de 1918 é muito parcimonioso, mas ocorre que no Boletim de 2 de fevereiro publica-se um ato de submissão, este ocorrera no dia 23 de janeiro, na residência do Governo da Guiné, estavam presentes os membros do conselho de Governo, oficiais militares, funcionários públicos, todos para assistir ao ato de submissão prestado pelos régulos de In-Orei, de Ancamane, de Ambior, de Menéque, de Béne, de Bani, Combá e de Bani e de Juliana, todos de Canhabaque. “Interrogados por Sua Excelência, o Governador, por intermédio do Alferes de 2.ª Linha, Mamadu Sissé, sobre as causas determinantes da guerra, responderam que vinham pedir perdão ao Governo, por terem feito fogo sob a força que desembarcou em Canhabaque, sem esta lhes ter feito coisa alguma. Que se não tivessem culpa não vinham pedir perdão, estando prontos a entregar todas as armas que possuem, e a pagarem a taxa de guerra, mas pediam ao Governo que lhes desse um prazo para pagarem a mesma taxa, porque agora não têm dinheiro para pagar. Sua Excelência, o Governador, concedeu o prazo de 6 meses para o pagamento da taxa de guerra, declarando mais que podiam ir descansados reconstruir as suas casas e amanharem as suas terras.”

Assassinato de Sidónio Pais
A I República estremece, notícia sobre o golpe que destitui o Presidente da República e dá a presidência a Sidónio Pais
Manuel Maria Coelho, Governador Interino da Guiné, 1917
Bombeiros da Guiné, imagem retirada de Casa Comum/Fundação Mário Soares
Dançarinos Mancanhas, 1910

(Fotos editadas por CV)

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 7 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26776: Historiografia da presença portuguesa em África (480): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial do Governo da Província da Guiné Portuguesa, 1916 e 1917 (34) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26799: Agenda Cultural (883 ): "Livros a Oeste | Festival do Leitor", Lourinhã, 13 a 17 de maio de 2025: a 13ª edição está a decorrer, sob o lema "A História é Uma Encruzilhada"

 



Livros a Oeste 2025 | Festival do Leitor (Vd. programa aqui, na página oficial)

CONVERSAS | PERFORMANCE | MÚSICA | TEATRO DE SOMBRAS E OBJETOS | SESSÕES DE POESIA | OFICINA | FEIRA DO LIVRO | EXPOSIÇÃO




Livros a Oeste | Festival do Leitor está de volta à Lourinhã, com a 13.ª edição agendada entre 13 e 17 de maio, sob um auspício bem adequado aos tempos que vivemos (Texto que já não está disponível hoje, a esta hora, tratava-se de uma "press release" / comunicado de imprensa).


A HISTÓRIA É UMA ENCRUZILHADA


(...) A cada passo tomamos decisões, a cada passo prescindimos de algo, a cada passo assumimos qual será a direção… dos próximos passos. A História, com maiúscula e poderes acrescidos, é uma permanente encruzilhada e cada movimento, à semelhança de um xadrez cósmico, trilha caminho para as suas consequências.

Num tempo de inquestionáveis mudanças, convidámos figuras de diferentes quadrantes e com olhares distintos, para participarem neste encontro multidisciplinar em que, como é ajuizado acautelar, são mais as perguntas que as respostas. A política, a literatura, a historiografia, a tecnologia, a música, a poesia… tantos são os cenários que mudaram, mudam e continuarão a mudar, espelhando o percurso de um país. E do mundo que o rodeia. E a história, a tal em que ficcionamos para termos mão no seu desenlace, também é feita de escolhas e lapsos, urgências e atrasos, realidades e ilusões, certezas e tentativas.

  • «A nossa aposta contínua na divulgação cultural e criação de novos públicos, assenta que nem uma luva num encontro desta natureza, uma oportunidade para juntar projetos e criadores de diferentes áreas, questionando a realidade, divulgando e debatendo, com a preocupação de abranger diferentes tipologias de audiência e registos complementares, que possa chegar a pessoas com diferentes sensibilidades e interesses»; António Alberto Santos; Vereador da Câmara Municipal da Lourinhã com os Pelouros da Educação, Cultura e Cidadania.

  • «Estamos numa época decisiva para definir o que será, não só o período que completa este século, mas as linhas definidoras de uma certa concepção de Humanidade, questionada e desafiada pelas transformações que o próprio ser humano produziu e infligiu em todo o planeta em que vivemos. Criámos problemas que só nós podemos resolver. Porém, cada decisão implica consequências» (João Morales, programador do Livros a Oeste|Festival do Leitor).


A sessão de inauguração é, este ano, conduzida por Maria Caetano Vilalobos, um dos rostos mais recentes do panorama português da palavra dita, da poesia contemporânea, da slam poetry (com diversas presenças já no seu currículo, em eventos, nacionais e internacionais). 

Como habitualmente, será o momento para a divulgação dos vencedores do Concurso de Contos Livros a Oeste (nas suas diversas categorias). E, logo em seguida, visitamos a exposição “São Cravos, Senhor, São Cravos”, do artista Miguel Januário, patente na Galeria Municipal da Lourinhã. 

De referir que a Biblioteca Municipal acolhe ainda a exposição (Re)Constituição, com a exposição de páginas do livro homónimo, obra amplamente premiada, que rasura a Constituição vigente durante a Ditadura (trabalho que ganha maior significado nos 50 anos da data da preparação da 1ª Constituição publicada em Liberdade, o que viria a acontecer em 1976).

As noites têm por destino o auditório do Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira. 

  • Logo na primeira, terça-feira, dia 13, contamos com PURGA, projeto independente dedicado à poesia, criado em 2019, por NERVE (Tiago Gonçalves). Em cada sessão, além de apresentar textos novos, NERVE convida um ou mais autores para lerem poesia original. Nesta edição, o rapper e poeta português convida José Anjos, anfitrião do projeto Poesia na Bota, conhecido poeta e dinamizador de sessões de poesia. Qualquer membro do público pode participar, sem necessidade de inscrição.

As restantes noites são preenchidas por conversas temáticas, com diferentes convidados:


  • quarta-feira à noite teremos Pedro Prostes da Fonseca, Fernando Alvim e Manuel Frias Martins, sob o título Distância e Proximidade na Era da Internet;
  • quinta-feira o palco será entregue a Clara Pinto Correia Alves (de regresso à edição, ela que conta com quase seis centenas de livros publicados), Afonso Cruz e Filipa Fonseca Silva (ambos também com livros novos), porque A Vida Recomeça Continuamente;
  • exta-feira o serão conta com a presença de Bruno Vieira Amaral (que nos traz o seu novo romance, mas também a biografia de José Cardoso Pires, cujo centenário assinalamos em 2025), Patrícia Portela (com livro novo) e Mário Rufino (autor de um dos romances de estreia mais aclamados doa últimos anos).; o encontro dos três foi batizado como O Passado é Um País Sem Fronteiras;
  • no sábado, a tarde começa com Patrícia Reis e Teresa Carvalho, numa sessão dedicada a duas mulheres recentemente falecidas, senhoras de uma poesia e de uma vida francamente distintivas, Maria Teresa Horta e Adília Lopes  – Conferência Conjugada no Feminino,;
  • depois, a última destas habituais conversas junta Miguel Szymanski (romancista, mas também jornalista e comentador da RTP para assuntos internacionais), Júlio de Almeida (angolano, com um passado ligado ao exército, mas também ao Executivo de Angola, autor de dois romances publicados entre nós, à semelhança de vários outros do seu filho, o bem conhecido Ondjaki), que nos traz as suas memórias, e Luís Reis Torgal, figura de destaque da Academia portuguesa, com um vasto e rico percurso no âmbito da História, do pensamento e do ensino (também desta vez, os convidados viajam com livro novo na bagagem); a conversa, em jeito de balanço final, designa-se Chegados Aqui Para onde Vamos ? 
O festival encerra com Estilhaços, o projeto que junta poesia e música, com a mentoria de Adolfo Luxúria Canibal.

Como habitualmente, criámos uma programação multidisciplinar, assentando em conversas com autores, espetáculos para os mais novos, outros, imersivos com a comunidade, spoken word ou exposições. 

 À semelhança de anos anteriores, haverá ainda uma Oficina para Professores e Educadores, Perguntas Fuerreiras, Diálogos Pacíficos, por Joana Rita Sousa.


Aliás, o público em idade escolar sempre foi uma das principais preocupações na planificação e execução deste encontro anual, com as manhãs de todos os dias úteis do festival - que são quatro - completas e sobejamente preenchidas com sessões destinadas aos diferentes ciclos letivos, nos próprios estabelecimentos de ensino, em salutar colaboração com as professoras bibliotecárias destes espaços.

São diversos os autores e os livros que vão ser apresentados ao público infantojuvenil: 

  • Diário do Sushi, o Gato (Ana Rita Sequeira), 
  • Histórias Hilariantes da História de Portugal (Mafalda Cordeiro), Consultório Furioso (Patrícia Portela) 
  • Eu e as Babes (Ana Luísa Pais). 

Além disso, as escolas receberão ainda as sessões Camilo Castelo Branco  – 200 Anos de Um Escritor Profissional e A Poesia Vai à Escola (com Poeta da Cidade e Josefa de Maltezinho). 

 O público infantil conta ainda com o espetáculo Recomeçar – Teatro de Sombras e Objetos, conjugando o trabalho da companhia Sombronautas, Teatro Inefável e do músico Simão Cardoso. Partindo do livro Recomeçar, de Oliver Jeffers, nasceu um espetáculo, novo em folha, com música e muita luz para guiar num novo começo os alunos do pré-escolar e 1.ºciclo da Lourinhã.

A ligação ao território local continua a ser uma das preocupações no horizonte da organização deste evento, apostando na continuação de iniciativas como;

  •  Os Cantos das Palavras   (na via pública, apelando à participação de quem passa);
  • A Poesia É Que nos Salva  (cultivando a palavra dita em voz alta, de forma informal e em tom de convívio, ao final da noite);
  • ou na integração de um espetáculo concebido pelo Clube Idade+ (sob bem conhecida no nosso festival), intitulado Recomeçar, sublinhando que a participação na vida cultural local não tem, nem poderia ter, quaisquer limites etários. 

Maze (André Neves) realizou uma residência com 16 mulheres seniores do Clube Idade+ da Ribeira de Palheiros, inspirada no livro Recomeçar, de Oliver Jeffers. Com reflexões sobre o passado, presente e futuro, as participantes mergulham na ideia de que há sempre espaço para um novo começo.

As sessões de final de tarde, pelas 18h30, são dedicadas à apresentação de obras recentes, abrangendo diferentes géneros, para leitores distintos. Assim:

  •  na terça-feira teremos a presença de Teolinda Gersão e Manuel Alberto Valente, trazendo consigo, respetivamente, Autobiografia de Martha Freud e Poesia – Substantivo Feminino: 25 Poetas Nascidas Depois do 25 de Abril;
  • o dia seguinte, é a vez de Francisco Mota Saraiva (com Morramos ao Menos no Porto, vencedor da mais recente edição do Prémio José Saramago) e Fernando Pinto do Amaral (com o seu mais recente livro, Contos Suicidas);
  • quinta-feira recebemos Pedro Boucherie Mendes (com o seu livro A Década Prodigiosa – Crescer em Portugal nos Anos 80) e Carlos Ramos, editor sitiado em Peniche, (com a antologia Trago-te Estes Lilases da Noite, constituída por poesia de diferentes proveniências geográficas, cuja tradução é responsável);
  • sexta à tarde, a música e a palavra estarão bem representadas: Amélia Muge traz-nos Um Gato é um Gato, onde a ligação entre o mais famoso felino e um conjunto alargado de escritores ganha evidência, e a dupla Rogério Charraz e José Fialho Gouveia apresenta Anónimos de Abril Vol I, obra que fixa para posteridade a história de alguns bravos que enfrentaram e foram alvo da fúria da ditadura salazarista.

Como habitualmente, toda a duração do festival é acompanhada por uma Feira do Livro, da responsabilidade da Associação Juvenil de Peniche, onde, lado a lado com várias obras de cada um dos convidados, será possível encontrar muitas oportunidades e descobrir livros cujo interesse se pode revelar pelo tema, pelo autor, pelo preço, ou por qualquer outro fator de afinidade. 

Da mesma forma, muitos são os motivos para visitar a Lourinhã, de 13 a 17 de Maio, e desfrutar da programação que preparámos, com afinco, para esta 13ª edição do Livros a Oeste | Festival do Leitor. 


(Revisão / fixação de texto: LG)

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Nota do editor LG:

Último poste da série > 7 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26773: Agenda cultural (882): Convite para a inauguração da exposição "Imaginários da Guiné-Bissau: o Espólio de Álvaro de Barros Geraldo": amanhã, dia 8, das 18h00 às 20h00 no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (As curadoras Catarina de Castro Laranjeiro e Inès Vieira Gomes)