Foto nº 1A, 1B, e 1
Fotro nº 2, 2A, 2B, 2C
Foto nº 3 e 3A
Foto nº 4, 4A e 4B
Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BCART 6520/72 (1972/74) > s
Festaa religiosa (o Tabaski e não o Ramadão) (fotos nºs 1 e 2) e civis da população de Fulacunda, na sua grande maioria biafada e mulçulmana. A NT tinham sempre alguma curiosidade em relação a estes eventos que juntavam toda a população...Vou pedir ao Cherno Baldé que "legende" as fotos... As nºs 1, ,2 e 3 teriam a ver com a "festa do carneiro" (o do Tabaski), conforme confirma o Cherno Baldé *).
A festa do Tabaski (designação corrente nos países de forte tradição muçulmana da África ocidental) é, a seguir à festa do fim do Ramadão, a mais importante do Islamismo, equivalente ao Natal cristão. A data é variável, de ano para ano.
1. O Armando Oliveira, natural de Marco de Canaveses, a viver no Porto, foi 1º cabo at inf, 3ª C/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74), tendo pertencido ao 3º Pelotão, comandado pelo nosso amigo, camaradada e grão-tabanqueiro Jorge Pinto. Era o apontador da metralhadora pesada Breda, instalada no alto do fortim. Também exercia, no quartel, a sua profissão de barbeiro. E, como "hobby", fazia fotografia. Era um d0s militares que tinha máquina fotográfica. É dele o melhor álbum fotográfico de Fulacunda.
É membro recente da nossa Tabanca Grande (nº 901). Tem página do Facebook.
Como na maior parte dos casos as fotos que ele nos disponibilizou, não trazem legendas, temos que as tentar reconstituir, e contar com a ajuda dele como dos outros camaradas "fulacundenses" que também fazem parte da Tabanca Grande: o Jorge Pinto e o José Claudino da Silva. (Bem como do Fernando Carolino, de quem aguardamos o OK para ser apresentado).
As fotos que hoje publicamos são interessantes para documentar o binónimo NT / População.
_____________
Notas do editor:
(*) Vd. postes de:
8 de julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6695: Memória dos lugares (89): Bafatá, Tabatô, Tabaski 2009: Não há preto nem branco, somos todos irmãos, disse a Fátima de Portugal numa cadeia de união... (Catarina Meireles)
16 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7795: Álbum fotográfico do Arménio Estorninho (CCAÇ 2381, Ingoré, Aldeia Formosa, Buba e Empada, 1968/70): Cherno Rachide e a festa do fim do Ramadão, Bissau, 1970
5 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P21971: Álbum fotográfico de António Marreiros, ex-alf
9 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24212: Fotos à procura de... uma legenda (174): Legendas para as fotos do Ramadão de 1971, na tabanca de Saliquinhedim (K3) (José Carvalho, ex-Alf Mil Inf / Cherno Baldé)
13 comentários:
Santa ignorância a nossa em relação à religião dos outros...
Santa ignorância a nossa sobre a religião e outros aspetos da cultura dos nossos amigos da Guiné-Bissau, muçulmanos, animistas, cristãos ("grumetes")... Éramos uns "turistas" mal informados, há 50 anos atrás...
A culpa não foi nossa, foi de quem nos mandou para lá, sem termos estudado a lição...
Eles, coitados, também nada sabiam de nós... A ignorância é sempre a mãe do preconceito...
Na foto no. 1 a figura, vestida de branco, que se destaca do grupo e que conduz a oração é o "almami" ( chefe religioso da comunidade) .
Que cerimónia / festa seria a da foto no. 3 ? Há um músico e as mulheres batem palmas (e dançam).
Por que é que os biafadas de Quinara "foram no mato" ?
Haverá " razões históricas" de peso...
Caro amigo Luis Graca, a tua questao eh: Porque os biafadas de Quinara foram juntar-se a guerrilha ?... Na minha opiniao, eles aspiravam ao poder, ao regulado/regencia sobre os outros grupos, eles queriam reinar sobre os outros a imagem e semelhanca dos mandingas seus modelos e inspiradores que governaram o territorio durante seculos. No territorio da Guine, da epoca, todos queriam o poder (ser rei regulo ou djagra) o que, alias acontecia um pouco por todos os lados em Africa e no mundo.
Os objetivos do PAIGC so mais tarde, apos o congresso de Cassaca (1964) comecaram a ser claramente exposto aos guerrilheiros e a populacao sob a sua dependencia, antes disso muitos, sobretudo mandingas e biafadas, pensavam que a luta estava a ser feita no sentido de recuperar o poder das maos de fulas e portugueses. Para esses grupos em especifico, particularmente mandinga, Cassaca foi uma desilusao e o inicio do seu desengajamento paulatino, com uma migracao massiva para o Senegal (Casamansa) e a Gambia. A assimilacaovs integracao dos biafadas na cultura e religiao dos mandingas nao aconteceu por acaso, o factor politico pode ter sido uma motivacao muito importante, da mesma forma que dentro do mimetismo religioso dos reis (mansas) mandingas do Mali (mais tarde Sudao Ocidental Frances) estava a vontade de levar uma vida calma, religiosamente bem servida dos comerciantes arabes que atravessavam o Sahara para vir a procura dos produtos locais (ouro e marfim). O unico grupo que conhecia minimamente os objectivos do PAIGC e tinham ido voluntaria e de forma consciente para a luta (ao mato) eram de facto os Caboverdianos e Crsitaos/grumetes de Bissau e estes eram muito poucos para fazer a guerra, pelo que ACabral sempre esteve reticente em relacao ao inicio da luta e os jovens biafadas de Quinara (onde se incluiam os Arafan Mane, Malam Sanha, Quemo Mane, entre outros, influenciados pelos mais velhos, estavam cheios de ambicao, mas com pouca formacao intelectual e informacao sobre o mundo e obrigaram a cupula do partido a decidir avancar com a guerra no territorio da Guine que, alias, ja outros partidos (MLG e FLING) ja tinham iniciado no Norte.
O conjunto das fotos mostra diferentes momentos da vida da tabanca, as primeiras fotos, de 1 a 3 mostram o dia da festa do Tabaski, a cerimonia que faz referencia a fidelidade do Patriarca/Profeta Abraao para com o seu Deus ao sacrificar o seu unico filho (Isac para os cristaos e Ismael para os muculmanos). As outras fotos (4) podem nao estar associadas a festa do Tabaski, mas de outras festividades como o Fanado de rapazes e/ou o aparecimento de Cancurans.
Cordialmente,
Cherno AB
Cherno« Baldé (by email)
15/05/2025, 18:54
Eu estou bem, a vida vai fluindo ao seu ritmo habitual, cuidando da família, filhos e sobrinhos/as. Não tenho razões de queixa, conformado com a sorte e o destino, felizmente com boa saúde, força e abnegação que herdamos dos mais velhos lá da terra.
PS: Ainda não consegui esquecer a partida do Valdemar Queiróz que, ainda, nos deixou mais solitários no Blogue da TG.
Cherno Baldé (by email)
15/05/2025, 18:54,
Olha, por acaso, já tinha contribuido com comentários ao Poste lindo de um Fulacundense tuga.
Como disse, não se trata de Ramadão, mas sim de Tabaski ou festa dos carneiros, cerimónia através da qual se celebra a fidelidade, a fé do nosso Patriarca vs Profeta comum, o Abraão, que, pela fé decidiu obedecer a ordem vinda do seu Senhor para oferecer a vida do seu filho único (Ismael para os muçulmanos/Isac para os Cristãos).
A minha opinião, é que passados 500 anos, e 50 anos de Indepedência da Guiné-Bissau, o assunto, ainda não foi resolvido!!! É pena, mas prova-se que a responsabilidade não é toda do colonialismo português. Eu tenho a consciência tranquila, cumpri a minha obrigação, ajudei muitos fulas a serem mais urbanos e a ler e escrever, e estou convencido, que eles apreciaram, e não foram violentados nas suas crenças.
Abílio Duarte- C.Art.2479-C.Art.11- Guiné 1969/70.
Cherno, o fotógrafo, o Armando Oliveira, vai sentir-se honrado e feliz com o teu comentário... A gente podia não saber o que era o Tabaski, mas respeitava a religiosidade dos povos (fulas, mandingas, biafadas, etc.)... E os seus locais de culto. O Armando, agora reformado do Hospital Militar do Porto, quer voltar para o ano, pelo quinta vez (!) a Fulacunda... É espantoso, há qualquer coisa de mágico por esta atração: afinal, Fulacunda foi, para ele e os seus camaradas da 3ª C/BART 6520/72 (Fulacunda e Tite, 1972/74) um "local de desterro"...
Sim, caro Luis Graça, de desterro (uma palavra terrivel) e de morte quase certa. Acho que muitos que aqui estiveram (forçados ou não) ainda não acreditam que sobreviveram, sobretudo a malta que veio no virar da década 69/70, de tal forma as probabilidades eram altas para essa eventualidade, valeram a força da juventude e algum patriotismo (bacoco) a mistura para aguentar as agruras de viver em buracos e com medo permanente.
Enviar um comentário