Praia, Cabo Verde, 1945
ILHA
Tu vives — mãe adormecida —
nua e esquecida,
seca,
fustigada pelos ventos,
ao som de músicas sem música
das águas que nos prendem…
Ilha:
teus montes e teus vales
não sentiram passar os tempos
e ficaram no mundo dos teus sonhos
— os sonhos dos teus filhos —
a clamar aos ventos que passam,
e às aves que voam, livres,
as tuas ânsias!
Ilha:
colina sem fim de terra vermelha
— terra dura —
rochas escarpadas tapando os horizontes,
mas aos quatro ventos prendendo as nossas ânsias!
Faria hoje 83 anos
(i) Amílcar Cabral nasceu em Bafatá em 12 de Setembro de 1924.
(ii) Aos oito anos foi para Cabo Verde onde completou o curso dos liceus.
(iii) Em 1944 estava empregado na Imprensa Nacional, na Praia.
(iv) Com uma bolsa de estudos na mão, ingressou em 1945 no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa, curso que terminou em 1950.
(v) Começa nesse mesmo ano a trabalhar na Estação Agronómica de Santarém.
(vi) Em 1952 estava de novo em Bissau, contratado pelos Serviços Agrícolas Florestais da Guiné.
(vii) Em 1955, é-lhe imposta a saída da colónia.
(viii) Junta-se ao MPLA em 1956 e quatro anos depois é fundado em Bissau o PAIGC.
(ix) Em 23 de Janeiro de 1963, dá-se início à luta armada no território com o ataque a Tite.
(x) E quase 10 anos depois, em 20 de Janeiro de 1973, é assassinado em Conacri por dois elementos do seu partido, diz-se que com o conluio da polícia política portuguesa. Com a morte de Amílcar Cabral entrou-se na última fase do conflito. Encontra-se depositado num mausoléu na Amura.
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Editor: vb
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