quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Guiné 63/74 - P2118: Mulheres de lá, Mulheres de cá, tão diferentes, tão iguais (Jorge Cabral)

Guiné-Bissau > Imagem da capa da publicação Conhecer para amar, amar para proteger: Rio Grande de Buba e Lagoa de Cufada. Bissau: Tiniguena. 1995. Imagem gentilmente cedida por José Teixeira (2006), que foi 1º cabo enfermeiro, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, (1968/70)


1. Mensagem do nosso querido amigo e camarada Jorge Cabral:

Querido Amigo,

Embora adoentado não dispenso a consulta diária do nosso blogue, o qual de quando em quando me transporta no tempo e no espaço, trazendo-me cheiros, imagens, situações, que há muito se haviam escoado da memória.

Desta vez, foi uma grata surpresa! Conceição Brito Lopes (1) é minha colega, e minha amiga, tendo sido também minha aluna da Criminologia. Praticamente todos os anos, convido-a, a vir falar aos meus alunos sobre Violência Doméstica, matéria que domina, como poucos, em Portugal.

Curiosamente, penso que nunca falamos nem da Guerra, nem da Guiné. Aliás, quem me conhece hoje, duvida sempre da minha condição de ex-combatente, não conseguindo imaginar-me soldado e muito menos guerreiro. Até eu próprio às vezes também duvido… Estive mesmo lá? Não terei inventado?

Será que Missirá, as minas, os tiros, e tudo o mais, aconteceram, foram reais e não fruto, da minha às vezes desbragada imaginação?

Lança a Conceição um apelo – não devemos esquecer as Mulheres. Como será possível não as lembrar ?! Elas, todas elas, mães, esposas, namoradas, amantes, filhas, amigas, estiveram não só na angústia do antes, e no pesadelo do depois, mas também no durante, partilhando connosco, todos os momentos.

Quantas vezes, olhando uma mãe acarinhando o filho, eu via a minha própria Mãe? E nas bajudas, descobria sempre parecenças com a amada! Uma forma de olhar, um gesto de ternura…

Mulheres de lá, Mulheres de cá, tão diferentes, tão iguais.

Sim, Queridas Mulheres, pacientes, lutadoras, sofredoras, nossas metades, companheiras de jornada, irmãs nesta aventura de ser e de estar vivo, merecem de todos nós, a mais sentida homenagem.

Foi pensando em vós, que muitos conseguiram sobreviver!

Grande Abraço

Jorge

P.S.- Para a Conceição um beijinho de gratidão pela lembrança.


2. Comentário de L.G.: Jorge, temos sentido a tua falta. Adoentado, vá lá, doente é que não!... Em Fá, Missirá ou Bambadinca, não te podias dar a esse luto.... As tuas rápidas melhoras. Um abraço de 360º da malta da Tabanca Grande. Luís

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Nota dos editores:

(1) vd. posts de:


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