segunda-feira, 2 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3964: Nuvens negras sobre Bissau (6): O Nino morreu vítima de si próprio (Alberto Nascimento)

1. Mensagem do Alberto Nascimento, membro da nossa Tabanca Grande, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 84 (Bambadinca, 1961/63):

Amigo Luis Graça: Tinha que dizer algo sobre mais este desassossego para aquele bom Povo. Um Abraço, Alberto Nascimento


2. Morreu Nino Veira

por Alberto Nascimento


Morreu vítima de si próprio, do antagonismo que gerou em torno da sua incompetência política, da sua insensibilidade social, da sua incapacidade de reconhecer que a luta que travou como guerrilheiro tinha o fim principal de dar ao povo guineense o que o seu mentor Amílcar Cabral certamente lhe transmitiu mas que ele esqueceu muito rapidamente, não só uma nação independente, mas também a esperança do melhor que nunca tivera, a dignidade de ser um povo soberano, o que só conseguiu teoricamente no mapa das nações, apesar dos trinta e cinco anos passados após a independência.

Ouvi e li tributos de admiração que lhe dedicavam enquanto guerrilheiro, situação em que não o conheci felizmente, admirei a sua coragem, quando num golpe de Estado depôs um governo neo-colonialista, mas logo deixou perceber que ele e aqueles de que se rodeou não estavam interessados em governar para o povo da Guiné.

Gostava de acreditar que um dia aquele povo vai conseguir tudo a que tem direito, mas as más sementes deixadas vão certamente continuar a germinar e a asfixiar o desenvolvimento ansiado. Resta a esperança no povo e nalguns idealistas que, não tenho dúvida, ainda existem na Guiné Bissau.

Apesar de condenável a forma como se pôs fim a duas vidas, só me ocorre dizer “Longa vida, com boas políticas para o novo presidente”

Alberto Nascimento
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Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste da série > 2 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3962: Nuvens negras sobre Bissau (5): Um adeus a Nino (João Tunes)

1 comentário:

Anónimo disse...

camarada Alberto Nascimento
Quando esta semana vi o documentário na RTP da Catarina Furtado, sobre a situação actual da saúde na Guiné-Bissau, escrevi "Amilcar. Todos os dias. Todas as horas, estás sendo continuamente assassinado."
Agora, a tua última eexpressão, é o que igualmente desejo possa acontecer quanto antes, para melhoria daquele povo que tanto sofre.
Jorge Picado