1. Comentário do Gabriel Gonçalves, ex-1º Cabo CriptoCCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), a propósito da evocação da morte do Sold Cond Auto Manuel da Costa Soares, em 13 de Janeiro de 1971 , num mina anticarro, à saída do redordenameno e destacamento de Nhabijões (*)
Sobre este assunto, lembrei-me que escrevi no meu diário:
(...) “Existe quem não acredite no destino, mas só quem vive horas como esta, que eu e muitos vivemos, poderá pensar e acreditar na força do destino!
"Pois é, mais uma vez o destino actuou e por sinal num rapaz da minha companhia. Chamava-se Soares, era casado e tinha um filho de dois anos que era, como é natural, todo o seu enlevo.
"Lembro-me que, por vezes, nas nossas horas de ócio e à sombra amiga da caserna, falávamos sobre os mais diversos assuntos e ele, como todos nós, comentava os seus planos futuros e risonhos, para quando chegasse à metrópole, todo ele se ria quando falava no seu Gerinho. Rogério é o nome do seu filho.
"Sim, foi hoje, dia 15 [13] de Janeiro de 1971 que ele faleceu. Amanhã chegará o telegrama aos seus familiares anunciando o triste acontecimento. Que vai ser desses infelizes? “...
"Findo esta narrativa, triste é certo, mas que servirá para que quando mais tarde alguém a leia, dê valor ao que sofremos aqui. Valerá a pena?"
Um abraço
GG
_______
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 6 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P3990: Diário de uma tuga (Luís Graça) (1): Quando o meu relógio parou às 13h30h, Nhabijões, 13 de Janeiro de 1971
Confirmei a data na lista dos mortos do Ultramar, no sítio da Liga dos Combatentes
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Em resposta a um pedido meu, de notícias sobre a família do Soares, o GG respondeu-me o seguinte:
Luis: Não, não tive nem tenho qualquer notícia! ....
Eu cá vou andando, sempre um leitor assíduo do nosso blogue. Acabei de deixar um comentário ao poste do mestre Manuel Botelho! Vê lá tu, que ele foi professor do [meu filho] Rui em Belas Artes!
O mundo é pequeno".
Um abraço
GG
Comentário de L.G.: É mesmo! O mundo é mesmo pequeno, sobretudo para quem, como nós, navega na Internet...
Acabo de almoçar, no Espaço Açores (no mercado na Ajuda, no Largo da Boa Hora), com um arquitecto meu amigo, que conhece bem o meio (profissional), e que me confirmou a minha suspeita de ligação do nosso pintor, Manuel Botelho, a outro dois grandes artistas plásticos de Lisboa: o Carlos Botelho, seu avô, (1899-1982) e o Abel Mantas (1888-1982-1982), avô da sua esposa...
Mais: o meu amigo disse-me que, se bem percebi, foi ele quem trouxe, do estrangeiro, para o então jovem Manuel Botelho, uma máquina fotográfica (a primeira ou uma das primeiras, que ele usou)...
O meu amigo trabalhou tanto com o pai, Rafael Botelho, arquitecto urbanista, como com o irmão, arquitecto...
O Manuel Botelho, que deve ter nascido em 1950, é um homem da geração da guerra colonial. Terá escaapao por um triz (o 25 de Abril...) de ir parar a um dos três teatros de operações: Guiné, Angola, Moçambique...
Por tudo isto que eu aqui te confidenciei (e irei partilhar, com ele, com muito gosto), tenho acrescidas razões para o conhecer pessoalmene.
Um abraço para os dois, e também para o teu Rui.
Luís Graça
Enviar um comentário