Furriel Carlos Guedes com o guião CCmds, 6 de março de 66, 13h00, Bissalanca, Alf Mil Luís Rainha e elementos do seu grupo, "O sCenturiões", esquadrilha de Al - III, sobrevoo e travessia do Geba, lançamento, regresso à BA 12, saída dos helis, 2º srgt cmd Mário Valente, sold cmd Joaquim Esperto, cap Garcia Leandro, tenente oilav Velez Caldas, alf mil Virgínio Briote (Gr Cmds "Os Diabólicos"), especialistas da FAP, piloto (nome?), alf lil Luís Rainha, de costas com o chapéu chinês do Pansau Na Isna, festa em Bissau, imagens sobrepostas do aquartelamento de Brá.
Trata-se de um filme feito em condições muito particulares. O então alf mil Luís Rainha era o dono da máquina e um dos cmdts de um dos Grupos, "Os Centurões" encarregados do assalto. Filmou o que pôde, sem o conhecimento e treino indispensáveis para uma realização apresentável. Antes do assalto, desligou a máquina, o objectivo e as condições psicológicas falavam mais alto. Fez o que pôde.
Música extraída do filme Platoon e da Mayra Andrade. Com a devida vénia.
Vídeo (4' 58''): You Tube > Brá 65/67 (conta do VB)
1. Op Hermínia,
por Virgínio Briote
Em 6 de Março de 1966 realizou-se a 1ª heliportagem de assalto na Guiné. A zona, seleccionada através de reconhecimento aéreo, foi em Jabadá, Tite.
Seis Alouettes - III transportaram, até às portas do acampamento do PAIGC, 30 comandos do CTIG, 15 do Gr Centuriões (Alf Raínha) e 15 do Gr Diabólicos. (Alf Briote).
Em 6 de Março de 1966 realizou-se a 1ª heliportagem de assalto na Guiné. A zona, seleccionada através de reconhecimento aéreo, foi em Jabadá, Tite.
Seis Alouettes - III transportaram, até às portas do acampamento do PAIGC, 30 comandos do CTIG, 15 do Gr Centuriões (Alf Raínha) e 15 do Gr Diabólicos. (Alf Briote).
Comandou a operação no terreno o então capitão Garcia Leandro, na altura cmdt da CCmds.
A tripulação dos All - III foi comandada pelo maj pilav Mendonça (se não estou errado) e dela fazia parte, entre outros excelentes pilotos, o tenente Velez Caldas, que levou o meu grupo a muitos outros locais.
Era um domingo. Às 13h00 descolaram da BA12 e às 13h20 estávamos no solo.
A tripulação dos All - III foi comandada pelo maj pilav Mendonça (se não estou errado) e dela fazia parte, entre outros excelentes pilotos, o tenente Velez Caldas, que levou o meu grupo a muitos outros locais.
Era um domingo. Às 13h00 descolaram da BA12 e às 13h20 estávamos no solo.
O acampamento estava dividido em duas partes. Uma albergava a população, a outra a guerrilha. Aos Centuriões tinha calhado, por moeda ao ar, atacar o acampamento da guerrilha, ao outro grupo cercar e recuperar a população. Como muitas vezes aconteceu, as coisas foram um pouco diferentes.
A guerrilha estava misturada com a população nos dois abarracamentos. Depois do lançamento o Grupo Diabólicos, com uma equipa lançada um ou dois minutos depois do grupo, viu-se envolvido por fogo cruzado.
A guerrilha estava misturada com a população nos dois abarracamentos. Depois do lançamento o Grupo Diabólicos, com uma equipa lançada um ou dois minutos depois do grupo, viu-se envolvido por fogo cruzado.
Às 13h25 morreu o Soldado António A. Maria da Silva, atingido por um único tiro.
A evacuação foi pedida com os helis ainda no ar. Imediatamente, um, protegido por uma parelha de T-6, aproximou-se da zona e pediu sinalização. Foi lançada uma granada de fumos laranja e o capim da pequena lala começou a arder.
De um momento para o outro, só havia uma saída para a equipa que estava a proceder à evacuação, o caminho para o Geba. Com o heli e o Silva no ar, a equipa progrediu em direcção à mata, ao encontro das outras duas que já lá se encontravam.
Foram transportadas para o aquartelamento de Jabadá as pessoas que se conseguiram subtrair ao PAIGC, enquanto durante parte do trajecto a guerrilha nos ia acompanhando com fogo de morteiro mal ajustado.
A evacuação foi pedida com os helis ainda no ar. Imediatamente, um, protegido por uma parelha de T-6, aproximou-se da zona e pediu sinalização. Foi lançada uma granada de fumos laranja e o capim da pequena lala começou a arder.
De um momento para o outro, só havia uma saída para a equipa que estava a proceder à evacuação, o caminho para o Geba. Com o heli e o Silva no ar, a equipa progrediu em direcção à mata, ao encontro das outras duas que já lá se encontravam.
Foram transportadas para o aquartelamento de Jabadá as pessoas que se conseguiram subtrair ao PAIGC, enquanto durante parte do trajecto a guerrilha nos ia acompanhando com fogo de morteiro mal ajustado.
Por volta das 16h00, os dois grupos reunidos, rumaram para o aquartelamento e, às 16h30, foram transportados de heli para Bissau.
vb
vb
2. De helis para Jabadá,
por Amadu Bailo Djaló (*)
Preparámos um assalto de helicópteros em Jabadá Biafada. Era a primeira vez que se ia fazer uma operação com os helicópteros na Guiné. Tínhamos passado quase dois meses em treinos com os Alouettes.
Iam dois grupos [dos Comandos do CTIG], os Centuriões e os Diabólicos, quinze homens de cada, no total de seis helicópteros. Ia também o comandante da companhia de comandos, o capitão Garcia Leandro.
6 de Março de 1966, cerca das 13h00. Estávamos no aeroporto desde o meio-dia, à espera dos oficiais. Neste espaço de tempo houve uma cena entre dois companheiros dos Diabólicos, o Silva, um europeu e um africano, o Adulai Djaló. O Silva disse ao Djaló:
- Djaló, tu vais morrer nesta operação!
- Filho da mãe, tu é que vais morrer! - respondeu o Adulai.
Estávamos todos a rir, com grande gozo e alarido, quando chegaram os oficiais.
Embarcámos e tomámos altura com destino a Jabadá, para a missão de assalto com apoio da aviação. Com o ruído dos T-6, curvámos para a mata e, na altura, os aviões estavam a bombardear.
Ficámos cara a cara com os T-6, eles tomaram altura e nós baixámos para o assalto. Saímos a disparar para a tabanca, as primeiras imagens que me ficaram foram a de uma máquina de costura e o corpo de um homem balanta.
No meio dos tiros e dos rebentamentos, ouvimos pelo rádio os Diabólicos pedirem uma evacuação. O tiroteio foi intenso, mas não demorou muito tempo. Estava muita gente, guerrilheiros e população, todos misturados, houve muitas baixas.
Eu estava preocupado com a informação que tínhamos ouvido no rádio, o pedido de uma evacuação. Se o Silva disse que tinha sonhado que o Djaló ia morrer no assalto…
Estava ansioso que os grupos se encontrassem para sabermos quem morreu. Quando acabaram os disparos e começámos a retirar em direcção a uma clareira, ao longe vi o grupo Diabólicos. Não, Djaló não morreu, ele vem ali ao fundo.
Quando os dois grupos se uniram, perguntei ao Djaló quem tinha morrido e ele disse:
- Foi o Silva!
Esta operação, Hermínia, foi a primeira que se fez na Guiné com os Allouettes.
__________
Notas de vb:
Tive conhecimento, pouco tempo depois, que não tinha havido nenhum voluntário do Foto-Cine para filmar a Op Hermínia. Muitos anos depois, em 2005, o Luís Raínha entregou-me uma bobine de um filme para ser passado para DVD. É deste filme que extraí a parte respeitante à operação. Apesar da má qualidade da filmagem e dos quarenta anos passados, arrisquei pô-lo no YouTube. Com os agradecimentos e a devida vénia ao Luís Rainha.
(*) Das Memórias de Amadu Bailo Djaló, na altura Soldado do Gr Cmds Centuriões
por Amadu Bailo Djaló (*)
Preparámos um assalto de helicópteros em Jabadá Biafada. Era a primeira vez que se ia fazer uma operação com os helicópteros na Guiné. Tínhamos passado quase dois meses em treinos com os Alouettes.
Iam dois grupos [dos Comandos do CTIG], os Centuriões e os Diabólicos, quinze homens de cada, no total de seis helicópteros. Ia também o comandante da companhia de comandos, o capitão Garcia Leandro.
6 de Março de 1966, cerca das 13h00. Estávamos no aeroporto desde o meio-dia, à espera dos oficiais. Neste espaço de tempo houve uma cena entre dois companheiros dos Diabólicos, o Silva, um europeu e um africano, o Adulai Djaló. O Silva disse ao Djaló:
- Djaló, tu vais morrer nesta operação!
- Filho da mãe, tu é que vais morrer! - respondeu o Adulai.
Estávamos todos a rir, com grande gozo e alarido, quando chegaram os oficiais.
Embarcámos e tomámos altura com destino a Jabadá, para a missão de assalto com apoio da aviação. Com o ruído dos T-6, curvámos para a mata e, na altura, os aviões estavam a bombardear.
Ficámos cara a cara com os T-6, eles tomaram altura e nós baixámos para o assalto. Saímos a disparar para a tabanca, as primeiras imagens que me ficaram foram a de uma máquina de costura e o corpo de um homem balanta.
No meio dos tiros e dos rebentamentos, ouvimos pelo rádio os Diabólicos pedirem uma evacuação. O tiroteio foi intenso, mas não demorou muito tempo. Estava muita gente, guerrilheiros e população, todos misturados, houve muitas baixas.
Eu estava preocupado com a informação que tínhamos ouvido no rádio, o pedido de uma evacuação. Se o Silva disse que tinha sonhado que o Djaló ia morrer no assalto…
Estava ansioso que os grupos se encontrassem para sabermos quem morreu. Quando acabaram os disparos e começámos a retirar em direcção a uma clareira, ao longe vi o grupo Diabólicos. Não, Djaló não morreu, ele vem ali ao fundo.
Quando os dois grupos se uniram, perguntei ao Djaló quem tinha morrido e ele disse:
- Foi o Silva!
Esta operação, Hermínia, foi a primeira que se fez na Guiné com os Allouettes.
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Notas de vb:
Tive conhecimento, pouco tempo depois, que não tinha havido nenhum voluntário do Foto-Cine para filmar a Op Hermínia. Muitos anos depois, em 2005, o Luís Raínha entregou-me uma bobine de um filme para ser passado para DVD. É deste filme que extraí a parte respeitante à operação. Apesar da má qualidade da filmagem e dos quarenta anos passados, arrisquei pô-lo no YouTube. Com os agradecimentos e a devida vénia ao Luís Rainha.
(*) Das Memórias de Amadu Bailo Djaló, na altura Soldado do Gr Cmds Centuriões
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